Plano Anual de Atividades 2013 - Projeto Nestlé Ouvir o Outro, Compartilhando Valores – PRONAC 128976
Depoimento de Maythê Sales Viveiros da Costa
Entrevistada por Tereza Ruiz
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2014
Realização Museu da Pessoa
NCV_HV012_Maythê Sales Viveiros da Costa
Transcrito por Karina Medici Barrella
P/1 – Primeiro Maythê, vou pedir pra você falar o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Maythê Sales Viveiros da Costa. Nasci no dia 22 do sete de 1991.
P/1 – E local?
R – Rio de Janeiro.
P/1 – Eu não sei se você sabe data e local de nascimento dos seus pais também, mas o nome completo, data e local de nascimento se você se lembrar.
R – Meu pai é Eugênio César Viveiros da Costa, ele nasceu aqui no Rio de Janeiro no dia seis do dez de 1960. E minha mãe é Maria Sueli Sales Pucheu, ela nasceu na Paraíba, no dia primeiro de maio de 1968.
P/1 – Conta pra gente um pouco como é que são seus pais.
R – Eles são deficientes auditivos, eles hoje em dia eles estão separados. Minha mãe conheceu uma outra pessoa, já está casada há 15 anos. O meu pai também já conheceu uma outra pessoa, também está casado por volta deu uns dez, 12 anos. Ele formou uma outra família, eu tenho mais três irmãos. Ambos, tanto meu padrasto como minha madrasta também são deficientes auditivos. E os meus irmãos pequenos, um tem dez anos, o outro tem seis e o outro tem três aninhos, o de seis e o de três também são deficientes auditivos, só eu e meu irmão depois de mim que não somos. Meu pai atualmente mora em Curitiba, eu não moro com meus pais, eu moro com a minha avó em Copacabana e minha mãe mora na Gávea com meu padrasto.
P/1 – E como eles são de temperamento? Como você os descreveria para alguém que não conhece, como é seu pai, como é sua mãe?
R – Meu pai foi um cara que sempre teve tudo na vida, então, assim, ele não é um cara muito responsável. Eu sempre fui muito pai e muito mãe...
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Depoimento de Maythê Sales Viveiros da Costa
Entrevistada por Tereza Ruiz
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2014
Realização Museu da Pessoa
NCV_HV012_Maythê Sales Viveiros da Costa
Transcrito por Karina Medici Barrella
P/1 – Primeiro Maythê, vou pedir pra você falar o seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Maythê Sales Viveiros da Costa. Nasci no dia 22 do sete de 1991.
P/1 – E local?
R – Rio de Janeiro.
P/1 – Eu não sei se você sabe data e local de nascimento dos seus pais também, mas o nome completo, data e local de nascimento se você se lembrar.
R – Meu pai é Eugênio César Viveiros da Costa, ele nasceu aqui no Rio de Janeiro no dia seis do dez de 1960. E minha mãe é Maria Sueli Sales Pucheu, ela nasceu na Paraíba, no dia primeiro de maio de 1968.
P/1 – Conta pra gente um pouco como é que são seus pais.
R – Eles são deficientes auditivos, eles hoje em dia eles estão separados. Minha mãe conheceu uma outra pessoa, já está casada há 15 anos. O meu pai também já conheceu uma outra pessoa, também está casado por volta deu uns dez, 12 anos. Ele formou uma outra família, eu tenho mais três irmãos. Ambos, tanto meu padrasto como minha madrasta também são deficientes auditivos. E os meus irmãos pequenos, um tem dez anos, o outro tem seis e o outro tem três aninhos, o de seis e o de três também são deficientes auditivos, só eu e meu irmão depois de mim que não somos. Meu pai atualmente mora em Curitiba, eu não moro com meus pais, eu moro com a minha avó em Copacabana e minha mãe mora na Gávea com meu padrasto.
P/1 – E como eles são de temperamento? Como você os descreveria para alguém que não conhece, como é seu pai, como é sua mãe?
R – Meu pai foi um cara que sempre teve tudo na vida, então, assim, ele não é um cara muito responsável. Eu sempre fui muito pai e muito mãe dos meus pais, até pela deficiência mesmo, principalmente do meu pai por ele ser meio, ele não liga pra nada, tá sempre pulando de um emprego, vai pra outro, então eu sempre tive que tomar muito conta dos dois. Minha mãe é uma pessoa especial, ela é muito tranquila, batalhadora, guerreira. Até um dos motivos de eu entrar pra fazer Nutrição foi por conta de uma doença que ela tem, do lúpus, que ela não pode pegar sol e aí eu quis ir atrás de alguma forma de poder ajudá-la, assim. Acho que é mais ou menos isso.
P/1 – E com que eles trabalham?
R – Hoje em dia, como eu falei meu pai sempre foi muito irresponsável, ele vive de herança que ele recebeu. E a minha mãe é operadora de microfilmagem na Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social).
P/1 – Mas seu pai chegou a fazer uma faculdade? Ou ter algum emprego no momento?
R – Sim, ele trabalhou já na Renault, na Bosch, trabalhou também no Banco Itaú.
P/1 – E trabalhava com a parte mais administrativa, qual que era? Você sabe a função dele?
R – Eu acho que era com a parte mais mecânica mesmo. Porque por conta da deficiência eles não têm como trabalhar muito na parte de lidar com as pessoas, eles têm que trabalhar numa parte que seja mais mecânica mesmo, mais braçal. E na deficiência deles é um pouco difícil o acesso à universidade. Meu pai chegou a tentar fazer Administração, mas com uns quatro, cinco meses depois largou.
P/1 – Na época, né? Porque acho que isso tem melhorado muito, mas realmente é bastante recente...
R – O meu padrasto é que foi uma pessoa... É o que eu falo, o meu padrasto é arquiteto e ele também é deficiente auditivo, é um dos poucos que conseguiu correr atrás mesmo com a deficiência, batalhar pelo que queria.
P/1 – Agora eu sinto que a sociedade está se estruturando, tem uma consciência maior de criar as condições, mas realmente isso é muito recente, na época deles devia ser dificílimo o acesso.
R – Bastante.
P/1 – E você falou que você tem irmãos. Você tem um irmão que é do casamento do seu pai e da sua mãe?
R – Não.
P/1 – Não?
R – Os três são do segundo casamento. Do casamento entre meu pai e minha mãe, só fui eu mesmo.
P/1 – E como é o nome dos seus três irmãos?
R – Mateus, Murilo e Miguel, tudo com “M”.
P/1 – E que idade eles têm?
R – Dez, seis e três anos.
P/1 – Pequenininhos.
R – São bebezinhos, meus xodós.
P/1 – E como seus pais se conheceram, você sabe? Eles contaram alguma vez a história?
R – Porque eles convivem em círculo, né, mais ou menos, eles convivem entre si. Só que diz meu pai que viu minha mãe caminhando com uma amiga dela, meu pai sempre foi garoto Zona Sul e minha mãe morava acho que na Freguesia, na Zona Norte do Rio. E meu pai falou que viu minha mãe entrando num ônibus, ele seguiu minha mãe e bateu na porta da minha mãe falando: “Olha, me apaixonei por você”. Só que minha mãe era noiva. Tem até uma história engraçada que minha avó conta que meu avô, que já é falecido, quase enfartou, porque minha mãe era noiva e o noivo estava na casa quando meu pai chegou atrás dela. E aí meu avô, nordestino, mas educado, falou: “Entra”. E aí ficaram todos sentados à mesa, minha mãe ficou louca, sem saber o que fazer, porque não conhecia aquele cara que estava ali, mas que também era deficiente, então receberam com braços abertos e depois que ele foi falar que tinha se apaixonado por ela, que queria muito conhecê-la e aí foi acontecendo. Mas de mais detalhes... Eu sei que depois ela largou o noivo e acabou ficando com meu pai.
P/1 – E seus avós são deficientes auditivos também?
R – Não, não são. A minha mãe ficou deficiente por conta de uma meningite que ela teve aos cinco anos. Ela não se recorda da vida dela antes, ela chegou a ficar paraplégica também, só que minha família tem uma fé muito absurda, minha vó fez uma promessa e quando voltou minha mãe já tava andando.
P/1 – Você sabe qual foi a promessa?
R – Foi pra Nossa Senhora Aparecida. Ela foi de joelhos por todo aquele trajeto que tem entre uma igreja e outra em São Paulo, na Basílica de Aparecida. E o meu pai foi por conta de uma otite que ele teve, um médico pingou um remédio errado e ele acabou perdendo a audição. Meu pai não é 100% deficiente, assim, ele escuta 20% num ouvido e 30% no outro, mas ultimamente ele tem perdido isso, então agora já tá bem fragilizado mesmo. Ele tenta falar comigo pelo telefone, é uma coisa bem complicada, mas ele tenta, ele quer.
P/1 – E os dois se comunicam por língua de sinais?
R – Sim. A minha mãe faz leitura labial perfeitamente. Porque a minha avó antigamente não quis excluir a minha mãe das outras irmãs, que são quatro filhas. Então colocou ela em colégio normal, com as minhas tias pra estudar. Minha mãe sentava na primeira carteira da escola e ficava prestando atenção no que o professor falava, e foi assim a vida inteira, até ela se formar. Então minha mãe tem uma leitura excelente, ainda mais se a pessoa falar devagar, excelente. Ela só foi aprender libras mesmo quando ela começou a trabalhar na Dataprev, acho que ela tinha uns 18 anos, que ela foi aprender a se comunicar por Libras. Já meu pai não, meu pai estudou em colégio voltado para deficientes auditivos, então ele falava muito bem, mas ele também aprendeu Libras mais novo.
