Comércio e Informática

P/1 - Pra começar, eu gostaria que você me falasse seu nome completo, local e data de nascimento.

D - Meu nome é Carla de Cássia Vilela Leite, eu nasci em Poços de Caldas no dia dois de janeiro de 63.

P/1 - Qual o nome de seus pais?

D - Antônio Romero Cortês, e Lígia Pompéia Vilela.

P/1 - Você se lembra dos seus avós?

D - Bastante. Eu morei com os meus avós maternos até os meus dezesseis anos, então...

P/1 - Qual era a atividade deles?

D - A minha avó era dona de casa. O meu avô era funcionário público. Ele trabalhava com fontes luminosas. Então, em parques e jardins ele era responsável pela parte elétrica, pela parte hidráulica de fontes luminosas. E tinha muito orgulho disso. Nessas fontes ele ia, colocava em funcionamento, levava as músicas que ele gostava, músicas clássicas, e eu participei muito, em todas as inaugurações eu estava presente.

P/1 - Você tem irmãos?

D - Tenho, nós somos em quatro, eu sou a segunda filha. Tenho duas irmãs e um rapaz.

P/1 - A atividade deles é relacionada ao comércio?

D - A minha irmã mais velha, ela tem um negócio próprio, ela é comerciante. Ela trabalha com confecção, ela tem uma loja aqui na cidade de Campinas mesmo.

P/1 - Como e quando você veio pra Campinas?

D - O meu vô, como funcionário público, ele foi transferido. Nós moramos em Itumbiara, Goiás, moramos em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e ele veio pra Campinas, transferido pelo trabalho, e na ocasião eu vim jjunto, né? Eu tinha de oito pra nove anos quando eu vim pra cá.

P/1 - Qual é a impressão que você teve de Campinas, tendo morado em Minas Gerais, tendo ido pra Goiás, tendo passado por um monte de lugares, e de repente você se depara com Campinas.

D - Os lugares que eu morei eram cidades menores, se comparadas com Campinas, então quando nós viemos pra cá, eu fiquei maravilhada. A fonte onde meu vô trabalhava era maior, a cidade era maior, a escola onde eu fui estudar também era um colégio maior. E a primeira impressão eu fiquei maravilhada. Eu não sei se, na ocasião eu era criança, mas era uma coisa muito importante. Era muito importante estar morando numa cidade grande que até então não tinha acontecido.

P/2 - Carla, você falou que veio pra Campinas porque o seu avô foi transferido pra Campinas.

D - Isso.

P/2 - E os seus pais? Qual era a atividade deles, eles puderam acompanhar [_____]

D - Ah, meus pais se separaram, eu ainda era pequena, bem menina. Então, a minha mãe morava com os pais, eu, por conseqüência, com os meus avós. Então nós viemos todos aqui pra Campinas na transferência do meu avô. Ela começou a trabalhar aqui, ela trabalhava fora, então a maior parte do tempo eu ficava eu e meus irmãos com a minha avó, mas viemos todos morar aqui.

P/1 - Agora retomando, a gente vai tentar fazer o percurso da sua infância até hoje. Você se lembra como era a sua cidade, como era Poços de Caldas quando você era garota?

D - Olha, a minha... Assim, a família da minha mãe mora lá até hoje, então eu muito contato com a cidade, sempre que possível, férias ou feriado, nós vamos pra lá. Poços de Caldas é uma cidade extremamente fria, no inverno isso foi uma coisa que marcou muito minha infância. Eu fui usar sandália, roupa de alto verão depois, quando saí de lá. Eu me lembro que era uma cidade muito gostosa, meu avô e minha avó faziam questão de conservar a tradição de Papai Noel, de páscoa, essas datas, em casa, eram muito comemoradas. Então, é uma lembrança gotosa, está ligada à cidade de poços de Caldas, mas sempre ligada a uma região fria, eu lembro que, na ocasião, meu vô comentava de dificuldade de trabalho na cidade, até por isso que acabou sendo promovido, mas é uma lembrança muito boa que eu trago de Poços.

P/1 - E o que você gostava de fazer quando criança? Do que você brincava, o que você gostava de fazer?

D - Olha, nós somos em quatro irmãos, tenho primos mais ou menos na idade, os meus tios maternos têm uma diferença grande de idade deles pra minha mão, então eram muitas crianças numa faixa de idade bem precida. E lá morávamos em casa, então a gente tinha no quintal de casa, cabana de bambu... Soltar pipa, fazer desenho, eu desenhava, adorava desenhar. Às vezes eu desenhava e vendia meus desenhos pros meus primos colorirem, então tinha assim, ene... Assim, criação de gato, cachorro, a gente tinha algumas oportunidades que hoje em dia é difícil de você ver, as crianças não têm o mesmo espaço, não podem explorar do mesmo jeito, mas eu tive essa felicidade, eu e meus irmão a gente brincou muito entre a gente, de... uma bicicleta só todo mundo anadava, era uma outra realidade, mas muito boa.

P/1 - Uma vivência mais comunitária.

D - É, família era assim, um conceito muito forte entre a gente. Hoje em dia, depois de todo mundo adulto, cada um mora numa região, a gente já não tem essa convivência. Mas assim, aniversário é lembrado, data importante a gente procura estar muito próximo porque isso foi muito enraizado na infância.

P/1 - Uma outra lembrança, assim, uma busca por uma memória sua. Quando se tem muitos, assim, você falando, vocês dividiam a bicicleta, d mesma faixa. E vocês passaram boa parte da infância cuidados pela avó.

D - Isso.

P/1 - Então, geralmente a avó mima bastante, quando você é neto você tem mais liberdade o que quando você é filho. E nisso vocês acompanhavam sua avó quando ela saía pra fazer compras?

D - A minha avó, ela era filha de italiano, então ela falava alto, gesticulava, ela era brava, eram muitas crianças, então ela tinha que se impor. Mas era dividido assim, vai ao mercado, vão três juntos. Um outro passeio, um outro compromisso, vão outros três. Então era bem disciplinado, funcionava direitinho. Ela, apesar de ser vó, o mimo maior sempre foi por parte da minha mãe, que compensava, como ela trabalhava, o pouco tempo que ela estava ali com a gente durante o dia ela dava muita atenção, dava muita coisa, era uma pesoa extremamente inteligente, então, fui mimada das duas formas.

P/1 - Então no caso da sua avó inverteu a posição.

D - Ela assumiu o papel de mãe, a situação a forçou a isso, né?

P/1 - E você lembra de acompanhar a sua avó pra fazer compras, alguma coisa assim do gênero?

D - Sempre, sempre. A gente ia pra, normalmente quem fosse com ela ganhava um presente, e a gente ajudava também, ia buscar, transportava sacola, enfim, era... u estava sempre junto. Aprendia até a pechinchar. Acho que essa minha parte de comércio de tentar entender, já vem de longe.

P/1 - Já estava assim gestando...

D - É, já.

P/1 - E vocês compravam esse Gêneros aonde, nesse momento?

