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História
Por: Museu da Pessoa, 14 de julho de 2018

De pai para filho

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De pai para filho

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Eu nasci em Jales-SP, no dia 02 de outubro de 1971. Passei minha infância lá. Gostava muito de jogar basquete, que aprendi com meu pai, também treinador do nosso time. Ele sempre deixou muito claro que o negro tem uma dificuldade muito grande de se inserir no mercado de trabalho e tem que estudar muito para conquistar alguma coisa. E foi através do basquete que me ensinou a trabalhar em equipe e a nunca desistir. Meu primeiro jogo foi um desastre, não tinha noção de nada, mas insistimos e eu fui melhorando até chegar na seleção paulista. Competíamos em vários campeonatos, levantávamos de manhã para viajar, no ônibus que a prefeitura cedia. Não podia tomar banho antes para não perder a energia do corpo. Quando chegava no lugar, fazia todo o aquecimento, ia para o vestiário, passava as jogadas. Normalmente, o treinador não falava tanto, era mais o capitão da equipe.

Meu pai também me ensinou a importância do trabalho voluntário. Quando eu era pequeno, ele ia todo domingo de manhã em um lar transitório, cortava os alimentos, fazia sopa e depois a gente saía para entregar. Ele sempre falava “a gente tem que ajudar as pessoas, não pode deixar para lá, fingir que elas não existem”. Levei isso para a vida inteira. Já com minha mãe, aprendi a importância de estudar muito. Ela foi minha professora, era muito brava. Apesar de tirar notas boas, eu não saía da diretoria, brigava muito, soltava bombinha dentro do banheiro, bagunçava demais. Mais tarde, foi ela que me pediu para parar com o basquete e ir estudar, explicou que não tinha muito mais o que desenvolver no esporte, por causa da minha altura.

Foi assim que fui cursar Engenharia Química. Tinha a ideia de abrir uma empresa de limpeza de piscinas e o meu diferencial seria fornecer a ART, Anotação de Responsabilidade Técnica, algo que ninguém dá. Fiz cinco anos de UNIMEP, em Santa Bárbara D’Oeste, e depois fui para a Unicamp. Lá, tinha uma bolsa de...

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Conte sua história, Museu da Pessoa

Depoimento de Mauricir Lairton Moreira

Entrevistado por Karol Coelho e Luísa Lara

São Paulo, 14 de julho de 2018

Entrevista número PCSH_A_HV06

Realização: Museu da Pessoa

Revisado e editado por Karol Coelho e Luísa Lara

P/2 - Só para começar, fala seu nome, a data e o local onde você nasceu.

R - Eu sou Mauricir Lairton Moreira, eu nasci em 2/10/71 em Jales, no interior de São Paulo.

P/2 - E que lembranças você tem de Jales?

R - Eu tenho muito da minha família, foi onde eu passei a fazer trabalho voluntário com meu pai. Ele fazia sopa, eu não entendia muito bem todos os trâmites que ele fazia, mas foi desde pequenininho. Eu comecei a aprender que a gente necessariamente tem que ajudar o próximo. Essa é a lembrança mais marcante que eu tenho.

P/2 - Como era esse trabalho que você fazia com seu pai?

R - Eu levantava todo domingo de manhã, era muito legal. Ele ia num lar transitório, cortava os alimentos, fazia sopa. E a gente saía para entregar na rua. O que me marcou bastante era essa vontade que ele tinha de ficar ajudando as pessoas. Ele sempre falava, “a gente tem que ajudar as pessoas, não pode deixar para lá, fingir que elas não existem”. Isso eu levei para a vida inteira. Até então eu não sabia, não tinha essa noção do que é o trabalho voluntário. Você não aprende, mas você nunca esquece. Com o passar do tempo, você vai aprendendo.

P/2 - E como era a relação sua com seus pais?

R - Muito legal. Eu ficava muito tempo com o meu pai, porque ele trabalhava com basquete, eu aprendi a jogar basquete com ele, então a gente sempre viajava pelo Brasil inteiro. A gente estava sempre junto, apesar de ele ser uma pessoa muito séria, metódica, eu aprendi muita coisa com ele. E com minha mãe o rigor da gente estudar muito. Tanto é que ela pediu, você vai parar de jogar basquete agora, você vai estudar. Mas, ao mesmo tempo, eu sempre quis fazer engenharia química. Eu botei na...

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Título: De pai para filho

Data: 14 de julho de 2018

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Entrevistador: Luísa Lara
Entrevistador: Karol Coelho
Editor: Karol Coelho
Editor: Luísa Lara
Autor: Museu da Pessoa

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