P/1 – Seu José Carlos, o senhor pode começar falando o seu nome, o local e data de nascimento.
R – Certo. Meu nome é José Carlos Güeta, eu nasci em Santo André, em 1953, em uma fazenda que havia na redondeza que chamava Fazenda do Barão Alemão. Ali foi onde meu avô era administrador, ele tomava conta da fazenda. E a minha mãe conheceu meu pai e os dois trabalhavam na Pirelli, começaram a namorar, casaram e foram morar lá dentro da fazenda. Tinha várias casas dos empregados, dos funcionários da fazenda. E a minha mãe conheceu o meu pai na firma, então casaram, daí eu nasci lá, em 1953, né? Ficando até cinco anos de idade. Com cinco anos o Barão vendeu a fazenda, aí nós compramos... Meu pai já tinha comprado um terreno próximo ao local e fizemos uma casa ali. E a minha infância se deu toda nessa localidade, chamva o bairro de Vila Guarani, em Santo André, né?
P/1 – E seu José, dos seus avós, tanto os paternos quanto os maternos, você conhece a história deles? Eles vieram pra cá ou a família deles veio...?
R – A história desse materno, que era administrador, eu não conheço muito bem. Mas da parte do meu pai, eles vieram da Espanha, né? Vieram da Espanha, até eu fiz um poema: “Meu avô veio da Espanha há quase um século atrás, trocou sua pátria por terra estranha, mas aqui ele conheceu a paz. Minha avó teve muitos filhos e meu avô de saudosa memória educou de joelho no milho, cada filho teve uma história...” Daí eu vou contando a história de todos os filhos, né? Mas eu sei que meu avô veio criança da Espanha, mas não sei a localidade, desconheço, assim, a localidade lá.
P/1 – E convívio você teve só com esse avô ou com a avó...? Durante a infância...?
R – Tive convívio com ambos os avós. Tive um convívio muito harmonioso, muito produtivo... Porque a avó por parte do meu pai gostava muito da poesia, e meu avô já era do trabalho. E por parte da minha mãe também, aprendi muitas coisas, me veio... Eu tinha muitos quadros lá na fazenda, aqueles quadros antigos, pintado à mão de animais, tudo ali me despertou a vocação do desenho, já desde pequeno, com quatro, cinco aninhos já fazia uns rabiscos, né? Aí me despertou, aonde que foi evoluindo e fui me tornando um desenhista que até virou profissão e auto-didata! Então eles me passaram muitas coisas positivas, e de ambas as partes: eram muito trabalhadores, e me deram exemplos maravilhosos!
P/1 – E qual era o nome deles?
R – O pai da minha
o rapaz da gráfica, entreguei, levaram pra gráfica... Foi um sucesso! Os livrinhos, tenho eles também. Então deu pro Brasil inteiro os livrinhos, né? E aí com isso daí, o Doutor Cid Muneratti (?), que hoje ele é presidente da SISA – Associação Comercial de Santo André, uma pessoa eminente, muito inteligente... Quando eu entrei na Pirelli no Senai, ele era estagiário do Departamento Jurídico, e ele chegou a diretor da Pirelli, né, do Jurídico. Então ele falou: “Olha, rapaz, a gráfica falou como é que você conseguiu fazer com Free Lancer um trabalho desses? Então eu tô te dando, a Pirelli, a empresa, tá te dando um curso de Corel Drawn, de PageMaker e de Photoshop. Você escolhe a escola. Agora inicialmente nós temos na Consolação. Vai lá ver a escola!”. Eu fui lá ver, é longe, né? E eu tinha que pegar ônibus da empresa e descer na Consolação, não dava tempo de chegar em tempo hábil, aí ele mandou escolher em Santo André mesmo. Daí escolhi, daí fiz o curso. Eles pagaram o curso pra mim, tudo direitinho. Então, aí sempre a empresa pedindo trabalho pra mim. O mais interessante pela época, né, que aí eu tô voltando pra trás, em 1978 eu fiz um robô eletrônico, né? Andava, falava, acendia luz no peito... Ligado na tomada... Isso tá na internet e tudo, tem no site Viva São Paulo, tá lá também. Aí isso aí foi pedido do Departamento Jurídico, do Doutor Roosevelt Kalil (?) e da Doutora Cláudia Giordano, que também era presidente do clube. Então foi pro Grupo Teatral Pirelli, então era da peça de Fernando Arrabal: Piquenique no Front. Só que na época passava uma série muito importante, muito bacana na televisão Perdidos no Espaço, e tinha um robô como mascote, então esse diretor, o Hugo Kalil, que é irmão do Roosevelt Kalil, do jurídico, né? O Hugo Kalil ele tinha saído recentemente da TV Cultura e entrou como diretor teatral da Pirelli, né? E o grupo teatral fazia teatro pro Brasil todo, aí surgiu, rapaz, a idéia de fazer um robô eletrônico, aí quem chamar? Aí me chamaram, né? Ah, rapaz, eu fiz o robô eletrônico... Mas o robô, o que é que ele era? Ele era uma armadura, então eu vestia uma pessoa magrinha, o Adão, era um funcionário, eram todos funcionários da empresa. E esse Adão era modelo, eu tirei o modelo dele como se fosse um costureiro, né? Tirei as medidas e autorizaram de eu fazer na empresa, aí eu fiz o robô nas horas vagas e fiz toda a chaparia, todos os vácuos, chapas, espumas, o visor com acrílico, o gancho na mão, tubos flexíveis... Ficou um espetáculo,! E tirei as medidas do ator, né? E completei e funcionava com uma bateria, conforme falava, que tinha microfone dentro, conforme falava acendia luzes no peito. Quando eu concluí o trabalho, o Doutor Roosevelt, a Doutora Cláudia, levaram pro clube da Pirelli, daí veio o ator pra experimentar, colocamos no ator, e por dentro era revestido por espuma. E veio a censura federal pra fazer a avaliação: aí aprovaram, né? Aí foi pra primeira apresentação no Teatro Conchita de Moraes, em Santo André. Rapaz, o ator, quando terminou a peça, reclamou bastante porque ele suou quase um litro de suor, era espuma por dentro, então eu fiquei lá no palco, no último banco. E todo mundo perguntando: “Quem é que tinha feito? Quem é que tinha feito?”