D - Olha, na época, lá em Poços de Caldas, eu era bem nova, mesmo, porque depois disso eu já morei em outras duas cidades, então eram mercados, né? Que tinham... Eu morava em Poços de Caldas, na Rua [___] Figueiredo, é uma rua importante lá da cidade. E tinha mercados ali próximos. Normalmente lugares onde vendem furta, verdura, açougue, era diferente, não tinha tanto super hiper mercados, era tudo ali a duas quadras de onde a gente morava, então em alguns casos, quando era compra de mês, era uma casa onde tinha muita gente, levavam, entregavam pra gente, mas era tudo ali, era tudo ali naquele bairro, era tudo ali pertinho, não tinha nada muito longe.

P/1 - Poços de Caldas tinha algum grande centro de entorno, assim como São Paulo está para Campinas? Poços de Caldas tinha algum outro grande centro próximo?

D - Olha, eu acho que até hoje a referência ali é Poços de Caldas, na região. Porque tem cidades, são cidades... tem ali, próximo, né? São cidadezinhas menores, mas o pessoal vai fazer faculdade em Poços de Caldas, quando, se existe uma festa, eles vão contratar serviços em Poços de Caldas, então eu acho que Poços de Caldas seria a referência na região.

P/1 - E quando você foi pra escola? Quando você estudou, quando foi pra escola, você se lembra?

D - Olha, em poços de Caldas era um colégio Adventista. Mas eu não me lembro o nome da escola. Eu não... Lá eu fiz o que seria o pré-primário, o equivalente a isso. Depois, a escola, de fato, eu tive em Itumbiara, onde eu comecei, onde eu fiz primeiro e segundo ano, se não me engano. Mas foi em Itumbiara, já, uma outra cidade no interior de Goiás e...

P/1 - Como foi essa mudança?

D - Olha, nós sentimos bastante. Poços de Caldas era uma cidade muito fria, como eu disse pra você, a família toda morava lá, então a gente tinha... Todo fim de semana tinha uma festa, tinha sempre um evento, um acontecimento, enfim... Em Itumbiara nós ficamos longe da família, do que seria a outra parte da família, né? As tias, primos... É uma cidade extremamente quente, muito calor, a terra era diferente, eu me lembro que a gente começou a se acostumar com as roupas usadas lá, eu sou alérgica a inseto, lá na época de verão tinha mosquito, pernilongo, enfim... No meu caso, pessoalmente, foi complicado, de eu me adaptar à cidade. Gostava também, porque era calor, tinha outros encantos, né? Tinha piscina, tinha clube, e isso era... Qualquer casa lá, por mais simples fosse sempre tinha uma piscina, alguma... Então foi muito bacana. Mas na ocasião eu adoeci, eu passei mal, eu emagreci muito até eu me adaptar com o lugar. Aí quando eu me adaptei nós mudamos de novo.

P/1 - E foi lá que você começou a ter a vivência escolar, né?

D - Isso, em Itumbiara.

P/1 - Que memórias você tem dessa fase da escola?

D - Olha, foi muito bom, eu me saí modéstia a parte, eu sempre me saí muito bem nas escolas, nos cursos que eu fazia. E eu gostava també, muito, de aprender, meu avô incentivava demais, minha mãe também, eu nunca tive nenhuma reprovação, eu nunca tive nenhuma advertência, então ficou uma lembrança boa da escola, dos professores, dos amigos, foi bem bacana.

P/1 - Você já sentia uma inclinação pro comércio? Ou isso veio depois?

D - Não, veio depois, muito tempo depois. Na verdade eu já trabalhei como bancária, já trabalhei em consultório médico, em empresa de telecom, então essa afinidade com as pessoas, de, enfim, de perguntar, de querer saber, de escutar, de tentar resolver é uma coisa que vem de longa data. Eu sempre gostei muito de estar em contato com as pessoas, eu sempre tive essa facilidade. Na maioria das vezes eu mais ouço do que falo, então isso ajuda bastante. Mas assim, o comércio, a venda propriamente dita aconteceu agora, de uns, acho que, de uns quinze anos pra cá, que eu fui, essa minha irmã que eu comentei, minha irmã mais velha, nós abrimos um comércio juntas e eu tomava conta da parte comercial, eu vendia por telefone, vendia no cliente, vendia na loja e eu gostei muito, me saí muito bem, foi muito bacana. E de lá pra cá eu procurei ir me aperfeiçoando, fiz alguns cursos pra algumas técnicas de aprimoramento, enfim, é uma coisa que foi acontecendo, né, mas é uma coisa relativamente recente.

P/2 - E antes disso, você falou "trabalhei em várias coisas", tinha na sua família alguma expectativa de alguma carreira, que você seguisse alguma carreira?

D - Olha, não, nunca. Assim, não que eu saiba, nunca foi uma coisa muito assim explícito. O meu vô adorava astronomia, então ele... Eu imaginei que eu ofsse fazer qualquer coisa ligada, eu não sei se de tanto ouvir falar... Na minha época de criança também em Poços de Caldas ele montou um telescópio pra gente, quer dizer, ele montou um projeto, na ocasião ia muita gente em casa pra ver lá tem a facilidade, a gente morava num lugar alto, e o céu era muito limpo, então a gente tinha essa facilidade. Então eu imaginei que eu fosse fazer física, alguma coisa que fosse nesse sentido, mas acabou que não aconteceu, depois eu comecei a trabalhar com comércio, fiz um curso há algum tempo atrás de programação de computador, eu gostei muito dessa parte de lógica, me atraiu demais, aí quando fui fazer a faculdade, já adulta, com os filhos criados, acabei pendendo pra alguma coisa ligada à informática, né? E acho que me dei bem, to muito feliz com a escolha.

P/1 - E nesse comércio que você tinha com a sua irmã, vocês vendiam o que?

D - Olha, nós tínhamos uma confecção, então eram uniformes pra pré-escola, no bairro ali onde estava o comercio, fizemos também uniforme pra academia de ginástica e também, até pela procura das pessoas, até trazíamos algumas roupas e eram vendidas ali. Mas era muito bom porque era uma loja num bairro, assim, bom aqui de Campinas, que tem um pessoal tem um poder aquisitivo maior, mas era uma coisa bem pessoal, a gente ficou lá por cinco, quase seis anos, e eu conhecia muito bem cada uma das clientes, então algumas compras já vinham assim endereçadas. Eu sabia cor, tamanho... Mas era uma vivência muito gostosa, elas estavam sempre lá, compravam pra marido, enfim... Era muito bacana. E tinha também essa parte da confecção. Então, mas a venda, nesse caso, era sempre via telefone. Aí quando marcavam uma visita eu ia até a loja e finalizava, né?

P/1 - Peraí, pegando o gancho da sua trajetória, você estudou aqui em Campinas.

D - Isso.

P/1 - E daí você estuda em que colégio, você lembra o nome?

D - Lembro, quando eu vim pra cá, o primeiro colégio em que eu estudei era Joaquim Ferreira Lima, é uma escola estadual, eu fiz lá primeiro e segundo grau. Primeiro e segundo graus eu fiz lá. E depois eu parei, eu me casei e tive dois filhos. Parei de... Parei com os estudos, parei de trabalhar, quando os meninos já estavam maiores, já estavam independentes, aí sim, voltei a trabalhar, fui contratada por uma empresa de telecom e aí de uma certa forma a minha promoção estava vinculada a uma graduação. Pra que você fosse promovido lá, você teria que ter a faculdade. Aí eu comecei, na ocasião eu escolhi a faculdade de ciência da computação, fiz uma pesquisa, foi a que mais me atraiu, e fiz a faculdade, mas isso há três anos atrás. Eu, na verdade, fiz a faculdade agora, depois de adulta, meu filho mais velho terminou a faculdade antes de mim, então foi interessante. Em alguns casos eles até me ajudaram, em outros casos pelo contrário, eu que ajudei, em algumas matérias eu que dei a mão, encaminhei... Mas eu fiz a faculdade agora, é bem recente. Mas aqui em Campinas eu fiz o curso... Eu estudei lá, no Joaquim Ferreira Lima, e fiz alguns cursos. Eu fiz curso técnico de programação no SENAC e fiz curso na [____], enfim, aí mais cursos profissionalizantes, cursos técnicos.

