Meu nome é Ana Paula Gagliardi Tinoco, e eu nasci em São José do Rio Preto, em 1964. Meu pai é Sebastião Gagliardi, já é falecido, e minha mãe, Carmem Ramalho Gagliardi. Meus pais moraram num sítio, na roça. Meu pai lá pros lados de Meridiano, Fernandópolis, e minha mãe pro lado de Buritama, Zacarias. E eles vieram aqui pra São José do Rio Preto, os dois se conheceram por aqui.
Nasci no Imperial, o bairro, e depois a gente foi pra Boa Vista, mas voltamos pro Imperial, onde nós ficamos até meus 15 anos. Aí nós fomos pra Santa Cruz, que é o outro lado da cidade, e depois meu pai comprou uma casa no Jardim Urano, onde minha mãe tem essa casa até hoje. Na infância, a minha amiga Lucimara tinha um fundo de quintal muito gostoso, que tinha pé de caju, pé de goiaba. Então, cada árvore era a casa de uma. A gente cozinhava no chão, fazia comidinha, minha mãe dava batata, cebola, ovo. Nunca comi tanta comida com cheiro de queimado e fumaça na vida, mas (risos) fazia aqueles fogõezinhos, era uma delícia. E aí, pra dormir, a gente subia nas árvores, e cada uma tinha a casa numa das árvores. E pra se visitar, a gente pulava de uma árvore pra outra.
Em casa, não tinha como você falar: “Não quero estudar”. Pelo menos até o terceiro colegial, a gente era obrigado a estudar. Se quisesse, podia estudar no período da manhã, que meu pai segurava as pontas, não precisava trabalhar. Tanto que eu fiz até o terceiro colegial no período da manhã, mesmo. Já a faculdade era meio opcional, mas eu quis fazer. Eu fiz Administração na época em que a Dom Pedro era uma superfaculdade. A Dom Pedro I era uma faculdade muito boa, tive professores excelentes. Foram quatro anos superintensos.
E eu conheci o meu marido nessa época, no teatro onde eu trabalhava. Ele também foi convidado, aí a gente se conheceu lá, mas só depois de bastante tempo que a gente começou a namorar. Namoramos seis anos, aí...
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Meu nome é Ana Paula Gagliardi Tinoco, e eu nasci em São José do Rio Preto, em 1964. Meu pai é Sebastião Gagliardi, já é falecido, e minha mãe, Carmem Ramalho Gagliardi. Meus pais moraram num sítio, na roça. Meu pai lá pros lados de Meridiano, Fernandópolis, e minha mãe pro lado de Buritama, Zacarias. E eles vieram aqui pra São José do Rio Preto, os dois se conheceram por aqui.
Nasci no Imperial, o bairro, e depois a gente foi pra Boa Vista, mas voltamos pro Imperial, onde nós ficamos até meus 15 anos. Aí nós fomos pra Santa Cruz, que é o outro lado da cidade, e depois meu pai comprou uma casa no Jardim Urano, onde minha mãe tem essa casa até hoje. Na infância, a minha amiga Lucimara tinha um fundo de quintal muito gostoso, que tinha pé de caju, pé de goiaba. Então, cada árvore era a casa de uma. A gente cozinhava no chão, fazia comidinha, minha mãe dava batata, cebola, ovo. Nunca comi tanta comida com cheiro de queimado e fumaça na vida, mas (risos) fazia aqueles fogõezinhos, era uma delícia. E aí, pra dormir, a gente subia nas árvores, e cada uma tinha a casa numa das árvores. E pra se visitar, a gente pulava de uma árvore pra outra.
Em casa, não tinha como você falar: “Não quero estudar”. Pelo menos até o terceiro colegial, a gente era obrigado a estudar. Se quisesse, podia estudar no período da manhã, que meu pai segurava as pontas, não precisava trabalhar. Tanto que eu fiz até o terceiro colegial no período da manhã, mesmo. Já a faculdade era meio opcional, mas eu quis fazer. Eu fiz Administração na época em que a Dom Pedro era uma superfaculdade. A Dom Pedro I era uma faculdade muito boa, tive professores excelentes. Foram quatro anos superintensos.
E eu conheci o meu marido nessa época, no teatro onde eu trabalhava. Ele também foi convidado, aí a gente se conheceu lá, mas só depois de bastante tempo que a gente começou a namorar. Namoramos seis anos, aí a gente já tinha parado com o teatro, porque infelizmente teatro amador é uma coisa que não te traz dinheiro e nem futuro. Traz conhecimento, ensinamentos, mas não te traz futuro econômico. Aí nós paramos, fomos trabalhar. Foi quando eu comprei o Bazar Aquarela. Mas foram dez anos de teatro.
