Todo mundo que me conhece sabe: sempre tive uma vontade maluca de morar nos Estados Unidos e de conhecer um americano. Encaminhei minha vida toda para que um dia eu pudesse atingir esse objetivo. Pra começar, saí da cidadezinha no interior de Minas onde eu morava e me mudei sozinha para São Paulo, para buscar grandes oportunidades. Me formei em uma excelente universidade e me coloquei muito bem no mercado de trabalho, numa grande empresa de Santos, no litoral paulista. Até comprei um apartamento, pois, naquela época, 1987, quem quisesse sair do país precisava ter um imóvel próprio e um emprego estável. Mesmo com tudo isso, ainda implicavam com o fato de uma jovem solteira como eu querer sair do país e não me davam o visto! Apesar de estar bem-resolvida profissionalmente, eu não me aquietava com nenhum namorado.
É que eu dizia para todos eles que queria morar fora. Então a gente nem construía planos juntos. Quando confessei meus planos para alguns colegas de trabalho, fui bombardeada: “Você é doida, vai deixar esse ótimo emprego para ir sozinha pra um país desconhecido?” ou “Você já está com 30 anos, devia pensar em arrumar um marido”. Fiquei abalada. Repensei e decidi adiar meus planos. Uma amiga sugeriu que eu colocasse um anúncio numa revista que tinha uma seção especial dedicada a pessoas que estavam buscando relacionamentos. Era maio de 1989 quando me convenci e fiz um anúncio com meu nome, endereço para correspondência (naquela época não tinha internet) e a frase: “Quero conhecer gente nova”. Enviei o texto e esqueci daquilo. Meu anúncio foi publicado só em novembro, mas, de cara, já recebi umas 300 cartas! Uma delas era do Darrell. Eram cinco páginas descrevendo toda a vida dele.
Os lugares onde ele havia trabalhado, os países que conhecia, as línguas que falava... Também dizia que ele tinha 24 anos e, apesar de morar no Brasil, era americano. Meu coração bateu mais forte....
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Todo mundo que me conhece sabe: sempre tive uma vontade maluca de morar nos Estados Unidos e de conhecer um americano. Encaminhei minha vida toda para que um dia eu pudesse atingir esse objetivo. Pra começar, saí da cidadezinha no interior de Minas onde eu morava e me mudei sozinha para São Paulo, para buscar grandes oportunidades. Me formei em uma excelente universidade e me coloquei muito bem no mercado de trabalho, numa grande empresa de Santos, no litoral paulista. Até comprei um apartamento, pois, naquela época, 1987, quem quisesse sair do país precisava ter um imóvel próprio e um emprego estável. Mesmo com tudo isso, ainda implicavam com o fato de uma jovem solteira como eu querer sair do país e não me davam o visto! Apesar de estar bem-resolvida profissionalmente, eu não me aquietava com nenhum namorado.
É que eu dizia para todos eles que queria morar fora. Então a gente nem construía planos juntos. Quando confessei meus planos para alguns colegas de trabalho, fui bombardeada: “Você é doida, vai deixar esse ótimo emprego para ir sozinha pra um país desconhecido?” ou “Você já está com 30 anos, devia pensar em arrumar um marido”. Fiquei abalada. Repensei e decidi adiar meus planos. Uma amiga sugeriu que eu colocasse um anúncio numa revista que tinha uma seção especial dedicada a pessoas que estavam buscando relacionamentos. Era maio de 1989 quando me convenci e fiz um anúncio com meu nome, endereço para correspondência (naquela época não tinha internet) e a frase: “Quero conhecer gente nova”. Enviei o texto e esqueci daquilo. Meu anúncio foi publicado só em novembro, mas, de cara, já recebi umas 300 cartas! Uma delas era do Darrell. Eram cinco páginas descrevendo toda a vida dele.
Os lugares onde ele havia trabalhado, os países que conhecia, as línguas que falava... Também dizia que ele tinha 24 anos e, apesar de morar no Brasil, era americano. Meu coração bateu mais forte. Pensei: “É a minha chance de conhecer um gringo!”. Trocamos cartas e fotos por dois meses até combinarmos um encontro. Eu morava em Santos e ele em São Paulo. Marcamos em uma sexta-feira à noite, numa estação de trem da capital paulista. Me arrumei toda e peguei o ônibus para subir a serra. Mas o tempo estava bem ruim e a viagem levou mais de duas horas. Cheguei atrasada e não havia mais ninguém na estação de trem quando desci. Achei que ele tinha desistido. Aí, olhei em volta e vi o Darrell encostado no corrimão da escadaria da estação. Meu coração disparou! Sorri e fui cumprimentá-lo. Conversamos um pouco enquanto caminhávamos até a saída da estação. Quando saímos, estava garoando.
Meus cabelos e minhas roupas ficaram úmidas. Ele me abraçou e suspirou. Entramos no táxi e fomos para o apartamento dele. Jantamos e rimos muito naquela noite. Passamos o sábado e o domingo juntos até eu voltar para Santos. Nossa sintonia era tanta que começamos a namorar na mesma semana e nos casamos dois meses depois! O Darrell se mudou para Santos e fizemos uma cerimônia simples no cartório para oficializar nosso matrimônio. Eu me impressionava com a forma natural como tudo aconteceu.
Parecia que estávamos seguindo um roteiro. E estávamos mesmo: o Darrell sonhava comigo desde os seus 12 anos! Ele me contou que, quando dormia, encontrava com uma mulher sem rosto definido e com um abraço úmido. Ela tinha os cabelos longos e levemente molhados. Quando meu amor me revelou isso, nós já estávamos juntos havia cinco meses. O Darrell confessou que, no momento que me viu e pôs as mãos em mim, teve certeza de que eu era a mulher dos seus sonhos. Ele jamais tinha sentido aquilo com nenhuma de suas antigas namoradas. Meu marido convivia com a angústia de sonhar repetidas vezes com uma mulher sem nunca encontrá-la.
Era como se, inconscientemente, ele estivesse procurando por mim durante todo esse tempo. Achei lindo! Estava escrito, sabe? Era nosso destino. Ser a mulher dos sonhos do Darrell realizou os meus sonhos também: encontrei o gringo que eu tanto queria e já viajamos várias vezes para os Estados Unidos. Tirei a sorte grande!
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