P/1 – Sua mãe fala também.
R – Fala. Ela faz “fono” há 25 anos. Ela consegue lidar bem.
P/1 – Conta um pouco pra gente como foi você nascer numa família em que o pai e a mãe eram deficientes auditivos e você escuta.
R – Eu digo que eu tenho muita sorte. Primeiro porque a minha família sempre foi muito bem estruturada, a gente é muito unido desde sempre. Assim que eu nasci, por medo dos meus pais não conseguirem ouvir eu chorando, mesmo que tivesse todo aparato, meu avô mandou trazer berço que quando chorava acendia a luz, sabe? O apartamento era todo estruturado com luz, assim quando tinha algum som acendia. Mas mesmo assim ainda tinha um certo receio da minha avó, principalmente a materna, pelo fato deles não conseguirem me ouvir e eu passar fome, acontecer alguma coisa pior. Então eu saí do hospital e fui direto pra casa da minha avó, eu nem cheguei a ir pra casa dos meus pais, que na época era em Ipanema, eu já fui direto pro Leme, ficar com a minha avó. Minha mãe ia, ficava comigo lá durante a fase de amamentação, que não foi de seis meses. Como meu pai era uma pessoa muito difícil, a minha mãe teve um problema emocional e não conseguiu ter leite suficiente. Mas toda a fase que eu precisava da minha mãe nos primeiros cuidados, minha mãe tava sempre lá comigo. E aí depois de uns seis, sete meses ela começou a ficar comigo o dia inteiro e à noite ir pra casa pra ficar com meu pai. E aí eu chamo minha avó de mãe, porque a minha avó foi minha segunda mãe. Os meus avós paternos já eram muito idosos, meu avô fazia tudo por mim, mas eu tinha pouco contato. Mais ou menos com uns sete anos eu tentei começar a ir pra casa dos meus pais, mas eu não consegui me adaptar muito bem, eu ficava sentindo falta da minha avó. Diz minha mãe que quando eu tinha mais ou menos um aninho, eu puxava, eu já sabia já, eu ficava prestando atenção nos dois conversarem e aí eu ficava com as mãos tentando imitar o que eles faziam, sabe? Quando eu queria comer, eu puxava as mãos, minha mãe falava que eu fazia o movimento. E para beber a mesma coisa. E foi assim a vida inteira. Até a idade que eu fiquei um pouco mais ciente mesmo da dificuldade deles que eu passei, assim, meu primeiro celular eu tive com oito anos, porque eu tinha que ir pra médico com a minha mãe, eu tinha que resolver as coisas do meu pai, eu fazia tudo, então eu ia no banco e falava: “Minha mãe tá querendo isso, isso e isso”, então eu amadureci muito rápido.
P/1 – Pra ajudar.
R – É, eu tive que amadurecer, foi um caso de necessidade mesmo.
P/1 – E você chegou a aprender Libras?
R – Sim. Não fiz nenhum curso, porque até com a vivência não é nem necessário, mas eu falo Libras sim.
P/1 – Da convivência com seus pais.
R – Com meus pais e com os amigos deles também. Porque não é todo deficiente auditivo que fala muito bem. Meus pais têm a particularidade deles, deles falarem muito bem, ambos. E meu padrasto também. Mas já a minha madrasta, muitos dos amigos da minha mãe não falam quase nada. Até pra poder me relacionar com eles eu também precisava falar em Libras.
P/1 – E você lembra como foi essa consciência? Porque eu imagino que em grande parte é muito natural pra você, porque você nasceu convivendo já, mas teve algum momento que você tomou consciência de que tinha uma diferença entre seus pais, por exemplo, e os pais das colegas de escola?
R – Não.
P/1 – Não? Sempre muito natural.
R – Sempre foi assim, eu nunca consegui enxergar... Porque, assim, a minha mãe sempre foi presente também, que nem as mães das minhas amigas. A única coisa que eu percebi de diferente é mesmo a questão da sociedade, questão de emprego, porque eu comecei a ver quanto era mais difícil pra minha mãe do que para as mães das minhas amigas, sabe assim? O quanto que, pra eu ter a vida que eu tinha, o quanto minha mãe tinha que ralar, minha avó. Não que fosse mais, mas era um pouco mais, eu dava um pouco mais de valor pelo fato da minha mãe ter que se sacrificar um pouco mais, de ter que correr atrás para poder me dar todo o suporte que minhas amigas tinham com tranquilidade. Ainda mais porque meu pai também não ajudava muito, né?
P/1 – E você passou a sua infância toda com a sua avó?
R – Passei.
P/1 – E onde era a casa de vocês?
R – A minha avó, a gente sempre morou no Leme, Copacabana. E meu pai e minha mãe moravam em Ipanema.
P/1 – Conta um pouco como foi a casa em que você passou a sua infância com a sua avó, pra descrever mesmo. Era apartamento, era uma casa, como é que era? Como é que era os arredores, o bairro.
R – Porque é assim, eu não me lembro muito bem da minha infância, mas eu lembro que a gente sempre morou na praia, de frente pra praia sempre. Minha avó sempre me deixava brincar, eu sempre brinquei na rua, mesmo morando em apartamento. Porque dizem: “Ah, quem mora em apartamento não brinca na rua, vive preso”. Não, eu sempre brinquei na rua. Quando na minha infância, tanto meu pai quanto minha mãe adoravam ir pra praia, então assim, se eu estudava de tarde eles me levavam na praia de manhã; e se eu estudava de manhã eles me levavam na praia de tarde, isso diariamente, era uma coisa que a gente fazia muito. Se não era com os dois era com um dos dois, entendeu? Mais ou menos isso. E depois que eu me lembro melhor é quando a gente se mudou pro apartamento atual, eu tinha sete anos, que foi onde eu passei praticamente a minha vida inteira que eu lembro.
P/1 – E nessa fase de infância quais eram as brincadeiras? Do que você brincava e com quem você brincava?
R – Eu brincava com minhas amigas, que são minhas amigas até hoje, somos quatro.
P/1 – Do bairro?
R – Sim, estudamos juntas e crescemos juntas. Só depois da faculdade que a gente se separou por causa das escolhas de profissão, mas a gente tá sempre se encontrando. Mas brincava de queimada, aquela brincadeira do elástico, andava de bicicleta, eu fazia aula de patins. No Leme, no final tem tipo uma espécie de um espaço que dá pra você patinar, então eu gostava muito de patinar. Acho que só isso. E depois que eu fui descobrir minha paixão pelo vôlei, mas já era mais velha, eu tinha uns 12 anos, mais ou menos.
P/1 – Entrando na adolescência.
R – É. E aí eu comecei na escola, por brincadeira, e aí depois eu fui vendo que aquilo ali era algo que eu queria muito. Eu fui e comecei a jogar vôlei de praia. Eu até cheguei a jogar alguns campeonatos, mas aí quando eu entrei pra faculdade eu tive que escolher, porque eu não tinha mais tempo: ou eu treinava, que era de tarde, ou eu estudava, aí eu tive que abdicar.
P/1 – Mas você chegou a jogar profissionalmente ou ser federada?
R – Fui federada. Porque na praia você jogando uma partida, você já passa a ser federada, então eu cheguei a ser federada. Eu joguei alguns campeonatos, mas depois eu tive que, quando eu comecei a deslanchar eu tive que fazer a escolha.
P/1 – E aí você parou.
R – E aí eu parei. Mas hoje em dia eu retornei e eu treino de vez em quando durante a semana, à noite, para dar uma relembrada. Não consigo viver sem.
P/1 – Quantos anos você tinha quando você entrou na escola?
R – Quando eu entrei na escola? Acho que eu tinha uns quatro, cinco anos.
P/1 – Pré-escola, né? E qual é a primeira recordação que você tem da escola?
R – Estou tentando lembrar (pausa).
P/1 – Não sei se você lembra de alguma coisa de logo que você entrou, mas a primeira ou as primeiras recordações que você tem da escola.
R – Eu lembro, eu estudava no Integrado do Leme ali. Eu lembro do parque, das salas de aula.
P/1 – Como é que era? Conta um pouco como era a estrutura da escola.
R – Assim que você entrava tinha um parque bem no meio, aqui ao lado esquerdo, se não me engano, eram as salas. E aí você subia e tinha o pátio, um outro pátio que era tipo uma quadra. A escola não era muito grande, era pequena. Eu fiquei lá até o CA, que foi quando a gente se mudou pra Copa. E aí eu fui pro Sacré-Coeur, que foi onde eu estudei até o terceiro ano. Aí lá são as minhas recordações mais fortes, porque consegui bolsa de estudo por excelência escolar, foi onde eu fiz minhas amizades mesmo, que eu levo até hoje, os meus tombos, os meus professores, lá é onde eu tenho as memórias mais fortes mesmo.
P/1 – Você tem um professor ou alguns professores que tenham te marcado especialmente e por quê?
R – Tenho. Na fase de ensino fundamental, professora Fátima, que a gente chamava de tia Fátima, eu tenho um carinho enorme por ela, porque eu falava muito, eu sempre falei muito. E na maioria das vezes eu era a responsável, toda vez que ela queria silêncio ela apagava a luz. Na maioria das vezes era eu a responsável por ela apagar a luz, então ela falava assim: “Chega, não aguento mais apagar a luz, vou queimar a lâmpada”. Ela arrancava os dentes da gente, ela arrancou vários dentes meus. Era um carinho fraternal dela, sabe? Ela não era só uma professora, ela tinha um carinho pela gente, sabe?
P/1 – Ela arrancava os dentes quando tava molinho, em fase de troca?
R – É.
P/1 – E como ela fazia isso?