P/1 - E assim. Você falou que quando você começou a se acostumar com a cidade vocês vieram pra cá. Por qual foi o motivo que vocês vieram pra Campinas?

D - Então, o meu avô, ele era funcionário público. E ele fazia essas mudanças, Aqui em Campinas, na ocasião, ele veio pra manutenção ou construção de uma fonte luminosa na Lagoa do Taquaral, essa fonte existe até hoje, e ela... Na ocasião ele veio pra c´pra manutenção dessa fonte. Ele tinha uma vivência grande aí na área, então ele foi convidado, e como ele aceitou o convite nós viemos pra cá. Na ocasião, pra ele era bastante interessante com matéria de salário, com benefícios, enfim... Foi esse o motivo. E a família acompanhou, foi o que aconteceu.

P/1 - E como... Nisso você passa a estabelecer boa parte d sua vida ligada a essa cidade.

D - Isso.

P/1 - Ou seja, você chegou já estava jovemzinha, adolescente?

D - É, eu estava de oito pra nove anos, aqui em Campinas. De nove pra dez anos, foi nessa fase. Mas coisas assim, que são marcantes na vida de umna pessoa, a meu ver, aconteceram aqui. Por exemplo, Eu me casei aqui, eu tive meus filhos aqui, e o meu primeiro emprego foi aqui. Então eu tive assim, oportunidades em Campinas. Hoje em dia, Campinas é a minha cidade. Eu não me sinto mais como uma pessoa que está aqui visitando. Também pelo tempo que eu estou aqui... Enfim, você vai criando uns laços com a cidade que é difícil... Não tem como, né? Eu morei sim em outras cidades e acho que foi muito bom. Eu pude conhecer, assim, apesar de a gente estar no mesmo país, são culturas, às vezes algumas palavras que eu conhecia em Poços de Caldas e em Goiás não fazia sentido algum. Então é incrível isso, mas acontece. E eu conheci pessoas muito diferentes, e acho que foi muito bom, isso daí, acrescentou bastante. Mas Campinas fez parte da minha vida, assim, na maior parte do tempo, né? Então todo o que aconteceu de muito bom aconteceu aqui.

P/1 - E na sua fase de adolescência, você saí, você tinha amigos?

D - Saía, eu trabalhava no banco Bradesco, nessa ocasião. Meu marido, hoje meu marido, na ocasião trabalhava comigo lá e saímos, saímos à noite, tinha amigos, minha melhor amiga, na ocasião, mudou-se pro Canadá, então a gente teve muito contato com ela lá, no Canadá, embora eu nunca tivesse saído daqui a gente acompanhou muito ela lá, a vida dela lá nesse período. Mas foi bacana, é que eu me casei muito cedo, e por conta disso... Na ocasião tinha assim, planos de faculdade, tanto eu quanto ele, mas nos casamos, tivemos que, enfim, que batalhar, pagar aluguel, essas coisas, então tivemos que dar uma parada, dar uma adiada, vamos dizer assim, no que a gente planejava, na ocasião, né?

P/1 - Uma vez que você se estabeleceu aqui em Campinas, vocês visitavam São Paulo ou iam lá pra São Paulo?

D - Olha, São Paulo, assim, nunca foi uma cidade que me atarísse muito, eu estive algumas vezes em São Paulo pra ocasião que eu tinha loja, fazia muitas compras lá, às vezes pra assistir a algum show, eu fui ver os tenores lá em São Paulo, às vezes algum passeio, teatro, enfim, eu estive lá em ocasiões assim especiais e poucas ocasiões, pela proximidade que eu estou da cidade de São Paulo, eu estive mais no Rio, nesse período, do que em São Paulo.

P/1 - Que transporte vocês utilizavam pra ir?

D - Na ocasião era sempre o carro da família, né? Sempre o...

P/1 - Então nesse meio tempo, Poços de Caldas, Goiás, você não chegou a pegar o trem de Campinas? Você não chegou a pegar essa fase do trem?

D - Não, não.

P/1 - Aí você já está aqui, já está bancária, já está saindo, já tem sua vida, então daí você tem essa confecção com a sua irmã. É antes ou depois do banco?

D - Não, foi bem depois. Foi bem depois.

P/1 - Foi bem depois. Ela tinha um perfil de loja de bairro, mesmo, assim?

D -Tinha. Tinha sim. Um perfil de loja de bairro. Eu tinha... A gente não tinha o que seria o cliente do corredor, normalmente as pessoas que iam lá iam indicadas por outras pessoas, é aquilo que eu comentei com você, algumas compras que eu fazia já eram endereçadas, tomando sempre o cuidado de não trazer coisas repetidas porque eu sabia que ali podia... era muito provável que se encontrassem em alguma festa, alguma ocasião, então tinha o perfil que eu chamo de loja de bairro. Conhecia todas as clientes por nome, sabia nome de marido de filhos, era uma coisa bem...

P/1 - E vocês chegaram... seis anos, cinco, seis anos no mesmo lugar, vocês conseguiram estabelecer relações com outros comércios do entorno?

D - Olha, é aquilo que eu comentei, nós fazíamos uniforme pra uma pré-escola muito grande lá do bairro, ta? Então tinha esse relacionamento que eu acredito ser de empresa pra empresa, mas era com a academia também lá do bairro, a gente teve assim esse relacionamento. Mas na maior parte dos casos era de empresa pra pessoa mesmo, eram pessoas que iam pra fazer compras, não seria de empresa pra empresa o relacionamento.

P/1 - E era uma relação de olho a olho? Como era essa relação?

D - Ah, mas eu acredito nisso. Se não for olho a olho eu não que tem chance de dar certo. Até hoje lá na casa do notebook quando chega alguém pra tirar uma dúvida, pra fazer um pedido, pra comprar uma peça, tem que ser assim, eu tenho que ouvir o que a pessoa quer, normalmente eu repito pra ter certeza de que entendi o que ela está pensando, mas é isso mesmo, o retorno sou eu mesma que vou dar, quando eu sou chamada pra intervir em alguma situação lá dos meus vendedores, eu acho importante isso, eu confio nesse jeito. É assim que eu acho que as coisas têm que ser resolvidas mesmo.

P/2 - E Carla, qual é o bairro em que vocês tinham a...

D - Flamboyant. Jardim Flamboyant. É um bairro próximo ao shopping Iguatemi. Um pouco antes.

P/1 - Como que era o funcionamento da loja? A dinâmica dela?

