0:00
P/1 - Me fala o seu nome completo, o local de nascimento e data por gentileza?
R - Luiz Eduardo de Souza Correia, 14 de Maio de 1973. E o que mais que você perguntou?
0:30
P/1 - A cidade?
R - Em Resende, no Estado do Rio.
0:35
P/1 - Por acaso, algum familiar seu te contou como foi o dia que você nasceu? Como é que foi a gestação?
R - A minha gestação foi um pouco atípica, porque eu tenho irmão gêmeo, idêntico. E eu acabei nascendo antes dele, 10 minutos. Eu abri caminho, ele escorregou.
1:09
P/1 - E o dia que você nasceu o seu pai e a sua mãe te contaram como é que foi, o hospital? Em que Hospital você nasceu?
R - Em uma maternidade aqui de Resende, hoje tá até maior, mas na época Resende era uma cidade pequena, hoje é uma cidade que está com 120 mil habitantes, mais ou menos, na época eu não sei direito quantos habitantes tinham, mas era pequena. Um lugar comum, um lugar simples, uma família muito, muito, simples. Meus pais vieram de Minas Gerais para cá, em busca de oportunidades melhores de vida. O meu pai veio de uma cidadezinha que é do lado de Itamonte, que chama Alagoa, hoje é conhecida como a capital do queijo parmesão, no Brasil. E minha mãe é natural de São Lourenço. Os dois acabaram se conhecendo aqui, e aí foi essa história aí que a gente começou. Eu com meu irmão gêmeo, em 73, dois anos depois veio meu outro irmão do meio e mais dois anos a minha irmã caçula.
2:29
P/1 - Luís, mee fala um pouquinho do seu pai e da família do seu pai? Qual que é o nome inteiro do seu pai? E me conta um pouquinho mais sobre o seu avô, sua avó por parte de pai? Lá em Minas o que eles faziam?
R - Meu pai se chama Francisco Correia. Ele veio dessa cidade, que eu acabei de falar, de Alagoa, veio muito novo para cá, 6, 7 anos. Ele não conheceu o pai. Teve um problema familiar lá, a minha avó com esse senhor quero o pai dele, ele acabou que não conheceu. Então, é óbvio que eu também não tive oportunidade de conhecer também, já até faleceu, morava em Itamonte. Meu pai veio junto com a mãe dele, com os outros irmãos. E morava em Resende, até minha avó falecer. Minha avó faleceu eu tinha uns quatro anos, eu até consigo lembrar de algumas coisinhas dela, ela morreu em 77 para 78. Ela morava com a gente, aquele jeitão Mineira de fazer as coisas. E o meu pai é a simplicidade em pessoa, mas é extremamente comunicativo, onde ele chega ele acaba se enturmando e contagiando todo mundo. Que além de ser comunicativo é extremamente simpático, alegre é uma pessoa ímpar.
4:14
P/1 - O que o seu pai fazia quando você nasceu?
R - Meu pai trabalhou por 36 anos na mesma empresa. Trabalhou em alguns empregos, bem simples, entregador de bebida, quando ele estava saindo da adolescência. Depois serviu o exército. E acabou entrando numa indústria química, era uma indústria química multinacional, que veio para Resende, da Suíça. E ele foi crescendo nesse ambiente fabril, nessa indústria química, depois ela foi vendida, outro grupo comprou. Mas sempre para esse ramo químico, que inclusive eu trabalhei nessa empresa também, depois que eu terminei a universidade eu trabalhei lá por dois anos e meio.
5:18
P/1 - Me fala um pouquinho da sua mãe? Qual que é o nome inteiro dela? E um pouco da família dela?
R - Minha mãe se chama Maria José de Souza Corrêa. Ela é nascida em São Lourenço, também veio para cá por volta dos seus 10, 11 anos. Meu avô era garçom daquela época lá de São Lourenço, com aquela quantidade enorme de hotéis. Toda família do meu avô, trabalhava nesse ramo de hotelaria como garçom, garçom ou metre. E aí eles vieram para cá, eles trabalhavam nessas churrascarias que a gente tem aqui na beira da Via Dutra, depois os meus avós acabaram se separando. O meu avô viveu na minha casa até falecer e depois de um certo tempo foi a minha avó que foi morar na minha casa, e ficou lá também até falecer, morou com a gente bastante tempo. Então foi uma oportunidade legal, de ter convivido tanto com a minha avó no início a minha avó por parte de pai, depois o avô materno e logo depois a minha avó materna. A minha casa sempre foi recheada de familiares, que vão ficando mais velhos e se achegando lá junto com a gente. A minha mãe é professora, fez magistério, depois acabou aprofundando, fez a faculdade de Letras, pós-graduação. Acabou a carreira dela como professora Universitária. Meu pai, acabou que eu não completei a informação, ele começou nesse ramo, mas aí fez economia. Mas como economista mesmo nunca atuou, acabou atuando no ramo da empresa, cresceu lá dentro da empresa, na área de compras, fornecimento, é essa história deles.
7:35
P/1 - Luiz você cresceu em Resende, é isso?
R - Eu cresci aqui! Sempre fui muito ligado ao mundo de futebol. Então desde o início, eu estava sempre envolvido em campeonato, nos times aqui da cidade, até Pintou uma oportunidade uma vez de jogar fora, mas aí meus pais sabiamente, nos empurraram. Porque eu e meu irmão gêmeo, que jogamos futebol. Eles colocaram um impulso muito grande, para que a gente fosse fazer uma escola técnica. E a Escola Técnica era em São José dos Campos. Então de 14 para 15 anos, aí eu já saí de casa, eu fui morar em São José. Moramos por três anos e meio em São José, numa escola técnica. Aí também lá me envolvi com negócio de futebol, na época era o futsal, não era mais futebol de campo. Acabei jogando no Campeonato Paulista lá na época, foi legal para caramba. Mas aí acabei a Escola Técnica, aí voltei para Resende, trabalhei quase um ano como técnico, e aí já fui para a universidade. Aí saí de Resende de novo, aí fui morar em Itajubá, que é aqui no sul de Minas, mas é perto daqui. E aí depois eu me formei em Itajubá e voltei para Resende de vez.
9:24
P/1 - Quais são as primeiras memórias que você consegue puxar agora com relação ao futebol? É jogando, assistindo ou ouvindo no rádio.
R - É jogando! A Copa que eu consigo lembrar claramente é a de 82. Que tinha aquela seleção maravilhosa, com Zico, Sócrates, Júnior. Mas eu me recordo com muita clareza de partidas de futebol antes disso.
10:16
P/1 - Logo no comecinho da sua vida você jogava sempre com seu irmão?
R - Era na rua, em alguns campos. A gente morava num bairro muito simples aqui da cidade, então não tinha muito movimento de carro na época, então nosso campo era na própria rua do bairro. A gente pegava bambu montava, fazia a trave, pegava essas latas de tinta, enchia de cimento, ou de areia mesmo, colocava o bambu ali, fazia as traves. E aí a gente organizar os campeonatos aqui da rua, com jogo de camisa, com festa, cada rua fazia seu time, tinha uns 5 ou 6 times, mais ou menos. E a gente de vez em quando jogava o campeonato, que a gente jogava com pessoas de outros bairros. E logo depois a gente começou a entrar, tem alguns clubes, clubes pequenos de bairro, aí você começa a representar o bairro. Eu jogava pelo bairro Paraíso, que o bairro onde os meus pais moram até hoje. Essa é a lembrança que eu tenho, bem antes de começar a assistir futebol.
11:34
P/1 - Me conta uma coisa, na sua infância você passou muito tempo numa casa, na mesma rua, qual foi o lugar que mais te marcou nessa infância?
R - Sempre foi na mesma casa. Esse bairro permitia... meus pais também davam a liberdade para gente, então a gente vivia, ou jogando bola, ou soltando pipa, que era as duas coisas que a gente adorava fazer. Eu adoro até hoje! Adoro jogar futebol e soltar pipa, até hoje ei levo meu filho para soltar pipa, como desculpa, na verdade eu que vou soltar. Essa era a característica, sempre na mesma casa. Mudou um pouco, quando na década de 80, aí os meus pais adquiriram um terreno, numa área rural, aí a gente começou a dividir, final de semana ir para essa área rural. Mas aí era outro tipo de convivência lá, com os meninos, com as crianças que moravam numa área rural. Então era tomar banho de ribeirão, ficar o dia inteiro no ribeirão pescando e jogando futebol também, que lá tinha também um campinho.
12:58
P/1 - Você consegue descrever para mim como que era essa casa, que te marcou tanto? E qual é o endereço dela?
R - Essa casa fica na Rua São Paulo, 148, no bairro Paraíso, aqui de Resende mesmo.
13:21
P/1 - E como que ela era? E como que ela é?
R - Naquela época era uma casa para seis pessoas, uma casa de 3 quartos, com 1 banheiro só. E com moleque correndo o dia inteiro pela casa. Tinha duas árvores grandes, que a gente gostava também de ficar subindo em árvore, às vezes passava a tarde toda em cima de uma árvore, que era uma árvore de ameixa, então a época da fruta, a gente subia e ficava comendo ameixa, essa ameixa amarelinha, era a diversão nossa da casa. Mas essa casa é interessante, a gente tinha um quintal, então a gente inventava brincadeira. A gente fez uma quadra, eu ganhei uma vez de presente de Natal, uma imitação de raquete de tênis, mas era uma bolinha de espuma, uma bola super levinha, amarela, a raquete preta e amarela. A gente improvisou uma quadrazinha de tênis, lá na frente da garagem da casa e ficava brincando disso, umas brincadeiras que a gente inventava.
14:41
P/1 - Quem brincava mais contigo o teu irmão gêmeo ou seus irmãos mais novos também?
