Meu nome é Wilson Rogério Pimentel Teixeira, nascido em 01 de janeiro de 1973, em São José do Rio Preto. Meus pais são Wilson Freitas Teixeira e Geni Pimentel Teixeira. Meu avô paterno tinha um comércio em Planalto, e meu avô materno era motorista de uma linha de ônibus escolar regional, que saía de Rio Preto para aquela região de Nova Itapirema, tudo aqui em volta.
Eu nasci aqui em Rio Preto, mas mudei pra Planalto quando tinha oito anos, porque meu pai comprou uma padaria lá. E era uma cidadezinha pequena, todo mundo se conhecia, as crianças brincavam todas juntas. Era bolinha de gude, guerra de mamona, estilingue, corrida, esconde-esconde, era uma diversão. Não via a hora de ir para a rua, e não queria nem ir para a escola. O negócio era brincar – escola e brincar. Era muito bom. Aí eu só fui começar a trabalhar quando a gente se mudou pra Campinas. De Planalto, nós voltamos para Rio Preto, pois meu pai teve uma casa de carnes na Rua Saldanha Marinho, mas quando eu tinha 15 anos, ele arrendou um açougue em Campinas, de um primo dele. Foi lá que eu aprendi a ser açougueiro. Ficamos por cinco anos lá, de 1985 a 1990.
Na época da escola, eu não tinha vocação para essas coisas de comércio, não. Eu tinha ideia de ser um guarda florestal, quando eu era criança. Mas foi mais na marra mesmo, pois meu pai me pegava: “Vem pra cá, vem pra cá, me ajuda”. E eu ia lá aos pouquinhos, ajudava, e aí eu fui pegando gosto. Comecei a ir lá no caixa, começava a olhar, e foi lá que eu me destaquei na desossa de carne. Eu achava aquilo legal e aprendi. Minha primeira função em açougue foi desossa de carne. Sou um desossador. Mas tem muitas outras funções: desossador, balconista, ajudante, auxiliar. Tem pessoa que só monta a vitrine, é vitrinista, tem produção, faxina, caixa, entrega...
Mas o que mais me atraiu na desossa foi um desossador lá na época, em Campinas. O cara era...
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Meu nome é Wilson Rogério Pimentel Teixeira, nascido em 01 de janeiro de 1973, em São José do Rio Preto. Meus pais são Wilson Freitas Teixeira e Geni Pimentel Teixeira. Meu avô paterno tinha um comércio em Planalto, e meu avô materno era motorista de uma linha de ônibus escolar regional, que saía de Rio Preto para aquela região de Nova Itapirema, tudo aqui em volta.
Eu nasci aqui em Rio Preto, mas mudei pra Planalto quando tinha oito anos, porque meu pai comprou uma padaria lá. E era uma cidadezinha pequena, todo mundo se conhecia, as crianças brincavam todas juntas. Era bolinha de gude, guerra de mamona, estilingue, corrida, esconde-esconde, era uma diversão. Não via a hora de ir para a rua, e não queria nem ir para a escola. O negócio era brincar – escola e brincar. Era muito bom. Aí eu só fui começar a trabalhar quando a gente se mudou pra Campinas. De Planalto, nós voltamos para Rio Preto, pois meu pai teve uma casa de carnes na Rua Saldanha Marinho, mas quando eu tinha 15 anos, ele arrendou um açougue em Campinas, de um primo dele. Foi lá que eu aprendi a ser açougueiro. Ficamos por cinco anos lá, de 1985 a 1990.
Na época da escola, eu não tinha vocação para essas coisas de comércio, não. Eu tinha ideia de ser um guarda florestal, quando eu era criança. Mas foi mais na marra mesmo, pois meu pai me pegava: “Vem pra cá, vem pra cá, me ajuda”. E eu ia lá aos pouquinhos, ajudava, e aí eu fui pegando gosto. Comecei a ir lá no caixa, começava a olhar, e foi lá que eu me destaquei na desossa de carne. Eu achava aquilo legal e aprendi. Minha primeira função em açougue foi desossa de carne. Sou um desossador. Mas tem muitas outras funções: desossador, balconista, ajudante, auxiliar. Tem pessoa que só monta a vitrine, é vitrinista, tem produção, faxina, caixa, entrega...
Mas o que mais me atraiu na desossa foi um desossador lá na época, em Campinas. O cara era muito bom, era muito requisitado pelos açougues. Ele era o Pelé da desossa. E o jeito de ele amolar a faca, o jeito de ele desossar, tudo aquilo foi me encantando. O osso dele saia bem limpinho. Ele teve paciência e me ensinou - eu era o único que podia pôr a mão na faca dele. Ele me ensinou a amolar, me ensinou a desossar. Existem três técnicas de desossa, e ele me ensinou a principal. Ele tinha o apelido de “Barretinho”, porque era de Barretos.
Mas em Campinas, o açougue era arrendado de um primo do meu pai. Até ele fez proposta para o meu pai, se ele queria ficar e tal. Mas lá em Campinas é uma vida muito agitada, quase que igual a São Paulo, e a gente não vivia, só trabalhava. Meu pai tinha uma propriedade em Planalto, um sítio, e ele queria ter esse tempo de olhar mais para o sítio. Aí nós viemos embora.