R – Ela arrancava de tudo mundo, porque a gente não sentia dor com ela, era impressionante. A gente já chegava pra ela e falava: “Tia, a gente tem que arrancar o dente, o dente tá mole”, ela: “Ah, vem cá!”. Ela pegava, puxava e arrancava, sabe? Depois a gente ia pro banheiro feliz, que não é uma coisa muito feliz, né, eu lembro do meu tio tentando arrancar meu dente na porta, amarrando a linha e amarrando a porta, eu correndo atrás pra não arrancar, sabe? E com ela era tranquilo.
P/1 – Era suave?
R – Era, super. E todo mundo fazia com ela. Então eu lembro bastante.
P/1 – Era Fundamental I, né?
R – Era. Segunda série.
P/1 – Segunda série. E depois teve algum professor em Fundamental II ou Ensino Médio?
R – Ensino Médio teve um professor de História, o Daniel, que era fantástico. Se um dia eu for pra área de dar aula e ser mestre, eu vou querer ser que nem ele. Ele tinha um domínio do que ele ia dar absurdo. Um carisma, sabe? Ele era apaixonante, fantástico. Ele eu lembro bem, assim. Os meus professores do ensino médio, eu tive muita sorte, porque eles eram novos, então eram muito parceiros, não era aquela coisa de professor muito não, sabe, eles tinham uma forma diferente, uma dinâmica de dar aula. A maioria dos meus professores de ensino médio foi bem marcante, mas eu acho que esse foi mais.
P/1 – E você tinha uma disciplina preferida durante a escola?
R – Eu sempre gostei de todas, mas tinha fases que eu gostava mais de alguma. Na sétima série eu gostava mais de Matemática, aí na oitava eu gostava mais de Ciências. No primeiro, no segundo e no terceiro ano, que acabou sendo o mesmo professor, eu fiquei apaixonada por História, mesmo não sendo a área que eu gostava porque eu sempre gostei da área de Biológicas e tal, de Biologia, Química. Física eu acho que era uma matéria que eu não gostava muito, não. Eu acho mais fácil falar das que eu não gosto do que as que eu gostava. Mas sempre, assim, foram épocas, nunca foi uma coisa, só gostava de Biologia. Não. Tiveram épocas e épocas.
P/1 – E nessa fase de adolescência e juventude o que mudou? Você contou um pouco do que você brincava quando criança, mas o que mudou na sua prática de lazer? O que você fazia pra se divertir? Você saía, pra onde você saía?
R – Eu sempre fui muito caseira, eu brincava na rua com as minhas amigas. Depois de um tempo a gente passou a ir ao shopping, porque era a única coisa que tinha pra fazer ou ir à praia. Eram as duas coisas. E jogar vôlei. Eram as coisas que eu mais fazia mesmo.
P/1 – E música, cinema, literatura. Você gosta de ler, gosta de ouvir música?
R – Gosto muito de ler. Eu estou sempre com um livro na bolsa, a hora que eu posso eu estou lendo. Estava esperando vocês, eu tava lendo. Estou no ônibus, às vezes estou com o horário livre, em qualquer lugar pego, estou lendo e escutando música, eu gosto bastante. Mas, assim, meu gosto musical é bem variado, eu gosto de Los Hermanos a hip hop, Alicia Keys, samba, depende do meu humor e do dia.
P/1 – Bem eclético.
R – Bem eclético.
P/1 – E tem uma música favorita ou um compositor, ou cantor favorito?
R – Atualmente a música favorita é Brand New Me, da Alicia Keys. Porque acho que representa bem a fase que eu estou. E banda seria Los Hermanos, gosto muito.
P/1 – E de literatura, você se lembra quando é que surgiu o gosto, quando você percebeu que era uma coisa bacana? Teve algum livro especial que tenha marcado esse início pelo gosto da leitura?
R – Eu comecei a gostar porque na escola que eu estudava, o Sacré-Coeur, eles tinham o Projeto Click e, se não me engano, a cada trimestre a gente tinha que ler um livro que era colocado pela escola. Eu não vou me lembrar o livro que me marcou nessa época, mas um livro que me fez despertar muito na minha adolescência, não vou lembrar o nome, mas o autor é Carlos Heitor Cony, que aí eu acabei me apaixonando. Eu comecei com ele, fui lendo os livros dele e depois eu fui buscando e até hoje.
P/1 – Era um livro de crônicas, você se lembra?
R – Sim.
P/1 – Você se lembra por que ficou marcado?
R – Eu adoro livros de romance. Minhas amigas me chamam de Fantástico Mundo de Bobby, porque eu fantasio tudo, eu tenho uma imaginação absurda. Eu até falo pra elas, “gente, eu consigo imaginar a história, eu me vejo vivendo”. Na minha cabeça eu simulo vozes, então eu estou lendo, quando é mulher vem a voz da mulher e quando é homem vem a voz de um homem. E de um livro pro outro muda, sabe, não é aquela mesma voz. Eu nem sei como é que eu consigo fazer isso, mas eu entro muito na história.
P/1 – E você tem um livro favorito? Não precisa ser um, mas algum que esteja entre os favoritos?
R – Tem, esse do Carlos Heitor Cony, que agora eu não vou lembrar o nome, Sombras do Vento, A Menina que Roubava Livros eu gosto bastante. Eu li dois atualmente, Paixão sem Limites, que eu gostei bastante. Acho que é mais ou menos isso, agora não vou lembrar de mais.
P/1 – Então pra se divertir nessa fase de adolescência era mais sair com as suas amigas, praia ou então shopping, né?
R – Sim.
P/1 – E cinema você chegou a falar?
R – Cinema, a gente ia bastante.
P/1 – Você se lembra a primeira vez que você foi ao cinema?
R – Não me lembro. Minha memória, assim, dos nove anos pra trás é péssima.
P/1 – E conta um pouco como é que você descobriu o gosto pelo vôlei e como você começou a jogar.
R – Então, meu pai sempre foi muito... Ele jogava futebol, jogava vôlei. Eu sempre fui muito boa nos esportes. Na Educação Física eu jogava handball, jogava futebol, jogava vôlei e eu acho que foi paixão à primeira vista, eu joguei, me apaixonei. Meu pai também exerceu uma certa influência, falou: “Joga”. Mesmo tendo ido embora logo depois, mas ele sempre me apoiou. E o meu tio também, que é como se fosse meu pai, que depois eu posso falar uma coisa assim, ele sempre me estimulou muito a fazer prática de esportes. E como o vôlei que eu treino desde a primeira vez é em frente à minha casa, então eu aliei duas coisas, a praia, que foi uma coisa que eu sempre gostei, desde pequena, e o esporte, que era o vôlei.
P/1 – Você começou a jogar em frente a sua casa, na praia?
R – Foi. Era na escola, aí na escola tinha o Inter Sagrado. É assim, o meu colégio tem tanto no Rio, se não me engano tem em Minas, Brasília, Vitória, só não sei se tem em São Paulo, e aí tinha um campeonato entre as escolas nos esportes. E eu lembro que eu era apaixonada, eu queria entrar pro vôlei, só que eu não consegui, não era tão boa. Eu consegui entrar pelo handball. Eu fui pelo handball, eu não fui pelo vôlei. Aquilo eu acho que me deu, assim, acho que eu tava na quarta série, uns dez anos por aí, e eu falei: “Não, preciso aprender isso melhor”, e foi quando eu fui buscar. Meu professor na época falava assim: “Vai pro vôlei de praia”. Porque no Rio, quadra existe muita panelinha e, infelizmente eu não sou tão alta. No vôlei de praia eu teria mais sucesso. Aí ele falou: “Procura o vôlei de praia”. E eu e minhas amigas, nós quatro, fomos. A gente entrou e só eu continuei, elas três desistiram e eu continuei até hoje.
P/1 – Mas era um grupo específico de vôlei de praia? Só pra entender.
R – Era. Era do Renato França, ele até foi um jogador muito conhecido, hoje em dia ele é um técnico renomado. Ele montou uma escolinha de vôlei e era ali que eu treinava.
P/1 – E durante quantos anos você jogou?
R – Deixa eu ver... Até uns 18, joguei uns cinco anos.
P/1 – Eu queria voltar um pouquinho na sua infância, tenho uma pergunta. Queria saber se tem alguma história, alguma situação marcante nessa fase de infância. Você falou que você não se lembra muito, né, dos nove pra trás, pode ser um pouquinho mais velha então. Que seja uma coisa que tenha te marcado, que você sempre se lembra. Pode ser relacionado a seus pais...
R – Quando eu tinha nove anos de idade meus pais se separaram. E aí, um pouquinho antes, a gente sempre foi muito de ir à igreja, eu cresci na igreja, minha avó sempre me levou. Eu fui a primeira coroinha mulher da Paróquia de Copacabana. E minha avó acolheu um padre que estava vindo do Nordeste pra poder fazer a tese de Direito dele, isso quando eu tinha seis anos. E tinha uma missa que era voltada aos deficientes auditivos, que eu ia. Aí ele falou assim: “Não, deixa eu assumir essa missa”, sem antes conhecer, nem sabia que minha avó era mãe de uma deficiente auditiva e ele começou a assumir essa missa. Depois a gente foi se conhecendo e ele tinha certa dificuldade, era ele celebrando a missa e uma deficiente auditiva do lado fazendo Libras. Só que eu ficava olhando, eu falei: “Gente, ela não escuta”, isso eu pequena, tinha seis, sete anos. Aí ele tinha que celebrar a missa e ir apontando, ao mesmo tempo pra ela onde é que ele tava pra ela poder ir passando. E aí eu pedia pra ele: “Por favor, deixa eu ficar lá em cima com você, porque aí você vai celebrando a missa, eu escuto e faço a tradução pra eles em Libras”. Aí ele: “Não, você é muito pequenininha ainda, você não pode”. Desde então a gente criou um afeto muito grande. E quando meus pais se separaram ele se tornou meu pai praticamente.