. Tem até no Viva São Paulo a história. Apontaram o dedo pra mim e veio um por um me cumprimentar! As pessoas me cumprimentaram, aí me deram um álbum com bastante foto e esse robô aí... Porque na época, modo de dizer, na empresa, numa empresa o robô mesmo, a automação foi 84. Começou a primeira automação na Volkswagen, do Brasil... E eu lá tava também, porque aconteceu um fato simultâneo, depois desse caso do robô – eu fiz o robô pra Pirelli e tudo – depois terminou a peça e eu até queria ver se eu conseguia, porque eu gastei depois com material complementares 350 reais, eu fui na Florêncio de Abreu, pra terminar de fazer o robô em casa... Nem fui ressarcido, mas não tem problema, a gente faz por amor, a empresa também fez muita coisa pela nossa família. E eu falei de um maquinismo do robô. Na Volkswagen teve um concurso em 84 pra falar sobre qualidade. Aí um vizinho meu, Alcides Mendonça, morava no meu bairro, falou: “Güeta, hoje é o último dia, faz uma frase sobre qualidade”. Aí eu fiz pra ele pra entregar na Volsk: “Uma fábrica é como uma orquestra, a qualidade do que ela produz, depende da harmonia de cada um”. Ele levou na época... Tinha 47 mil empregados, foi o primeiro colocado. Aí ele me convidou: eu, a minha esposa, e foram os parentes dele, e nós fomos lá na Volkswagen. Aí foi quando eles convidaram todos os convidados pra ver a primeira exposição de um robô na empresa. Eu não lembro que carro que eles estavam fazendo... Eles puseram corda de segurança e nós ficamos apreciando o robô soldando o carro, eu falei: “Olha só! Mas eu implantei primeiro! (risos), em 78!”. Mas era um robô eletrônico... E a robotização depois foi uma realidade, foram implantando... Mas essas partes, assim, de cenário, Feira do Desperdício... Montamos a Feira do Desperdício...
P/1 – ...O que era a Feira do Desperdício?
R – A Feira do Desperdício, eu tenho a reportagem dela, tudo, eu vou publicar também no Museu da Pessoa, viu, a reportagem. Mas eu creio que a Feira do Desperdício foi pra 85, em 1985, a Pirelli ela sempre foi de vanguarda assim nessas questões de meio ambiente, de segurança, de qualidade, né? E ela tendo ferramentas, tendo os funcionários que agilizam, então fica fácil, né? Até foi interessante que eles falavam que nós perdíamos... A fábrica perdia dois Gols por dia, imagina, dois carros por dia, com desperdício de material, de ferramentas... Então o que é que aconteceu? Nós fizemos essa Feira pra reduzir esse desperdício, pra conscientizar... Então eu usei uma tália gigante e suspendi um Gol, suspendemos um Gol na tália e fiz um lixo, assim, embaixo, escrevi “lixo”, tudo com zebrado, assim... Fiz uma caixa, desenhado tudo ali na mão, e depois fizemos isso na entrada do pavilhão. Aí o pavilhão lá dentro era tudo com desenhos de minha autoria, que eu fiz, e as pessoas todas visitando, né? E a firma conscientizou bastante, começou uma redução drástica ali de desperdício, viu? Aí depois foi exportado pra outras empresas do grupo, até eu fui lá supervisionar, fomos de ônibus num grupo de umas 40 pessoas, em Campinas. Campinas também fez o mesmo trabalho, então o trabalho da gente lá era isso aí, né? Então eles me usaram assim, o dom, né? E foi um trabalho muito bacana pra ambas as partes: na parte dessas metodologias – TPM, JIPM do instituto, do Japão... E outros programas, né? Então foi interessante pra empresa. E a gente tava sempre com essas atividades, depois do escritório, era do Departamento de Planejamento e Organização, né? A turma falava lá que era quase o cérebro da empresa, de onde saía todos esses programas, tudo que era essas implantações, né? Então, mas agora ultimamente, em 90 e... O ano passado, eu fiz a cirurgia, coloquei três próteses de iscais (?), dois enxertos, uma placa e oito parafusos – enxertou osso, placa e parafuso. Aí a cirurgia deu uma seqüela assim nesses três dedos, e infelizmente a empresa está querendo enxugar, né? E aí eu saí da empresa. Mas, fazer o que, né? Mas o interessante é que todas as pessoas... Engenheiro, gerente, ou mesmo da produção, né, eu tenho mais ou menos gravado num DVD, umas 200 pessoas, que todos que saem da empresa, eu faço uma cross (?), eu faço uma homenagem, faço um quadro... Que nem tem casos interessantes, tem um supervisor, que na época, chamava Osvaldinho, ele fumava um cigarro atrás do outro, e esse foi um dos primeiros que eu homenageei, ainda trabalhando no torno, né? Eles vieram com uma madeira de lei, Jacarandá, pediram pra fazer um cinzeiro gigante, de um diâmetro de 700 milímetros, por uns 90 milímetros de espessura, de largura. Daí eu fiz um cinzeiro gigante e pusemos uma placa no meio: “Osvaldo, os colegas da manutenção lhe advertem: fumar é prejudicial à saúde”. Daí eu fiz um quadro também dele na cabine, um quadro, uma pintura, ele na cabine fumando, saindo aquela fumaça, em planta baixa, daí você vê os bombeiros: “Olha o incêndio!”, aí eles vão lá pra apagar o incêndio e não