R - Meus dois irmãos. O meu irmão gêmeo, por causa da idade ser parecida, a gente estava na mesma série da escola, aí a gente tinha mais facilidade, coincidência de horário para brincar. O meu irmão do meio, ele tem dois anos diferença para gente, então às vezes eu estava estudando de manhã, ele já estava estudando de tarde. E ele não gosta de jogar futebol, então às vezes ele não estava na mesma atividade que a gente.
15:25
P/1 - Luís, qual que é o nome do seu irmão gêmeo? E como é que foi a infância com um irmão gêmeo?
R - Luiz Cláudio de Souza Correia. La em casa foi essa…. e Luiz Eduardo, Luiz Cláudio e Luiz Ricardo, criatividade paterna e materna, para danar. Foi excelente! A nossa sintonia é até hoje, tanto jogar futebol, de tudo, nós temos apelidos característicos aqui, em função de ser gêmeos, aqui na cidade nós somos conhecidos como o Tico e Teco. É super legal, até hoje é muito legal.
16:20
P/1 - Luiz como é que era jogar bola com ele? Ele jogava em que posição? Você joga em que posição?
R - No começo, quando era criança, pelo fato de ser canhoto, eu jogava na ponta esquerda. Ele jogava bem perto de mim, ele jogava na meia esquerda. Aí depois foi alterando, foi misturando a gente começou a jogar futsal. No futsal não tem muita posição fixa, mas sempre foi uma sintonia, muito boa, muito boa. A gente chegou a fazer um certo sucesso, jogando bola.
16:53
P/1 - Conta um pouquinho para mim como é que foi esse sucesso? Você se lembra de algumas partidas com mais alegria?
R - Tem sim! Tem uma partida, de um campeonato, um campeonato emblemático, que tinha aqui em Resende. Então tinha um time da cidade aqui… os outros times da cidade tinha o nome, bairro Paraíso, Manejo, são os bairros da cidade. Mas tinha um time mais central, que reuniu os melhores, de todos os outros bairros. E a base desse time, estudava numa escola pública, chamada Getúlio Vargas. Nós estudávamos... Minha mãe era professora, então a gente teve oportunidade de estudar numa escola particular, no Salesiano. Nesse campeonato, a gente estava jogando futsal. Esse campeonato a gente foi para final. E fomos para final, justamente contra esse time do Getúlio Vargas, que era base lá do Resende. E os garotos que jogavam com a gente, falavam para o técnico do Resende, para que nos levasse para o time do Resende também. Eu não tinha muita vontade, para te falar a verdade, eu não sentia muita vontade, gostava muito de jogar lá no bairro Paraíso. Mas nós fomos para a final e esse técnico não dava muito valor, por função do tamanho, ele gostava de jogadores mais altos. E foi uma lavada na final, foi uma lavada. Nós ganhamos de 8 a 2, eu fiz quatro gols, meu irmão fez três, e o outro colega nosso. Esse dia nós lavamos a alma. E já sabia entre aspas, desse pequeno preconceito, desse técnico aí. Foi um jogo, num domingo à noite. Depois do jogo, quando nós chegamos em casa, de uma meia hora, o técnico apareceu lá em casa, falando que queria que a gente jogasse no tal do Resende. E aí a gente foi até jogar lá, mas nunca foi com a mesma alegria que eu jogava lá no bairro Paraiso. Mas esse jogo é muito emblemático. Ele é lembrado até hoje, eu tinha 13 anos, quando eu disputei esse campeonato, eu estou com 48. E esse jogo... alguns locais que a gente vai aqui em Resende, algumas pessoas ainda lembram desse jogo, até hoje.
19:49
P/1 - E como é que era no futebol, vocês tiravam vantagem do fato de vocês serem muito iguais?
R - Não, não, não tirava. Tem uma lenda dessa daí, a turma fala. Porque na época tinha o número certo de substituições, que a gente trocava, entrava o que estava descansado, mas é lenda. Isso não é verdade não. É que na época eu corria tanto, que eu acho que eles ficavam meio zonzo.
20: 24
P/1 - Luiz, como é que foi assistir jogos nessa época? Como é que era o futebol na época? Onde é que vocês assistiam? Que time vocês passaram a torcer, e por quê?
R - Lá em casa, meus pais deram direcionamento, para os três times. Me deram a camisa do Flamengo, o meu irmão gêmeo, ele ganhou uma do Fluminense, e o meu irmão do meio ganhou a camisa do Vasco. O meu irmão gêmeo virou a casaca, virou flamenguista também, por sorte dele. Essa é a história do time que a gente escolheu. Mas não sou nada, assim, fanático, adoro assistir jogos de qualquer time, independente até do país, adoro assistir futebol, um bom futebol, adoro assistir. Mas a forma como a gente assistia, era muito simples, muito precária. A nossa televisão, até muito tempo, ainda era uma televisão preto e branca. Eu acho que a gente lá em casa, foi ter uma televisão colorida, só em 84. Essa copa mesmo de 82, foi inesquecível isso, a gente assistia numa televisão colorida, que tinha um cara que tinha um comércio lá perto de casa, que ele colocava a televisão colorida dele na calçada, aí fechava a rua e todo mundo assistia junto lá, essa era a forma que a gente assistia na televisão colorida. Mas a nossa de casa. E só tinha um canal que passava, na época eles chamavam de canal 4, 13, era por aí, eu não lembro direito, a gente assistia pela TV globo.
22:33
P/1 - A copa de 82 foi inesquecível por quê? Pela eliminação?
R - Também pela eliminação, dolorosa. Mas era porque era fantástico, ver aquilo jogar. Dava a impressão que eles iam fazer acontecer a hora que eles quisessem. Há uns tempos, deve ter uns 7, 8 anos, todos os canais, que agora tem agora em casa. Estava reprisando essa copa, e eu fui assistindo todos os jogos, até o jogo da Itália. E de verdade, cara, o meu coração estava sentindo, como se aquela seleção fosse ganhar ainda, aquele jogo. Mesmo depois de todo esse tempo aí, eu olhava e falava vai dar certo.
23:32
P/1 - Foi o que, 3 a 1, 3 do Paulo Rossi, é isso, se eu não estou enganado?
R - O jogo foi 3 a 2 na verdade, o Brasil podia empatar. Aí a Itália saiu na frente, o Zico fez uma jogada fenomenal, tocou para o Sócrates, aí empatou. Mas aí logo depois, teve uma bobeira lá, o Toninho Cerezo pegou uma bola, na saída do jogo do Brasil, e aí a bola cai acabou caindo de novo no pé do Paulo Rossi, ele fez 2 a 1, aí foi até o segundo tempo. E o Brasil em cima, em cima, aí o falcão empatou, e no finalzinho lá, faltando uns 10 minutos, para acabar o jogo, o Paulo Rossi fez o terceiro, aí não deu mais. Infelizmente a gente foi eliminado.
24:24
P/1 - Vocês iam na igreja, seus pais levavam vocês?
R – Muito! Meus pais são super religiosos, são até hoje. São da igreja católica. Sempre foram muito ligados a igreja, os padres frequentavam a nossa casa, os padres lá da paróquia, eram meio que padrinhos nossos. Até já fomos coroinhas, para ficar ajudando lá na missa. Meus pais eram ministros de Eucaristia, depois eles fizeram curso, são ministros de matrimônio. Eles que fizeram meu casamento. Meus três casamentos, eles fizeram. Mas depois eu vou contar essa história, eu casei três vezes com a mesma mulher.
25:40
P/1 - Me conta como que era você na escola? Quais escolas você frequentou? Gostava mais de alguma matéria, de algum professor?
R - O Salesiano, eu adorava, adorava, porque o Salesiano era a síntese de uma escola voltada para o esporte. Por isso que eu te perguntei da hora do recreio. A gente ficava ansiosamente esperando a hora do recreio, para jogar, para jogar futsal, jogar qualquer outra coisa, vôlei, basquete. Tinha uma quadra lá, tipo uma quadra de tênis, mas era de areia e 2 campos de futebol. Então uma escola com tudo isso disponível para os alunos. E aí a gente jogava o que queria, para mim aquilo era o paraíso. Todo sábado pela manhã a gente acordava... durante a semana a gente acordava em torno de 5:30, para ir para escola, que a gente ia de ônibus para escola. E no sábado a gente fazia questão de acordar cedo também, e voltar para escola. E ficava jogando de sete até a hora que fechava a escola, 11:30, meio-dia. Então aquilo era Fantástico.
27:23
P/1 - E na época você foi no Salesiano de que ano até que ano?
R - Eu entrei lá na quinta série, quinta série primeira. Naquela época o primário ia até oitava série. Aí eu fiz esse primário todo. E depois eu já passei para o segundo grau. O segundo grau tinha primeiro, segundo e terceiro. Aí quando eu estava no primeiro, eu fui aprovado num mini vestibular, que tinha para escola técnica de São José. E aí no meio do ano eu deixei o Salesiano, e fui morar fora.
28:07
P/1 - Em Resende teve algum professor que te marcou, que te orientou para alguma ideia de profissão?
R - Não, não! Nessa época eu não ligava muito, a única coisa que eu queria fazer era jogar futebol o dia inteiro. Nunca tive dificuldade na escola, tirava boas notas e tal, mas sem muita dificuldade. Quem me incentivou mesmo, que foi alinhando a questão da minha profissão, foram os meus pais. Se não fosse por eles, uma forçação, um empurram, um incentivo muito forte deles, nem sei como é que teria sido, de verdade. Talvez eu não tivesse feito Escola Técnica, teria ficado lá no segundo grau normal mesmo, para depois tentar uma universidade. Mas o incentivo maior sempre foi dos meus pais.
29:17
P/1 - Você ir para São José dos Campos, você acha que foi uma espécie de escolha? Era futebol ou ir para São José dos Campos, era mais ou menos assim?
