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História
Personagem: Maria Rita Mendes
Por: Museu da Pessoa, 30 de julho de 2007

Artesã das panelas de barro

Esta história contém:

Artesã das panelas de barro

Vídeo

Gosto de trabalhar. Eu não gosto de ficar sem dinheiro, que é ruim demais. Se a pessoa adoecer e você não tiver dinheiro... Aqui, onde é que nós trabalhamos, não tem outro movimento para trabalhar, só tem o barro mesmo para trabalhar.

De barro, que eu faço? Eu faço tudo quanto é espécie de vasilha de barro. Eu faço filtro, eu faço panela, eu faço jarra, tudo quanto é espécie. Bujão.

Depois que nós começamos fazer panela, não tinha tempo para brincar, não (risos). Tinha hora que nós fazíamos panela de cedo até meio-dia; do meio-dia à tarde nós íamos ajudar pai na enxada, que ele gostava muito de plantar e ele já estava bem idoso.

A minha mãe morreu com 102 anos, mas nos ensinou a trabalhar para nós caçarmos o jeito de criar os nossos. Ela com 100 anos, ela fazia. Mãe fazendo vasilha tem mais de 100 anos. Quando ela sentava, ela não gostava de ver nós para aqui e para acolá. Ela botava um bolo de barro e botava um outro para nós trabalharmos, ajudarmos ela.

De vez em quando, aparece um, dois. Aqui, compra um bocado de minha mão. Mas nós vendemos mais é por encomenda. Tem vez que vem gente encomendar de fora, encomenda aqui para fora. Eles pegam e levam para outro canto. Agora mesmo, essas que estão aí o povo leva para Brasília para vender.

Sempre eles falam que, na panela de barro, o de comer é o mais sadio que na panela de alumínio. Comida boa de fazer é um arroz para cozinhar na panela de barro, que é boa. Galinha também na panela de barro é boa. A carne de porco também. Você cozinhar um osso numa panela de barro é muito boa.

Eu fui lutando até eu comprar uma geladeira (risos). Vendendo panela. Fui juntando esse dinheiro, até que eu juntei. Eu estava em 200 reais, a geladeira custou 500. Eu fui, o moço chegou, eu paguei 200 de entrada e fiquei devendo 300. E fui pagando de 50 em 50, até que Deus me ajudou que eu paguei. Eu consegui ter, se não eu não tinha (risos). Já tem uns dois anos.

Eu gosto de fazer...

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Dados de acervo

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Projeto Memória dos Brasileiros

Depoimento de Maria Rita Mendes

Entrevistada por Winnie Choe (P1) e Thiago Majolo (P2)

Itinga, 30/07/2007

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista número MB_HV_027

Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar

Revisado por Viviane Aguiar

Publicado em 18/03/2008

P1 – Dona Rita, para a gente começar, queria que a senhora falasse o seu nome completo, a cidade onde a senhora nasceu, o nome dos pais.

R – Onde é que eu nasci? Foi aqui no Frade, já é no outro município, é lá para riba. Eu nasci no Frade. Pai chamava Quirino Neto Mendes, e minha mãe chamava Rosalina Maria de Jesus.

P1 – E a senhora cresceu aqui no Frade também?

R – Cresci no Frade.

P1 – Conta um pouquinho para a gente como é que foi a sua infância, se você tem irmãos.

R – Se eu tenho irmão? Tenho. Nós éramos seis irmãos, morreu um, ficou cinco. Mas moram tudo para fora, só tem dois, eu e o outro irmão, que moramos aqui. Um mora no Teixeirinha, e eu aqui.

P1 – E com o que a senhora brincava quando era criança, com seus irmãos, por aqui?

R – Nós brincávamos com buzina de coco. Que nem brinquedo o pai podia comprar para nós, que era muito duro o tempo.

P2 – Buzina de coco?

R – Buzina de coco, esses cocos que dão em pé de lajedo. Ele ia lá para o pé de lajedo, chegava lá, cortava o coco e agora trazia aqueles cachinhos para nós brincar.

P1 – E como era a região quando a senhora era pequena?

R – Quando era pequena? Nós vivíamos mais os outros, aqui para acolá, porque o tempo era muito duro, não era fácil para a pessoa dar no braço para poder dar de comer a nove filhos, não.

P1 – E o que seus pais faziam?

R – Trabalhavam para os outros, tadinhos. Nesse tempo, eram 500 réis que pagavam. Nós andávamos passando mais fome do que comia. Aí, nós ajudávamos aqui para procurar, os outros, para poder ganhar.

P1 – Essa coisa de fazer as panelas, a senhora aprendeu como? Como foi que começou...

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Título: Artesã das panelas de barro

Data: 30 de julho de 2007

Local de produção: Itinga (mg)

Personagem: Maria Rita Mendes
Autor: Museu da Pessoa

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