era , era ele que tava fumando, né? Aí foi entregue pra ele no Restaurante Rosas, foi uma homenagem bonita, entregamos pra ele o cinzeiro e o quadro, né? Então resultou até num concurso de causo da Pirelli, o cinzeiro gigante!. Aí eu fiz onze causos, no concurso de causos que teve na Pirelli, então do que ganhou eu fiquei entre os três, né? O herói pirelliano... No herói pirelliano eu conto o causo daquele comandante da Pirelli, porque a Pirelli foi pioneira na implantação de helicópteros, então tinha o comandante que quando teve o incêndio do Joelma, o comandante fazia sempre os tanques-viagens da Pirelli pra sede, e esse Joelma ficava no caminho pra sede e ele salvou muita gente lá. E essa história ficou muito famosa, foi filmado, passou na televisão, o caso do comandante, do caso Joelma, então esse causo meu ficou entre os três colocados. E eu tenho também e tá publicado na revista da empresa. Então tô sempre assim na parte artista... Chamavam lá pra fazer uma declamação pro Programa Metanóia, eu fiz o... O Programa Metanóia, a Pirelli comprou esse programa de um escritor brasileiro, é um programa pra fazer uma virada pro lado positivo e aí aproveitou e implantou os valores: justiça, integridade, comprometimento, respeito, cooperação e entusiasmo. Daí eu fiz a poesia Metanóia, e em grego, metanóia significa mudança de vida, né? Então essa poesia ela diz assim: “Se você acha que a vida não tem sentido, que ninguém te ajuda e é perseguido; para você ninguém presta e tudo irrita; fala que é azarado, xinga e grita; blasfema e reclama que é infeliz e que está cansado de viver (?); saiba que você é seu próprio inimigo; seu procedimento dispersa o amigo; agindo assim não alcançaras nada e a sua carreira vai ficar parada. Mas se quiseres mudar essa realidade, siga esses valores: justiça, integridade, respeito, cooperação, comprometimento e integridade e colherás felicidade”, né? O programa que a empresa implantou, né? Então em todas essas implantações desse programa e tudo, a gente colaborava, dava suporte, então era um trabalho muito gratificante, que eu tive com a empresa. E paralelamente, assim, por fora da empresa, eu comecei a participar também de programa de rádio. Na Rádio ABC, em 2005, eu fazia o programa Sábado de Ouro, que era do apresentador J. Santos, 37 anos de funcionário, o comunicador mais antigo do ABC, o J. Santos. Ele me convidou então pra fazer o Cantinho da Poesia, onde eu declamava poesia para os ouvintes: pra namorada, pra alguma pessoa famosa da cidade, uma pessoa que se destacava, datas comemorativas, dia de Santo André e outras comemorações... E esse programa ele tinha uma audiência espetacular, de sábado era duas horas! Mas infelizmente uma coisa que eu tenho que declarar: a cultura que deveria ser tão valorizada, não tem muito prestigio, não tem um patrocínio ideal, então os patrocinadores cortaram o patrocínio e o Comunicador teve que pagar do bolso dele pra empresa, porque ele não era funcionário remunerado, pagava o programa com os patrocínios, mas como ele não tinha patrocinador, então o programa caiu inicialmente pra uma hora – pediu até ajuda pra mim pra eu colaborar com uma parte, com uns 10% pelo menos, pra ajudar ele, eu falei: “Puxa vida, é chato isso aí!”Mas infelizmente o programa foi extinto, fiquei seis meses no programa, e ele já tava já há vários anos, mas o programa foi extinto por falta de patrocínio, né? Isso é uma pena, né? Mas o pessoal gostava muito, tinha muita interação com o ouvinte, estourava a audiência, telefonemas... Dois telefones, era sem parar! E os colegas da Pirelli ligavam pro programa, e saía no ar, né? Tem o Rui Carlos... Rui Carlos ligava constantemente, vários funcionários de lá de dentro ligavam, aí difundiram até no jornal interno, eles difundiram bastante isso aí, né? Era uma coisa extra-fábrica, uma atividade assim, um hobbie, né? Aí começaram depois a chamar pra ser jurado de programa de televisão...
P/1 - … Quando que te chamaram? Durante a Pirelli ainda?
R – Pirelli ainda... Eu...
P/1 – Você tinha quantos anos?
R – 91, rapaz, eu comecei o primeiro programa...
P/1 – ...Como é que era o nome?
R – “Petrúcio Melo Sem Fronteiras”, rapaz. O Petrúcio Melo era um comunicador que começou no Chacrinha, ele foi um dos primeiros precursores dos jurados na televisão, então o Chacrinha contratou ele, tem o famoso espécie A, espécie B, espécie Z... Ele era um homem muito engraçado, ele era jurado do Chacrinha, e depois com o tempo ele foi sendo... Quando acabou, foi extinto o programa do Chacrinha, ele abriu televisão, ele abriu programas de rádio e depois na TV São Caetano ele fazia o programa “Petrúcio Melo Sem Fronteiras”, e então, rapaz, ele me apelidou de o Homem dos Sete Instrumentos, declamava poesia de improviso. Era um programa com música ao vivo, conjuntos (…), calouros, pessoas que estavam fora da mídia e que estavam na mídia também, como o Ovelha... O Ovelha ia lá direto... Tinha algumas que estavam na mídia e outros fora da mídia, e eu tenho tudo gravado, filmado em casa. Então a primeira poesia, a Favela, a Favela eu declamei lá no programa, então iam os calouros e tudo, e ele me apelidou de o Homem dos Sete Instrumentos, eu fiz vários programas lá! Eu fiz uns seis programas mais ou menos... Depois o programa foi extinto, né?...