D - Olha, eu era responsável por toda essa parte comercial tanto de venda quanto compra, programação financeira, programar pagamento, e minha irmã ficava mais com a parte da confecção propriamente dita. Nós tínhamos máquinas, máquinas industriais e ela quem fazia o corte, nós chegamos a ter três costureiras, ela quem acompanhava, mesmo porque eu nunca soube como é que funcionava isso, eu nunca aprendia a costurar, essa ciência pra mim... Eu nunca tive facilidade como ela, eu cuidava dessa parte comercial e a produção era dela, ela que confeccionava.

P/1 - Você sente diferença da Campinas dessa época pra Campinas de hoje?

D - Olha, mudou a minha situação também, né? Eu acho que alguns problemas que eu tinha como dona da loja, hoje em dia não tenho. Algumas preocupações como funcionária, por mais comprometimento que você tenha, alguns problemas cabem ao proprietário decidir e você tem menos autonomia. Mas assim, da cidade de Campinas eu não... Das pessoas, da necessidade, da forma... Da cultura do campineiro eu não percebo muita diferença não, eu acho que se mantém. Também não é um período tão longo assim, eu não percebi nada não.

P/1 - Que estabelecimento você citaria pra gente como referência dentro dessa pesquisa da memória do comércio de campinas? [_________________________]

D - É, eu fiz essa opção, né? Olha, aqui na cidade de Campinas tem um lugar aqui que é relativamente famoso, chama Banca do Alemão, é uma banca de jornal muito grande, então ali tem tudo, tem apostila pra concurso, tem... Enfim, tudo o que você precisa nesse gênero, ali você vai encontrar. E é bacana porque ele atende um grande número de pessoas de classes diferentes, com necessidades diferentes e atende, assim, de uma forma gostosa de ser atendido, você... Ele escuta o que você quer e às vezes sugere alguma coisa, com propriedade, ele sabe do que está falando, embora não seja um estabelecimento convencional, eu acho que é um exemplo. É uma coisa, eu não sei há quanto tempo que ele está aqui exatamente, mas não é de hoje. É alguma coisa antiga. E é famoso, aqui faz parte já da cultura da cidade, então eu acho interessante.

P/1 - E há quanto tempo você ta... Em que função você iniciou ali a casa de notebook?

D - Na verdade eu estou na casa do notebook há pouco tempo, eu entrei lá há um mês e meio, eu fui convidada pra ser supervisora da loja. A casa do notebook é uma empresa que vai fazer vinte anos, em São Paulo é uma empresa que tem um nome muito forte, eles têm três lojas em São Paulo, têm outras duas lojas no interior, uma aqui em Campinas, né? Mas aqui em Campinas é uma loja relativamente nova, então, inclusive, o pessoal aqui de Campinas, professores da Unicamp, alunos da Unicamp, pessoal que está fazendo... Desenvolvendo pesquisas, indústrias grandes daqui de Campinas normalmente mandam as máquinas, os notebooks pra serem consertados em São Paulo, então é por isso que foi escolhido Campinas pra ser aberta uma loja aqui. Só que aqui em Campinas ainda é um... Não tem a mesma força que em São Paulo. É uma loja que ainda está se fazendo conhecer. Tanto é que eu ligo daqui "eu estou falando da casa do notebook", eu tenho feito esse contato com as empresas, "mas de qual loja de São Paulo você está falando?" Então ainda é uma coisa nova pra eles aqui em Campinas. Então o intuito é justamente esses, que a loja aqui ela seja... Claro, vai levar algum tempo, mas que ela tenha a mesma força que em São Paulo. É claro que não vai ter as mesmas vendas porque são cidades diferentes, então isso tudo é considerado, mas é que o campineiro sai daqui, põe o notebook no carro, normalmente perde a manhã de sábado, pra levar a máquina até lá sendo que seria muito mais fácil trazer a máquina aqui no shopping Galeria. Então essa foi a idéia do proprietário quando nos falamos pela primeira vez ele comentou, eu concordei com ele, eu realmente acho isso e sei, como eu estou aqui há muito tempo, até pela faculdade que eu fiz, os amigos que eu conquistei eu sei que realmente o pessoal tem essa... Enfim, esse... de levar a máquina pra lá, porque a casa do notebook é especializada em notebook e isso faz muita diferença, principalmente na assistência técnica. Então a idéia é fazer a casa do notebook aqui aparecer casa do notebook mesmo, ser uma extensão das lojas de São Paulo. Então eu estou lá há um mês e meio, quando eu entrei já tinha uma equipe de vendedores, que a gente está se conhecendo, se ajustando, eles estão me ajudando, porque embora eu tenha feito a faculdade, lá a parte que tem mais ênfase é a parte de hardware, uma parte que na faculdade, ela é vista, assim, de uma forma mais macro, você tem uma visão assim... Mas os mínimos detalhes eu estou aprendendo aqui com eles, essa vivência que eu tenho em vendas eu estou tentando passar pra eles. É claro que é um outro perfil, é um comércio sim, mas de um outro produto, com um outro público mas algumas coisas são básicas em qualquer atendimento, de qualquer venda, de respeito pelo cliente, de você esclarecer, de você ter certeza de que o que você falou foi entendido por ele. Então essas coisas eu acho que dá pra trazer de lá pra cá. Mas eu estou gostando muito, aprendendo bastante volta e meia eu não tenho aquela resposta pronta e eu tenho que buscar e isso é muito bom porque estou revendo livros da faculdade, estou procurando em outras fontes, então tem sido muito bom. Assim, da minha parte né? Expectativa do proprietário, enfim, a gente tem se falado muito, eles têm me dado muito apoio em como conduzir a loja. Aqui em Campinas eu estou como responsável pela loja, então até por conta disso, periodicamente, eu vou a São Paulo pra gente, enfim, esclarecer algumas dúvidas.

P/1 - Você falou que já na sua infância você tinha uma inclinação pra área da ciência, a área de conhecimento.

D - Isso.

P/1 - Você gostava de estudar...

D - Muito, muito muito...

P1 - E você caiu na área de ciências da computação, que é uma área de conhecimentos que desemboca na informática e que é uma área que tem transformações muito rápidas.

D - É muito dinâmico, é muito mesmo.

P/1 - Então, partindo disso, como é que você vê uma área comercial que lida com isso, com esse conhecimento exato numa cidade que tem vocação para a produção do conhecimento? Quando duas das maiores universidades do país estão aqui em Campinas.