R – Não, não! Aqui a gente tem a Academia Militar das Agulhas Negras, a história então começou assim. Meus pais, pelo fato de terem sido, pessoas muito simples, humildes, eles queriam que a gente fizesse alguma escola, que já no segundo grau, já desce uma independência financeira, tanto para a gente quanto para eles. Uma forma dele se livrarem da gente. Como a gente não demonstrou tanto interesse na parte lá de ir para uma escola... Tinha uma escola de segundo grau, que fica em Campinas, de militares. Era para eu ter feito esse vestibular, não fiz, não me interessei de fazer, era uma época que estava jogando futebol demais, e não estudei. Mas fui fazer a prova lá de São José. E aí a gente acabou passando. E aqui na região, na empresa mesmo que meu pai trabalhava, tinha muita gente, inclusive gente que estava bem-sucedida dentro da empresa, que tinha feito essa escola técnica, aí esse foi o ponto chave que o meu pai usou, para incentivar a gente ir para lá. Eu fui de início, eu fui para fazer Escola Técnica de mecânica. Meu irmão gêmeo também, meu irmão formou no mesmo curso e no mesmo ano que eu, lá na escola técnica. A gente foi com mais quatro amigos. O fato de estar indo morar sozinho, já com 14 para 15 anos, com uma turma, para mim era tudo de bom, era a liberdade total. A gente foi morar numa espécie de república, só que não chamava de república lá em São José, porque tinha um casal tomando conta. A casa era de um casal, aí eles alugavam os quartos. E era tudo muito apertadinho, um quarto de 9 metros quadrados, dormiam quatro pessoas, num quarto. Tinha um outro quarto, que era um pouquinho maior, aí já dormia 6. Isso era uma farra, todo dia, um monte de amigos na mesma casa. Boas histórias dessa época. A gente chamava de pensão, essa primeira que a gente morou foi a pensão da dona Laura, era um casal de idosos, eles tinham vindo de Salvador, eram evangélicos. Do evangélico muito correto, em cima da linha e queria até que a gente seguisse também, mas a nossa energia, nossa vibe. Ela coitada, ela não dava conta, ela só gritava “gêmeo, gêmeo, eu não tô te aguentando”. De tanta bagunça que era naquela casa. Teve uma época lá, que moraram 17 garotos, tinham três que dormiam na sala, num colchão. Mas a Dona Laura e o seu Jeferson, que eram os donos da casa.
P/1 - Como é que era essa coisa de estudar numa escola técnica, que tem uma disciplina e essa bagunça aí? Tem alguma história que você lembra que te marcou dessa época?
R – Tem! Tem muitas histórias, lá dessa época. Mas esse fato de você morar na mesma casa, que várias pessoas, vários outros garotos, todo mundo estudava na mesma escola, tinham vários que eram da mesma série. Então na hora de estudar, aí senta, aí estuda junto, um da dica para o outro, isso facilita muita coisa. Era um ambiente super legal, agradável. Deixa as histórias para lá. Vou te contar só uma aqui, mas você não pode contar para ninguém. A gente tocava trompete na banda da escola, porque se tocasse trompete lá, tinha um desconto de 40% na mensalidade. E para os meus pais aqui ficava muito pesado, manter... na época estava só eu e meu irmão gêmeo. O trompete, a gente levava para casa, tanto eu quanto meu irmão gêmeo, tocávamos trompete. A Dona Laura e o seu Jefferson, eles como bons evangélicos, de noite eles ficavam contando histórias bíblicas para gente, era muito legal, muito legal, porque eles contavam de um jeito muito agradável de ouvir. Contava aquelas histórias, a dificuldade que a gente tem as vezes, de pegar a Bíblia, ler, entender. Eles contavam no entendimento deles. Uma das Histórias era que no dia do juízo final, alguns anjos iam descer até na altura das nuvens, iam tocar umas trombetas, e as pessoas do bem, iam sumir da face da terra. Teve um dia de madrugada, que a gente pegou os trompetes e começou a tocar. A Dona Laura e o seu Jefferson apareceram, aí a gente falou assim: Dona Laura tem alguma coisa errada, Dona Laura. “ Gêmeos, o que que vocês estão fazendo”? “Tem alguma coisa errada Dona Laura, você não sumiu, você não sumiu, uma pessoa boa desse jeito”. No outro dia ela ligava para os nossos pais e falava assim: eu não estou aguentando mais, eu não estou aguentando os seus filhos. Essa é a única que eu vou contar, o resto é mais pesado.
36:45
P/1 - E na escola propriamente, como que ela era? Quem eram seus professores? E me conta um pouquinho de São José dos Campos, como é que foi para vocês?
R - Completamente diferente do que eu já tinha vivido em Resende. São José dos Campos, outra cultura, outra forma de falar, tão pertinho daqui, fica 2:30 de Resende. Mas já é estado de São Paulo, as pessoas falam completamente diferente. E lá já era uma escola, que era muito famosa na região aqui, então iam pessoas de várias cidades morar lá. Várias cidades daqui, até do Estado do Rio, Volta Redonda, Barra Mansa e lá do do Estado de São Paulo também, Caraguatatuba, Ubatuba, tinha gente de tudo que é lado estudando lá. Uma escola com muito mais alunos do que era aqui no Salesiano. E os alunos, era quase como se fosse uma mini universidade, cada um se virando, a gente tem que procurar o que comer, almoço era na própria universidade. Já era aquele esquema, que às vezes a aula começava 7 horas da manhã, tinha dia que a gente tinha aula até 5, 6 horas da tarde, conceito completamente diferente. Interessante, muito interessante.
38:24
P/1 - E você fez junto com seu irmão mecânica, é isso?
R - Foi Escola Técnica em mecânica industrial. A partir do 4º período, lá eram 8 períodos. Então demorava quatro anos para se formar. O último período era um período de estágio, que aí eu fiz aqui em Resende mesmo e já continuei até trabalhando por mais 6 meses, na antiga xerox. Mas tinha um dos dias letivos, que a gente ia de uniforme como se tivesse indo trabalhar em uma fábrica, e ficava mexendo em máquina, em torno, fresadora, essas máquinas de ajustes mecânico. Tinha uma parte lá, que era muito forte, que era a parte de desenho industrial. Que depois, na minha universidade, isso daí me facilitou demais a vida. Cheguei até a trabalhar um pouco como desenhista industrial.
39:24
P/1 - E como é que foi terminar a escola e voltar para Resende?
R - Foi bom! Porque aí eu voltei ganhando dinheiro. Consegui um estágio/emprego, tão bem remunerado, cara, foi maravilhoso, com menos de um ano eu consegui comprar um fusquinha. Aí já fui para Universidade de fusca, foi sensacional. E aí como eu já estava ganhando meu dinheiro, já saía para viajar sozinho. A gente, durante muito tempo, nós passamos todos os réveillons e carnavais em Paraty, sempre acampando, nunca a gente ficava lá em esquema de pousada, sempre acampando e se virando com pouco dinheiro. Mas aí depois de começar a trabalhar, a coisa mudou, deu uma melhorada.
40:53
P/1 - E você trabalhou na Xerox em qual função? Como foi esse trabalho para você?
R - Era técnico de Manufaturamento. Na verdade é técnico de recondicionamento das máquinas, tanto tempo que até esqueci, técnico de recondicionamento. Tem uma máquinas antigas, aquelas máquinas grandes da Xerox antigas. Elas, quando estavam no cliente, elas voltavam para fazer manutenção. Então desmontar a máquina inteira e remontava. Isso era trabalho nosso, tirar as peças que estavam danificadas, limpar tudo e remontar a máquina.
41:37
P/1 - Esse fusquinha foi o seu primeiro carro?
R - Foi! Esse Fusca eu fiquei com ele acho que 8 anos e meio. Comprei de uma senhora que trabalhava aqui dentro da Academia Militar, ela morava perto da academia, ela só usava o carro para ir e voltar do trabalho. Quando eu comprei o carro estava muito novo, acho que não estava nem com 60.000 km rodados.
42:16
P/1 - E como que ele era, a cor dele? Você deu um nome para ele? E o Fusca funcionava bem? Porque tem gente que reclama e tem gente que acha uma maravilha.
R - Funcionava bem! Era um Fusca bege, não tinha nome. Tinha era muita história para contar, porque, como cabe a gente naquele Fusca. A gente colocava, quanto coubesse, era o tanto que ia dentro do Fusca. E algumas vezes andava só no vaporzinho de combustível, não tinha muita grana para colocar combustível, porque na época da faculdade já. Aí já não estava trabalhando direito. Às vezes andava só no cheirinho do combustível mesmo.
43:07
P/1 - O que você viveu? O que você passou com ele?
R - Esse Fusca, a gente ia para a praia com ele, para Paraty, outras praias. Teve uma época que o cismei, comprei uma prancha de surf, para ver se eu consegui aprender, mas não consegui. Mas era legal chegar na praia com uma pranchinha em cima do Fusca, fazia uma presença, uma época da faculdade também. Acabou que o Fusca ficou sendo de todo mundo lá da República. Nós moramos numa república em Itajubá, muito legal e muito famosa pelas festas que a gente fazia. Fizemos festas lá de 4.000 pessoas, e festa de república, que a gente organizava lá, entre as nossas aulas, e o tempo entre o estudo. E são amigos, que a gente morou com muitas pessoas nessa República, alguns iam formando, e aí dava um lugar para outros que estavam chegando, e nessa história a gente acabou formando uma grande família de estudantes. Nós nos tratamos como irmãos até hoje. E o Fusca fez uma parte importante dessa história.
44:51
P/1 - Você teve que mudar para Itajubá? Você fez vestibular para engenharia lá, é isso?