P/1 - … Mas o senhor fazia as poesias para os calouros? Ou não?
R – Não. Ali tinha o seguinte, ele falava: “Güeta, agora você vai falar uma poesia pra favela!”. Mas como eu tenho facilidade de decoração, não é que eu tava fazendo de improviso, eu já tinha ela pronta, então eu já declamava na hora, ou quando era pra homenagear alguém eu também fazia. E era pra dar opinião, assim, vinha os cantores... E a gente dava opinião sobre aqueles cantores. Então, aí depois fui contratado, chamado pra outros, mas tudo pra TV fechada, canal fechado: A Lona TV, no Tucuruvi; no Restaurante Calhambeque, tem um programa assim também, nos mesmos termos, aí eles me chamavam pra homenagear os cantores, fazer poemas acrósticos, né? Então eu já vinha preparado de casa, já trazia pronto, eu fazia e emoldurava. Aí então, dia dos pais, então Edson Simone, que ele é cantor, mas fora da mídia, ele é dono do Esquema Show, que é uma empresa que faz cenários, faz palcos, mexe com som... E ele canta também, ele é tetraplégico. Então dia dos pais eu fui lá e fiz uma homenagem pra ele, declamei poesia pra ele, indulto, eu gosto de exaltar as qualidades do ser humano, independente de conhece-los pessoalmente. E depois é que eu vou constatar realmente que são pessoas dignas, né? Então eles me chamam pra eventos, até quando tem eventos sociais também, pra crianças, comunidades carentes, né? Recentemente eu declamei pra uma instituição poesias infantis, foi filmado tudo, tiraram foto... Me chamaram também pra homenagear o bairro Itaim Bibi, então 75o aniversário de Itaim Bibi. Então o vereador Eliseu Gabriel, a pedido do Helcias de Pádua, que é representante do Itaim Bibi, aí pediram pra eu fazer o poema e eu declamei lá na Câmara Municipal, no Palácio Anchieta, foi filmado pela TV Câmara, e tava lá o descendente, os fundadores do Itaim Bibi, então eu pesquisei na internet e fiz toda a história do Itaim Bibi, da família Couto de Magalhães. O descendente comprou ali apenas para servir como área de pescaria e área de caça, era brejo, né? Só tinha lagoa, brejo e mato e caça. Então ele comprou aquela região ali pra caça, então tem até a rua João Cachoeira, que foi... Eles não gostam de falar escravo, era agregado, né? Porque eram tratados dignamente. Então o agregado João Cachoeira virou nome de rua, então na poesia eu descrevo tudo isso, né? E fiz, foi solicitado, pediram pra mim e eu fui. Agora recentemente a Preserva São Paulo, lançou um livro “Nossa Cidade, Nossa Casa”, daí eu fiz o poema “Nossa Cidade, Nossa Casa”. Daí eu fui no Instituto Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo, aí no Instituto Histórico e Geográfico foi lançado o livro e eu fui convidado pra declamar o poema que eu fiz pra eles, né? O Instituto Preserva São Paulo. Então tudo que... Tem o Projeto Cururu também, esse Projeto Cururu é do Instituto Sou da Paz, né? E esse Projeto Cururu ficou entre os três classificados, foram 30 mil reais pra cada um, foi o governador Cláudio Lembo que entregou a premiação...
P/ 1 – ...O que é que o projeto?
R – O Projeto Cururu é de investigadores e policiais, porque é do Instituto Sou da Paz e tem ligação com o pessoal da polícia militar. E eu tive conhecimento e eles me chamaram pra fazer o poema, eu fiz o poema do Sapo, né? Projeto Cururu, cururu é um sapo, né? Então no dia 20 de novembro de 2005, 2006... Não lembro precisamente a data... Daí a TV Cultura foi lá no Projeto, o Jornal da Cultura. Foi no dia 20 de novembro que conscientemente também era o dia da Consciência Negra, daí matamos dois coelhos, né? Daí eles pediram pra eu declamar um poema e eu fiz da Consciência Negra e falei do Projeto Cururu, esse Projeto Cururu são de policiais que levavam instrutores nas escolas pra dar palestra e entregavam Cds e davam palestras pra tirar os jovens do mundo da droga. Então esse projeto aí foi premiado. E eu participei lá só com poema, e dei essa entrevista e tudo... Mas eu tenho, assim, uma boa, como é que se diz? Amizade em todos setores. Inclusive tem um fato interessante, que o Capitão Conte Lopes, um amigo meu é muito fã dele, e ele falou: “Vamos homenagear o Capitão Conte Lopes?” E eu fiz o acróstico, eu fiz o filme e tá no Youtube, depois se autorizar eu posso por no site, né? E Capitão Conte Lopes. Ele gosta que chame ele de Capitão, embora hoje ele já é graduado coronel, deputado estadual, né? Mas eu fiz o poema e liguei pra rádio, Programa Terra, Rádio Terra. Liguei pra rádio, eles falaram: “Porque que coincidência que hoje que você tá ligando é dia da polícia civil e da polícia militar. Você vai declamar pra ele? O que é que é?”. Falei: “É um acróstico”. Falou: “Pode declamar!”