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História
Por: Museu da Pessoa, 22 de janeiro de 2007

Do Ceará para Maués

Esta história contém:

Do Ceará para Maués

Lá em casa, minha família toda toma guaraná! A gente mói meio quilo, coloca numa boa vasilha bem tampada, tira todo dia de manhã e bebe. Só bebo de manhã e só uma vez. Se eu não tomar guaraná, não fico bacana, dói até a minha cabeça. Posso tomar o café que eu tomar, mas antes do café eu tenho que tomar o meu guaraná logo que eu me levanto.

O meu nome é Raimundo Rodrigues de Souza, nasci dia 08 de janeiro de 1943 em Quixadá, Ceará, a terra da galinha choca. A gente saiu do nordeste porque tinha muita seca, não chovia. Até hoje é escasso de chuva. A gente perdia os animais, perdia as lavouras. Aí o meu pai veio para o Amazonas. Eu vim com ele, uma irmã e meu cunhado. Fomos trabalhar na usina de pau-rosa. Trabalhava de dia na usina e de noite, quando tinha festa, como meu pai era sanfoneiro, a gente ia tocar e eu batia no pandeiro para ajudar. Mas depois também fui para o mato e abandonei tudo. Aí foi só o trabalho.

Maués, onde estamos, era uma rua que a gente andava com a calça arregaçada porque o mato molhava a gente. Eram só três ruas que tinham. Fiquei trabalhando no pau-rosa dentro do mato. O meu pai foi embora, não se adaptou bem. Eu pedi para ficar, ele deixou e eu fiquei. Nós chegamos em 1968 e quando foi em 1969, ele foi embora. Eu fiquei sozinho, sem pai, sem mãe.

Aqui a gente vive com a natureza, as matas, a floresta, o rio. E no Ceará tu já viu: quando não chove, é seco. É sacrificada a vida do cearense por causa da chuva que é escassa lá. Fiquei, mais ou menos, uns dez anos trabalhando com pau-rosa e depois comecei a plantar guaraná. E também porque quando eu cheguei aqui, os moradores tomavam guaraná e eram sadios, morriam velhos, pescavam, trabalhavam, não sentiam cansaço. E eu me meti nessas matas e só de malária eu peguei mais de 20. Me tratei e graças a Deus estou bom. Já sofri muita malária, já trabalhei muito, mas tomo guaraná até hoje e não sinto cansaço. Tomo guaraná todo dia....

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Dados de acervo

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Raimundo Rodrigues de Souza

Nascimento: 08/01/1943, Quixadá

Profissão: Usineiro

P/1 – Para começar, eu gostaria que o senhor nos dissesse o seu nome completo, a data e o local de nascimento.

R – Meu nome é Raimundo Rodrigues de Souza. Minha data de nascimento é dia 08 de janeiro de 1943.

P/1 – O senhor nasceu aonde?

R – Eu nasci em município de Quixadá, Ceará. A terra da galinha choca.

P/1 – Qual é a origem dos seus pais?

R – Cearense.

P/1 – Os dois? Tanto parte de pai como parte de mãe?

R – É.

P/1 – E qual que era o nome deles?

R – Ritalina Fagundes de Araújo.

P/1 – E do seu pai?

R – Clementino Fagundes de Araújo.

P/1 – E o que eles faziam?

R – Meu pai era agricultor lá no Ceará e a minha mãe era doméstica.

P/1 – E quantos irmãos o senhor teve?

R – Nós somos cinco irmãos. Seis com um só por parte de pai.

P/1 – Que profissões eles seguiram?

R – Trabalham com agricultura lá no Ceará.

P/1 – Plantam o quê?

R – Plantam milho, feijão, roça. É aquela coisa de cearense. Cria gado, carneiro, cabrito, porco, essas coisas.

P/1 – E como era essa cidade que o senhor cresceu?

R – Muito pequenininha na época. Depois, eu acabei de me criar em Fortaleza.

P/1 – O senhor foi para lá com quantos anos?

R – Fui para lá com dez anos de idade.

P/1 – E como era Fortaleza nessa época?

R – Fortaleza era uma cidade já grande, mas, em vista de hoje, era um atraso muito grande.

P/1 – Como era a casa da sua infância?

R – Era uma casa simples mesmo, de taipa. De barro com madeira.

P/1 – Isso em Fortaleza ou ainda na cidadezinha do interior?

R – Lá em Fortaleza era assim e também na cidade de Quixadá.

P/1 – E do que o senhor brincava quando criança?

R – Brincava de bolinha, de bola, triângulo. Essas brincadeiras de menino mesmo.

P/1 – Qual era a que o senhor mais gostava?

R – Gostava mais era de jogar bola.

P/1 – Brincou de bola durante muito...

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