P/1 – Qual o nome dele?
R – Padre Gilson. E até hoje isso. Por exemplo, questão de separação, foi um pouco mais difícil, sabe? Então, às vezes, minha avó tinha que sair com a minha mãe de madrugada pra pegar um defensor público, que na época acho que eles não conseguiram um advogado particular. Não sei como estava a questão financeira em casa, eu não lembro muito bem nessa época. E quem ficava comigo, ia pra lá cinco horas da manhã e ficava tomando conta de mim, me levava pra escola, me buscava, era meu tio. E aí desde essa época, mais ou menos, quem passou a ir às reuniões da escola, ou quando eu me machucava, torcia um pé, quem ia me buscar era ele. Ele se tornou um pai mesmo. E como meu pai nunca foi muito presente, ele só me levava pra praia, mas nunca foi aquele pai, pai, sabe? E quem se tornou meu pai mesmo foi meu tio. E é assim até hoje.
P/1 – Deixa eu só entender uma coisa, você tá chamando de tio, mas não é seu tio de sangue, ele é seu tio de...
R – É, é meu tio porque eu passei a chamar...
P/1 – Que é esse padre que...
R – Isso. Porque a minha avó adotou ele como filho, as minhas tias adotaram ele como irmão e minha mãe também. Ele faz parte da família, hoje em dia a gente não consegue nem mais dividir isso. Ele fala: “Minha família está aqui”. Ainda mais porque ele perdeu os pais, ele só tem os irmãos que moram lá no Rio Grande do Norte, que ele vê uma vez por ano. Ele tá sempre com a minha família, ele entrou mesmo. Todo mundo, os sobrinhos chamam ele de tio e eu também.
P/1 – Essa missa ainda acontece?
R – Acontece. Na Nossa Senhora de Copacabana, na Hilário de Gouveia com a Nossa Senhora de Copacabana, se não me engano é aos domingos quatro horas da tarde.
P/1 – E hoje em dia tem um intérprete de Libras que seja uma pessoa que escuta?
R – Tem, hoje em dia tem.
P/1 – E você chegou a fazer alguma vez, você chegou a ficar como intérprete em algum momento ou não?
R – Não. Não, porque logo depois, acho que passaram uns dois, três anos, ele achava que eu não tinha ainda a capacidade, não a capacidade, mas a maturidade, talvez, de estar ali na frente pra poder estar passando. E aí ele teve que se voltar pra tese dele, e ele não pôde mais assumir a missa. Aí eu acabei não conseguindo.
P/1 – E teve algum outro momento, por curiosidade mesmo, em que você possa ter ajudado alguém em alguma situação, fora seus parentes, por poder interpretar, por poder usar a linguagem de sinais?
R – Sim, algumas vezes já.
P/1 – Tem alguma que tenha sido mais marcante?
R – Uma foi no ônibus, que eu fazia o trajeto Copa – Largo do Machado. E na volta de casa o ônibus vem de Laranjeiras, onde tem o instituto pros deficientes auditivos, que é o Ines. E aí vinham muitos estudantes deficientes. Só que assim, eu não sei se o motorista não sabia, ou não sei se foi por ignorância mesmo. Eu passei a roleta, e aí eles eram novos, adolescentes assim, e eles ficaram na parte da frente conversando, porque o ônibus vem muito lotado. Só que aí ele começou a falar pra eles: “Passa a roleta, passa a roleta”, só que eles não estavam ouvindo. E aí ele começou a ser super ignorante, ele falou assim: “Olha só”, pra cobradora, “manda esses moleques passarem a roleta que eles estão me atrapalhando aqui, eles ficam conversando e eu não tou conseguindo enxergar”. Aí eu fui e falei pra ele: “Se o senhor não está conseguindo enxergar, eles não escutam, por isso eles estão movimentando bastante as mãos”. Aí eu fui e falei com eles, chamei e falei em linguagem de sinais que eu era filha de deficientes auditivos e que era pra eles tentarem passar a roleta, porque estava atrapalhando um pouquinho a visão do motorista. Esse foi um dos fatos que me marcou. Eu já ajudei também em farmácia, já aconteceu algumas coisas que eu tive que ajudar.
P/1 – Você se lembra o que você queria ser quando crescesse quando você era pequena?
R – Eu queria ser médica. Só que eu acabei desistindo, acho que eu tava no segundo ano; aí eu mudei de ideia totalmente, fui pra Arquitetura, porque meu padrasto sempre foi um exemplo pra mim por conta da deficiência dele, eu falava: gente! E aí acho que eu acabei querendo me espelhar um pouco nele, falar: “Cara, eu quero ser que nem ele”. E mesmo com a deficiência dele, ele fez piscina pra Xuxa, ele é especialista em piscinas, sabe. Cara, nos shoppings do Rio de Janeiro todo, todos os chafarizes, a maioria dessa parte é ele que faz. Eu falei: “Gente, eu quero ser que nem ele”. Por um tempo eu quis Arquitetura, até cheguei a prestar vestibular pra Arquitetura, não era pra Nutrição, só que no despertar eu falei “não”. Eu cheguei a passar, eu falei: “Não, eu não posso fugir do que eu sempre gostei”, que era a área da Saúde, de ajudar os outros assim. E aí eu comecei a pesquisar, até por conta da doença da minha mãe também, aí eu comecei a ver o papel da alimentação na doença dela, de como era absurda a melhora das pessoas que tinham lúpus e que conseguiam adaptar a alimentação de uma forma saudável e os alimentos que melhoravam a doença, que é autoimune. E aí eu falei: “Não, eu vou fazer Nutrição, porque eu quero ajudar minha mãe”. E também pesquisando, eu pude ver as vertentes que a Nutrição tem, a forma como você pode tratar diversas doenças, ou minimizar com os alimentos de uma forma totalmente natural. Aí eu me apaixonei, prestei o vestibular super rápido pra faculdade onde eu curso, que é o IBMR, passei, entrei e estou lá desde então.
P/1 – Que idade você tinha quando entrou?
R – 18.
P/1 – E a doença da sua mãe, quando é que vocês descobriram? É uma coisa antiga ou é relativamente recente?
R – Não, é antigo, tem uns 15 anos, eu tinha nove anos. Porque a doença da minha mãe foi despertada por uma crise emocional por causa do casamento. Meu pai era uma pessoa muito difícil e aí ela guardou durante muitos anos, provavelmente ela já tinha essa característica. A gente não lembra de quem já teve lúpus na família anteriormente, mas ela já carregava esse gene, então com esse fator emocional que foi muito grande, ela teve a doença. Aí eu tinha uns nove anos, mais ou menos, foi logo depois que eles se separaram que ela descobriu.
P/1 – Já faz muito tempo na verdade, né?
R – É. E eu lembro que na época tinha poucos estudos, foi um desespero pra família, sabe? Ela não conseguia se mexer, ficou toda inchada. A gente não sabia que o sol era o grande vilão e a minha mãe sempre foi louca por sol. A paixão da vida dela era praia e sol, então pra ela foi muito difícil também. E pra mim também porque eu perdi minha companhia de praia, né? Isso até hoje, eu sinto falta, às vezes, eu vou pra praia sozinha pra relaxar e eu falo: “Nossa, queria minha mãe aqui”, mas infelizmente ela não pode. Ainda não existe nada, existem roupas hoje em dia que eles estão fabricando que têm os filtros UVA, UVB, mas nada ainda que fale: “O paciente pode ir pra praia”.
P/1 – Conta um pouco como foi essa entrada. Você prestou Nutrição, entrou, queria saber como foi a experiência do começo da faculdade, o que mudou pra você no seu cotidiano, o que você abriu de perspectiva?
R – Particularmente, no meu primeiro período de faculdade, a minha ex-coordenadora quis colocar um pouco do que era Nutrição. Porque, às vezes, muitos escolhem a faculdade, mas não sabem muito bem o campo de atuação, o que é ser nutricionista. Então no primeiro semestre, fora as matérias que eram necessárias, ela chamava alguns profissionais da área de Nutrição de diversas áreas, porque você pode trabalhar num campo muito grande, né, e aí pra gente conhecer. E foi aí que eu conheci um projeto da Nestlé. Era o projeto piloto ainda, em 2010, que a Cláudia, a gerente atual aqui da Nestlé, foi lá, porque ela estudou com a minha coordenadora, e ela foi lá mostrar um pouco da Nutrição e o Marketing, que hoje em dia é novo, na época era novo também. Ela falou como é que era a Nutrição e o Marketing e falou do projeto, que a Nestlé tava começando um projeto Jovens Nutricionistas que iam trabalhar no campo hospitalar e aí eu falei: “Adorei, eu vou fazer parte desse projeto”. E aí eu fiquei esperando porque ela disse que só podia ser no último ano da faculdade, que você tinha que ter feito duas matérias que importantes, que são Dietoterapia I e II, você tem que cursar essas duas matérias pra poder entrar. E eu fiquei esperando até chegar no sétimo período para eu poder me inscrever.
P/1 – Se interessou imediatamente.
R – Eu coloquei aquilo na minha cabeça. Eu sou muito assim, eu coloco uma coisa na minha cabeça e eu vou até conseguir, sempre foi, desde pequena.
P/1 – São quatro anos?
R – São quatro anos.
P/1 – E do primeiro ao terceiro, que você ficou nessa espera, como é que foi a experiência com a faculdade, com as disciplinas, com a turma. Mudou alguma coisa na sua vida, no seu cotidiano?