. Aí declamei, tem gravado, tá no Recanto das Letras, a gravação. Aí eu fiz uma homenagem pra ele, contando com as iniciais do nome dele, contando até o caso da menina Thabata. Então um solicita e eu faço, né? Homenagear as pessoas, eu tenho o prazer de fazer isso aí, independente de condição social, não tem discriminação, colegas meus pedem poemas pra esposa, pra namorada, ou pro filho, ou até pra criança que á na barriga, eu já tenho feito... As funcionárias da Pirelli, tem uma que pediu pra fazer pra filhinha dela, acho que era Maria Rita, a criancinha, e eu fiz. Então eu tenho prazer, assim, de divulgar os poemas. Estão nesse site e tudo. Então tem sido pra mim, assim, porque eu virei um internauta mesmo, virei um internauta e adoro divulgar o meu trabalho, principalmente se for útil. Que nem, eu tenho o Brasil Contra a Dengue, o Brasil Contra Dengue, nossa, é utilidade pública! Eu fiz um poema e fala tudo sobre a dengue, e na Viva São Paulo tá divulgado lá. E até o ouvidor da Bahia pediu pra mim e eu fiz a Bahia Contra a Dengue, especialmente pra ele. Gostou tanto! Eu fiz no fim do ano e aí no natal ele mandou pra mim desejando boas festas, feliz natal... Então as pessoas ligam, mandam e-mail pra mim, se autorizam colocarem, se deixar criar... A filha dela levar na escola... Eu falo: “Nem precisa!”. Então eu já coloquei lá embaixo: “Autorizo o uso desse poema, considero de utilidade pública”. Então eu quero ser útil, então a minha intenção é essa: levar informações na poesia, por isso que eu não tenho tanta dedicação em fazer poesias de amor, ou de meus problemas com namoradas, ou com ex-mulher, ou com namorada atual, qualquer coisa assim, eu não me preocupo em divulgar isso aí.
P/1 – Seu José, eu queria abordar justamente isso agora: voltando pra como foi o seu encontro com a sua esposa...?
R – Ah, sim... Com a minha esposa foi em 1984, rapaz, ali eu fui fisgado, ali foi o seguinte: olha, na época, tinha uma estação – ainda tem – atrás da Pirelli tem uma estação Parada Pirelli, inclusive acho que foi extinta agora, acho que não deve estar mais em funcionamento, era pros funcionários, ele ia até... Eu morava em Mauá, descia na Estação de Mauá. E a minha ex-mulher morava em Mauá também com a família, ela tinha vindo de Goiânia e eu tomei o trem e ela tava saindo da ala, ela trabalhava pra uma lojista muito famosa, uma empresária, que é dona da loja Maria Maria e João e Maria, não sei se vocês já ouviram falar? E ela era doméstica, trabalhava lá como secretária do lar lá. E ela veio de trem, ela vinha de trem, e eu sentei de frente com ela, e ela com uma sacola pesada e, mais nem... Olhando, eu olhei assim pra ela, eu falei assim: “Puxa, a hora que ela for sair, eu vou oferecer minha ajuda, pelo menos até onde ela for, ponto de ônibus, né?”. Daí quando nós fomos sair , saímos juntos, eu falei: “Com licença, eu posso ajudar a levar a sacola?”. “Ah, muito obrigado!”. Aí levei até o ponto de ônibus dela, ela ia pro outro bairro e eu fui pra minha casa, né? No outro dia eu fui trabalhar de ônibus, ônibus lotado, então tava com uma vaga na janela e eu sentado aqui, e ninguém sentou ali naquela vaga, pra minha surpresa quando eu olho assim pro lado ela está ali. Daí falo: “Você quer sentar?”. “Oh, por favor!”. Sentou. Eu falei: “Nossa, nós tínhamos que nos encontrar mesmo, então vou te dar meu telefone, aí se um dia você quiser me conhecer, eu moro sozinho, né?”. Aí ficamos nos conhecendo, né? Aí eu morava sozinho em Mauá tinha casa, comprado a casa, adquirido a casa em 1978 e ampliada ela, já tava toda pronta e mobiliada e morava sozinho, né? Daí em um dos passeios ela foi lá e não saiu mais, rapaz (risos). Não, foi o seguinte: ela coincidiu que os familiares dela voltaram pra Goiânia e ela ficava na casa da patroa, e a patroa dela foi viajar de férias pro Norte, pro Rio Grande do Sul, parece, pra viajar. E falou pra ela: “Olha, você não vai poder ficar sozinha na casa, o que é que você vai fazer? A tua mãe foi embora pra Goiânia...”. Daí falei: “Ah, vamos fazer uma experiência, né?”. Aí ficamos um ano juntos e viemos a casar, nos casamos... Fiquei 15 anos, né? Mas um pouquinho ciumenta, um ciúme um pouco doentio, um pouco exagerado, daí vai desgastando, aquela coisa toda, ficamos 15 anos, mas separamos, mas somos ótimos amigos. Eu moro na minha casa com meu filho mais velho, e ela mora... Uma outra filha minha casou, né? A Bárbara Priscila (?) e o Marcos Luís (?) casou e trabalha na Pirelli.
P/1 – Você teve esses dois filhos com ela?
R – Quatro filhos! (…) Eu costumo dizer que quando eu separei, eu separei e deixei pra ele um BMW, né? Sabe por quê? É Bruno, Marcos, e Wesley, os quatro filhos: BBMW. Ficaram com ela. Mas aí o mais velho, de 25 anos, solteirão mora comigo. É um artista nato, o menino! Ele é formado pela Escola Oficina de Artes, ele fez três anos e meio de desenho artístico, história em quadrinho, é um menino, ele faz desenho de rosto, de pessoa, ele faz quadro, já fez exposições, agora ele se especializou em sites pela internet, o Bruno Flávio Güeta.
