Até cair a ficha
Desde pequena Iara ouvia os conselhos de sua família. Seus pais queriam que ela tivesse um futuro promissor, com bons estudos e uma carreira profissional reconhecida. Na adolescência, mudou-se de Caxias do Sul e veio morar com a família em Porto Alegre. Aos 18 anos, após se formar no ensino médio, Iara decidiu fazer um curso técnico de informática. Na faculdade, optou por cursar engenharia mecânica. Formou-se aos 23 anos e então estava na hora de trabalhar em sua área.
Durante 23 anos, Iara trabalhou na área varejista, indústria de calçados e em duas metalúrgicas, exercendo a profissão em exatas e ganhando um bom salário. Levava uma vida normal, o trabalho lhe fornecia um ótimo sustento, mas ela já não gostava mais do que estava fazendo. Mantinha uma insatisfação na profissão em que exercia, pois não lhe trazia orgulho e nem felicidade.
Vendo os seus colegas serem despedidos e trocados por máquinas, Iara percebeu que ela e o os seus companheiros de trabalho eram apenas um número dentro da empresa. Desanimada e em dúvida sobre o seu futuro dentro da produção, resolveu jogar tudo para o alto e mudar sua vida radicalmente.
O voluntariado
Como muitos cidadãos, Iara passava todos os dias por pessoas em situação de rua, julgando-os sem saber o porquê de estarem ali. Tempos depois, começou a pensar diferente, vendo-os com outros olhos. Percebeu que aquilo estava errado e que eles eram seres humanos, porém não tiveram as mesmas oportunidades. Por uma decisão própria, seguiu seu coração, largou a área das exatas aos 46 anos e começou a somar na sua vida e na de outras pessoas ao tornar-se voluntária.
Como ideia inicial, comprou alguns computadores e junto com a sua vasta experiência em informática, apresentou e ensinou aos pobres como utilizar os aparelhos, que era algo desconhecido por eles. Pensando no ensino dos mais necessitados, Iara ia para locais de grande pobreza, querendo passar os seus...
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Até cair a ficha
Desde pequena Iara ouvia os conselhos de sua família. Seus pais queriam que ela tivesse um futuro promissor, com bons estudos e uma carreira profissional reconhecida. Na adolescência, mudou-se de Caxias do Sul e veio morar com a família em Porto Alegre. Aos 18 anos, após se formar no ensino médio, Iara decidiu fazer um curso técnico de informática. Na faculdade, optou por cursar engenharia mecânica. Formou-se aos 23 anos e então estava na hora de trabalhar em sua área.
Durante 23 anos, Iara trabalhou na área varejista, indústria de calçados e em duas metalúrgicas, exercendo a profissão em exatas e ganhando um bom salário. Levava uma vida normal, o trabalho lhe fornecia um ótimo sustento, mas ela já não gostava mais do que estava fazendo. Mantinha uma insatisfação na profissão em que exercia, pois não lhe trazia orgulho e nem felicidade.
Vendo os seus colegas serem despedidos e trocados por máquinas, Iara percebeu que ela e o os seus companheiros de trabalho eram apenas um número dentro da empresa. Desanimada e em dúvida sobre o seu futuro dentro da produção, resolveu jogar tudo para o alto e mudar sua vida radicalmente.
O voluntariado
Como muitos cidadãos, Iara passava todos os dias por pessoas em situação de rua, julgando-os sem saber o porquê de estarem ali. Tempos depois, começou a pensar diferente, vendo-os com outros olhos. Percebeu que aquilo estava errado e que eles eram seres humanos, porém não tiveram as mesmas oportunidades. Por uma decisão própria, seguiu seu coração, largou a área das exatas aos 46 anos e começou a somar na sua vida e na de outras pessoas ao tornar-se voluntária.
Como ideia inicial, comprou alguns computadores e junto com a sua vasta experiência em informática, apresentou e ensinou aos pobres como utilizar os aparelhos, que era algo desconhecido por eles. Pensando no ensino dos mais necessitados, Iara ia para locais de grande pobreza, querendo passar os seus ensinamentos e conselhos. Descobriu que grande parte dessas pessoas, mesmo morando perto, não conheciam pontos históricos e locais públicos da Capital Gaúcha, pois achavam que não poderiam entrar. Os comerciantes olhavam intimidando eles, como se fossem ladrões
Aos poucos, Iara mostrou a eles os diversos locais culturais de Porto Alegre, como a Biblioteca Municipal e o Mercado Público, na qual eles nunca tinham pensado em ir. Mostrou-lhes que lá também era o seu lugar.
Do voluntariado à criação de uma Associação
Iara trabalhou em uma equipe de voluntariados, que por dia ajudava em média 150 pessoas em situação de rua e moradores de zonas de pobreza, mas percebeu que ser somente voluntária era muito pouco. Havia um medo de que em algum momento ela precisasse cobrar deles aquilo que ela não tinha, faltaria dinheiro e passaria por dificuldades. Pensando em evoluir no voluntariado, começou a estudar políticas públicas e os direitos que as pessoas tinham para defender os necessitados.
Em 2004, junto com outros voluntários, ela criou uma Associação Cultural e Beneficente chamada “Ilê Mulher”, situada no bairro Floresta em Porto Alegre. A Associação trabalha com pessoas em situação de rua e defende os direitos humanos das mulheres. Proporcionando oficinas de rádio, biblioteca, uma sala digital, conforto e ajuda aos desfavorecidos. Iara realizou o seu sonho fazendo algo que ama e que além de fazer bem ao próximo faria a ela mesma.
Sua motivação para continuar com este trabalho é o reconhecimento que ganhou das pessoas carentes que ajudou e também poder prestigiar a felicidade estampada no rosto de cada um deles. A associação presta inúmeras assistências, realiza eventos de distribuição de alimentos, disponibiliza locais para se estabelecer e atrações culturais para os desprovidos.
A evolução dentro da Associação
Atualmente, aos 63 anos, Iara coordena a associação que fornece três abrigos para mulheres vítimas de violência, localizados nas cidades de Sapucaia do Sul, Canoas e Porto Alegre. Cada espaço possui uma equipe, contendo assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, entre outros profissionais. Também disponibilizam um local na capital gaúcha para a comunidade em situação de rua, que não tem um lugar para morar. "Eles não são moradores de rua, são pessoas em situação de rua, porque quem mora, mora em algum lugar", argumenta Iara da Rosa.
O maior problema que Iara enfrenta é não fazer parte, nem apoiar algum partido político, dificultando o auxílio da prefeitura em seus trabalhos de assistência social. Seu intuito é apenas fazer o bem ao próximo, principalmente aos necessitados, fornecendo um serviço gratuito. Tudo que ela faz na vida é seguindo a linha dos direitos humanos.
Iara não se vê em outro lugar além do que se encontra hoje. A ação que lhe deixou mais emocionada nessa caminhada, foi quando ela ajudou um homem carente a encontrar sua mãe, a qual ele pensava que não estava mais viva. A coordenadora da Ilê Mulher declarou estar cada dia mais feliz e realizada. Ela não sente nenhum arrependimento por ter largado a engenharia. Nessa nova etapa de vida Iara fez amizades, ajudou comunidades, descobriu histórias, transformou vidas e encontrou pessoas que ficarão ao seu lado para sempre.
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