R – Foi excelente a experiência que eu tive, as matérias, eu vi que era realmente aquilo que eu queria fazer pra minha vida. Eu fiquei encantada. Porque no primeiro ciclo, que é o ciclo básico, você vê mais a questão de fisiologia e você entende um pouco como é o corpo, os mistérios. Eu fiquei encantada! E aí depois você vê a parte de como você vai usar os alimentos naquilo que você aprendeu. Então, assim, você unia os dois, foi uma coisa que eu gostei muito. E é uma coisa que eu tenho muito orgulho de falar: “Sou nutricionista”, de ter estudado os quatro anos, de ter ficado com a minha turma. Minha turma foi pequena.
P/1 – Quantas pessoas?
R – Entraram 15 e se formaram oito, por aí.
P/1 – E eram mais mulheres, como era a composição?
R – Só mulheres. As turmas agora abaixo que têm um homem, dois, mas a maioria é mulher. E eu acabei não me formando com a minha turma, porque... O que aconteceu? Quando chegou no sétimo período eu me inscrevi pra participar do projeto Jovens Nutricionistas da Nestlé. Eu fiz todo o processo seletivo, passei, só que eu escolhi o segundo ciclo, a gente tem a opção ou primeiro, que começa em março, abril, e o segundo que começa em agosto. E aí eu escolhi o segundo, porque eu ia poder conciliar com o estágio curricular da área de Clínica. Só que aconteceu um problema e aí o projeto teve que ser cancelado. Eu quase morri. Cara, acho que foi onde eu precisei do maior apoio que eu tive, foi como se um sonho tivesse ido por água abaixo. E eles falaram: “Olha, a gente pretende voltar com o projeto, mas não é nada certo ainda”. Eu falei: “Bom, tudo bem”. Eu continuei com a minha faculdade, tava no último período, ou seja, não ia mais poder realizar o sonho que eu tinha desde o início da faculdade, que era uma coisa que eu queria, e aí eu fui fazendo, cursando. Quando chegou dois dias antes de eu apresentar minha monografia a Nestlé me ligou e perguntou se eu ainda tinha interesse de participar do projeto. Eu na hora falei: “Eu tenho interesse, eu vou segurar seis meses. Eu vou dar um jeito, é meu sonho”. E aí eu fui, liguei pro meu coordenador, liguei pra minha orientadora: “Olha só, eu não vou poder apresentar a minha monografia”, isso era uma sexta-feira, acho que eu apresentava na terça, “vai ter que cancelar banca”, já tava tudo formado, “eu vou entrar pra Nestlé”. E depois eu passei pros meus pais, mais pro meu tio que sempre foi corresponsável pela minha faculdade e eu falei pra ele: “Não vou cursar, vou ficar mais seis meses, vou atrasar um pouquinho. É só a monografia, minha monografia já está pronta e vou entrar pro projeto”. Eu fiquei esperando e aí...
P/1 – E você iniciou quando?
R – Aqui na Nestlé? Foi em março.
P/1 – Mas agora?
R – Foi, março.
P/1 – Março de 2014.
R – De 2014.
P/1 – Você tinha estagiado antes em algum lugar durante a faculdade?
R – Sim.
P/1 – Onde você estagiou?
R – O meu primeiro estágio eu tava no terceiro período, foi na Coca-Cola, eu estagiei na área de produção, que é a área de cozinha. Porque até o sétimo período você só pode estagiar nessa área, e depois que você tem essas matérias que são essenciais pra área de Clínica, que você pode começar a estagiar em Clínica. Foi na Coca-Cola, eu fiquei um ano.
P/1 – Como era o trabalho lá?
R – Eu tinha que ver a parte de Produção, ver Controle de Qualidade, amostras, etiquetas. Tinha também o trabalho de educação nutricional voltado pros funcionários da Coca-Cola, que a gente sempre tava montado um prato saudável. Tinha o cálculo de calorias das refeições, que era eu que calculava.
P/1 – Pro refeitório?
R – É, pro refeitório deles. Eles colocavam uma porção de feijão, tantas calorias. E a gente colocava: “Olha, a média, mais ou menos, pra um adulto”. A gente podia fazer pra mulher e pra homem, então a gente fazia uma média, falava lá quanto que eles tinham que comer, mais ou menos. Porque a Coca-Cola na época tinha uma questão também de saúde, então tinha parte de academia e depois eles iam e comiam. E a gente fazia todo esse trabalho. A gente colocava também umas plaquinhas de cores: “A cor roxa tem tal significado. Tente colocar os alimentos dessa cor hoje no seu prato”. A gente tava fazendo mais essa linha de educação nutricional.
P/1 – Tem uma equipe de Nutrição trabalhando dentro da Coca-Cola?
R – Porque é assim, tem a Coca-Cola na indústria e tem a Coca-Cola, o prédio empresarial, que era onde eu ficava, ali na praia de Botafogo. Ali era uma consultoria, e eu trabalhava pra essa consultora, que era uma nutricionista, eu estagiava no caso. E a gente fazia isso, era basicamente isso, era eu e mais uma, a gente ficava revezando. Ou ela de manhã e eu ia de tarde, ou era tipo eu na segunda, quarta e sexta,sabe assim? Tinha dias que a gente tava junto também.
P/1 – E tinha ação de formação? Você se lembra de palestra, alguma coisa que envolvesse funcionário pra conscientizar nessa parte nutricional?
R – Sim, tinha essas plaquinhas. Porque eles não tinham muito tempo pra poder ficar ouvindo, mas tinha com os colaboradores da cozinha, a gente dava muitos treinamentos de manipulação, de como lidar com os funcionários, mas pros funcionários da Coca-Cola mesmo era mais ou menos essas plaquinhas que a gente tentava fazer pra eles conseguirem olhar e tentarem absorver rápido o que eles poderiam se alimentar, como se alimentar.
P/1 – E esse estágio era remunerado?
R – Era.
P/1 – Você se lembra o que você fez com suas primeiras bolsas de estágio, como você gastou esse dinheiro?
R – Desde nova eu sempre administrei meu dinheiro, desde que eu recebi minha pensão. Eu devia comprar alguma coisinha pra mim e tal, porque com o dinheiro da minha pensão eu pagava minhas contas básicas. Eu nunca pedi dinheiro, eu nunca tive que pedir dinheiro pros meus pais. Nunca quis. O que meu tio me ajudava para mim já era suficiente, sabe? Já pagava minha faculdade, então eu falava: “Não, eu vou”, pagava meu plano de saúde. Eu sempre fui muito assim. E eu sempre gostei muito de comprar roupa, maquiagem, essas coisas, um livro. Meu primeiro salário não lembro muito bem, mas sempre guardei bastante, eu sempre administrei mais ou menos bem o dinheiro.
P/1 – E aí o seu próximo estágio já foi dentro do Jovem Nutricionista depois da Coca-Cola?
R – Não.
P/1 – Ou teve outros?
R – Teve outros. Quando eu completei um ano de Coca-Cola eu falei: “Bom, acho que eu preciso conhecer mais”. Ver como é que é, se é a mesma coisa em outro lugar. E aí eu comecei a procurar e consegui um estágio no Hotel Royal Tulip, em São Conrado, um hotel cinco estrelas. E era mais ou menos a mesma coisa também, só que lá é um hotel de grande porte. Eu fazia as mesmas coisas, coleta de amostra, a gente tinha que subir nos quartos pra ver frigobar, pra ver se não tinha nada vencido porque o problema que dá é muito maior. E lá eu tinha uma nutricionista comigo o tempo inteiro que ficava me supervisionando. Aprendi muito com ela.
P/1 – Lá você ficou quanto tempo?
R – Fiquei seis meses. Logo depois eu tive que entrar pro estágio curricular, que é obrigatório. Esses eu fiz porque eu quis, porque queria ganhar dinheiro, queria adquirir conhecimento. Eu tive que buscar um estágio, aí foi no Gula Gula Restaurante. E lá acho que me trouxe uma experiência absurda nessa área, porque lá eles competem, é assim, tem uma nutricionista que é a consultora e ela tem várias nutricionistas que trabalham pra ela. E aí lá eles fazem tipo uma questão de vigilância mesmo, de vigilância sanitária, elas batem de surpresa. E eles tinham uma tabela que tinha uns 80 itens que a gente tinha que observar e fazer tudo direitinho. Então, assim, se não estivesse certo a gente perdia ponto, o restaurante perdia ponto e ficava um restaurante querendo melhorar.
P/1 – Uma competição, né?
R – É. E aquilo me motivava mais ainda. E eu criei uma relação muito boa com a gerente do restaurante, com o dono do restaurante, foi muito legal. Como eu fui a primeira estagiária, o restaurante era novo, eu consegui toda a documentação que eles precisavam pra legalizar o restaurante, sabe? Eu consegui ser uma nutricionista naquela área ali, assim, bem, sabe, sozinha. Porque tinha as nutricionistas, mas elas iam lá uma vez por semana, então, eu tinha que dar o meu jeito de conseguir fazer tudo direitinho, conseguir os itens na pontuação máxima, sabe, era bem legal. E aí eu fiquei também seis meses. Aí depois de seis meses eu tive que ir para outro estágio, na área de social. Aí fui pra uma creche-escola, Ema e Beatriz, que fica ali no Largo do Machado. Foi uma outra área também, eu trabalhei com criança. Eu sempre fui apaixonada por criança e ali eu vi que, não sei nem explicar, é um amor muito grande, sabe?
P/1 – Era uma creche pública?
