Eu estava em uma fila gigantesca do lado de fora de um café, situado em uma cidade da Alemanha (atualmente vivo no Brasil, mas morei por 3 anos em uma cidade no norte da Alemanha, sendo que há 2 anos e 9 meses regressei ao Brasil). Eu havia chegado de uma viagem longa, que partiu de Porto Alegre com direção a Hamburgo. Estava com saudades de beber um café e voltar a comer um doce típico do norte, por essa razão me dirigi a um dos meus cafés preferidos da cidade. O lugar não era exatamente como o café que era para ser, como comumente acontece nos meus sonhos. Além disso, a atmosfera era diferente: o lugar era um pouco sombrio. As cores da cena do meu sonho eram mais frias, melancólicas. Era frio e as pessoas pareciam todas preocupadas, as ruas vazias, e os estabelecimentos funcionando parcialmente. Enquanto eu aguardava o café na fila quilométrica, comecei a conversar em alemão com uma senhora de mais idade que estava na minha frente. Na verdade foi ela quem puxou a conversa. Ela me perguntou: - Gosta desse café? Eu respondi: - Sim, gosto muito. Ela notou meu sotaque e perguntou de onde eu era: - Eu, inicialmente desculpando-me pelo meu alemão enferrujado, disse que eu era do Brasil e que havia chegado de viagem naquele mesmo dia. Imediatamente ela afastou-se de mim e disse: - Não sabes o que estamos vivendo? E eu respondi: - Como assim? De que estás falando? E ela complementou: - Do vírus, tem um vírus aqui e você pode estar contaminada porque viajou (Não me recordo do trecho seguinte). Desta parte pulou para um outro momento: Eu encontrando meus amigos queridos de lá, com saudades, e não podia abraça-los. Estavam todos de máscara, juntos em um outro café que costumávamos frequentar, mas não podíamos nos abraçar. Eu decidi ir até o banheiro, que ficava no final de uma escada, a direita. Na descida encontrei um amigo meu (que depois soube que era apaixonado por mim), ele tirou a máscara, me puxou para o lado e me beijou...
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Eu estava em uma fila gigantesca do lado de fora de um café, situado em uma cidade da Alemanha (atualmente vivo no Brasil, mas morei por 3 anos em uma cidade no norte da Alemanha, sendo que há 2 anos e 9 meses regressei ao Brasil). Eu havia chegado de uma viagem longa, que partiu de Porto Alegre com direção a Hamburgo. Estava com saudades de beber um café e voltar a comer um doce típico do norte, por essa razão me dirigi a um dos meus cafés preferidos da cidade. O lugar não era exatamente como o café que era para ser, como comumente acontece nos meus sonhos. Além disso, a atmosfera era diferente: o lugar era um pouco sombrio. As cores da cena do meu sonho eram mais frias, melancólicas. Era frio e as pessoas pareciam todas preocupadas, as ruas vazias, e os estabelecimentos funcionando parcialmente. Enquanto eu aguardava o café na fila quilométrica, comecei a conversar em alemão com uma senhora de mais idade que estava na minha frente. Na verdade foi ela quem puxou a conversa. Ela me perguntou: - Gosta desse café? Eu respondi: - Sim, gosto muito. Ela notou meu sotaque e perguntou de onde eu era: - Eu, inicialmente desculpando-me pelo meu alemão enferrujado, disse que eu era do Brasil e que havia chegado de viagem naquele mesmo dia. Imediatamente ela afastou-se de mim e disse: - Não sabes o que estamos vivendo? E eu respondi: - Como assim? De que estás falando? E ela complementou: - Do vírus, tem um vírus aqui e você pode estar contaminada porque viajou (Não me recordo do trecho seguinte). Desta parte pulou para um outro momento: Eu encontrando meus amigos queridos de lá, com saudades, e não podia abraça-los. Estavam todos de máscara, juntos em um outro café que costumávamos frequentar, mas não podíamos nos abraçar. Eu decidi ir até o banheiro, que ficava no final de uma escada, a direita. Na descida encontrei um amigo meu (que depois soube que era apaixonado por mim), ele tirou a máscara, me puxou para o lado e me beijou (automaticamente a imagem dele se converteu no rosto do meu noivo), mas o beijo era diferente. Me senti culpada, mas por outro lado me senti aliviada, como se o risco de contaminação tivesse deixado de existir e tudo tivesse voltado ao estado de “normalidade”. Acordei assustada e com uma sensação ambivalente de alívio e culpa.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
O momento atual tem despertado muitos questionamentos e trazido à tona muitas memórias. Eu tenho sentido muita saudade da minha família e de amigos, tanto dos próximos como aqueles que vivem distante. Além disso eu tinha uma viagem programada para a cidade que aparece no meu sonho para o final do mês de Abril, a qual precisei cancelar em decorrência da pandemia. Essa impossibilidade de contato físico com o mundo do lado de fora e o medo de levar o vírus para grupos vulneráveis, como meus pais, tem me incomodado muito. Acho que esse meu sonho fala muito do que eu estou sentindo no momento, da falta, da ausência da presença física, e também da importância do amor, que tem o poder de romper com tudo isso que estamos sentindo (considerando que neste momento isolar-se é um ato de amor). Uma leitura que faço é que o beijo naquele contexto (como meio de transmissão de afeto e não de propagação de vírus) tenha trazido a mensagem de que o amor é mais forte que tudo, e que através dele vamos passar por tudo isso, bem. Por outro lado, esse mesmo beijo poderia significar o desrespeito ao outro, vulnerável, e gerar o caos, pela disseminação do vírus. Acho que dá pra fazer inúmeras leituras. Sigo aqui pensando no sonho e nos seus significados.
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