R – Isso! Eu tinha feito quatro vestibulares, para Campinas, Itajubá, a UERJ e a URFJ. Se eu tivesse passado nas quatro, a preferência era Itajubá, porque eu queria estudar numa cidade pequena. Eu passei na primeira fase da UERJ, a segunda fase eu acho que eu nem fui fazer, porque aí eu acho que já tinha saído o resultado de Itajubá, e eu só queria Itajubá. Foi no curso de engenharia mecânica, lá eu me apaixonei de vez pela profissão, adoro meu trabalho, adoro o que eu estudei, adoro a forma como eu me formei. O lugar que eu convivi, os amigos que eu fiz lá em Itajubá, essas festas, tantas viagens, tantas coisas boas que vieram dessa época. E os amigos que ficaram. Nós estudamos numa república, que chamava Jamaica. Agora então, com as redes sociais, com os grupos de WhatsApp, o nosso convívio parece que voltou a ser diário. Cada um foi criando a sua família, seus filhos, e a coisa só foi crescendo. Às vezes tem o casamento, de um ou outro, ou então um aniversário, e aí junta todo mundo, sensacional, sensacional.
46:45
P/1 - Você pode me contar sobre alguns amigos que você fez nesse período, nessa república? Quem são eles? O que eles estão fazendo hoje? Como eles eram na época?
R - Tem um que ele vice-presidente da VB, que tá no Chile. Outro que trabalha com a parte de energia, agora está morando em Ribeirão. Tem um que está morando em Manaus, que é o Rodrigo. Tem o Vital, que mora em Campinas, trabalha na Motorola. Tem o Marcel, Vinícius, Mateus, tem vários outros agregados lá. Nossa República, com essa questão de fazer festa, a gente acabou fazendo muita amizade na cidade também. Porque a festa envolvia muita gente. E aí nessa de envolver a gente foi também estreitando os laços com as pessoas lá da cidade. Para propagar a festa, a gente acabava indo em todas as rádios da região, falar sobre a festa, fazer a propaganda, explicar como ia a ser, onde comprava ingresso. A gente vende a camisa, vendia tudo da festa, era um evento, na época, até considerado um evento grande. As pessoas até da cidade comentavam, como os meros estudantes faziam um evento daquele porte.
48:25
P/1 - Como é que foi o curso para você? Teve alguma matéria, algum professor que te marcou mais?
R - Sim! No começo que é o curso básico da engenharia, eu estava praticamente arrependido de ter escolhido, Engenharia, o que me segurava um pouco, é que eu acabei virando monitor de educação física, então eu gostava dessa parte aí, fui levando, meio aos trancos e barrancos. Quando eu passei para a parte técnica, aí a coisa ficou interessante. Tinha o professor Augusto, que o professor de... inclusive foi ele que me deu aula de usinas hidrelétricas, que é a minha maior experiência dentro de Furnas, com a usina hidrelétrica de Funil. Então, com ele mesmo eu fui conversar, porque depois do 7º período, você pode escolher entre fazer uma engenharia mecânica, um pouco mais ligada conceito técnico, projetos. Ou engenharia mecânica ligado um pouco mais estatística, produção, qualidade. E aí foi ele que me orientou, ele falou: o cara, pelo seu perfil, você não vai aguentar essas coisas de númerozinhos para cá, númerozinhos para lá, o seu negócio é pauleira, desse jeito que você vai gostar, faz a plena. E aí ele me deu as dicas lá, e eu fui. Inclusive a matéria dele eu passei tão bem, que eu que eu estava com excesso de faltas. A matéria dele, a aula dele era segunda-feira de manhã, e eu comecei a matéria dele na época do inverno. O inverno em Itajubá é extremamente rigoroso, saía para a aula dele, quando eu saia, para a aula dele, às vezes estava marcando 0 grau, um grau. Aqueles termômetros de rua, aqueles termômetros grandão, que marca a hora e a temperatura. Aí teve um certo dia, que ele falou: não precisa nem vir mais na aula não, porque você já estourou em falta. Aí eu falei: então tá! Vou fazer a matéria de novo no período que vem, mas queria pelo menos continuar assistindo aula, posso? “Pode, pode assistir aí”. Só que eu fui tão bem, que aí ele reconsiderou as faltas que eu tinha, e eu passei. Passei até sem exame. Tinha primeira prova, segunda prova, quem não passasse ia para exame. Acabou que eu passei até sem exame. E aí vim trabalhar com usina hidrelétrica, depois de tudo isso.
51:24
P/1 - Você ficou quantos anos lá em Itajubá? Você se formou você tinha qual idade? Seu irmão foi com você também?
R - O meu irmão foi logo depois. Eu formei, como eu tinha trabalhado, acabei formando de 26 para 27 anos. Meu irmão foi para o rio, primeiro, ele passou no CEFET no Rio, mas ele ficou só três períodos, aí depois ele preferiu também para Itajubá. Preferiu a vida de Itajubá, a vida de mineiro.
52:07
P/1 - E aí ele fez engenharia mecânica também?
R – Fez engenharia mecânica, só que aí ele fez a outra, ele fez mais ligado à produção. Ele formou um pouco depois de mim. E agora ele trabalha, ele tem um comércio, uma empresa quis instala esses vidros temperados, esquadrias de alumínio. Está super bem.
52:36
P/1 - Você terminou com 27 anos e foi em que ano?
R - 2000. Aí logo na sequência... eu estava fazendo mestrado lá. já tinha engatilhado mestrado, só que aí teve uma empresa, a empresa inclusive que meu pai trabalhou, um conhecido lá me ligou, me ofereceram emprego, uma oferta boa na época. Aí eu resolvi aceitar e vim trabalhar nessa indústria química, uma multinacional. Aí a carreira foi para frente. Depois dessa empresa eu fui para CSN... eu quebrei a perna na verdade, quando eu estava nessa empresa, quando eu estava lá com dois anos e meio, quase. Aí quando eu voltei, já não estava tão legal lá. Aí eu fui para CSN, que é uma Siderúrgica, entrei na CSN como terceirizado. Numa empresa japonesa, um conceito diferente de trabalhar, a coisa ligada normatização, disciplina e trabalhei com eles durante um ano. Aí a CSN me contratou, para ser engenheiro direto da CSN. E quando eu estava na CSN, quase um ano já, aí a minha mãe me ligou um dia lá, me ligou no celular. Nessa época eu fazia concurso, fiz concurso para Petrobras, eu até passei nesses concursos, só que passei com uma colocação que não fui chamado. Aí a minha mãe me ligou e comentou, que tinha chegado um Telegrama de Furnas lá, falando para eu me apresentar. E eu fiquei no dilema, tinha acabado de casar, aí fiquei no dilema. Porque o dilema era o seguinte, eu tinha casa em Itatiaia, que eu tinha comprado, eu ia e voltava para Volta Redonda, para trabalhar na CSN, e com salário, até legal. Quando foi para entrar em Furnas, eu tinha que mudar para o Rio, ia ter que pagar aluguel, e o meu salário ainda ia reduzir 30%. Mas, foi uma aposta, eu acho que deu certo.
55:15
P/1 - Como é que era o seu trabalho na CSN? Que função você cumpria lá? Como é que era os desafios ali na empresa?
R - Quando eu entrei na CSN, na empresa terceirizada, naquela japonesa, que eu tinha comentado, eu fazia uma função de coordenador de planejamento. Essa empresa era contratada para fazer manutenção dos equipamentos da CSN, então quando nós tínhamos umas paradas dos equipamentos, nós tínhamos inúmeras atividades lá, às vezes atividades com 300 pessoas trabalhando, simultaneamente. E aí a minha função era coordenar, essas atividades, para que todos os nossos recursos, seja recursos de materiais, de equipamentos, os recursos humanos. Pudessem atender todas essas atividades, simultaneamente, para que a gente chegasse ao fim, disponibilizando o equipamento, para vir aquelas panelonas de aço líquido. Depois, quando eu fui contratado pela CSN, aí a minha função já era ser STAF do gerente. O gerente tinha uma equipe de quatro Engenheiros, um de produção, metalúrgico, que era o caso lá, o mecânico, o eletricista e um eletrotécnico. Eu fazia essa parte da engenharia mecânica.
56:52
P/1 - O que está em jogo no trabalho de engenharia mecânica? O que tem nela que te chama atenção, que você gosta, que você ama tanto?
R - A engenharia mecânica é a parte como os equipamentos são concebidos, para que eles possam suportar a operação, com altos níveis de repetição, com a vida suficiente, para aguentar com segurança a operação, para que eles foram projetados. Essa é a engenharia mecânica. A engenharia mecânica também abrange a parte de usinas hidrelétricas, a gente tem que entender um pouquinho além, porque uma usina hidrelétrica ela converte energia, primeiro a gente tem a energia potencial, que é o acúmulo da água a uma certa altura. Depois dessa água, ela entra no conduto, e aí ela tem a sua energia potencial, a queda da altura, transformada em velocidade, que essa energia é chamada de energia cinética. Depois ela passa para o eixo da turbina, quando ela gira turbina, aí já é energia mecânica. E por fim ela transforma, dentro de um equipamento que chama gerador, a energia mecânica em energia elétrica. O que é o que a gente precisa para oferecer à população. Dentro desse contexto todo, uma usina hidrelétrica, ela tem uma complexidade muito grande. Que ela abrange, inúmeros tipos de equipamentos. Além dos equipamentos, a gente ainda tem a concepção do barramento, as barragens de concreto, barragem de enforcamento, com núcleo de argila. A engenharia mecânica te ajuda a entender, mesmo que a formação não seja engenharia civil, não seja engenharia elétrica, a engenharia mecânica te ajuda compreender o mecanismo da formação disso tudo. E a minha formação, em engenharia mecânica, na graduação, mas na pós-graduação, foi na parte de elétrica.
59:33
P/1 - Como é que começou o seu interesse, essa paixão pela área?