R – Então, lá não é pública, mas também não é filantrópica. Lá é tipo uma creche que duas francesas, Ema e Beatriz, elas tinham um sonho de criarem um lugar para crianças que não pudessem pagar. Então só podem ficar ali crianças que são carentes e elas pagam tudo, tudo. A família da criança não paga nada, nem o governo ajuda, são elas mesmas.
P/1 – E como era esse trabalho cotidiano na creche?
R – Eu tinha que fazer avaliação nutricional das crianças.
P/1 – Que inclui o quê? Conta um pouco pra gente o que é essa avaliação nutricional.
R – Ver a altura, pesar, fazer antropometria, que é você ver a questão de massa muscular, percentual de gordura. Era muito engraçado, porque as crianças menores viam a gente de jaleco e achavam que a gente ia dar injeção e choravam, era muito engraçado. E também a gente via a questão da alimentação das crianças por causa desse alto índice de obesidade e a gente começou a mudar um pouco a alimentação delas, estruturar um pouquinho o cardápio. Deixa eu ver mais alguma coisa, a gente fez bastante coisa na creche.
P/1 – Foram seis meses lá também?
R – Não, lá foram três. Porque é um ano que a gente tem que fazer vários estágios. Depois eu ia fazer o da Nestlé, que aí aconteceu o problema e eu fui pro Hospital Prontobaby. Eu fui pra parte clínica de criança, que também foi ótima. Eu aprendi como deve se portar uma nutricionista. Eu pegava um andar sozinha, o andar cirúrgico. Tinha que fazer a questão de alimentação deles, foi ótimo pro meu aprendizado também.
P/1 – Mas tem uma equipe de Nutrição dentro do hospital?
R – Tem.
P/1 – E aí você era estagiária da equipe de Nutrição.
R – Sim.
P/1 – E atendia crianças.
R – Só criança. É um hospital pediátrico na Tijuca.
P/1 – Desde que você entrou na faculdade até o momento atual você sente que a faculdade de Nutrição, tudo o que você aprendeu, mudou alguma coisa na prática cotidiana em relação à alimentação mesmo, na sua e da sua família? Você mencionou a doença da sua mãe, o lúpus.
R – Mudou bastante. Eu aprendi a me alimentar melhor, porque até então eu não comia legumes, verduras, eu tentava ter um hábito saudável, mas eu não conseguia. E aí com a faculdade, eu fui aprendendo a me alimentar melhor, e fui tentando introduzir isso dentro de casa. Claro que, assim, santo de casa não faz milagre, mas hoje em dia a gente consegue ter uma boa alimentação dentro de casa. A minha mãe, eu consegui nos últimos períodos ver melhor a questão dela e a gente começou a introduzir alguns suplementos e tal, que vem melhorando a questão imunológica da minha mãe.
P/1 – Tem uma mudança na alimentação da sua mãe, no cardápio?
R – Sim, sim.
P/1 – Mas em que sentido?
R – A gente teve que tirar algumas coisas que não fazem muito bem pra questão imunológica dela como alimentação rica em gordura, a gente teve que melhorar isso. E a questão da suplementação mesmo, foi mais ou menos isso que a gente mudou. O papel da vitamina D, do cálcio, o quanto isso melhora a questão dela.
P/1 – Você lembra como eram as refeições na sua infância? Quem é que cozinhava? E o que você comia, qual era a base da alimentação?
R – Lembro. Sempre foi minha avó quem cozinhava. Eu era muito chata pra comer, só comia besteira.
P/1 – Que tipo de coisa?
R – Frituras, batata frita, fazia muito lanche. De almoço mesmo, eu não me lembro direito, mas eu lembro assim, de noite comia coxinha, pizza, hambúrguer. Com 12 anos eu vestia 44, 42. E depois que eu fui perdendo peso, eu fui chegando à adolescência e fui vendo, assim: “Não, vamos começar a melhorar”, e eu fui começando a me disciplinar, mas sempre comendo besteira.
P/1 – E hoje em dia como são as refeições em casa?
R – Eu tomo café da manhã em casa, tento adequar. Hoje em dia eu não tou conseguindo fazer lanche, porque eu entro no hospital no horário, eu tenho que almoçar e ir pro hospital, estou de tarde. E aí eu fico no hospital até tarde, às vezes eu não consigo fazer um lanche nesse tempo, mas quando eu chego em casa eu faço algum lanche sempre saudável pra mim. Claro que de vez em quando a gente, principalmente de final de semana, mas durante a semana eu tento manter um hábito saudável de alimentação.
P/1 – Vamos falar um pouquinho do Jovens Nutricionistas. Queria que você contasse como é que foi a entrada no programa. Tem um treinamento, tem uma capacitação, um passo a passo mesmo, como é que funciona? Você foi chamada, topou, estendeu a sua faculdade por isso. Como foi o início no programa?
R – A gente teve que vir aqui no prédio da Nestlé aqui na Barra, no Rio de Janeiro, pra poder assinar contrato, ver toda aquela questão burocrática. E aí depois a gente é mandado pra São Paulo pra fazer um treinamento, que dura uma semana, mais ou menos. A gente chegou no domingo à noite pra segunda-feira de manhã já começar com os treinamentos deles, com as aulas, com toda a parte esmo de treinamento. Dura até sexta, e na sexta-feira a gente vem embora.
P/1 – Quantas pessoas são na sua turma, mais ou menos?
R – Acho que foi em torno de 16, acho que foi mais ou menos isso.
P/1 – Conta como é o treinamento, que conteúdo vocês veem, tem algum tipo de prática, no que consiste o treinamento?
R – A gente teve aula com um médico da Universidade de São Paulo (USP) pra ver a questão gástrica, intestino, toda a parte gastrointestinal pra gente relembrar, bem resumido, mas bem consistente. Aí a gente também teve umas aulas sobre os produtos com os responsáveis, ver todos os produtos, todas as linhas, pra que é que serve, qual a formulação, a gente vê tudo.
P/1 – São produtos específicos?
R – São.
P/1 – O que eles têm de diferente? Uma pergunta de alguém que é leigo mesmo, entender que eles são específicos pra alimentação dentro de hospital, pra paciente em recuperação, tem um nome pra essa categoria de produto?
R – Tem. O nome que se dá é Nestlé Health Science. Também tem os suplementos que fazem parte, a gente também viu isso. Tem suplemento pra tudo, pra paciente em sépsis, pra paciente crítico, pra paciente que está em processo cirúrgico, pra cicatrização. Tem a parte de enteral, que é alimentação por sonda. Tem pra paciente...
P/1 – São muitos.
R – São muitos.
P/1 – Era pra ter uma ideia geral mesmo, são produtos específicos pra essa...
R – Pra área hospitalar. Tem a parte hospitalar, tem a parte de home care, tem a parte nutrição infantil, tem a parte que é pra nutrição que pode ser vendido em farmácia, que é Active, e aí tem algumas formulações específicas. Tem a parte que é a suplementação de alimentos hipercalóricos, para ganho de peso. São várias vertentes que têm.
P/1 – E nesse treinamento vocês entram em contato com esses produtos.
R – Com todos os produtos. E hoje em dia a Nestlé tem tentado melhorar o sabor também, até pros pacientes que estão hospitalizados e que precisam da suplementação oral, para pacientes idosos que têm bastante perda de peso. E agora eles estão fazendo os produtos com várias receitas pro paciente poder fazer com aquela linha, que é bem interessante também, tem melhorado bastante a aceitação dos pacientes, tá sendo bem legal os estudos em cima.
P/1 – E o treinamento? Vocês tiveram essa aula, depois contato com os produtos.
R – Isso.
P/1 – Tem mais alguma coisa que fez parte dessa capacitação?
R – Assim, a parte prática. A gente foi nessa cozinha experimental onde eles fazem os testes de produto.
P/1 – Como era essa cozinha? Ela é na filial?
R – Ela é em São Paulo, essa cozinha onde eles fazem todos os testes de preparações. Se a preparação for quente, se ela vai perder algum nutriente, ver as possibilidades de misturas que podem ser feitas. A gente também fez uma avaliação nutricional entre nós mesmos pra gente já chegar, porque assim, o projeto é voltado pra fazer avaliação nutricional do paciente, pra gente ver o índice de desnutrição no hospital. E a gente testou bastante entre a gente pra gente já poder chegar na prática bem treinado, é bem interessante, a gente chega bem capacitado na prática clínica.
P/1 – E aí como é que vocês são encaminhados pros hospitais? Como é que funciona esse encaminhamento.
R – Então, a Nestlé não é só os produtos que a gente vê no supermercado, que é a questão do chocolate, do Nescau, dos biscoitos. A Nestlé tem uma outra linha, que é chamada de Nestlé Health Science, que tá voltada pra saúde das pessoas, dos pacientes, principalmente na parte hospitalar que tem a parte de enteral, voltada pra pacientes críticos, pacientes que estão precisando melhorar a questão do estado nutricional, hipercalóricos, hiperproteicos, pra pacientes diabéticos, renais, pra pacientes com qualquer tipo de patologia. Tem também os suplementos que podem ser dados, que são hipercalóricos pro ganho de peso. Tem também pra outras questões pra melhorar o estado nutricional também. Tem a linha infantil, que está sendo bem desenvolvida agora pros bebês que estão nascendo com intolerância à lactose, alergia à proteína do leite, estão sendo bem desenvolvidos. Tem linha de fibras que vão melhorar a flora intestinal, tem FiberMais, FiberMais Flora, que um é mais pra constipação e outro é mais pra quem está em estado de diarreia. Assim, tem diversos produtos, a Nestlé não é só o que você vê no supermercado, ela também tá voltada a essa área da saúde pensando no bem do paciente, na melhora, por isso ela tem desenvolvido produtos com sabores, porque ela tem que associar, a Nestlé que tem o sabor, porque todo mundo pensa no chocolate e aí o produto da Nestlé, tem que pensar que o produto da Nestlé na enteral também pode ser bom. E é por isso que eles estão desenvolvendo isso de melhorar o sabor, melhorar a aceitação do paciente, pro paciente associar o produto da Nestlé com aquele produto que ele comia quando era mais novo, associar esse sabor mesmo da Nestlé. Como é que a Nestlé pode oferecer um produto para o paciente que não seja com um bom sabor. Então, tá sendo bem legal o trabalho que eles estão fazendo em cima disso.
