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História
Personagem: Robson de Souza
Por: Museu da Pessoa, 15 de abril de 2016

Desabandono

Esta história contém:

Desabandono

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Meu nome é Robson de Souza. Nasci em vinte e um de setembro de 1981 em Nilópolis, Rio de Janeiro. Minha mãe biológica é Regina Célia de Souza e a vi só por 15 minutos. Nunca conheci meu pai. Quando eu estava para nascer, me teve, chegou para essa vizinha e falou assim: “Eu precisava que você tomasse conta do meu filho só para eu resolver umas coisas, tá aqui a certidão dele, tá aqui um pacote de fralda”, e depois nunca mais apareceu. Fiquei com a vizinha, dona Isabel, que tinha três filhas e era casada com o seu Almeida. Com oito anos, eu comecei a perceber que eu era diferente da família. Eu não me lembro brincando. O que eu lembro são as brigas, as discussões, porque eu não participava de nada coletivo. E aí, a dona Isabel faleceu de um derrame cerebral e com quem que eu fiquei? Na mão do seu Almeida, que não gostava de mim. As garotas foram cada uma morar com a sua família e eu fiquei com o seu Almeida. E aí, a minha vida começou a virar um inferno. O seu Almeida me tirou da escola. “Negócio é o seguinte, quando eu for trabalhar, vai ficar na rua, eu te dou o café e tu só volta à noite”. Eu ficava andando o tempo todo. Um certo dia, se passaram dois, três meses, eu cheguei em casa e estava lá um cadeado, ninguém me atendia, então a moça do lado falou: “Olha, ele já se mudou”.

Eu comecei a dormir na rua. Eu fiquei lá, o calçadão era a minha casa. Eu nunca passei fome na rua. Eu fui abordado por um grupo de meninos de rua de Nilópolis e me chamaram pro seu grupo. Fumava mirrola e a gente cheirava muita cola de sapateiro pra ficar atento. Uma vez, um taxista de madrugada, falou assim: “Eu tô sabendo que vocês estão roubando os táxis aqui na área. Eu vou meter tiro em todo mundo”, quando ele falou isso… quando ele começou a contar, já não tinha mais ninguém na frente dele, eu correndo, correndo, correndo. Corri para dentro da estação de trem, porque, na...

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Retiro dos Artistas

Depoimento de Robson de Souza

Entrevistado por Rosana Miziara

São Paulo, 15/04/2016

Realização Museu da Pessoa

RDA_HV10_Robson de Souza

Transcrito por Mariana Wolff

MW Transcrições

P/1 – Robson, você pode falar o seu nome completo?

R – Robson de Souza.

P/1 – Qual e a sua data de nascimento?

R – Vinte e um de setembro de 1981.

P/1 – Em que lugar você nasceu?

R – Nilópolis, Rio de Janeiro.

P/1 – Sua mãe é de Nilópolis?

R – Não, minha mãe biológica se eu não me engano, é de Nova Iguaçu.

P/1 – E seu pai?

R – Não tenho.

P/1 – Você não conheceu?

R – Não conheci e nem sou registrado.

P/1 – Mas sua mãe conhecia ele?

R – Eu não tive essa… eu nunca fiz essa pergunta para a minha mãe biológica, entendeu? Até porque eu tive poucas palavras com ela, então, eu não sei.

P/1 – Por quê que você teve poucas palavras com ela?

R – Porque eu era garoto de rua, fui morar no abrigo e o único momento que eu vi ela foi numa audiência, que localizaram ela e aí, nessa audiência foi questão de 15 minutos, só. E aí, foi o juiz que falou e aí, eu falei: “Oi, tudo bem?” “Tudo”, aí o juiz falou assim: “Esse aí é seu filho, é o Robson”, e pronto. Aí depois, nunca mais vi.

P/1 – Vamos voltar. Sua mãe te teve?

R – Minha mãe, Regina Célia de Souza, ela… pelo menos a história é assim, ela fala que engravidou de um rapaz, de um namorado, ela não contou a história direito e foi para o bairro de Nilópolis, depois que ela ficou grávida, ela foi para o bairro de Nilópolis sozinha, sem a família dela saber e conquistou lá a amizade dos vizinhos, de tudo, alugou um quitinete numa avenida lá e aí…

P/1 – O que ela fazia? Ela trabalhava?

R – Ela era enfermeira. E aí, quando eu estava para nascer, me teve e aí, chegou para essa vizinha e falou assim: “Eu precisava que você tomasse conta do meu filho só para eu resolver umas coisas, meu bebê, tá...

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Título: Desabandono

Data: 15 de abril de 2016

Local de produção: Brasil / Rio De Janeiro

Personagem: Robson de Souza
Autor: Museu da Pessoa

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