R - Quando eu passei para parte técnica do curso de engenharia mecânica, aí já começou a desenvolver dentro de mim, uma certeza, do que eu tinha escolhido, de que eu queria trabalhar era realmente com isso mesmo. E agregada todo esse conhecimento, a gente tem o conhecimento para depois poder trabalhar numa empresa. Veio a possibilidade de trabalhar com equipes, que aí esse é o grande lance da minha vida, eu adoro, adoro trabalhar com equipes, adoro trabalhar com pessoas, ter o dia a dia, ver como a gente vai fazer, discutir o melhor processo, pegar opiniões, às vezes, na minha função, ter que coordenar essas pessoas também. São desafios, porque as pessoas, uma diferente das outras, são formações, culturas diferentes. Então são jeitos de tratar, que a gente tem que ter arbitrariedade, para resolver isso no dia a dia, tratar todo mundo da mesma forma, com justiça, com sabedoria, para que a gente consiga alcançar todos os resultados. Independente do desafio a gente tem que alcançar o resultado.
1:01:30
P/1 - Você estava na CSN, passou nesse concurso em Furnas, na época qual era a informação que você tinha a respeito de Furnas? E por que você fez a escolha de ir para Furnas?
R - Eu estava relativamente no início de carreira. A minha referência de Furnas foi sempre a usina hidrelétrica de Itatiaia. Eu sou aqui de Resende, logo que eu casei eu fui morar numa casa que nós compramos, que era muito perto da usina, então nos finais de semana a gente fazia caminhada na estrada de acesso, que vai até o portão da usina. E eu comentava com a minha esposa, o sonho de conseguir trabalhar ali, tão perto de casa. Foi até isso aí que estimulou, a prestar o concurso, quando eu vi o concurso lá aberto, foi isso que me estimulou. Eu gostava muito do trabalho que eu fazia na CSN, mas o fato de ter que ficar dirigindo na estrada, todos os dias, eram 63 km de distância, da minha casa até o local de estacionamento na CSN. E eu não tinha hora para sair de lá, eu estava achando que aquilo lá ia ficar muito perigoso, ficar repetindo essa viagem todos os dias. Segundas-feiras a gente tinha reunião, que ia até pelo menos 8 horas da noite, então já saia de lá cansado, com sono, estava ficando meio perigoso. Pelo lado da segurança mesmo, que estimulou. Por outro lado eu também estava relativamente no início de carreira, com três anos e meio, para quatro anos de formado, 4 anos e pouco de formado. E era um desafio novo. Uma empresa de usinas hidrelétricas, na minha formação de engenharia mecânica, foi a disciplina que talvez eu tenha mais gostado dentro do curso todo, isso ai me levou a enfrentar, assumir esse desafio. Com todas aquelas dificuldades, de mudar de uma cidade pequena, onde não pagava aluguel, conhecia todo mundo e mudar para uma cidade do Rio de Janeiro. A minha esposa professora, na época ela tinha duas matrículas, ela acabou perdendo uma das matrículas, em função dessa mudança, mas ela topou, a gente foi. Foi morar no Rio, ela tinha uma irmã também que morava no Rio, isso ajudou um pouco no processo de transição. Mas logo que a gente estava lá, ela engravidou da minha filha mais velha, que é a Maria Eduarda. E aí começou a ficar muito pesado, que o salário realmente não estava dando para nada. E comecei a ficar preocupado, como é que ia ficar nossa situação lá, e o aluguel no rio, é muito mais caro, o custo de vida é mais alto. E até pensei na possibilidade de ter que sair de Furnas. Fiz algumas entrevistas, em algumas outras empresas, acabou que não deu certo, até por questões de ajustes financeiros mesmo. Mas depois de um certo tempo, um gerente do departamento, me convidou para vir para o departamento dele que abrangia toda essa área, inclusive a usina hidrelétrica de Funil. E aí eu vim para cá. Aí a minha vida mudou completamente, eu voltei a morar na casa que já era minha, do casamento. A minha filha já estava, ela nasceu no Rio, começou a desenvolver super bem aqui. Aí veio o segundo filho, e aí a gente está nessa até hoje. Minha filha fez 15 anos agora, e o Felipe tem 12. Aí nessa história eu estava aqui, surgiu uma oportunidade de assumir o departamento. Aí tinha que voltar para o Rio, eu tentei voltar para o Rio, mas questão de família, ficou tudo muito complicado. Eu acabei dando sorte, tive oportunidade de voltar para cá de novo.
1:06:34
P/1 - Quando você entrou em Furnas qual era a sua função? Você foi trabalhar no escritório central em Botafogo, é isso?
R - Eu entrei como Engenheiro. E aí foi trabalhar no escritório central. Auando eu prestei o vestibular, eu até achava, fiz uma confusão no edital, achava que a vaga fosse aqui para região do interior e não era. E aí eu topei o desafio e fui, que era para trabalhar no escritório central, no departamento que fazia o planejamento. Fazia estudo de novas usinas hidrelétricas, para ver se era viável, econômica e financeiramente e técnica para Furnas, entrar nessas empresas.
1:07:35
P/1 - Que ano você entrou? Você se lembra como foi seus primeiros dias na empresa?
R - Minha admissão é do dia 16 de Março de 2005. Meu primeiro dia foi de muita palestra. Palestra de fundação Real Grandeza, banco, salário, a história da empresa, foi assim meu primeiro dia. Logo depois eu já fui lá para o local, para sala do departamento onde eu ia trabalhar, conheci os meus colegas de trabalho. Várias pessoas desse ambiente de trabalho, também entraram no mesmo concurso que eu. Então nós éramos umas 5 pessoas, que tinham entrado num curto espaço de tempo. Então era mais ou menos novidade para um grupo de bom de pessoas. E o departamento todo não tinha tanta gente assim, éramos umas 11 pessoas no departamento todo.
1:08:52
P/1 - Como que era essa hierarquia onde você entrou? Como que era a divisão do departamento?
R - Era um departamento, com duas divisões, aí ligado a superintendência de planejamento. Quando eu entrei ainda era DP, aí depois dividiu virou o DE, eu fiquei durante um tempo aí na DE, um ano e oito meses para ser mais exato. Que aí foi quando teve e a minha mudança de função e eu vim para Diretoria de operação.
1:09:33
P/1 - Luís, como que era o clima com seus companheiros de trabalho naquela época que você entrou? Como que era as chefias? Como que era os trabalhos? Quais foram os primeiros projetos que você participou?
R - O ambiente é legal, é legal até hoje, nós somos amigos ainda, eles continuam em Furnas. Nem todos continuam, tem gente que foi para a EPE, outras pessoas foram para outras empresas. Mas o ambiente era legal. Não era muito do meu perfil. Perfil de andar pela área, de ver a equipe, ver a área industrial, esse é meu perfil de trabalho, é o que me deixa satisfeito, empolgado. Então não era muito meu perfil, não estava muito aliado com o que eu queria. Mas um trabalho de extrema importância. Na época eu estava fazendo avaliação desses projetos, inclusive Simplício, que hoje é uma das usinas da empresa e vários outros projetos.
1:10:55
P/1 - Me conta como era o seu trabalho nessa época nesse departamento?
R - Essa área fazia uma análise, das características do empreendimento, de vazão do rio, queda e quanto que cada Usina teria de potência instalada, garantia física, para isso ser revertido no que a gente estudava de faturamento que cada Usina poderia ter. Isso aí, frente ao que se fosse investido, a taxa interna de retorno, dava para se tirar a conclusão se vale a pena ou não, entrar em cada projeto desses. Eram projetos que eram analisados antes da empresa entrar num possível leilão.
1:12:13
P/1 - E os primeiros foram empreendimentos grandes que vocês receberam? Era uma época que se construía muito?
R - Nessa época não estava construindo muito ainda não. Mas todos as usinas que entravam na época do estudo que eu lembro, era Simplício, e Retiro baixo. Mas era uma época que não estava muito assim, no auge a fase de construções de usinas ainda não.
1:12:52
P/1 - Você ficou nessa função quanto tempo? E aí depois você foi para onde?
R - Eu fiquei por 1 ano e 8 meses. E aí foi quando se deu a minha transferência para a diretoria de operação, e aí eu assumi o cargo de supervisor de manutenção da eletromecânica, na usina de funil. Que é ligado ao departamento de produção Nova Iguaçu.
1:13:23
P/1 - Antes de ir para Funil você já tinha feito visita nos Empreendimentos?
R - Não! Não conhecia não! Inclusive, um fato marcante, que o gerente do departamento de Nova Iguaçu, ele me convidou para uma entrevista técnica, depois ele acabou confessando, que não esperava muita coisa, porque eu estava vindo de uma área onde é uma área de muito estudo, muito mais teórico do que prático, na verdade. Ele só botou um pouco de confiança, de que daria certo minha transferência, porque eu comecei a contar o que eu fazia na CSN. Que era um processo totalmente ligado à manutenção, fazia planejamento de manutenção com grandes equipes, equipamentos muito pesados, muito grandes. Aí ele desmembrou que poderia dar certo, convidou o gerente da divisão de eletromecânica, para conversar comigo também. Coincidentemente os dois também são formados em Itajubá, que até facilitou um pouco o processo, o nosso entendimento.
1:14:51
P/1 - E aí que você conheceu uma hidrelétrica, é isso? E foi Funil?
R - Na verdade eu já conhecia e hidrelétricas da época da universidade. Mas para trabalhar, a primeira que eu trabalhei foi a usina hidrelétrica de Funil.
1:15:14
P/1 - E você se lembra o que você sentiu quando você chegou em Funil?
R - Era um sonho que estava se realizando. Voltar a trabalhar com equipe, com equipamentos grandes, planejando manutenção. Era um sonho que estava se realizando.
1:16:40
P/1 - Você conhecia Funil por fotos, comentários, é isso?