P/2 – Vamos trocar mais uma vez?
R – Opa, tá certo!
TROCA DE FITA
P/1 - ...O senhor tava falando do seu filho, agora antes de...
R – Ah, o Bruno Flávio Güeta, né? Esse meu filho quando ele nasceu, ele foi meu primeiro filho, quando ele nasceu eu fiz um poema pra ele, né? E na época eu trabalhava em três jornais em São Paulo: Na Gazeta de Vila Mariana eu tinha uma página que chamava “Contraste da Cidade – Diversão e Desafio, na Gazeta da Vila Mariana e na Gazeta da Cidade, e na Coopergraf também eu trabalhava, fazendo bicos, né? E quando meu filho nasceu, eu fiz um poema pra ele: “No dia 14 de janeiro o meu filho nasceu, ele foi o primeiro filho que Deus me deu. Nasceu às nove horas do dia, num clima de dor e amor; da dor veio a alegria, e do amor da mãe, o calor. E esse calor alimenta o novo ente querido, e a cada dia aumenta o amor por ele adquirido. Todo dia é uma surpresa, ele chora, ri, brinca, de todo jeito é uma beleza! Ele é o quadro, eu sou a tinta! Para ele toda a minha estima, motivos dos versos meus, ele é obra prima que nos foi dada por Deus”. E esse menininho ele começou a crescer e tudo... E despertou também o que eu passei, ele passou também desde pequenininho, mas a oportunidade que eu não tive, eu falei: “Não, eu quero dar pra ele”, porque eu me lembro que eu tinha uns 14 anos e já existia a Escola Oficina de Artes de Santo André, e era muito conceituada, né? Quase idêntica à Panamericana, e eu queria entrar, mas não tive condições financeiras, né? Daí eu falei: “Não, você vai estudar lá, filho!”. Daí eu pus ele como Desenho Artístico, ele fez três anos e meio, e História em Quadrinhos, ele fazia histórias em quadrinhos. E desenha, é um exímio desenhista! Participou de diversas exposições, tem os desenhos dele na internet, né?! Colegas meus da Pirelli – casais, né? Os colegas meus pediam pra fazer, e ele faz à lápis o casal – o marido e a mulher – e ele faz à lápis, espetacular! Ele fez uns dez, 12 casais da Pirelli. E o mais difícil, um time de futebol – Peraltas Futebol Clube – da cidade de interior de Amparo, um supervisor jogava nesse time, pediu pra ele fazer e ele fez quase um metro, muito grande! Ele ampliou e todos os detalhes da camisa, camisa estampada, tudo! E ele é minucioso, né? Ele é muito inteligentíssimo! E aí então ele entrou também na Pirelli, como estagiário, ele estudava no Singular, Técnico de Informática, aí ele ficou na Pirelli, fez dois anos de estágio na Pirelli. Mas a aptidão mesmo dele é de autônomo, ele não tem aquela vocação pra... Ele quer ter uma empresa, quer ter o trabalho... Até ele é uma empresa, né? BG Designer, ele é muito requisitado, faz trabalho até pro exterior! Esses dias fez pra Finlândia, pra uma loja de sapatos finos e ele é muito procurado, pra shoppings... É um menininho, não me á trabalho nenhum! Todos os quatro filhos! O Michael trabalha na Pirelli, Pirelli Prysmian, né? E a Bárbara casada e tem o de 13 anos, o Wesley. E estão todos os meus filhos, graças a Deus, são meninos de ouro! Eu tenho muita alegria com meus filhos! Então por isso que eu vejo uma filosofia, a mãe deles, né, então o que o filho mais quer é que você seja amigo da mãe dele, então não existe também ex-filho, tem ex-mulher tudo bem, mas ele quer que você seja amigo da mãe dele, você sendo amigo da mãe dele, tá tudo bem! Então a separação hoje em dia tá comum, né? Mas o importante é a convivência pacífica, sem ________ (?). Inclusive eu tenho um poema: Ciúme Doentio tem Cura. Tá no Recanto das Letras, ele tá lá escrito e falado, mas o que eu recebo e-mail de pessoas, que batem com aquele relato... E as pessoas pedindo ajuda pra mim... Eu falei: “O que é que eu posso fazer, né? Tá tudo escrito ali.”. O ciúme é uma realidade, mas não pode chegar aos extremos, nós somos seres humanos, né? Somos racionais, não somos animais, então eu tenho essa preocupação de levar a paz no amor, através da poesia, levar coisas boas, positivas, pra população, né?
P/1 – Seu José, uma questão que eu esqueci de perguntar: da onde veio o interesse pela poesia, como foi o começo quando você era criança?
R – Ah, sim! Pela poesia, né? Pela poesia! Olha, rapaz, tem uma coisa: eu sempre adorei, gostei muito de livros, né? E enciclopédias sempre! Desde aquela Conhecer, enciclopédia Conhecer, eu tenho ela completa, o Mundo dos Museus, Enciclopédia Médica da Família Moderna... Então o que é que acontece? Eu tenho uma facilidade de decorar que eu usei, não que é uma especialidade minha... Eu costumo transformar artigos, que tem na internet, ou que tinha nos livros, transformar em poesia. Mas como é que eu vou decorar? Eu decoro com as rimas, a rima facilita a decoração! Se eu tenho uma rima, um conteúdo até de física, de química, de... Eu transformo em poesia. E foi despertando isso aí: transformar um texto, às vezes até um texto pronto, e eu transformo ele em poesias, com rimas! Aí começou essa facilidade, né? E um dos primeiros poemas que eu fiz, inclusive olhando os meus livros, aí eu olhei assim e falei – fiz um poema oração, foi o primeiro poema meu, é assim: “Deus, eu não desejo ser como uma biblioteca, farta de livros expostos, aquém. Desejo sim que todos, assim como eu, se façam dignos dos Teus ensinamentos, porque tudo que Tu ensinas é bom! Aqueles que ignoram Teus ensinamentos, poluem a Tua água e se afastam de Ti. Mas Tu sabes que eles não vivem sem Ti e O buscam pra se purificar na Tua misericórdia. Nesta hora Deus se torna como um filtro de poluição e nós nos tornamos e nos transformamos à sua imagem, imagem de luz eterna. Amém”. Aí comecei a fazer esses poemas, mas de conteúdo...