Aqui em Rio Preto nós já temos um público diferente. E a gente trabalha de uma maneira diferente de todos os outros aqui. Meu pai bateu em cima de qualidade, e hoje nós somos afamados aqui em Rio Preto, somos uma das mais caras de Rio Preto ou região. A gente tem essa fama. Só que também tem a fama da melhor carne. Você vem aqui no açougue, e o que você quiser eu faço com a carne, mas isso tem um custo. Aqui no meu açougue você leva o meio, a ponta, você leva o que você quiser. Só que isso tem um custo, entendeu? Aí ele priorizou isso aí. Ele priorizou em cima da qualidade, do atendimento, e a gente seguiu essa linha até hoje.
Nós começamos no meio do quarteirão, na mesma rua. Depois de três anos, viemos mais para a esquina, porque o meu pai sempre quis - fala que esquina é o melhor ponto que tem na rua. Aí, automaticamente, de três novilhos nós já fomos vender seis.
E aqui no interior, em Rio Preto, é diferente. Em Campinas é só boi, mas aqui é só novilha. Além da novilha, o porco, o frango e o carneiro. Teve uma época em que a gente tentou mexer com carne exótica: jacaré, avestruz... mas não teve público. E durante todo esse tempo, eu também aprendi a tirar couro, tirar miúdos, serrar. Eu só não era bom para matar. Eu acho que eu batia com dó, e ele não morria. Então, o meu tio tinha que ir lá e me ajudar. Mas os que eu batia lá não morriam de jeito nenhum, pois acho que eu batia com dó, e não pode bater com dó.
Meu pai sempre falava que o açougue faz milagre, porque a gente paga um “x” na carne, mas tem vários tipos de carne, vários tipos de preços, e ela tem que se pagar. Para você ter uma ideia, a picanha custa para nós o mesmo custo que uma costela. O custo dela é o mesmo, de 20 reais o quilo. Aí você fala: “Pô, mas você vende a picanha a 89 reais, você ganha um monte de dinheiro em cima”. Mas a picanha vem um por cento no peso do boi, a costela vem 20. Entendeu a diferença? Então, o açougue é um negócio muito difícil, não é qualquer um que toca açougue. Não é assim: “Ah, eu vou comprar uma franquia de açougue”. Por que franquia de açougue não dá certo? Porque tem que ser nascido e criado ali dentro, e se você não souber, a carne vai estragar. Se você não souber armazená-la, ela vai estragar. Se você não souber receber esse produto, ela vai estragar, você tem que saber. Eu entro no caminhão que chega aí, eu abro a porta dele e entro lá dentro. Eu sei se a carne é de confinamento ou não, pelo cheiro. Eu cheiro: “Não, essa aqui eu não quero”. Porque eu sei que o meu cliente vai levar para casa, vai comer o bife e vai mandar de volta.
Eu sou um apreciador de carne. Eu gosto de comer todas as carnes, de sentir todos os sabores. Você me dá um pedaço de carne, e eu sei que tipo de carne é aquela. Depende do jeito que está cortada, dificilmente me engana - e até mesmo no sabor dela. Por exemplo: picanha é gordura. Porque o pessoal colocou na cabeça que picanha tem que ser um quilo. Como que uma picanha de uma novilha de dez arrobas e um boi de 20 arrobas vão ser iguais? Não pode ser o mesmo tamanho. Pelo menos o dobro, porque em um boi de 300 quilos, um por cento do peso dele dá três quilos. Como ele tem duas picanhas, então tem que ser uma picanha de um quilo e meio. Um gado de 200 quilos, um por cento são dois quilos, e como são duas picanhas, é um quilo.
Aqui na região tem alguns frigoríficos. Tem frigorífico que tem cinco vendedores, e os cinco vendedores dele ligam para mim. Então, eles chamam o nome de tachista. Eu tenho doze tachista que vendem para mim, que ficam me ligando, ficam me oferecendo carne. Aí, hoje, com o whatsapp, o pessoal manda fotos, manda filmagem. Hoje está bem legal para comprar, pois eu não preciso mais ir até o frigorífico. E tem aqueles que têm certa qualidade, mas tem aqueles que não têm. Tem uns que são mais caros, que você pode comprar lá, que não tem erro, porque o cara tem um padrão de carne. Mas aqui a gente gosta de comprar à vista, então é uma briga pra vender pra gente.
Olha, eu sou motociclista e viajo bem. Nos lugares aonde eu vou, eu costumo dar uma olhadinha pra saber como são os açougues na região, mas não tem muita diferença, não. No Rio Grande do Sul, eles trabalham mais carne com osso. E lá no Nordeste, eu andei em uns lugares que nem têm geladeira. Eles matam o boi, colocam a cabeça de vaca lá na frente do açougue, aí a freguesia sabe que tem carne fresca. Ele tem aquele dia para vender essa carne. Aí, o que sobrar, salga tudo e pendura nos varais. É diferente.
O nosso produto está personalizado. Essa caixinha que a gente tem, já faz muitos anos que nós trabalhamos com ela. A minha sobrinha, a Gabi, vem dando uma roupagem nela, bem diferente. Ela vem dando uma modernizada. Cada dia de Natal é um tipo de caixinha. Tinha o mês rosa, era rosa. O mês azul, ela era azul.
Nosso sonho é muito legal. Vai ser uma das casas de carnes mais bonitas do interior paulista. A gente está com um prédio aqui inacabado, onde já gastamos quase que 2 milhões de reais. Vai ter centro de treinamento de funcionários, vai ter uma formação para açougueiro - a gente tem essa dificuldade -, com palestras, com cursos. Tem uma cozinha industrial, e vai ter sala de desossa.
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