Ana Maria Cardachevski é uma mulher de 60 anos, historiadora e descendente de imigrantes do Leste Europeu, por parte paterna. Seu avô era lituano, de família de origem russo-polonesa. Lá, ele e seus pais viviam em meios urbanos: o avô da entrevistada era aprendiz de alfaiate; o bisavô era cocheiro; e a bisavó, diretora de orfanato.
Já a família por parte de sua avó vinha da Bessarábia. Seu bisavô trabalhava afiando facas e com outros trabalhos menores. Já sua bisavó era dona de casa.
Ambas as famílias vieram ao Brasil durante a década de 1920, no contexto do fim da Primeira Guerra Mundial, crise econômica e instabilidade política. A família de seu avô veio pela oferta de trabalho no campo, em plantações de café. Já a família de sua avó veio por ofertas de trabalho urbanas, pela Igreja Batista.
Para vir ao Brasil, seu avô, bisavô e bisavó deixaram muitos familiares para trás. Alguns desses familiares, como um de seus irmãos, permaneceram no Leste Europeu, enquanto outros migraram para diferentes regiões, como França e Estados Unidos.
Chegando ao Porto do Rio de Janeiro, a família de seu avô foi ao Paraná, para trabalhar em plantações de café. As instalações para os imigrantes, porém, tinham péssimas condições. Segundo ele, lá o chão era de terra batida, e era tudo muito distante e isolado de centros urbanos. Por conta disso, deixaram o trabalho, e a partir de contatos que haviam feito com outros imigrantes, foram tentar a vida em São Paulo, utilizando-se das economias que ainda tinham. Já que na Lituânia era um aprendiz de alfaiate, no Brasil retomou o ofício, conseguindo abrir uma alfaiataria no centro da cidade, onde trabalhou até se aposentar.
Já a família de sua avó, chegando ao Brasil, veio direto para São Paulo. Aqui, ela conseguiu um emprego na área médica, como enfermeira. Esse trabalho pôde sustentar os pais, que não haviam conseguido emprego por aqui.
Em São Paulo, ambas as famílias...
Continuar leitura
Ana Maria Cardachevski é uma mulher de 60 anos, historiadora e descendente de imigrantes do Leste Europeu, por parte paterna. Seu avô era lituano, de família de origem russo-polonesa. Lá, ele e seus pais viviam em meios urbanos: o avô da entrevistada era aprendiz de alfaiate; o bisavô era cocheiro; e a bisavó, diretora de orfanato.
Já a família por parte de sua avó vinha da Bessarábia. Seu bisavô trabalhava afiando facas e com outros trabalhos menores. Já sua bisavó era dona de casa.
Ambas as famílias vieram ao Brasil durante a década de 1920, no contexto do fim da Primeira Guerra Mundial, crise econômica e instabilidade política. A família de seu avô veio pela oferta de trabalho no campo, em plantações de café. Já a família de sua avó veio por ofertas de trabalho urbanas, pela Igreja Batista.
Para vir ao Brasil, seu avô, bisavô e bisavó deixaram muitos familiares para trás. Alguns desses familiares, como um de seus irmãos, permaneceram no Leste Europeu, enquanto outros migraram para diferentes regiões, como França e Estados Unidos.
Chegando ao Porto do Rio de Janeiro, a família de seu avô foi ao Paraná, para trabalhar em plantações de café. As instalações para os imigrantes, porém, tinham péssimas condições. Segundo ele, lá o chão era de terra batida, e era tudo muito distante e isolado de centros urbanos. Por conta disso, deixaram o trabalho, e a partir de contatos que haviam feito com outros imigrantes, foram tentar a vida em São Paulo, utilizando-se das economias que ainda tinham. Já que na Lituânia era um aprendiz de alfaiate, no Brasil retomou o ofício, conseguindo abrir uma alfaiataria no centro da cidade, onde trabalhou até se aposentar.
Já a família de sua avó, chegando ao Brasil, veio direto para São Paulo. Aqui, ela conseguiu um emprego na área médica, como enfermeira. Esse trabalho pôde sustentar os pais, que não haviam conseguido emprego por aqui.
Em São Paulo, ambas as famílias viveram na Vila Zelina, que abrigava uma grande porção de imigrantes do Leste Europeu. Foi aí que se conheceram. Desse casamento, tiveram apenas um filho, Wladimir, o pai da entrevistada.
Ele cresceu sob influência tanto da cultura eslava quanto da brasileira, simultaneamente. Como os pais costumavam falar russo em casa, ele aprendeu a falar português apenas na escola, aos 7 anos. Já crescido, foi estudar Engenharia nos Estados Unidos, abrigando-se na casa de um tio (irmão do pai, que também havia deixado a Lituânia). Depois da graduação, voltou ao Brasil, trabalhando no setor industrial pelo resto da vida.
Mais tarde, se casou com uma mulher de origem luso-brasileira, mãe da entrevistada. Ele, porém, acabou por ser inicialmente mal visto e discriminado dentro da família, por que era uma família de paulistas que já estavam aqui há muito tempo, enquanto ele era filho de imigrantes.
Refletindo sobre a cultura do local de origem, Ana Maria considera que, com o tempo, parte da cultura se perdeu, porém, outros hábitos e costumes se mantiveram. Isso se manifesta especialmente na alimentação, e ela conta que muitos pratos típicos, ensinados pela avó, se mantiveram dentro da família.
Recolher