P/1 – Essa questão do sabor eu acho bem bacana, porque a pessoa já está doente e tem que ingerir uma coisa que não é gostosa, sei lá, tem uma coisa meio afetiva mesmo, né, de você poder sentir um prazer com a alimentação, que é comer uma coisa boa, bem legal.
R – Principalmente os pacientes que estão enteral, que, às vezes, eles estão com um problema no estômago e não podem se alimentar por via oral ou até mesmo no intestino e têm que fazer a alimentação por sonda, eles ficam bastante tempo sem poder comer. Então quando eles podem voltar a comer, que você começa a ofertar um suplemento nutricional, é legal que esse suplemento venha com algum sabor. Então agora estão desenvolvendo morango, chocolate, baunilha, tá bem legal a aceitação dos pacientes. E os suplementos que não têm um sabor muito agradável, a Nestlé tem trabalhado em cima desses suplementos pra poder melhorar, tá sempre voltado pra satisfação do paciente também, que aquilo ali vai melhorar a recuperação dele, ele vai ter mais vontade, assim: “Ah, não! Eu preciso disso pra melhorar”. E se eles têm essa consciência que eles precisam daquele suplemento pra eles melhorarem e se você consegue ofertar aquele suplemento com sabor gostoso, então, assim, melhora muito o quadro do paciente.
P/1 – É muito bacana. Então a Nestlé fornece pra hospitais, você sabe como isso funciona? Os hospitais trabalham com produtos dessa linha Health Science da Nestlé?
R – Sim. Na maioria das vezes os hospitais possuem a cartela de produtos da Nestlé e aí, de acordo com a patologia do paciente, vai ser dado um suplemento específico. E aí existem as nutricionistas que vão nos hospitais, que fazem a parte de marketing, explicando a formulação de cada produto, quando ele deve user usado, como pode ser usado. Às vezes, quando é por via oral: “Olha, deixa ele na geladeira”, elas vão saber informar melhor como ser utilizado a partir de tabela nutricional, elas explicam assim. E cada nutricionista é voltada pra uma linha e cada uma vai visitando os hospitais. Por exemplo, se um hospital tem a linha GC Control, que é pra pacientes diabéticos, a nutricionista responsável pelo GC vai lá falar com o paciente sobre esse produto. Tem a linha Peptamen, que é pra pacientes mais críticos, a nutricionista vai lá falar sobre esse produto.
P/1 – É direcionado mesmo, né?
R – É direcionado. Vai falar com nutricionista, com médico intensivista, pra explicar porque é melhor ser usado aquele produto, o que ele vai causar, os benefícios.
P/1 – Vocês fizeram a capacitação quando você entrou no programa e como é que você foi direcionada pra hospital, pra que hospital você foi direcionada.
R – Eles selecionam hospitais que eles fazem convênio, e eles me direcionaram pro INC, o Instituto Nacional de Cardiologia em Laranjeiras. Lá eu faço um trabalho voltado... Lá só tem paciente cirúrgico, então a gente faz uma questão de avaliação nutricional, ver como está o estado do paciente, se está desnutrido, se ele está com sobrepeso, se ele está eutrófico. E de acordo com o estado nutricional do paciente, a gente vai fazer um plano de intervenção ou não. Esse plano de intervenção consiste em quê? Se o paciente está desnutrido, passar um suplemento nutricional pra ele restabelecer, pra ele poder ir pra cirurgia bem. Se está eutrófico, a gente vê como está o intestino dele, se está funcionando direitinho, se não tá a gente vai entrar com um suplemente de FiberMais ou FiberMais Flora. A gente vai ver o que é melhor pra adequar para o paciente: se ele está com sobrepeso ou obeso, a gente tenta adequar melhor a alimentação até ele chegar no peso ideal dele pra ele poder também ir pra cirurgia com um estado nutricional adequado. E aí lá a gente tá fazendo um trabalho agora com o uso do Impact, que é um suplemento da Nestlé que melhora a cicatrização e o tempo de internação desses pacientes no pós-cirúrgico.
P/1 – Diminui o tempo, é isso?
R – Diminui. E melhora a cicatrização. Muitos estudos já têm comprovado isso. E aí eu tou fazendo um trabalho lá no hospital voltado pra isso, como é um hospital cirúrgico e a gente tá começando agora a implementar o uso de Impact nos pacientes do oitavo andar, que é onde eu fico, de cinco a sete dias antes deles irem pra cirurgia. E a gente tá começando a analisar os dados de quanto tempo vai ficar internado, se vai ter algum tipo de infecção porque também melhora a resposta imunológica. E aí a gente tá fazendo toda uma análise de dados.
P/1 – E vocês começaram agora essa experiência?
R – A gente começou a fazer as avaliações nutricionais, colocar em tabela. Colocar IMC, estado nutricional do paciente, quanto tempo ficou no pós-cirúrgico, se foi à óbito, se voltou pro andar, a gente tá fazendo toda uma análise. Primeiro fez coletagem e agora a gente tá começando a introduzir o Impact, porque a gente queria ver mais ou menos antes como é que era sem o uso do Impact, e agora com o uso.
P/1 – E quando você chegou no hospital qual é a equipe que você integra, com quem você trabalha? Quem te recebeu? Teve também um treinamento dentro do hospital?
R – Não, não teve treinamento dentro do hospital. Mas quem me recebeu foi a nutricionista Leila, que é a minha supervisora dentro do hospital. Ela foi excelente, ela me passou toda a rotina do hospital, tem as outras nutricionistas também. Eu lido mais com as nutricionistas do oitavo andar, mas eu falo com todas. Elas foram muito receptivas, me ajudaram com toda a rotina dos pacientes, como é que é feita a admissão deles, de como você deve interagir, sabe, às vezes o paciente tá precisando de uma coisa, falar com o médico. Eles me ajudaram bastante nesse aspecto.
P/1 – Você está na equipe de Nutrição, é uma equipe de Nutrição.
R – Isso, uma equipe de Nutrição.
P/1 – E são pacientes de todas as faixas etárias?
R – Todas. Lá também tem crianças, mas no oitavo andar não tem. Tem muito jovem, muito. De 24 anos até idosos de 80, 80 e poucos anos. É bem eclética a faixa etária lá.
P/1 – De pacientes cardíacos.
R – Claro que os pacientes vão ter sempre alguma coisa a mais, nunca o paciente é só cardíaco. Pode ser que ele tenha um problema renal, alguma comorbidade que a gente chama, alguma patologia associada, mas lá é hospital que vai tratar a cardiopatia do paciente. Lá não tem emergência, lá é só cirurgia, mas tem a parte ambulatorial que o paciente faz acompanhamento antes e depois com nutricionista, médico, com o que ele precisar envolvendo a necessidade cardiológica dele.
P/1 – E como é a interação com os médicos? Entre nutricionista e médico, como é esse trabalho integrado?
R – É bem legal. Tem bastante integração, principalmente os médicos do pós-cirúrgico. A nutricionista Leila, ela estabeleceu uma relação excelente com os médicos, eles passam tudo: “Paciente tá precisando disso, paciente teve isso”. Nos prontuários também é bem especificado o que o paciente está precisando, o que ele teve, se ele teve alguma complicação, então você consegue visualizar. E se você precisar ter algum contato com o médico, falar, eles são bem receptivos, eles conversam mesmo com você. Às vezes, ele fala: “Ó, o paciente está assim, o que você acha? Qual a melhor estratégia pra esse paciente na questão nutricional?”. Essa integração multidisciplinar tá bem legal.
P/1 – E você já tinha tido contato, em algum dos seus estágios anteriores, com médico diretamente?
R – Sim, no Prontobaby eu tive bastante contato. Porque eu também trabalhei na parte de cirurgia, foi pediátrico, mas também foi na parte só de crianças que internavam pra fazer cirurgia.
P/1 – E você acha que faz diferença você ter contato com o médico? A questão mesmo de aprendizado ou de...
R – Faz, faz, com certeza. É a questão da criação do valor compartilhado que a Nestlé tanto fala, né? Que a gente aprende estando no hospital, a gente aprende com aquela vivência, com os médicos, com os próprios nutricionistas, com os enfermeiros, fisioterapeutas, todo mundo da área da saúde tem um pouquinho a te ensinar, sabe, isso é uma coisa que a gente aprende muito. Só você estando na prática mesmo que você vai aprender, porque a faculdade te passa a teoria, e aí no estágio é que você vai ter mesmo aquela experiência de você estar colocando o que você aprendeu ali na prática. E isso é bem legal, porque a Nestlé proporciona. Porque, às vezes, na faculdade você vai ter que fazer o estágio, mas da Nestlé estar te proporcionando isso, isso também é legal pra faculdade, entendeu? Eu vou estar saindo do IBMR muito mais capacitada por ter participado do programa e do aprendizado que eu tive no estágio. E também é legal pra Nestlé, porque além da gente estar mostrando um pouquinho da marca, da Nestlé Health Science, da gente estar mostrando os produtos, a gente também traz dados pra Nestlé. Por exemplo, não é uma coisa do programa fazer um estudo com o Impact, a gente faz mais avaliação nutricional, vê riscos de desnutrição, porcentagem, mas agora fazendo esse trabalho do Impact, a gente vai poder estar mostrando até pra Nestlé mesmo: “Poxa, olha, isso funciona realmente” “Olha, a aceitação tá boa, a aceitação não tá muito boa do sabor, vamos melhorar isso aqui, não vamos melhorar”. É uma troca, isso é muito legal do programa, a troca que você tem da universidade com a Nestlé e com o hospital, de você poder juntar tudo numa coisa só.
