O professor conta que ganhou o apelido “Bala” porque corria muito, como um tiro disparado. A fome e a doença eram constantes na infância, como quando um de seus irmãos, com sarampo, morreu com desejo de comer “quiqui” (franguinho). Mas, a fé também sempre esteve presente – uma de suas irmãs sobreviveu, porque a tia acendeu uma vela e fez orações a noite inteira, de joelhos... As alegrias duravam pouco. Um dia, ganhou um sapato de borracha, que ficou muito apertado. Mesmo assim, foi ao cinema, com os dedos “arqueados”, dentro do sapato novo. No fila dos pobres, debaixo de um sol de esturricar, o sapato parecia pegar fogo. O que mais gosta de fazer é treinar os garotos para jogarem futebol – alguns já foram encaminhados para grandes clubes, o que é o seu maior orgulho e o Santos é o seu time do coração. O “treinador” também gosta muito de pescar. Sempre procura presentear seus alunos com tênis, chuteiras, chinelos... que não apertam, mas confortam os pés dos jovens. As vezes, rola um almoço para toda turma ou uma cesta básica para o mais carente, para diminuir a dor de quem tem fome. BENEDITO MARTINS DE SOUZA, 62 anos, nasceu em Itápolis e mora em Ibitinga desde criança

Apresentação do Professor