R - Só pela história, da usina hidrelétrica de funil, na região aqui, Itatiaia e Rezende, que era as duas cidades que eu já tinha morado. Na visita, já com tudo acertado para minha transferência para usina de funil, o sentimento era que um sonho estava sendo realizado. Do retorno para trabalhar com equipe, com equipamento, de rever aquele dia a dia Fabril, chão de fábrica, de andar pela área, ver o que precisava ser feito, onde a gente podia melhorar, que é esse tipo de trabalho que eu gosto.
1:17:31
P/1 - Como que é a usina de Funil? Ela tem alguma coisa que destaca ela das outras usinas, de outros empreendimentos de Furnas?
R - Com certeza! Funil é singular na América Latina. Ela tem um tipo de barragem, que é única por aqui, é uma abóbora de dupla curvatura, é uma construção que você tem uma curvatura das duas ombreiras e de baixo para cima. E um projeto europeu, de origem portuguesa, da década de 60. E só foi permitido, porque a região aqui, tem uma característica, no salto do funil, que é onde foi construída o barramento, ele tem a característica de ombreiras rochosas dos dois lados. E isso permitiu que se construísse uma barragem desse tipo. Então ela é espetacular, ela é turística, além de compor todo esse cenário econômico, energético, aqui para região. Econômico, porque é importante saber, depois da construção da barragem da usina de funil, as cidades adjacentes, Itatiaia, Barra Mansa, Resende e Volta Redonda. Elas deixaram de sofrer com as cheias anuais, que inundavam parte das áreas ribeirinhas. Porque hoje, a barragem, ela consegue fazer um sistema de controle da vazão. Então essas idades aí, usufruirão desse benefício. Funil tem um de pressionamento de 22m e meio, que é altura máxima e mínima operacional do reservatório. Além disso, é uma usina turística, porque ela é muito visitada, por níveis escolares diferentes, tem nível fundamental, nível médio, escolas de Engenharia. Inclusive, tem programas de educação ambiental, que levam as crianças para entender a questão de economia de água, economia de energia. Isso faz da usina de Funil um empreendimento ímpar no sistema Furnas.
1:20:07
P/1 - E ela é bonita para você?
R - Ela é linda, linda! Linda e extremamente segura. A engenharia que foi utilizada na concepção dessa Usina é uma coisa fantástica. Do ponto de vista de economia de concreto, utilização de área e de segurança. Segurança principalmente! Eu trabalho todos os dias em baixo dela, se eu não confiasse, seria difícil.
1:20:49
P/1 - Luís, me conta um pouquinho como foi os seus primeiros dias ali na supervisão na usina de Funil? Como é que foi conhecer os seus colegas?
R - A usina, ela tem uma área de operação, e tem as áreas de manutenção, eletromecânica e eletroeletrônica. Quando eu cheguei eu fui da equipe da eletromecânica, então gradativamente a gente foi conhecendo as pessoas das outras equipes, mas a sintonia foi muito boa, desde o inicio, não posso reclamar de nada. Era uma equipe maior do que a gente tem hoje, muitos funcionários já ai com os planos de aposentadorias, fizeram com que esse número da equipe reduzisse bastante, mas a equipe que está lá, ainda consegue dar conta tranquilamente do serviço, pela capacidade deles. Posteriormente eu acabei mudando de área, dentro da usina. Tinha um gerente, que já estava muito antigo em Furnas, e que ele visualizou que eu pudesse de repente ir ajudando nas atividades dele, dando um suporte para ele na gerência, e foi me passando algumas coisas, gradativamente, é óbvio, e eu fui fazendo, meio que fazendo automaticamente, quando eu percebi já estava envolvido no processo. Aí era o processo da operação da usina. E aí eu cheguei na usina da eletromecânica em 2006, e em 2011 eu mudei de área, eu fui para operação da usina, que inclusive é onde eu estou hoje. Aí eu assumi a gerência da usina. E estou feliz, feliz demais. Trabalhando na usina, como eu falei no início, tem a usina hidrelétrica, tem subestação de Cachoeira Paulista, Subestação de Resende, que é uma área teleassistida, um conceito novo, moderno. Então tudo isso é um desafio, que faz o nosso dia ficar muito dinâmico e prazeroso.
1:23:28
P/1 - Então você tá como gerente da usina de funil a 10 anos?
R - Vou fazer 10 anos. Estou prestes a completar 10 anos.
1:23:39
P/1 - E como é que foi assumir essa responsabilidade Luís?
R - Então, foi gradativo. Eu já assumia, eu ficava no lugar do antigo gerente, fiquei uns três anos, assumido a usina, sem ser o gerente da usina. Nas férias dele, ele também no final, ele teve muitos problemas de saúde, então ele teve que ficar afastado por algum tempo. E eu fui assumindo automaticamente, até meio sem que perceber, fui fazendo as coisas, até que veio comunicado, através de uma circular geral, de que a partir daquele momento... Foi exatamente em 2012, eu já estaria assumindo mesmo, colocando meu nome na usina de Funil, já estaria sobre a responsabilidade do meu CPF. Impactante né, porque ver uma estrutura daquele tamanho lá. Ao mesmo tempo dá um orgulho de estar com uma responsabilidade dessa, é uma coisa que me motiva.
1:25:04
P/1 - Quantas pessoas estão sobre a sua gerência lá em Funil? Quantas áreas são?
R - Vou te explicar brevemente, Funil tem mais de 100 pessoas no site. Antes da reestruturação, onde foi criado o centro de serviço compartilhado, todas essas pessoas eram ligadas a operação da Usina, com exceção das manutenções, eletromecânica, eletroeletrônica. Porque tem os funcionários que fazem parte dessas divisões e também tem os contratos, que são os terceirizados. É o contrato de áreas verdes, que o pessoal que cuida de gramado e outros serviços afins. Os contratos de limpeza, vigilância, tem um contrato grande também de manutenção industrial, tem contrato de leitura de barragem, todos esses contratos aí eram ligados a operação. Com a reestruturação, o almoxarifado passou a ser de uma gerência distinta, ligada ao centro compartilhado, algumas áreas lá de suporte, como compras, gestão de contrato, também passou a ser de uma área distinta. Hoje dentro da minha divisão, tem uma auxiliar administrativa, que é uma funcionária bastante antiga e operadores, que são os funcionários diretos. Em Cachoeira Paulista também tem um grupo de operadores. Então hoje, a auxiliar administrativa saiu e o posto ainda não foi recolocado. E tem os contratos, que a gente acaba tendo algum tipo de divisão, de gestão desses contratos, de área verde, de limpeza, de vigilância. Apesar de que a fiscalização desses contratos, fica tudo a cargo do órgão, de centro de serviço compartilhado. Então, hoje o que a gente tem diretamente ligado, são os 12 operadores da usina, mas o auxiliar administrativo e os 12 operadores da subestação da subestação de Cachoeira Paulista.
1:27:39
P/1 - Luís, como é o dia a dia de uma operação em Funil? Teve alguma situação que demandou muito de você, que te marcou? Que foi complicada?
R - O dia a dia, aparentemente, é rotineiro, mas é só aparente. Principalmente numa usina, com a característica da usina de Funil, que tem essa questão do deplecionamento. Nos períodos de chuva, diariamente, você tem que estar se portando aos órgãos de imprensa, como é que está a questão da vazão, reservatório, quantidade de água que vai ser turbinada, que vai ser despejada. Tudo isso é muito dinâmico. Obviamente tem as atividades, do dia adia da usina e como é uma usina num ponto estratégico, que é o médio rio Paraíba do Sul, está a 170 km do Rio de Janeiro e aproximadamente 230 de São Paulo, fica as margens da Rodovia Presidente Dutra. Tudo isso aí é muito dinâmico, muitas informações passam por aqui, a quantidade de visitas, eventos. Em 2012, que é um fato relevante, nós conseguimos a licença de operação da usina, que quando ela foi construída, não existia a legislação ainda, então foi uma licença de operação corretiva, a gente conseguiu isso junto ao IBAMA, obviamente em parceria com os órgãos da gerência de licenciamento ambiental. Mas foi uma data importantíssima, aqui na história da usina de Funil, porque marcou também o início de alguns programas ambientais, o reinício de um programa de reflorestamento, que é uma parte de recuperação de áreas degradadas. Então com esses programas ambientais, tem um projeto de visita das escolas, que podem ensinar as crianças as questões de economias de energia, de água. E a gente acaba tendo contato com todos esses programas. Então é bastante dinâmico, o dia a dia, cuidar da área, passar por tudo, ver se a questão dos contratos, estão andando bem, se a gente não vai ficar com algum problema de lacuna de contrato. Porque uma lacuna de contrato, pode interromper um serviço importante, que é importante para gente aqui. Área verde, por exemplo, quem não conhece o dia da usina, acha que cuidar de jardim, mas não é, área verde está ligado diretamente a área de segurança de barragem, a parte de controle de formiga, controle de cupim, várias outras, crescimento demasiado de vegetação. A parte de limpeza, que é controle das áreas lá onde os operadores utilizam. Então tudo isso aí faz o dia ficar extremamente dinâmico, não para, não para, o tempo todo e são renovações das normas de operação, é comunicação. Tem muitas parcerias na operação, a operação é ligada, quando vai fazer uma manobra, um aumento de geração, diminuição de geração e contato com o centro técnico que faz essa parte aí, que o CTRE, tem o CTOS. Conscientemente a gente tem que ter contato com a engenharia de manutenção, trabalhar algum outro processo nosso que a gente precisa rever. Então esse dinamismo o tempo todo.
1:32:13
P/1 - Tem alguma situação que para você foi especialmente difícil, ou foi especialmente complicada?
R - A parte de cheias, o período chuvoso é sempre uma parte mais tensa do ano. Obviamente nós temos nossos controles aqui de segurança, mas sempre é tenso. Já teve situações, mas eu não estava na época aqui, foi de 99 para 2000, onde teve uma cheia bastante intensa. Mas não foi só no rio Paraíba, foi na região toda, a região sudeste, que foi bastante intenso aí. Na minha época, nessa minha passagem, ainda não aconteceu coisas desse nível, graças a Deus.