P/1 - ...Religioso...
R – Religioso! Conteúdos religiosos. Daí esse foi meu primeiro. Daí no segundo eu fui pedindo entendimento, né? Porque o que é acontece? Pra você buscar as rimas, buscar as palavras – porque elas estão ali, né? Mas tinha aquela dificuldade, não sai com tanta facilidade, quando você vê pronto pensa que é fácil. Mas é um trabalho árduo pra você buscar as rimas, né? Então o que é que eu fiz? A segunda poesia que eu fiz, chama Inspiração Divina, eu falo assim: “Senhor, dai-me inspiração, ensina-me a Tua verdade, e que as glórias desta lição eu encontre na humanidade. Quão grande me sinto agora, pois sinto a Tua presença. O meu espírito já chora aquilo que a minha alma pensa. Irmãos escutem um conselho do Pai, nosso Criador: ponha-se de joelho e sentirá Teu calor.”. Aí começou assim com poesias de conteúdo evangélico, religioso, né? Aí foi ampliando, e aconteceram alguns fatos isolados, porque eu não critico religião, eu até tenho um poema que fala de religião, eu não gosto: “Aquele é bom, aquele é...”. Não. Não, sabe? Eu tenho até uma poesia que é assim: “Ao falarmos de religião, muitas vezes dizemos palavras impensadas e ofendermos os nossos irmãos com certas crenças passadas. Devemos somente falar das coisas boas e puras, para não andarmos eternamente por ruas frias e escuras”. Então eu fui participando de eventos poéticos, encontro de poesias de Mauá, encontro de poesia em Santo André... E num desses encontros me deram um endereço pra mim que era no fundo da igreja. Igreja católica que tem em Mauá, igreja matriz. Eu falei: “No fundo da igreja? Eu vou até lá”. Que tinha um encontro de poetas, né? E eu pensei que era... Eu entrei por dentro da igreja e saí no fundo da igreja, cheguei no fundo e eles estavam fazendo curso pra casamentos, pra padrinhos, e eu ouvi o padre lá com violão, o outro lá com outro instrumento... Eu falei: “É aqui que vai ter encontro de poesia?”. Ele falou: “Rapaz, hoje é o dia da poesia, e o nosso tema aqui é poesia. E você não vai sair daqui, é aqui mesmo! Pega o microfone aí e já vai falando”. O padre tocou o violão, declamei dez poesias, eu falei: “Mas aqui não é o encontro, não?”. Ele falou: “Não. O encontro é atrás da igreja, na rua de trás.”. Era no outro... No Teatro Vinícius de Moraes. Então acontece essas coisas, então eu tenho bom andamento, já fiz poesia pra padre – Padre Vanderlei Ribeiro, né? Pedido da comunidade, a comunidade pediu pra fazer um quadro pra ele, eu fiz um quadro. E tá na internet. Com o nome dele: Padre Vanderlei Ribeiro. Então eu fiz, pra homenagear. E se um pastor pede, eu faço a mesma coisa, não tem discriminação, sabe? Ou preconceito... Porque a gente não pode tomar partido, porque tem isso aí, tem que ter uma convivência com a comunidade e com as pessoas, né? Então eu tô sempre assim, declamando para as pessoas e pra quem pedir, né?
P/1 – Seu José, a gente tá chegando no final da entrevista... Isabela, quer fazer alguma pergunta?
P/2 – Não...
P/1 – Não? Seu José, eu queria saber se a gente deixou de perguntar alguma coisa que você queria falar? Se tinha alguma história que você quer contar da sua vida e que a gente não te estimulou a falar?
