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História
Por: Museu da Pessoa, 12 de setembro de 2012

Consciência negra

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Consciência negra

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Eu me separei de meus pais aos quatro anos. Fiquei até os oito com a minha avó paterna. Eu sei que a mãe da minha mãe era caiapó, índia, caçada a laço pelo meu bisavô que era mascate e tinha origem árabe. Do meu pai não sei nada. Eu costumava brincar que eles eram pigmeus porque eram todos bem negrinhos, baixinhos. Meu pai era tintureiro. A minha avó... Eu me emociono, porque ela era tudo pra mim. Meu chão, meu céu, tudo! E aos oito anos ela faleceu. Foi uma tortura. Foi a maior tragédia da minha vida! Depois disso eu fiquei um tempo com a minha tia-madrinha, e fui morar com o meu pai, depois de muito minha tia implorar. Fui pra São Caetano do Sul. Fui morar na Estrada das Lágrimas, número 13. E lá foi outro tormento, porque eu tinha madrastas, que meu pai trocava de mulher toda hora. E meu pai era muito severo, batia muito. Um dia minha mãe apareceu atrás dos meninos e ficou um tempo. Meu pai mandou eu levar os meninos pra passear no parquinho. Quando nós voltamos, a mamãe tinha ido embora, de novo! Com 12 anos o Juizado de Menores foi me buscar.

Os primeiros dias que eu passei no Juizado foram num lugar terrível. Por causa de tudo, eu era muito interiorizada. Eu tinha medo das pessoas, do mundo. O lugar era na Rua Traipu, e lá as meninas eram as piores que tinham. Delinquentes. Eu não me misturava, então elas me espetavam com agulha, me queimavam com cigarro. Eles lá viram o meu sofrimento e perguntaram o quê que eu queria fazer: trabalhar ou continuar lá. Aí eu fui trabalhar numa casa, de babá. Fiquei um tempo. Um dia, a vigilante do Pensionato Maria Gertrudes, ligou, falou: “Rosa, você não quer vir pra cá?” Falei: “Eu quero”. E eu fui pro Pensionato e pra mim foi uma maravilha, a melhor fase da minha vida, porque lá eu estudei, fiz cursos de Cerâmica, Botânica, Culinária, Bordados. Era um lugar subsidiado pelos Diários Associados, TV Tupi e Radio Difusora.

No Natal os artistas iam lá. Na...

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Dados de acervo

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P/1 – Bom dia, Rosa.

R – Bom dia.

P/1 – Primeiramente eu agradeço a sua participação no projeto do Museu da Pessoa de conceder um depoimento sobre a sua história de vida, de trajetória pessoal e profissional.

R – Tá bom .

P/1 – Rosa, eu gostaria de começar, então, pedindo que você nos forneça o seu nome completo, local e data de nascimento, por favor.

R – Meu nome é Rosa Maria Batista de Souza, eu nasci em Machado, Sul de Minas Gerais, no dia 27 de Fevereiro de 1945.

P/1 – Em relação aos seus pais: os nomes deles e você conhece a origem da sua família, tanto paterna quanto materna?

R – É, o meu o pai era Jorge Batista de Souza, minha mãe Armanda Costa de Souza, e eu não conheço a origem porque eu me separei de meus pais aos quatro anos. Fiquei até os oito com a minha vó paterna e naquela época não se falava muito pras crianças assuntos de adultos porque, assim, de onde eu venho pra onde eu vou, não havia esse hábito. Mas, assim, eu sei que a mãe da minha mãe era caiapó, índia, caçada a laço pelo meu bisavô que era mascate e tinha uma origem árabe e é só o que eu sei da família da minha mãe. Do meu pai não sei nada. Eu costumava brincar, depois de algum tempo, eu brincava que eles eram pigmeus porque eram todos bem negrinhos, bem negrinhos e pequeninhos, baixinhos. Não eram anões, eram baixinhos. E não sei.

P/1 – Profissão do pai você sabe?

R – Meu pai era tintureiro. Ele foi tintureiro, corretor de seguros, motorneiro.

P/1 – Em relação a irmãos, você tem irmãos?

R – Tenho. Tenho dois irmãos legítimos e dois ilegítimos. Nós somos em três, meus irmãos mais eu, Valdomiro Batista de Souza Neto, que sumiu em 65, desapareceu e o Luiz Carlos de Souza, que mora em São Paulo; somos os três. Depois, tem a Rosana Nables de Souza, que é filha do meu pai e tem o Paulo César, que é filho da minha mãe.

P/1 – Com relação a sua avó que te criou, fala um pouquinho dela e fala um...

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