D - è, inclusive nessa área da informática, a Unicamp, da última vez que eu vi, é a maior de todas nessa parte de informática. Embora astronomia seja uma ciência muito antiga e ciência da computação é uma ciência relativamente nova, essa procura pelo conhecimento é uma coisa que sempre me fascinou, é uma coisa que sempre mexeu muito, não tinha realmente como eu não dar vazão a esse lado. Em informática, o que me preocupa bastante é por exemplo, você faz um curso de informática você não pode se dar ao luxo de parar de estudar nunca, nunca, é diferente, não não... É claro que toda área tem seus avanços, tem ... é incrementada, mas nos caso da informática, isso acontece numa velocidade muito alta. Então curso.. liv... Por exemplo, você não acha um livro de uma linguagem nova no sebo, então é um conhecimento dispendioso, qualquer curso que você vai fazer, qualquer livro que você vá comprar é coisa muito top, é coisa muito recente então custa caro. Eu nisso eu vou, é claro, procurando alternativas, então às vezes é algum que amigo passa algum texto, agora que eu estou na casa do notebook já fiz questão de ligar pra todo o pessoal que eu conheço pra falar que estou lá, então quando tem algum artigo relacionado, quando tem alguma matéria que o pessoal que está na área sempre tem acesso, eles me mandam, então eu corro atrás. Mas é muito dinâmico, e o que acontece hoje em dia é que a gente já espera esse dinamismo. Por exemplo, hoje entrou um senhor lá com uma máquina na loja, hoje de manhã, ele falou, olha eu to vendo pra ver se compensa eu arrumar ou não essa máquina, pq ela já está comigo há quase um ano, está na hora de trocar por uma nova. E ele realmente tem razão, depois que ele comprou essa máquina já foram lançados n modelos, com enfim, configuração bem maior, mais potente, mais robusta. Quer dizer, então, as pessoas... Já criou essa expectativa, as pessoas já sabem disso. Em informática, por exemplo, às vezes chega uma peça pra mim, dali a pouco, isso é porque eu estou há um mês e meio lá, ela é substituída por uma outra que está tendo uma procura maior e é pra gente já colocar ali porque quem é cliente passa lá com regularidade, vai me perguntar sobre essa peça, então me assusta um pouco, de verdade, porque você tem que estar lendo revista de informática, livro, internet, mas eu acho muito bom, eu gosto muito, apesar de um pouco assustada eu me sinto estimulada em procurar e buscar, é muito bom.

P/1 - Tá, e você trabalha com, querendo ou não, você não vende [_______], existe uma preocupação fundamental com esse produto e ainda mais dentro da própria área dele, é um produto muito de ponta. É a transformação do computador e a compactação dele num portátil demanda cuidados, preços, etc e tal. Ainda mais que agora o notebook está começando a se popularizar. Como você vê o campineiro comprando um produto tão de ponta como é o notebook?

D - Olha, eu acho que numa cidade como Campinas que é uma cidade grande, é uma cidade que tem muitas oportunidades, em muitos casos o notebook virou uma ferramenta, uma ferramenta de trabalho, sábado mesmo teve um advogado na nossa loja, ele tinha um notebook onde ele guardava a vida dele lá e essa máquina travou. Ele estava desesperado. Lá na loja, inclusive a gente aconselha a fazer o backup, algumas dicas que nós temos adquirido até pela experiência, e a gente tenta passar isso pro cliente. É claro que a intenção é orientá-lo e cativar também, afinal de contas a gente vive pra atendê-los. Então é uma ferramenta de trabalho, tanto advogado, engenheiro administrador, enfim, essas pessoas têm ido na loja com freqüência, ou pra aumentar a memória ou pra trocar o HD que já não ta atendendo, em alguns casos vai procurar uma máquina nova porque precisa de um desempenho melhor. Isso já é parte do dia-a-dia, não tem mais como você... É uma ferramenta do trabalho, assim como levavam bloco e caneta há algum tempo atrás, hoje eles levam notebook, pendrive, é mouse, apresentador, eles vão usar isso no dia-a-dia, não tem como fugir. Então acabam gostando também, porque facilita a vida. É uma forma de estar tudo a mão ali é uma coisa muito dinâmica, o que você não usa mais você apaga, o que você precisa você grava, enfim... Agora, lá na casa do notebook que isso pra mim é novo, eu estou tendo a oportunidade de ver isso lá na empresa, é que tem ido algumas mães pra corrigir o notebook do filho [risos] então além de ser uma ferramenta de b ele também faz parte do lazer da família. Teve uma criança que instalou um programa que baixou da internet, travou toda a máquina, a mãe estava desesperada, enfim. Então é uma realidade, não é um caso ou outro, é um caso que tem acontecido com freqüência. É bom porque a maioria das vezes a pessoa chega lá aflita sem saber porque embora faça parte da vida das pessoas elas usam como um usuário, elas e quando acontece um problema desse ela ainda não sabem como fazer, aí elas recorrem às empresas especializadas. E notebook, a casa do notebook eu acho que seria a referência maior, é aquilo que você falou, é um mercado novo, porque a informática já está com a gente há algumas décadas, agora o notebook, o pc portátil ainda não são todas as pessoas que têm a possibilidade de comprar, ou mesmo porque o notebook é uma coisa pessoal, um computador às vezes é usado pela família, o notebook normalmente é usado por aquela pessoa, pelo profissional, ou pelo adolescente que usa pra fazer pesquisa na internet, então hoje em dia a gente tem muita procura, inclusive às vezes de garotinho mesmo, de oito ou nove anos chega lá e fala "escuta, você tem o notebook dessa marca desse modelo" ele sabe o que está falando, ele conhece, realmente o modelo realmente existe. Então na verdade ele já pesquisou, ele vai lá ele... é um produto que ele conhece, que ele tem afinidade, então você tem que estar preparado pra isso, porque modelos são lançados, assim, com muito dinamismo. Às vezes a diferença de um pro outro é uma diferença de quem a arquitetura, identifica com facilidade, agora o consumidor ele já "olha, eu quero com tanto de memória, hd de tanto..." Então já vai sabendo o que ele vai buscar. Aí dentro dessa aplicação a gente procura indicar a melhor máquina, custo benefício, o que vai atender plenamente, que ele não vai precisar gastar mais do que pretendia, então é aí que você tem que parar pra ouvir e perceber o que seria os detalhes, né? Que faz toda a diferença. Aí que o atendimento faz diferença. Uma casa especializada do que um grande magazine, que o vendedor que está lá é um vendedor, enfim, ele talvez não tenha tido um preparo, ele talvez não conheça o produto com tanto detalhe como deveria pra poder indicar.

P/2 - E você tocou nesse assunto de um adolescente que chega na loja... Como você vê isso? Essa nova geração que já nasce na frente do computador e já sabe tudo.

D - É, eu tenho dois filhos. Hoje em dia já estão formados, um deles fez engenharia e o outro administração. Então eu pude participar muito ativamente dessa geração. Não só com computador, mas qualquer coisa, até o controle remoto da televisão, que eu levava algum tempo pra entender, pra eles é uma coisa natural, porque o mundo é outro, né? Eles aprendem isso desde muito pequenininho. Então eu acho... talvez até eu busque um termo um pouco pesado, mas eu acho te que é uma evolução. É uma ferramenta que é uma máquina que veio pra ajudá-los e se souberem como usar vai ajudar muito, e é claro, eles vão ter que tirar muito proveito disso. Eu acho muito bom, principalmente as crianças que entram lá perguntando às vezes eu até pergunto bastante pra ter a oportunidade de saber até onde eles vão, porque às vezes foi o pai que mandou falar isso. "Escuta, pra que você vai usar, pra que que você precisa?", "Eu vou precisar disso por conta de..." Quer dizer, eles realmente dominam é uma coisa muito natural pra eles. Mas eu acho isso muito bom, faz parte da vida deles, eles não vão ter o mesmo tempo que a gente, o mundo deles é um mundo muito dinâmico, eles vão ter que aprender a lidar com essa tecnologia e eu acho que eles estão no caminho, eles estão indo muito bem.

P/2 - Como você vê o impacto disso para o comércio?

