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História
Por: Museu da Pessoa, 20 de maio de 2014

Com a palha, Geronisse tece seu amanhã

Esta história contém:

Com a palha, Geronisse tece seu amanhã

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Meu nome, Geronisse Luciano dos Santos. Nasci na Fazenda Urubu, que hoje é Povoado Vila Nova, Biritinga, Bahia, em trinta de março de 1966.

O meu pai era lavrador. Minha mãe era lavradora, também era fateira, ela tratava fato de boi, saía daqui de madrugada, ia pra Pataíba tratar fato de boi pra poder sobreviver, porque ela não pegava o dinheiro, mas pegava o fato pra trazer pra gente comer, que não tinha muita comida. Minha mãe era uma mulher muito batalhadora, trabalhava muito! Ela pegava pinha, ia vender com o balaio na cabeça, ela trabalhava pra dar comida à gente.

Trabalhamos muito! A gente trabalhava na mandioca, raspando mandioca, arrancando, plantando, feijão também plantava, era muito trabalho, na molhada de fumo. Ia pra roça de manhã, saía 11 horas, correndo pra poder tomar banho pra ir pra escola de tarde, e o sol terrível, a areia, misericórdia, que dava no joelho. Eu saí pra trabalhar com 14 anos numa firma chamada Celulosa. Eu cortava sisal, passei oito meses lá no corte de sisal. Ah, foi horrível, tinha que ter a faca muito afiada, muito amolada, às vezes furava, era muito estrepe dos espinhos do sisal. Depois eu fui pra Salvador.

A gente trabalhava e também brincava. Os nossos pais deixavam a gente brincar e às vezes, quando a gente não queria trabalhar no pesado, eles deixavam brincar, tempo de lua bonita a gente brincava bastante, de cantar roda. Então a gente aproveitou o máximo, não aproveitou o máximo, porque tinha que sair pra trabalhar. Mas até com 19 anos eu brincava com boneca e até hoje eu gosto de boneca.

Achava tão legal [a escola], a gente chorava quando do encerramento, que ia fechar um mês de férias, não ia ter aquele estudo, tabuada, que era muito bom, ao mesmo tempo era muito ruim porque tomava uma tora, mas era legal. Eu achava que era um jeito da gente se distrair, contar, fazendo menos na roça. A roça era um trabalho terrível, e na escola não, era pra estudar, pra brincar ao...

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Plano Anual de Atividades 2013 - Pronac 128.976 - Whirlpool

Depoimento de Geronisse Luciano dos Santos

Entrevistada por Márcia Trezza e Eliete Pereira

Biritinga, 20 de maio de 2014

WHLP_HV032_Geronisse Luciano dos Santos

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Claudia Lucena

P/1 – Geronisse, a gente vai começar a entrevista, pra começar fala o seu nome completo.

R – Meu nome é Geronisse Luciano dos Santos.

P/1 – Você nasceu onde?

R – Nasci na Fazenda Urubu, que hoje é Povoado Vila Nova.

P/1 – Qual cidade?

R – Biritinga.

P/1 – Fica aonde essa cidade, que estado?

R – Bahia.

P/1 – Qual a data do seu nascimento?

R – Trinta de março de 1966.

P/1 – Qual o nome dos seus pais?

R – O nome do meu pai era Olegário Luciano dos Santos e minha mãe era Maria dos Reis Luciano dos Santos.

P/1 – Qual a atividade do seu pai, Geri?

R – Ele era lavrador, ele trabalhava na roça, plantando feijão, manaíba, milho e amendoim.

P/1 – Ele foi lavrador sempre, a vida toda?

R – Toda vida foi lavrador.

P/1 – E sua mãe?

R – Também.

P/1 – Também a vida toda?

R – É. Minha mãe era lavradora, também ela era fateira, ela tratava fato de boi, ela saía daqui de madrugada, ia pra Pataíba tratar fato de boi pra poder sobreviver, porque ela não pegava o dinheiro, mas pegava o fato pra ela trazer pra gente comer, que não tinha comida muito. Ela tratava o fato mais outras amigas e trazia quilo de fato pra gente no domingo.

P/1 – O que era tratar boi dessa forma?

R – Era: o povo matava o boi e o fato ela pegava, tirava as sujeiras de dentro, virava com alguma talisca e botava pra ferver, aí depois de fervido lavava, depois recortava e ia pra o mercado vender. O que sobrava ela trazia pra casa pra gente comer assado ou cozido (risos).

P/1 – Do boi era mais essa parte que ela cuidava?

R – É.

P/1 – Tinha um nome para as mulheres que faziam isso?

R – Chamava fateira.

P/1 – Você disse que ela ia que...

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