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História
Por: Museu da Pessoa, 7 de julho de 2021

Estudando Direito para defender seu povo

Esta história contém:

Estudando Direito para defender seu povo

Vídeo

Meu avô era um contador de história, ele contava muitas histórias e algumas eu nem acreditava, todo mundo falava seu avô é mentiroso, conta muita história mentirosa, essas histórias do mato, de caçada, de se perder no mato, de precisar usar as ervas, sempre que entrava na mata tinha que colocar uma erva para os seres da floresta, para não se perder. Ele passou dias perdido no mato por não ter seguido essa tradição de pedir licença e de se conectar com aquele espaço, e deixar um presentinho para esses seres da mata. só depois de adulta foi que eu fui vendo aquela história com meu avô contando não é mentira porque eu vejo outras histórias contadas também em outros territórios que eu já passei, sobre essa questão da resistência indígena e dos conhecimentos tradicionais.

Minha vó teve que sair da sua terra, inventar um nome, porque não tinha nem registro de nascimento nem nada, chegou muito nova e eu me indignei muito com isso, porque foi tirada da minha família a possibilidade de nascer dentro do seu lugar no mundo, eu nunca me senti bem estando em Salvador. Eu não nasci na aldeia, mas com ela muito presente, que sempre esteve ali levando essa memória da resistência do povo e a memória da ancestralidade indígena muito forte. Eu ficava sempre esperando as férias, para poder ficar com a minha avó e poder caminhar pelas roças, como a gente chamava na época, para poder ter mais contato mesmo assim com a terra, com o campo e a floresta.

Eu não vislumbrava naquele momento retomar para o território, retornar para terra, para o meu lugar no mundo, que eu teria esse lugar em uma aldeia também, mas eu queria ajudar que nenhum outro povo tivesse que sair no seu território, devido às injustiças e proteger mesmo os povos indígenas, proteger os territórios indígenas, foi essa minha motivação e quando eu tinha 16 anos eu decidi fazer direito. Na universidade eu já cheguei como potyra, porque eu comecei na escola e recebi esse nome...

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Dados de acervo

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Projeto: Indígena Pela Terra e Vida

Entrevista de Potyra Tupinambá

Entrevistada por Jonas Samaúma e Idjahure Kadiwel

Local: entrevista concedida pelo Zoom

Data: 7 de julho de 2021

Realização: Museu da Pessoa

Código da entrevista: ARMIND_HV004

Transcrito por Lidiane Ramos

00:00:11

P/1 - Então Potyra, novamente quero te agradecer por ter se disposto a vir aqui hoje e compartilhar um pouco da sua história. Eu quero começar com uma pergunta bem simples, você dizer o local onde você nasceu e o seu nome completo?

R - Eu sou Potyra de Tupinambá, nome de registro é Ivana Cardoso de Jesus, eu nasci em Salvador Bahia na capital do estado da Bahia.

00:00:48

P/1 - Potyra, agora eu vou fazer você puxar na memória mesmo, me diga qual é a primeira memória que você tem na sua vida, assim qual que é a primeira coisa que você lembra?

R - Eu lembro muito da minha avó, que é sempre a minha referência, eu não nasci na aldeia, mas sempre tive uma avó muito presente, que sempre esteve ali levando essa memória da resistência do povo, e a memória da ancestralidade mesmo indígena, muito forte. Eu ficava sempre esperando as férias, para poder ficar com a minha avó e poder caminhar pelas roças, como a gente chamava na época, para poder ter mais contato mesmo assim com a terra né, com o campo, com a floresta. Então essa é a minha memória, eu sempre lembro de estudar para passar de ano logo, para poder ter férias e ficar com a minha avó.

00:01:56

P/1 - Vamos aprofundar um pouquinho na sua avó. O que você sabe da história dela, que momentos marcaram esta convivência com ela?

R - É uma história muito dolorida, porque ela uma indígena que teve que sair do seu território, sair da sua terra, para viver num outro lugar, fugir na verdade para poder sobreviver, e chegar na cidade de Salvador, onde teve que inventar uma nova vida e aprender a viver naquele espaço, que não era o espaço que ela que ela nasceu e que ela queria estar, mas que foi...

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Título: Estudando Direito para defender seu povo

Data: 7 de julho de 2021

Local de produção: Brasil

Revisor: Jonas Samaúma
Entrevistador: Idjahure Kadiwel
Transcritor: Lidiane Ramos
Autor: Museu da Pessoa

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