P/1 – E esses dados que vocês levantam, ou no caso agora do Impact, você sabe se eles se transformam em alguma publicação? Isso gera um artigo? Pensando um pouco na área universitária ou científica, tem esse encaminhamento?
R – Sim. Foi publicado um artigo recentemente pela Nestlé do risco, agora não vou me lembrar especificamente do nome do artigo, mas falando de porcentagem do risco nutricional dos pacientes de desnutrição nos pacientes hospitalizados. Eles já publicaram um artigo com os dados que foram fornecidos pelas estagiárias deles no programa. E esse trabalho agora que eu tou fazendo no hospital a chefe lá da, pera aí que agora eu não sei se é chefe, a doutora Márcia, em conjunto com a nutricionista Leila, elas estão querendo fazer um trabalho em cima do que a gente conseguiu, a questão de desnutrição, de todos os dados. Até os meus dados e os que foram feitos pela antiga estagiária da Nestlé também lá. Então a gente vai unir esses dados, ver porcentagem de desnutrição. E a gente vai complementar esses dados também, não sei se vai ser outro trabalho, ou se a gente vai juntar, da questão do Impact também, de tantos por cento que diminuíram o tempo de hospitalização, se foi pra óbito, se não foi. A gente tá montando uma tabela bem legal pra gente poder mostrar depois, fazer um trabalho em cima, ou tentar mostrar isso depois em congresso. O hospital está com bastante interesse em cima disso.
P/1 – Que bacana. E você tem um contato direto, cotidiano, com os pacientes.
R – Tenho.
P/1 – Eu queria saber se tem alguma situação com paciente, algum paciente em especial, alguma relação que tenha sido marcante também que você destacaria.
R – Por ser um hospital público, tem muita pessoa ali que não tem condição de pagar. Teve uma idosa, particularmente, que ela me marcou muito. Porque eu sempre tive muito medo de trabalhar com idoso, eu não sabia se eu ia ter coração suficiente pra trabalhar, porque assim, eles são mais fragilizados, ainda mais hospitalizados, eles acham sempre que eles podem morrer. E aí, assim, eu falei: “Gente, será que eu tenho suporte pra ajudá-los da maneira que for?”. E ela me testou, eu tive essa experiência. Ela é uma senhora muito lúcida, já bem senhora, ela deve ter em torno de uns 90 anos, ela está em risco, ela estava desnutrida e a gente conversando ela tava sozinha, ela tava sem acompanhante nenhum e ela não tava conseguindo comer. A copeira entrou lá, deixou a comida pra ela, só que ela anda com bastante dificuldade, porque ela sente bastante falta de ar devido à cardiopatia dela. Aí quando eu cheguei pra fazer a avaliação nela, aí eu falei: “Ué, a senhora ainda não comeu?”. Ela foi e falou: “Ah, é porque eu não consigo alcançar”. Porque da cama até, teria que puxar a mesinha, e ela não conseguia alcançar e por isso ela ainda não tinha comido. Aí eu fui, falei com ela, ajudei, cortei o pão dela, coloquei o queijo que vinha, polenguinho, peguei o café, ajudei. E eu criei um carinho por ela muito grande, até que ela teve alta sem ter a cirurgia, provavelmente foi por conta do feriado que teve e quando eu cheguei eu levei um susto: “Cadê a ...?” não pode falar o nome, né?
P/1 – Dizem que não (risos)
R – “Cadê a senhora do leito tal?”. E aí falaram: “Não, ela teve alta”. Foi um alívio porque, nossa, eu achei que ela tivesse falecido, sabe? E isso é uma coisa que a gente aprende no dia a dia, a lidar com a morte, assim, mas com ela... A gente cria um afeto, a gente é ser humano, a gente também tem que ter humanidade no trabalho que a gente faz, você não pode ir só ali e ignorar a paciente, pronto, mais um. É uma pessoa, sabe, a gente tem que conversar com a pessoa, escutar, às vezes, o que ela tem pra falar. Ela falou dos medos dela, ela falou que tinha medo de dormir, porque ela tinha medo de morrer dormindo, que ela deixava a luz acesa. É legal, a gente conversava, falar um pouquinho, que isso aqui não vai acontecer, a gente dar um conforto. Além da gente ser nutricionista, a de estar tentando colaborar pra melhorar o estado nutricional da paciente, a gente tem que ser humano e ajudar também na questão dela ficar bem, ela se sentir bem, que aquilo também vai melhorar o prognóstico dela, sabe? E aí agora ela retornou pro hospital e a gente tá tentando melhorar, voltar a melhorar o estado nutricional dela pra ela poder ir bem pra cirurgia.
P/1 – Desde que você entrou no programa, é relativamente recente, você ainda tá no processo, mas nesse momento você já consegue pensar em alguma transformação que a sua prática ali, ligada ao Programa Jovens Nutricionistas, mudou na sua visão da sua profissão, ou na perspectiva de carreira, nas possibilidades de carreira?
R – Eu sempre tive na minha cabeça que eu queria fazer a parte Clínica, de estar ali em hospital ajudando. É muito bom quando você entra no hospital, por exemplo, o paciente não pode ir pro centro cirúrgico desnutrido, e de você entrar no hospital, pegar um paciente desnutrido e conseguir melhorar o estado nutricional dele, passar ele de desnutrido para o estado de eutrófico, e ele poder ir pra cirurgia, especificamente lá, isso é muito legal, isso é uma recompensa que não tem valor. Isso eu sempre quis, desde que eu entrei na faculdade eu entrei querendo melhorar a saúde das pessoas da forma mais natural possível, da forma que os alimentos pudessem ofertar, sem que eles precisassem fazer uso de remédios, melhorando, assim, mesmo o estado deles. E a Nestlé me mostrou isso também com a prática. E quando eu conheci a parte de marketing, eu fiquei um pouco dividida, pensei “meu deus, o que eu quero?”. Assim, eu quero ficar nessa parte de clínica e também quero fazer parte de marketing, porque a gente une os dois. Pra gente poder falar de um produto, a gente tem que ter bastante embasamento sobre a parte clínica, então eu falei: “Gente, eu consegui unir o útil ao agradável, foi bem legal”.
P/1 – E você acha que abriu, essa parte de marketing é uma coisa que você já pensava antes de conhecer o programa?
R – Não. Eu sabia, pela palestra que eu tinha ouvido, mas achei que fosse só marketing. E quando você entra no programa, você vê que você precisa ter a parte clínica, não é só marketing, você precisa saber bastante pra poder estar falando sobre os produtos. E aí eu consegui justamente unir um sonho, que era ficar na parte clínica, e junto com a parte de marketing, de você estar podendo usar os produtos que você sabe, que você bate ali que o produto tem efeito, sabe, que vai melhorar o estado nutricional do paciente, que vai melhorar certa patologia, que vai regular o nível glicêmico do paciente. Isso é uma recompensa, não tem nem o que falar, muito bem.
P/1 – Até quando você fica?
R – Até dia 11 de junho. Foi antecipado por causa da Copa, vai ter as paralisações e eles resolveram, ia ser até o dia 30 e agora vai ser até o dia 11 de junho.
P/1 – A gente vai começar a encaminhar para as perguntas finais agora, são umas três perguntas que a gente sempre faz para fechar. Mas antes queria saber se tem alguma coisa que a gente não tenha perguntado ou que tenha te ocorrido, que você tinha expectativa de falar. Qualquer coisa.
R – Não estou lembrada. Eu tava querendo falar bastante da questão do valor compartilhado, que é uma coisa que eles falam bastante, mas eu acabei falando que foi da faculdade.
P/1 – Falou, ficou super claro, que Impacta positivamente em todo mundo que está ligado àquela ação, aquele programa.
R – Acho que eu falei mais ou menos tudo. O que você acha, você acha que eu devo melhorar alguma coisa?
P/1 – Não, foi super bacana. Só se você tivesse alguma coisa para falar: “Mas eu queria muito falar disso e ela não perguntou”, sobre a sua vida pessoal ou sobre essa questão mais profissional.
R – Não, eu acho que eu falei mais ou menos tudo mesmo.
P/1 – Então agora para fechar a primeira questão: quais são seus sonhos hoje? Sonhos, desejos, em qualquer esfera.
R – Meu sonho, hoje, é de concluir minha faculdade, de conseguir um emprego na área que eu quero, que é a área clínica, seja na parte do marketing, na parte clínica mesmo, que é onde eu vou ser feliz. O meu sonho também é que o profissional da Nutrição seja mais reconhecido e acho que é isso, ser feliz, de me especializar cada vez mais, de ser uma boa profissional. Essa é a minha meta, meu objetivo, é o que eu quero pra mim.
P/1 – E por fim, como é que foi contar a sua história? Como foi dar o depoimento aqui pra gente?
R – Foi ótimo, me senti muito à vontade. Achei que eu fosse ficar bem nervosa, mas a equipe, vocês me deixaram muito tranquila, muito tranquila. Foi muito gratificante.
P/1 – Tá certo, obrigada.
R – Obrigada.
P/1 – Muito obrigada, Maythê.
FINAL DA ENTREVISTA
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