D - Olha, eu acho que o comércio já teve tempo de se ajustar. Eu lembro que uma vez eu trabalhei num sindicato, eu precisei comprar um computador eu fiz cotações em não sei quantas lojas, eram informações que desencontravam, na ocasião, eu também não tinha uma experiência nisso, então foi uma coisa muito difícil. Hoje em dia, quando é pedido uma cotação pra minha loja o comprador já em a especificação. Então eu acho que o comércio já teve esse tempo de ajuste. Hoje em dia o comércio responde de acordo com a expectativa do consumidor, ou pelo menos está trabalhando em cima disso. Então, por exemplo, assistência técnica mesmo, num prazo de 48 horas nós damos retorno de qual é o problema da máquina e propomos uma solução. Às vezes a demora é do cliente autorizar ou não esse serviço, mas o comércio... É claro que é produtividade, né? Quanto mais rápido ter o retorno maior também vai ser o teu rendimento, enfim, eu acho que o comércio está no caminho.

P/1 - Você falou que ocorre agora essa transformação. Não é mais só, o notebook, não é uma coisa mais só do advogado ou só do engenheiro, ou só pro jurista etc e tal. Você acha que ele vai se popularizar mesmo?

D - Olha, eu... Assim, pelo meio que eu vivo de dificuldades dos meus irmãos, meu irmão trabalha ele tem um negócio próprio, ele presta serviços, outro dia ele me ligou e falou "olha Carla, vê pra mim quanto é que está saindo um notebook porque eu preciso, com rede wireless, eu preciso desse retorno pros meus clientes". Então é... E ele trabalha, ele tem uma empresa de mecânica de empilhadeira que eu nunca imaginei eu nunca ofereceria um notebook pra ele. Mas ele usa o computador da empresa, mas é o seguinte, o computador, às vezes, ele vai ter acesso no final do dia, quando ele chega na empresa. Ele está na rua na maior parte do tempo, então o notebook vai estar com ele ali, é uma coisa dinâmica, é como se fosse um bip antigamente, ele tem como verificar cotação de peças, de mandar um e-mail. É uma coisa que eu acho que não tem volta, as pessoas... Criou-se essa necessidade. Então você liga pra uma loja, você fica impaciente, você precisa do retorno deles pra dali a alguns minutos, então a loja vai ter que se virar pra te dar esse retorno, você entendeu? Então faz parte da necessidade. Computador é ótimo, mas você não pode andar com um PC, você não pode andar com uma CPU debaixo do braço. Então você está com o notebook ali, às vezes você tem carregador que você conecta no seu carro mesmo se você está sem bateria, enfim... Eu acho que ele facilita muito, ele te dá uma série de possibilidades. Você está em contato com o seu negócio em tempo real, quase, eu acho interessante isso e hoje em dia quem é que pode se dar ao luxo de demorar pra responder a um cliente ou um professor demorar pra responder a dúvida de um aluno, é uma coisa que eu acho que é só... Acredito até que vai ser um produto mais divulgado, assim como o computador, o PC é hoje em dia. Isso vai, tomara que diminuir os preços pra ser uma coisa mais popular, mais ao alcance de todo mundo, mas a tendência é essa, eu não vejo de outra forma.

P1 - Você acha que dessa forma ocorre uma transformação social através da informática?

D - É, eu acho que essa transformação já aconteceu, ela já é uma realidade. Hoje em dia, relacionamento é através de sites de relacionamento, às vezes eu mesmo já li livro no computador, às vezes quero ouvir a música de um cantor de minha preferência, entro no site... Eu acho que faz parte, todo e qualquer negócio tem essa parte de tecnologia, de informática, às vezes é uma banca pequena de um produto aí e você recebe o cartão da pessoa e já tem lá o site da pessoa, o e-mail, então eu acho que é uma realidade, não tem como você negar isso, o notebook é só uma ferramenta dessa realidade que já existe, é só um novo conceito de você ter a facilidade de pegar o computador que você precisa, por debaixo do braço e andar com ele por aí. Então é... E você vê que vão facilitando, o que tem de acessórios pra você conectar no seu notebook que aí você... Você entendeu? Aumenta aí suas possibilidades, pode se conectar, enfim, uma série de equipamentos que já vêm com o mesmo conector pra você plugar na sua máquina, então os fabricantes já perceberam essa realidade e eles lançam produtos, assim, com freqüência, é muita coisa nova chegando e claro, em cima disso tem toda uma pesquisa, tem todo um amadurecimento da idéia. Mas o notebook eu acho que é uma questão aí de tempo, não sei precisar quanto tempo, pra que ele seja... Faça parte mesmo de colocar na bolsa do teu filho que vai pro colégio, vai levar o notebook, vai fazer parte do aprendizado dele. É como se fosse uma cartilha. Eu acho que lápis, tabuada, essas coisas que aconteciam na minha época, acho que o notebook hoje em dia está...

P/1 - E como isso se articula na ação da própria loja? Porque querendo ou não um quitanda, você vende a fruta, você embala e ele leva, agora isso aí o próprio produto com que vocês trabalham está na realidade da loja. Como é que vocês articulam isso? Pra te contatar pra entrevista eu mandei um e-mail.

D - É, a gente recebe as consultas via e-mail, às vezes telefonema, e como nós estamos dentro de um shopping, o pessoal vai muito a loja, às vezes pra esclarecer dúvidas. Porque por e-mail normalmente a pessoa perde alguma informação e eu respondo ali, se fica alguma dúvida eu me coloco à disposição pra levar adiante, porque é diferente de você comprar um sapato. É um produto que requer um pouco mais de cuidado, tanto de quem compra quanto de quem vende. É claro que minha intenção é vender um bom produto praquela pessoa, praquela necessidade, então eu faço todo um caminho de procurar saber qual que vai ser a aplicação, quem que vai usar, enfim, pra indicar. Agora, existe também existem muito o contato telefônico, às vezes a gente faz a venda, normalmente quem faz a compra a especificação desse produto é uma pessoa que já está preparada pra isso, já conhece, principalmente quando se trata de uma empresa, aí a gente, dentro do que ele está me pedindo eu ofereço algumas opções, e aí a gente dá aquele suporte pós-venda, liga pra saber "olha, já está em funcionamento? Como é que está indo? As suas expectativas em relação ao produto?" , então a gente faz esse acompanhamento. E às vezes nesse acompanhamento você fica sabendo de um novo projeto que vai mover um outro equipamento, enfim. Agora quando é uma pessoa física, alguém como um profissional liberal ou um adolescente mesmo, que eles gostam muito, né? Vão até lá, explicam as suas necessidades, eles normalmente gostam de ir lá pra pôr a mão, enfim, pra testar ali pra testar o equipamento, pra ver, em alguns casos a carcaça do notebook vem com uma cor diferente, eles gostam disso, desse processo de compra, né? Então tem casos e casos às vezes a empresa, quanto mais rápido você for, mais objetivo, melhor pra eles. Quando é uma pessoa, gosta muito de estar ali com você esclarecendo uma série de dúvidas então a gente procura estar preparado pros dois casos.

P/1 - Você trabalha numa loja de shopping, e também você já atendeu numa loja de bairro. Como você essa diferença do comércio do shopping com o comércio de bairro?