1:33:29
P/1 - Luís, você acha que os funcionários de Furnas têm algum perfil que diferencia ele dos funcionários de outras empresas?
R - Eu acho que o que diferencia um funcionário de Furnas, é orgulho que ele tem de trabalhar na casa. Esse é o fator preponderante, nunca vi, em todas as outras empresas que eu passei, nunca vi. Eu já vi relatos, já ouvi e vi, porque eu estava presenciando, não foi uma ou duas vezes não, foi inúmeras vezes. De pessoas que se emocionaram de falar das funções que desempenham dentro da empresa, com amor que fazem tudo isso, com amor que fazem além do que elas foram contratadas. E da mesma forma, foi emocionante ver... Eu já passei por inúmeras pessoas deixando a empresa, por vários motivos, descontratação, aposentadoria. E a forma emocionante, como elas desocupam aquela função, deixa uma sensação de que a muito prazer em se trabalhar aqui. E eu compartilho dessa história.
2:35:37
P/1 - Fala para mim de alguns companheiros que marcaram você?
R - São inúmeras pessoas, eu precisava ter preparado, porque certamente alguém ficará de fora. Tem o Teles, que foi quem me passou o conhecimento da operação, da gestão da usina, que foi como se fosse um pai, me orientando, me direcionando, dando as informações necessárias, me freando no momento certo. Teve o Raul, ele foi o meu gerente de departamento, depois quando ele foi para superintendência, ele me convidou para assumir o departamento, sempre uma pessoa de uma integridade, uma dedicação, um amor a empresa, inteligência. O Erivelton, que era meu parceiro na supervisão da eletromecânica, na usina de Funil, um grande amigo até hoje. O Fábio Gomes, que foi meu gerente na eletromecânica, também formado lá em Itajubá. O Roberto Junqueira Filho, que era o gerente do departamento, quando eu vim para o operação, aqui para o departamento de produção em Nova Iguaçu, uma pessoa de extrema capacidade, inteligência inspiradora. O ngelo, que foi meu superintendente, quando eu era gerente de departamento, pessoa que também me orientou, me ensinou caminhos de trilhar dentro da empresa. Dentro do departamento mesmo, meus companheiros de hoje, Marco Antônio, Celso, Giovani, Anísio, alguns outros que já saíram dali. Olha, são muitos. Lá dentro da usina, o Jorge Florentino, toda equipe da operação, a forma como a gente tem convivido, tem sido tão agradável, produtiva, uma relação de confiança, as pessoas que inspiram pela disponibilidade que eles têm pela empresa. Da mesma forma, olhando o time de cachoeira, o Álvaro de Cachoeira Paulista também, Felipe, nossa, tem muitas pessoas. Tem o Luiz Cláudio, aqui da usina, que hoje é do serviço compartilhado. Uma pessoa que merece um destaque, é da empresa contratada, da manutenção, que é o Militão, Marco Antônio Soares Militão, ele trabalhou comigo, quando eu vim para usina hidrelétrica, para mim é o profissional de manutenção, de maior competência que nos temos. O Ovídeo, tanto me ensinou, quando eu vim para cá. Nossa cara, uma lista enorme. Tem o Milton também, que trabalhou aqui comigo. Valdomiro, o operador, um operador inteligente, sábio, engraçado, que me deu boas orientações quando eu assumi a usina.
1:40:13
P/1 - Tem algum desses que você lembra de alguma história engraçada, algum caso, alguma situação?
R - Engraçado assim, não, mas todos eles me remetem a muitas histórias. Foram muitos anos ali, várias passagens juntos, vários desafios. Fiscalizações da agência nacional, aquele processo dá licença, de obtenção da licença de operação, que eu tinha comentado, acho que é isso.
1:41:05
P/1 - E você teve experiência, contato com pessoas de outras áreas da empresa? Linha de transmissão, subestação, administrativo? Como que é a relação da sua área com as outras áreas?
R - Inclusive eu queria voltar na pergunta anterior, que eu estou esquecendo uma pessoa importantíssima, que foi o José Leonardo, supervisor de linhas de transmissão, pessoa de extremo afeto, grande amigo, companheiro íntegro. E pessoas de outras áreas, tivemos muito contato com várias, engenharia, departamento de equipamentos rotativos, departamento de licenciamento ambiental, da área social, da comunicação. Como a comunicação foi importante aqui na minha carreira, nós desenvolvemos vários projetos em parceria, teve um que chamou “Bom dia Funil”. Esse “Bom dia Funil”, foi na época que eu fui presidente da CIPA. E aí eu tinha vontade de fazer alguma coisa diferente daquela semana da CIPAT, que na semana da CIPAT a gente vive a questão de segurança, mas essas questões vão se perdendo durante o ano, a gente acaba não falando mais disso. Então a ideia era que a gente desenvolvesse alguma coisa mensal. E aí a ideia partiu disso, a gente fez uns projetos onde, uma vez por mês a gente se reunia, logo no início da manhã, tinha uma parte relativa a segurança, outra parte motivacional e uma terceira parte que cada equipe contava o que fazia dentro da área. Os motoristas do ônibus, contavam como eles desenvolviam suas atividades, que horas eles acordavam. Para as pessoas entenderem a dificuldade do trabalho de cada um. Porque às vezes a pessoa chega lá, vê o motorista ali descansando e tal, às vezes não entende qual é a dificuldade de trabalho da pessoa, quais são os riscos dali. E foi um trabalho que agregou muito ali, porque trouxe essa realidade da dificuldade de trabalho de todas as equipes. De vigilância, de transporte, que eu te falei, os motoristas, da manutenção, da área verde, por ai vai. E a gente teve uma parceria muito boa, com a parte da comunicação, no início desse trabalho. Outro projeto, que foi sensacional, junto com a comunicação, foi os 40 anos da usina de Funil. Tenho muito a agradecer a essa equipe da comunicação. E até hoje. Essa semana mesmo, a gente teve finalizado um trabalho com bastante êxodo, em parceria de novo com a comunicação. Então queria falar também, desses trabalhos de comunicação. Tomara que a minha memória não me falhe, mas da Bel, da Elaine, da Dani Monteiro, da Biazinha, olha, tanta gente envolvida. Essa parceria muito boa, que foi fazer tudo isso aí junto com essas pessoas. Tem a Ana Gesteira, esse projeto também ligado a área social, vários contatos, o apoio impar, sempre ela dá aqui, quando a gente necessita.
1:45:33
P/1 - De onde surgiu o seu interesse em focar nesses projetos, organizar eventos dentro da sua função?
R - Isso foi fluindo naturalmente pelas datas comemorativas da empresa, esses eventos, 40 anos, que eu participei, depois dos 50 anos. Teve esses eventos da CIPA, então são eventos corporativos. Alguns outros eventos, foi de ordem mesmo do dia a dia da usina, que a questão de fiscalizações da agência reguladora, visitas do IBAMA, as visitas das defesas civis, em função do Plano Nacional de segurança de barragem, o contato com órgãos municipais. E tudo foi crescendo em função disso. Um ou outro evento também, de homenagem a funcionários. Então esses eventos, foram se dando em função disso. Teve esse que eu citei aí, que foi uma ideia que a gente idealizou lá junto com o grupo da CIPA, na época que eu estava participando lá, como presidente. Mas os outros projetos, eles vem, a gente acaba incorporando essa ideia, vai trabalhando no nosso entendimento aqui, a gente não consegue fazer nada sozinho, precisa realmente, para que a coisa flua com um resultado mais positivo, precisa de parcerias. Nisso daí a gente deu muita sorte, nessas parcerias que foram firmando. Inclusive em nível de superintendência, hoje o meu superintendente, que é o Flávio, dá total apoio, as atividades que a gente necessita fazer. Obviamente dentro do que a empresa preconiza, atendimento dos nossos protocolos de segurança. Então são essas parcerias que fazem os nossos desafios do dia a dia fluírem. Fluírem e a gente alcança resultados bons. Se não fosse essas parcerias aí, era impossível.
1:48:29
P/1 - Quanto de energia Funil gera e qual a importância dela na região?
R – Então, tecnicamente, Funil tem uma potência instalada de 216 MW, nós temos três unidades geradoras, cada uma 72 MW. Mas o reservatório, ele tem um depressionamento, essa potência instalada, ela está disponível quando o reservatório está na sua cota máxima. E o reservatório hoje, por exemplo, ele deve estar na cota de 35%, então ele está 10m acima do nível mínimo operacional, está a 12m e meio, abaixo do máximo. Essa usina, ela foi com confeccionada, na década de 60, foi idealizada, como uma forma de eletrificar aqui, o projeto da Rede Ferroviária Federal. Em função da concepção do projeto, da característica, ele permitiu o controle da vazão, então foi um outro benefício gerado. Hoje a função da usina é uma função múltipla, além de gerar energia, tem essa função aí, de controle da vazão do rio Paraíba. Que é muito importante para essas cidades que estão abaixo.
1:50:00
P/1 - O que pessoal mais antigo conta para você a respeito de como era Furnas e o que você foi vendo mudando?
