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História
Personagem: Antônia Nunes Café
Por: Museu da Pessoa, 1 de dezembro de 2007

Canto do povo de um lugar

Esta história contém:

Canto do povo de um lugar

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Sempre, toda vida, eu fui terrível. Toda vida, eu fui assim, eu nunca levei desaforo para casa. E estou com essa idade que estou, eu nunca bati e nem nunca apanhei, mas também nunca tive medo de ninguém, de homem nenhum, nem de mulher nenhuma. Nunca tive medo. Por causa disso, me botaram o apelido de Antônia Fogo. E, por Antônia Fogo, eu vou morrer, porque o meu nome é Antônia Nunes Café e botaram o apelido de Antônia Fogo e por isso ficou. Que até de São Paulo vem carta minha sobrescrito Antônia Fogo.

Meus pais nasceram no Piauí, numa cidade chamada Canindé. Eles vieram para cá em 33. A seca foi muito grande no Piauí na época, e eles casadinhos novos, com três filhos. Atravessaram esse mundo a pé, com esses filhos nas costas. É, um no braço, outro nas costas. Sacolinha com as bolsinhas nas costas. Eu não sei nem quantos dias eles passaram até quando eles chegaram aqui em Pau a Pique. Quando chegou em Pau a Pique, ele era muito trabalhador, que ele trabalhava de roça, começou a trabalhar e começou a criar os filhos, começaram a chegar mais filhos. Eu mesma nasci aqui no município, Pau a Pique.

Eu nasci em 39. Morava num sitiozinho, carregando de tão longe água salgada, sofrendo no sol quente. A gente carregando água para sobreviver, criando bode, plantando roça, criando galinha. E a gente viveu um tempo até que a gente ficou moça na época. A gente morava na estrada de Pau a Pique. A gente achava tão gostoso, uma casinha sozinha, sem luz sem nada, mas a gente achava, moça, rapaz, achava tão gostoso aquilo ali. E depois a gente casou, cada quem foi embora para os seus lugares.

Quando eu me casei, meu esposo era da Barra da Cruz, eu fui embora para Barra da Cruz. Passei o quê? Uns 20 anos morando lá. Maravilhoso, beira do rio, os ilhotes lá, a gente atravessava um rio para ir plantar. Era meio mundo de feijão de arranca, abóbora, melancia, milho-verde. Naquele ilhote. A gente passava a seca toda. Quando o rio enchia, a...

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Projeto Memória dos Brasileiros

Depoimento de Antônia Nunes Café (Antônia Fogo)

Entrevistada por Antônia Castro e Winny Choe

Barra da Cruz, 01/12/2007

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista número MB_HV082

Transcrito por Vanuza Ramos

Revisado por Viviane Aguiar

Publicado em 05/02/2009

P1 – Dona Antônia, vou pedir para a senhora falar o nome inteiro.

R – Antônia Nunes Café.

P1 – Onde a senhora nasceu?

R – Eu nasci em Pau a Pique.

P1 – Qual era o nome do pai e da mãe da senhora?

R – Manoel Ribeiro da Silva e Maria Nunes.

P1 – Onde eles nasceram?

R – No Piauí, numa cidade chamada Canindé.

P1 – Como eles vieram para cá?

R – Eles vieram para cá em 33. A seca foi muito grande no Piauí na época, e eles casadinhos novos, com três filhos. Atravessaram esse mundo a pé, com esses filhos nas costas. É, um no braço, outro nas costas. Sacolinha com as bolsinhas nas costas. Eu não sei nem quantos dias eles passaram até quando eles chegaram aqui em Pau a Pique. Quando chegou em Pau a Pique, ele era muito trabalhador, que ele trabalhava de roça, começou trabalhar e começou a criar os filhos, começaram a chegar mais filhos. Eu mesma nasci aqui no município. E, graças a Deus, vim ver o mundo. Ele morreu com 60 e poucos anos. Mas deixou os filhos criados. E depois a velha morreu também, e nós ficamos. Cada quem se casou, cada quem procurou o seu destino. E hoje não estamos reunidos porque essa barragem foi uma tragédia na vida da gente. Hoje, nós estamos tudo separados, mas a gente fica sabendo notícias um do outro, que estamos vivendo até hoje.

P1 – Quantos irmãos a senhora tem?

R – Eu tinha nove irmãos.

P1 – Quando a senhora nasceu?

R – Quando eu nasci? Eu nasci em 39, nasci. Daí para cá, nasceram mais uns três ou quatro irmãos mais novos. Nasceram, e a gente ficou trabalhando. Morava num sitiozinho, carregando de tão longe água salgada, sofrendo no sol quente. A gente carregando...

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Título: Canto do povo de um lugar

Data: 1 de dezembro de 2007

Local de produção: Barra Da Cruz

Personagem: Antônia Nunes Café
Autor: Museu da Pessoa

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