D - olha, pra mim basicamente as pessoas são as mesmas. Assim, é a mesma essência, a pessoa vai querer um bom atendimento, espera de você um bom produto, espera de você objetividade, enfim. São produtos diferentes e o público também é diferente, mas a forma de lidar com esse público não... Você entendeu? Nos dois casos você tem que conhecer bem o seu produto, você tem que também, nos dois casos a necessidade do seu cliente e tentar passar pra ele da forma mais, eu acho que mais clara possível, é claro que se você está falando com alguém, um analista de sistemas, os termos que você vai usar é um, se você está falando com a mãe de um adolescente ela não conhece aqueles mesmos termos, então a linguagem é uma outra, mas eu acho que é importante nos dois casos você esclarecer as dúvidas desse cliente e alguma coisa que ele talvez não tenha perguntado mas é importante que ele saiba você, naquela oportunidade, passar pra ele. Então embora sejauma loja de uma shopping e um produto de tecnologia, o cuidado que eu tenho com os clientes lá da loja da casa do notebook eu procuro que seja exatamente o mesmo cuidado que eu tinha com as clientes da minha loja na ocasião que eu vendia confecção, então... É claro, adequando o teu vocabulário, o tratamento... Mas é basicamente a mesma coisa.

P/1 - Qual que é a maior demanda dos compradores da loja que você trabalha?

D - Olha, eles... A casa do notebook muito embora a gente trabalhe com vendas, a gente vende tanto equipamento quanto acessórios, ali o carro-chefe ali é assistência técnica, é alguém que já possui equipamento e leva lá pra corrigir um erro ou pra aumentar, fazer um upgrade nessa máquina, enfim, aumentar... Então na maioria das vezes eles me pedem um aumento de memória. Os programas cada vez mais pedem uma memória maior das máquinas e foi aquilo que a gente comentou, informática é muito rápido, de repente uma máquina muito poderosa hoje daqui um ano é uma máquina mediana. Então eles vão lá justamente pra incrementar, pra aumentar a memória. Aí você vende memória, faz a instalação, orienta o cliente nessa área. Agora, no que diz respeito a acessórios é mouse, apresentador pra professores, pra pessoas que dão palestras, vão buscar demais, vende-se muito isso. Pen drive... Pen drive é um produto que tem uma procura muito grande. E é assim, é um giga, dois gigas saía até dois meses atrás. Hoje em dia é quatro gigas e pedem maiores. Então é tudo muito dinâmico, as coisas lá têm que ser compradas com clareza, porque não devem sobrar, são coisas que vão ser vendidas ali naquela ocasião.

P/1 - E sobra?

D - Não, não. Nós temos a facilidade também, são cinco lojas, então de de repente eu to precisando de alguma coisa eu ligo ela fala "fulano, você tem?", "Tenho", "eu to passando praí", então as coisas têm essa facilidade, das lojas se comunicarem. E é muito dinâmico também, coloca pra mim amanhã... Hoje, amanhã de manhã está na loja, então facilita bem. Mas lá assistência técnica é o que manda, seria assim acho que 70% do nosso movimento é assistência técnica.

P/1 - Assim, querendo ou não, a sua trajetória pessoa teve relacionada ao comércio, de uma forma ou de outra.

D - Isso.

P/1 - Duas vivências diferentes. Você se constituiu trabalhando no comércio, vendendo, atendendo, como funcionária e como proprietária. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou tanto de um lado quanto de outro?

D - Olha, como proprietária é aqueles desafios que já são conhecidos. De você se programar dentro dos seus recursos a necessidade da loja. Tive dificuldade também com recebimento, algumas pessoas não me pagaram no prazo devido, isso gera custo, enfim. Era uma empresa muito pequena, então tinha que ser tudo muito dosado pra que não acontecesse. Mas depois de algum tempo eu aprendi a lidar melhor com essa situação, eu aprendi a negociar melhor com os fornecedores, assim, apanhei um pouco no começo, mas eu acabei me ajustando aí à realidade. Agora, como empregada, não foi só na casa do notebook, eu trabalhei numa empresa bastante... É uma empresa aqui de Campinas bastante conhecida, era um material específico que era sistemas de energia. No-breaks, geradores, estabilizadores, então a gente tinha um treinamento com relação a eletricidade, energia, um treinamento... Eles foram muito bacanas nisso, eles deram um suporte muito bom pra essa equipe de vendas, mas é claro, você tem as suas limitações, às vezes o empregado tem um valor x pra gastar e o projeto dele fica um valor x ao quadrado, por exemplo, então você tentar ajustar essa necessidade, a expectativa dele, com a verba que ele tem, no caso dessa outra empresa também era muita pessoa jurídica, era muita empresa que eles trabalham com aquela programação feita um ano antes. Então às vezes a vontade que você tem de resolver a situação e você já não tem essa autonomia, tem algumas coisas que fogem do seu controle. Isso, a princípio me gerava uma certa frustração, às vezes eu ficava meio chateada de não poder fechar ou de não poder oferecer pra ele a, enfim, a solução que ele pretendia e tentava contornar. Às vezes dava certo, não era sempre. E isso eu acho que faz parte, hoje em dia eu trabalho melhor com isso. Então eu sei que a empresa assim como aquela pessoa também tem suas expectativas, tem suas necessidades, é uma receite, enfim, você está trabalhando, você depende desse valor. Então hoje em dia eu procuro... Isso já não me afeta tanto eu me esforço muito pra resolver, mas é uma coisa que de repente, "olha, não foi possível", então eu procuro lidar melhor com essa situação, tá?

P/1 - Novamente puxando o gancho, de você ter vivido nessas duas esferas, como você percebe o comércio de Campinas hoje?

D - Olha, É assim, um pouco complicado.Eu acho que campinas é uma cidade que tem aí uma renda per capita alta, quer dizer, eu acho não, eu sei disso porque isso inclusive consta em algumas pesquisas. Então, eu acho que aqui Campinas é uma cidade que oferece boas oportunidades então tem muita gente bem empregada, que tem possibilidade de investir na formação que... Eu acho que Campinas ainda tem muito o que crescer, tem muito o que fazer, tem muito... Tem muito o que trabalhar, eu acho que tem... Nós temos aí shoppings grandes que se você vai em horários distintos você vê que tem sempre muita gente dentro. Então mesmo algumas lojas tradicionais aí, alguns restaurantes que às vezes você não consegue entrar por nada. Então eu acho que tem muito o que abrir, tem muito espaço ainda, tem muita gente que pode chegar que Campinas comporta isso, o Campineiro vai dar um retorno bacana, mas é claro, exige tempo, investimento, seriedade, né? Então o pessoal... Eu acho que o consumidor, de uma forma geral, está ficando mais exigente, ele está ficando mais conhecedor dos direitos dele, tem um apoio maior, ele está mais exigente e isso eu acho que é muito bom, todo mundo ganha com isso, até a empresa que às vezes tem aí que se ajustar, ela acaba se refinando, acaba ficando uma empresa melhor. Eu acho que Campinas ainda vai ter muito o que fazer, eu acho que tem uma série aí de comércios que pode ser melhor explorado, eu acho que tanto venda de produto, venda de serviço, eu acho que a cidade merece, a população daqui merece.

P/1 - E quais as maiores lições que você tirou dessa vivência toda no comércio?