R - Qualquer tipo de empresa está sempre mudando, muito dinâmico, a velocidade de mudanças. Ela está alterada para cima, de uns tempos para cá, em função da tecnologia, essa indústria 4.0. Furnas positivamente está indo nessa linha. Obviamente são ajustes que tem que ser feito, características mesmo da empresa, cultura, tem uma outra facilidade, uma outra dificuldade. Qualquer local que a gente for implementar mudanças, obviamente a gente vai enfrentar desafios. Um ou outro grupo absorve com mais facilidade, que é em função da cultura, conhecimento, mas são desafios, as pessoas estão aceitando desafios, estão aceitando o desafio e o principal, estão vencendo. Estão vencendo, estão indo muito bem. Então, como exemplo aqui, a usina de Funil. A usina de Funil assumiu a operação da usina de Simplício, no complexo Simplício, durante um tempo, um desafio para equipe daqui, começar a operar uma usina que fica tão distante daqui. De uns tempos para cá a usina está operando remotamente, estava operando, agora está até com centro de operação regional, que é a subestação de Resende. Mas são os operadores da usina aqui, que se por acaso precisar dar uma assistência, são eles que vão lá. No final do ano passado, a equipe também absorveu um outro projeto, que era Jaguari, é uma usina que foi da CESP, foi absorvida está sendo operada. Então são desafios que vão entrando. Tem outros desafios, que são pessoas antigas, que já dominavam os processos, que estão se aposentando, como eu falei no início, a velocidade hoje é muito aumentada, em relação a tempos passados aí. Tempo passado não muito distante, mas as pessoas estão encarando. Desde 2010, nós temos um sistema novo implantado, que é o SAT, agora nós já estamos convergindo para o Office 365. Não tenho ouvido grandes reclamações, as pessoas obviamente ficam preocupadas, a gente está passando por um processo que é novidade para todo mundo. Mas tecnicamente nós temos um time muito competente. Eu confio muito nesse time para absorver esses desafios. Vou também na linha de enfrentar esses desafios, aprender com as novidades que vão surgindo. Às vezes algumas novidades, são diferentes para mim também, mas é uma oportunidade nova de aprender. Eu não me furto disso não, dá oportunidade de aprender, de encarar e de vencer de novo. O importante é vencer todo dia e para vencer todo dia, a gente precisa estar jogando.
1:54:15
P/1 - Me conta da sua esposa, como foi o primeiro casamento com ela?
R - 2004 a gente casou.
1:54:37
P/1 - Vocês se conheceram quando?
R - Nós somos de Resende. Quando eu voltei para Resende, voltei a trabalhar aqui, naquele processo todo que eu voltei da universidade para cá. Depois de uns dois anos a gente se encontrou, e aí a coisa foi acontecendo. Em um ano e sete meses a gente casou, foi em 2004, 10 de julho de 2004. 10 de julho de 2009, eu resolvi casar com ela de novo, casar em termos, a gente fez a renovação. Meus pais nos casaram de novo. Na de 10 anos que falhou. Aí na de 15 anos, foi 2019, nós casamos de novo. Vamos nessa luta aí. Na de 20 anos, vai ser um novo casamento, se Deus quiser. Já com os filhos agora carregando as alianças.
1:55:53
P/1 - Vocês fazem festa de 5 em 5 anos, é isso?
R - Faço festa! Na verdade eu faço festa de 6 em 6 meses, porque meu casamento é em julho e a gente começou a namorar em dezembro. Então a cada data dessa aí é um evento à parte. A gente tem que aproveitar essas datas aí, para celebrar. Celebrar sempre, celebrar todas as datas, todos os motivos, isso que alegra a nossa vida, coloca a gente para frente, conta, monta novas histórias. Novos personagens vão surgindo nesse caminho, e aí vão sendo agregados, novas histórias vão se confundindo também, porque novos personagens com os antigos. E as histórias vão acontecendo. Acho isso extremamente saudável para o nosso relacionamento, nosso dia a dia de família. Eu faço questão de que isso aconteça, cotidianamente. Eu faço questão de que esses processos, essas datas sejam lembradas e comemoradas. E com festa, com buffet, tudo que nós temos direito. Viagem de lua de mel.
1:57:26
P/1 - E como que é ser pai? Como é que foi o nascimento dos seus filhos?
R - Você vai me fazer chorar, cara. É indescritível, indescritível. Minha filha está com 15, está pensando até em morar fora. Um sonho também. Um sonho, desafio, preocupação. É uma mistura, um turbilhão de tanto sentimentos, que mexe com a gente. Mexe com a gente, faz a gente ficar mais emotivo, ficar mais íntimo conosco mesmo, mais espiritualizados, para poder entender essa relação de família, porque que a gente está junto, qual é nossa responsabilidade um com outro. Eu acho que isso tudo acaba ensinando, até tratar melhor outras pessoas, tratar melhor nossos pais. Os filhos nos ensinam, ensinam muito. Nos ensinam, nos aborrecem, nos perturbam, nos enchem de orgulho. Filhos fazem de tudo.
1:59:07
P/1 - E como é que tem sido essa pandemia para vocês? Como é que vocês estão lidando com ela?
R - No início, foi uma delícia. Aquelas duas primeiras semanas, ter que trabalhar de casa, com roupas mais confortáveis. Mas aí vira uma rotina que para mim já não bate muito com meu perfil. Eu prefiro o perfil mesmo de ir todo dia, de sair, de ir para usina. Eu voltei para rotina, porque é complicado. E aí eu vejo que é muito mais complicado para as crianças, as crianças têm um nível de energia que precisa ser consumido de alguma forma, e se fica dentro da casa contido, isso explode de algum jeito, isso vai ser extravasado. Para eles é assim, para a gente é assim também, você vai extravasar, tem gente que consegue controlar um pouco melhor, outros nem tanto. Então é um processo, que de verdade, aqui a gente torce muito para que passe logo, para que todo mundo seja vacinado, para que a gente supera essa fase. E eles voltem ao convívio, lá com os amigos, possam ir na casa dos amigos, que a gente possa receber os amigos deles. E a gente adora isso aqui em casa, a gente adora receber as pessoas, proporcionar finais de semana com a casa cheia. A gente tem uma casa aqui que é no meio do mato, no meio da mata, ali subindo a serra, que é propício para esse tipo de coisa. Então a gente fica muito podado, no sentido desses momentos que a gente tinha, que momentaneamente estão bloqueados.
2:01:30
P/1 - O que você deseja para o seu futuro e ao mesmo tempo o que você deseja para o futuro da empresa?
R - Eu tenho um sonho, de obviamente, continuar trabalhando, continuar vencendo novos desafios em Furnas. Eu, como a maioria, grande maioria dos funcionários, tenho orgulho, um prazer imenso de vestir essa camisa, fazer parte desse time, de honrar, de ter meu nome no corpo dessa empresa. E gostaria muito que isso perdurasse aí por um bom tempo aí. A empresa já passou por percalços, por desafios e tenho certeza que vai vencer o que vier pela frente. Esse eu não tenho a menor dúvida, independente de qual seja o desafio, com o corpo técnico que nós temos, com o conhecimento que as pessoas que trabalham em Furnas tem, não digo só de funcionários não, têm essas empresas parceiras nossas, são os nossos terceirizados. Essas empresas, as pessoas que trabalham nessas empresas, eles são tão parceiros, tanto quanto os funcionários da empresa, em alguns casos, posso te dizer até que é mais. Tenho certeza, que todas essas empresas formando essa parceria aí, a gente vai vencer qualquer tipo de desafio. Não tenho medo algum, medo algum, nenhum tipo de receio do que virá pela frente. Torço para que sejam dias melhores, principalmente do ponto de vista de saúde pública, para que as pessoas tenham mais paz, segurança, para levar suas vidas. Mas dentro da empresa, da competência técnica, não tenho a menor dúvida, nunca tive.
2:04:06
P/1 - Como é que foi contar um pouquinho da sua história para gente hoje? Contar um pouco da história da empresa também?
R - Primeiro, eu fiquei muito orgulhoso de receber o e-mail, para poder participar desse projeto. Tudo que assunto que eu falo, as rodas de conversa que eu chego, inerentemente acabo levando o nome da empresa. É um tremendo orgulho, fiquei muito emocionado quando eu fui chamado para esse projeto. A minha família também ficou. A minha família sabe o tamanho do apreço que eu tenho pela empresa, eles também têm, sentem a mesma coisa. É contagioso, isso acaba sendo contagioso. E foi uma coisa que aconteceu naturalmente, a gente tá conversando aqui, tá dando quase três horas de bate-papo, natural, sem grandes nervosismos, sem nada. Espero poder ter ajudado, espero poder ter demonstrado o carinho e orgulho e o apreço que eu tenho pela casa. Peço desculpa aos meus amigos de trabalho, que eu não consegui lembrar o nome, porque foi meio de surpresa isso daí, você me pegou, né Lucas. Pegou de surpresa aqui. Mas foram inúmeras histórias que eu vivi dentro da empresa. Praticamente 30% da minha vida já está dentro de Furnas, 30% do meu tempo de vida está dentro de Furnas. E digo isso com muita satisfação e com muito orgulho.
2:06:36
P/1 - O que você acha de guardar a memória da empresa? O que você acha dessa ideia?
R - A memória da empresa é crucial. A competência das pessoas que trabalham aqui é tão grande, que se a gente pudesse pegar uma pen drive e plugar isso em algum lugar, seria maravilhoso, pena que não dá para fazer isso. Então, alternativamente, a forma que a gente pode fazer é conversando, transpassando esses conhecimentos e guardando. Por isso que eu acho que é fundamental esse tipo de projeto, os documentos que vão ficando, o nome das pessoas que elaboraram os processos, dos projetos, os documentos, para que fique ali, retratado para sempre, a importância que cada um teve, nessas participações aí. Que construíram esse nome grandioso eterno que é Furnas.
2:07:52
P/1 - Luís obrigado pela conversa! Eu não tinha visto que já estava quase 3 horas, então é um sinal que realmente foi ótimo, passou voando. A gente agradece muito ao seu tempo, a sua paciência de contar história para gente. A empresa com certeza agradece bastante. E vai ser um prazer, uma honra poder guardar sua história, registrar e divulgar também. Porque a questão é divulgar para outras pessoas, de dentro e de fora de Furnas, a sociedade brasileira como um todo. Então muito obrigada, foi ótimo!
R - Não vai contar a história da corneta para os outros não!
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