R – (pausa) A história... (pausa). Até tem uma história muito bonita, mas foi em 2001, e por isso que eu digo: quando eu separei, eu deixei a casa pra ex-mulher, deixei tudo, mas Deus foi suprindo, sabe, as outras necessidades, tem esse apartamento que eu moro, tudo... Foi tudo coisa maravilhosa que Deus foi providenciando, mas especialmente uma chácara que eu tenho no interior, em Jaguariúna, em Santo Antônio de Posse. E eu tinha uma casinha pré-fabricada, quando eu aposentei em 95, fiz uma casinha pré-fabricada. Daí meu pai mudou pra lá. E meu pai... Foi ficando pequena a casa, e a família foi aumentando... Em 2001 ele falou pra mim que tinha sonhado que eu tinha ampliado a casa, que eu tinha feito uma casa enorme e que acomodava todo mundo, e que eu iria passar o natal lá com toda família! E era outubro e eu falei: “Pai, eu não tenho condição, pai, de fazer uma casa grande”. Na realidade ela tem 90 metros quadrados. Daí eu saí atrás de pedreiro, aí um pedreiro tava terminando uma casinha, contei a história pra ele do sonho do meu pai e ele falou: “Não, eu vou construir essa casa pra você e vou te cobrar um preço de um banheiro”. Eu falei: “Mas quanto?”. E ele me cobrou mil e 500 reais, apenas. Daí eu fui na Caixa Econômica, no Bradesco, peguei e levantei um empréstimo. E quando foi no fim do ano, em um mês ele levantou a casa! E quando foi no fim do ano, no dia 31 de dezembro, fomos todos os familiares pra lá. Mas fomos antes, dormimos lá, pousamos, comprei beliche, pus tudo lá. Mobiliei um pouco a casa, a casa estava recém construída, né? E nós estávamos, assim, no quintal, estávamos no quintal e eu tava tirando fotos dos meus familiares de costas pra... Quando eu tava tirando, batendo a foto, isso às seis horas da tarde do dia 31 de dezembro, quando eu tava batendo a foto eu vi que tavam todos espantados, com os olhos espantados: “E olha lá. Olha lá!”. Quando olhei: um anjo atrás das nuvens, com os braços, assim, sorrindo pra nós. E eu tava com a máquina já ali, já, bati a foto. Então eu tenho essa foto, tá num quadro desse tamanho, e tá lá na chácara e eu quase não divulgo isso aí, não faço questão de divulgar. E já mostrei pra muita gente e as pessoas se emocionam, né? Então eu creio que foi uma coisa muito linda, todo mundo se emocionou e foi uma festa bonita! Então é isso aí: o congraçamento, da harmonia, Deus adora, gosta disso aí. Depois eu reproduzi no Photoshop e fiz um contraste, aquele anjo tá na mão, assim, numa mão gigante. Você vê que coisa mais linda, né? Então eu tenho isso aí. Então eu não mostro pra evangélico porque vai falar que é fanatismo, vai falar que aquilo... Que eu tô querendo... Então quem quiser ver, eu mostro, tá lá, quem quiser ver... Então isso aí fechou com chave de ouro, porque eu falei: “Puxa, que benção, Deus na vida da gente mesmo!”. Então o importante é viver em paz e harmonia, né? E poesia também! Então essa é minha meta! E sobre os livros, que eu gosto tanto, que eu gostaria tanto de ter feito um livro e quando menos espera, em 2005 saiu o livro do concurso: Ditando (?) Poesia, que eu consegui pela internet, né? E os outros cinco que saíram entre novembro e dezembro, e saíram mais cinco livros. Então o meu sonho agora é fazer um livro solo, sozinho, né? Então uma editora aí fez uma proposta, de Portugal...
P/1 - … Esses outros livros são com outros autores juntos?
R – São com outros autores, são coletâneas, antologias... São com outros autores. Tem cinco, seis poesias em um livro, outros são de contos... Então os de contos tem três contos, que eu conto o natal da minha infância, contando... Eu pus até no site, natal da minha infância, menino pobrezinho e um borrão vermelho no céu. Que tem até participação do prefeito Orvar (?) Mileno, ele era prefeito, mas era licenciado da empresa, então toda festa de natal ele tava lá! Uma pessoa muito emotiva! O João Mileno, que eu prezo muito! Eu até fiz um poema, um acróstico, né? Contando a história dele com o meu pai e com o pai dele, que tem o viaduto lá que eles fizeram em frente à Pirelli, e tem o nome do pai dele: Salvador Alvar Mileno. Então aí ele me chamou na prefeitura, me agradeceu, tudo. Então independente de partido ou de... O importante é o ser humano, né? Até mesmo em quanto à política, eu fui convidado e tudo, então tem que estudar direitinho mais, porque pra ver a idoneidade e ver a, como é que se diz? E constatar que não tem nenhuma mancha, nenhuma mácula, porque hoje em dia tem que ter prudência, né? As pessoas criticam a política e tudo, mas tem que ter, é necessária, né? Nosso mundo precisa, mas então tem que prestar atenção, saber em quem votar, ver direitinho, guardar o nome, tudo, pra depois poder cobrar, né?
P/1 – Seu José!
R – Pois não?
P/1 – O que o senhor achou de ter dado a entrevista pra gente?
R – Nossa, eu gostei demais, eu adorei! Mas aí depois vocês vão editar, né?
P/1 – Não!
R – Porque eu tô muito nervoso, rapaz! Boca seca! (risos) Você vê que eu fiquei nervoso! Puxa vida, viu? Vocês que vêem se vocês acham que é interessante, se não não tem problema também não! Se às vezes vocês não... Não sei, né? Porque você vê como é maravilhoso, né? Eu sou do ABC, né? Mas o ABC, dizem que... Como é que se diz? O profeta... Quando fala biblicamente, né? O profeta não tem honra em sua própria pátria, né? Então onde eu me sobressai mais foi na região central aqui de São Paulo, de São Caetano e tudo... No ABC também temos lá um museu, um museu até onde eu levei meu livro lá, dei pra eles e tudo...
P/1 – Que museu?
R – É o Museu de Santo André, fica na Senador Flaquer, né? É um museu... E tem a Casa da Palavra também... E tudo... Mas não tem aquele chamamento, e eu achei interessante o trabalho de vocês, maravilhoso mesmo! E importantíssimo, viu?! É um registro pra história, né? Porque a gente não sabe até quando a gente vai e fica registrado! (risos)
P/1 – Muito obrigado!
R – Eu que agradeço, um trabalho louvável o de vocês, viu? Parabéns mesmo! E isso aí tem que ser difundido e copiado também! Coisa boa tem que copiar! Porque eu creio que lá na nossa região eles não tem um trabalho assim não! De fazer a gravação... Importantíssimo, viu? Parabéns mesmo! Vocês são jovens e estão começando com tudo! Começando certinho, parabéns mesmo, agradeço!
P/2 – Obrigada!
R – Agradeço...
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