D - Olha, foram tantas, viu? Eu acho que pra mim a maior é que você sempre pode melhorar. Sabe? Às vezes eu procuro ler sobre os produtos fiz alguns cursos aí na área de vendas, técnicas comerciais, atendimento e tal, mas longe de mim dizer que eu estou pronta, eu estou aprendendo eu acho que você sempre pode melhorar em qualquer aspecto, você pode ser um comerciário melhor, você pode ser um empresário melhor, sua loja pode ser melhor do que é, isso daí.. Você tem que partir desse princípio, que você não é bom o bastante, você está a caminho disso, você está procurando. Acho também que hoje em dia, principalmente hoje em dia, todo mundo com muita pressa, muita pressão, muito stress, às vezes, não tem cliente difícil, às vezes a situação é difícil. Às vezes, por qualquer motivo, em algum lugar o elo quebrou e enfim, o cliente está insatisfeito ali na hora, você vai ter que [_____] com muito jeito. O cliente é uma pessoa igual a você, então se você às vezes se colocar no lugar dele você vai saber exatamente o que fazer pra resolver a situação dele, ou pelo menos tentar. Isso eu tento passar pro pessoal lá da loja. Às vezes eu falo "olha gente, você não me ajuda porque essa situação assim a pessoa ficou estressada" ou então "O cara é estressado" eu falo "olha, talvez ele não seja, ele está naquele momento", né? Às vezes o ideal é você deixar falar, ouvir um pouco mais, isso eu tirei. E é aquela história, né? Tentar negociar. Porque eu acho que todo mundo leva vantagem com isso, a loja negocia com o fornecedor, o fornecedor negocia com a instituição financeira, o cliente negocia com a sua loja e é aquela ciranda, é uma relação em que um depende do outro. Então o negócio é você estar bem com o seu cliente, estar bem com o seu fornecedor, estar bem com o seu cliente interno, sabe? Está um pouco surrada mas eu acho que ainda vale: é aquela história do encantamento mesmo, você tentar ir além das expectativas, porque não é só mais uma loja ou só mais um vendedor, tem que ser a loja, o vendedor, tem que ser ali que faz a diferença mesmo. Produto tem aqui, tem ali, tem acolá, então a diferença pra nós pessoas está no trato com o cliente está no...

P/1 - O que você acha de o SESC ter investido nesse projeto de memória do comércio?

D - Olha eu achei muito interessante. Quando eu recebi ... Eu recebi o telefonema, depois eu recebi o e-mail om o ofício, com o projeto, enfim. Eu imprimmi e levei pra casa pra poder ler com calma, eu achei assim muito bacana, eu acho que é... Eu acho louvável até, Eu acho que é a oportunidade das pessoas que estão do outro lado do balcão falarem, eu acho que é a oportunidade de uma empresa, assim, mais de uma pessoa se manifestar, pelo que eu entedi são segmentos diferentes, né? Vocês vão estar com pessoas com visões diferentes. E você deixar isso registrado, isso documentado, porque isso é uma experiência muito boa, é um bate-papo com as pessoas que são de formação, de origem muito diferentes, você ter essa oportunidade é bom demais se você poder registrar isso pra que muitas pessoas tenham essa oportunidade eu acho que é muito bom, eu acho que é um caminho, eu não sei qual que seria se a longo ou curto prazo vai ter algum reflexo na maneira das pessoas verem, mas eu acho que a tentativa é muito válida. Eu gostei, me simpatizei muito com o projeto.

P/1 - Nessa vivência toda sua dentro do comércio, tanto lá no seu passado como no momento atual, teve algum momento em que você passou uma experiência inusitada?

D - Olha, uma vez até foi numa empresa de telecom, uma empresa que montou uma central de atendimento aqui em Campinas e eu fui trabalhar lá. E eu trabalhava na parte que dava suporte ao cliente, quando alguma coisa não está de acordo e esse cliente está com algum problema passavam para o meu departamento. [_____] E aí lá, essa empresa é o seguinte, eles vendiam a linha, né, o uso da linha, só que a instalação dessa linha, porque embora fosse um telefone fixo, era uma... como se fosse uma transmissão via celular, uma telefonia móvel, só que era um número fixo que ficaria na casa da pessoa. E a instalação ia depender, é claro, da qualidade do sinal na casa do comprador. Então ia um técnico da empresa, ele fazia toda essa apuração ele fazia a avaliação pra ver a qualidade do sinal, e estando ok ele deixava a máquina lá. Acontece que uma senhora na ocasião, morava em São Paulo, comprou esse transmissor, que era uma estação de transmissão do sinal e depois ela se mudou e levou esse transmissor com ela sem que isso fosse permitido, existia um contrato e isso era uma cláusula do contrato. Ela teria que ter devolvido, seria mandado um outro transmissor e testaria novamente a qualidade do sinal, enfim. Era assim que funcionava. Mas eu não sei, ela talvez não tenha, por ignorância dela, ela levou esse transmissor, mudou para o outro bairro, que era uma zona de sombra, que nós chamamos, a transmissão ali não era boa, não tinha condição da linha funcionar perfeitamente lá, e ela ligou do telefone "olha, o que acontece é que o telefone, da minha casa não pega bem." E eu vi lá no identificador que ela estava falando do número dela, e eu falei "mas a senhora está falando como?" ela falou "olha, eu subi, eu estou no telhado da minha casa porque aqui eu consigo captar o sinal de vocês" era uma senhora, eu olhei a ficha dela ela tinha mais de 55 anos, eu fiquei imaginando a cena, eu fiquei preocupada eu falei se essa mulher cai lá de cima sentada com esse transmissor no colo falando com a gente, pedidndo auxílio. Na hora eu fiquei sem saber falei "olha, melhor coisa, a senhora desce daí, me dá um telefone eu ligo pra senhora a gente vai mandar um técnico na casa da senhora, mas por favor, com muito cuidado, a senhora desce daí". Eu saí lá da... até relatei isso pro supervisor, ele foi lá pra falar comigo eu falei "verdade, isso aconteceu de fato" e tanto é verdade que por coincidência passou um carro de um técnico nosso e viu a cena ele também fez um relatório, ele viu uma senhora sentada, era um lugar numa baixada em São Paulo, eu não me lembro agora qual que era a região dela, e ela sentadinha lá em cima com o telefone no colo e todos os vizinhos embaixo, foi uma situação muito diferente. Acho que foi única, e acho que marcou né? Eu fiquei muito preocupada, mas depois que eu soube que ela desceu e que estava... Eu achei engraçado. Eu falei olha, é ingenuidade dela, ligar do... Aí foi retirado aquele telefone, infelizmente lá da casa dela não era possível. Mas...

P/1 - Fica a história, né?

D - É, fica a história.

P/1 - Uma história que é boa, por sinal. E o que você achou de dar essa entrevista?

D - Ah, eu gostei bastante, eu achei muito bacana. Ter a oportunidade de falar de pessoas que eu admiro muito, no caso meu avô, minha mãe, minha família, de oportunidades que aconteceram na minha família que eu acho muito interessante que... algumas coisas que eu aprendia aí ao longo da caminhada, de falar também da loja que eu estou lá e agora que é uma realidade nova pra mim, mas eu estou com muita expectativa, eu estou acreditando muito, eu vou batalhar muito pra que, enfim, para que o que a gente projetou seja realmente conquistado, né? E conhecer vocês, conhecer o projeto, eu achei muito interessante, muito bacana. Vocês estão de parabéns.

P/1 - Obrigado, era isso.

D - Obrigada.