Antes do bazar, eu trabalhava numa firma, e o Hermes entrou de sociedade em um atacado de brinquedos com um conhecido nosso. Acho que ele ficou uns dois anos, e esse amigo quis sair. Então ele me chamou - a gente não era casado ainda -, e eu saí do serviço pra ir pra lá. Eu peguei meu Fgts, apliquei tudo lá, na distribuidora. Mais tarde, a gente montou um bazarzinho. Dali um tempo, nós soubemos de um bazar que estavam vendendo aqui no Parque Estoril, e nós viemos ver - um lugarzinho bacana, todo já montadinho. Aí nasceu o Bazar Aquarela. Ficou muito bonitinho, muto bacana, e praticamente o bairro todinho conhecia. Ficou famoso.
Eu fazia sorteios de bicicleta no final do ano. Ficou muito famoso, e a criançada adorava. Aí eu fui entrando com roupas, com aviamentos, com tudo o que podia. Na época, é até engraçado, ganhei muito dinheiro com fax. Eu comprei um fax, e os representantes iam todos lá tirar cópia de pedido, pra mandar passar fax pras firmas. Aí eu pus xerox também, fazia muitas cópias, encadernava. Vendia muito brinquedo - no Natal era uma loucura, uma correria! Fomos trazendo roupas, pois também vendia bastante. O Dia das Mães vendi muito vaso, e eu ia pra Porto Ferreira buscar os vaso. O que eu vendia bastante durante a semana toda era sempre o material escolar e aviamentos. Porque tinha bastante costureira perto.
E é um bairro periférico, a ponta da cidade, então o pessoal comprava tudo aqui. Ia pra cidade para comprar eletrodoméstico, essas compras maiores. Para as coisas de bazar, eles iam no bazar, pois não compensa ir à cidade e ter que pegar um ônibus. Então a gente aproveitava, fazia ficha e sempre fazia promoção. Colocava um ou outro item mais barato, dando promoção e em várias parcelas. Fervia, na época de material escolar era uma loucura, graças a Deus! Era muito bom.
Fomos com o bazar até mais ou menos 1995. Depois, com filho pequeno, acabamos vendendo. Então veio a época da Aquarela Representações Comerciais. Na verdade, o Hermes nunca parou as representações. Nós compramos um Disque Água também. Eu ficava no Disque Água, e ele começou a viajar, ainda com brinquedos - tanto que a gente trabalha com brinquedos até hoje. Depois, como começou a aumentar muito o número de indústrias com as quais ele trabalhava, eu vendi o Disque Água e fui com ele. Eu viajava pra um lado, e ele viajava pro outro. Eu fazia a minha região, e ele fazia a dele.
A gente trabalha com várias representadas. Mas nós gostamos de trabalhar o brinquedo que está saindo no mercado, na última moda, que é uma delícia de trabalhar, de vender, porque você chega e só pergunta: “Quantos vai desse?” A pessoa já te liga: “Você vai passar quando? Eu estou precisando disso”. Porque tem fases que é difícil, é complicado. Você tem que chegar, conversar muito. Mas então, quando você tem algum brinquedo que está despontando, é uma delícia!
E hoje em dia, a coisa tem que ser meio que voltada pra tecnologia. Tudo que tem alguma coisa que faça alguma coisa é sempre o que vende mais. Então, não vale mais um aviãozinho, tem que ser um aviãozinho que voa. Porque na internet já tem tanta coisa que você pode fazer no mundo virtual, que no mundo real fica mais complicado. Quando a gente era pequeno, tudo era da nossa imaginação. Você criava um castelo na sua imaginação. Hoje você não precisa, bota lá no QR code, ele já mostra o seu castelo do jeito que você quer, você só entra ali e brinca. Na nossa época, não. Você formava aquele castelo na cabeça. Eu lembro que eu amarrava um pano na cintura e pronto, eu já era uma princesa. Hoje eles não precisam mais disso, mas eu tenho muita pena das crianças de hoje, por conta disso.
Eu acredito que a gente tem que fazer de tudo pra melhorar, em todos os sentidos. Em tudo que você faz, ou no comércio, ou no serviço público, tem que fazer o melhor de você. Pro comerciante, ele tem que estar sempre com o olho lá na frente, sempre com novidades, com coisas boas, pensando em trazer o melhor pra pessoa, tanto no sentido material, como no moral e espiritual. Então, eu acredito que tudo o que você faz com amor, você faz bem-feito.
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