P – Diga o seu nome completo, local e data de nascimento.R - Maria Grazia Tasson , nasci em Arsinano, província de Vicenza, Itália , em 05 de março de 1937.P - Com quantos anos a senhora veio para o Brasil?R – Com 23, no dia 9 de abril de 1961.P – Por que a senhora veio?R – (risinho). Porque meu namorado estava aqui, ele era italiano. Ele estava em uma casa de italianos, e a gente casou na igreja do Glicério, Igreja dos Italianos. Vim para casar. Vim sozinha. Todo o mundo ficou lá.P – Como foi a sua saída de lá?R – Muito triste. Demais. Demais, demais, demais. Depois de um mês que eu estava aqui eu queria morrer. A gente estranha, não era a minha terra, tinha só esses patrícios meus italianos, meu marido, depois de um mês eu queria morrer, queria ir embora, não queria ficar aqui. Já estava casada, então fiquei. Casei em menos de um mês que estava aqui. Cheguei dia 9 de abril, casei dia 23 de abril de 1960. P – Onde a senhora tinha conhecido seu marido?R – Na Itália. Ele veio antes, porque precisava trabalhar. Porque ele gostava de andar no mundo, porque ele também estava na Suíça primeiro, trabalhava na Suíça, depois saiu de lá e veio no Brasil. P – O que ele fazia?R – Ele era mecânico, de transformador, essas coisas de mecânica, mas não de carro.P – Ele também nasceu na sua cidade?R – Ele nasceu em Montorso, uma cidade perto. Dois quilômetros, também no Vêneto. Namorei lá, vim para cá e casei.P – Como se conheceram?R - Ah, vou falar em italiano... sabe quê que é? Aqui, tipo festa junina, lá se chama sagra. Eu conheci ele lá. Uma amiga minha me apresentou, que ela trabalhava junto com ele, numa fábrica italiana, _____(?). E me apresentou. Na sagra. Essa festa era o dia 7 de agosto, San Gaetano, e lá tinha a igreja, que fazia esse tipo de sagra. É o nome da festa na qual se comemora esse santo. P – Voltando um pouco, a senhora o conheceu e veio para cá.R – É, ele trabalhava na Suíça,...
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P – Diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R - Maria Grazia Tasson , nasci em Arsinano, província de Vicenza, Itália , em 05 de março de 1937.
P - Com quantos anos a senhora veio para o Brasil?
R – Com 23, no dia 9 de abril de 1961.
P – Por que a senhora veio?
R – (risinho).
Porque meu namorado estava aqui, ele era italiano.
Ele estava em uma casa de italianos, e a gente casou na igreja do Glicério, Igreja dos Italianos.
Vim para casar.
Vim sozinha.
Todo o mundo ficou lá.
P – Como foi a sua saída de lá?
R – Muito triste.
Demais.
Demais, demais, demais.
Depois de um mês que eu estava aqui eu queria morrer.
A gente estranha, não era a minha terra, tinha só esses patrícios meus italianos, meu marido, depois de um mês eu queria morrer, queria ir embora, não queria ficar aqui.
Já estava casada, então fiquei.
Casei em menos de um mês que estava aqui.
Cheguei dia 9 de abril, casei dia 23 de abril de 1960.
P – Onde a senhora tinha conhecido seu marido?
R – Na Itália.
Ele veio antes, porque precisava trabalhar.
Porque ele gostava de andar no mundo, porque ele também estava na Suíça primeiro, trabalhava na Suíça, depois saiu de lá e veio no Brasil.
P – O que ele fazia?
R – Ele era mecânico, de transformador, essas coisas de mecânica, mas não de carro.
P – Ele também nasceu na sua cidade?
R – Ele nasceu em Montorso, uma cidade perto.
Dois quilômetros, também no Vêneto.
Namorei lá, vim para cá e casei.
P – Como se conheceram?
R - Ah, vou falar em italiano.
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sabe quê que é? Aqui, tipo festa junina, lá se chama sagra.
Eu conheci ele lá.
Uma amiga minha me apresentou, que ela trabalhava junto com ele, numa fábrica italiana, _____(?).
E me apresentou.
Na sagra.
Essa festa era o dia 7 de agosto, San Gaetano, e lá tinha a igreja, que fazia esse tipo de sagra.
É o nome da festa na qual se comemora esse santo.
P – Voltando um pouco, a senhora o conheceu e veio para cá.
R – É, ele trabalhava na Suíça, ganhava muito bem, mas, não se dava bem com os alemães, então, decidiu vir para o Brasil.
P – Quando a senhora chegou o que achou do país?
R – Ah, meu Deus!
P – Chegou de que?
R – De navio.
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naquela época tinha só navio, não tinha avião.
P – Como se chamava o navio?
R – Giulio Cesare.
Que agora não anda mais, porque está velho comme eu ( risadas).
P – Embarcou em Gênova?
R – É, a Gênova.
Cheguei depois de 12 dias no porto de Santos.
Ali estrava então o meu namorado, tinha o Cesare, a Lia, que era um casal que eu fui morar na sua casa.
Fiquei lá quatro meses, depois a gente arrumou uma casinha, e fui morar.
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eu e meu marido.
P – Qual foi a impressão em Santos?
R – Depois tinha mais gente, tinha outro casal, italianos, da minha terra, e fiquei feliz, porque era tudo gente que falava o meu dialeto, né.
P – A senhora parou no Rio de Janeiro?
R – Sim, parei, fui visitar o Cristo Redentor.
Aí gostei.
R – E como foi o começo de sua vida de casada?
R – Hmmmmm! Não foi nada bom.
Porque eu fui morar na casa desses amigos , esse casa, só que.
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sabe como é que é.
Viver na casa dos outros não é bom.
A mulher, a Lia, ela até faleceu.
Ela cismava, eu tinha que fazer tudo o que ela queria.
Ma eu, coitada, nova, com 23 anos, e o mundo aqui desconhecido, e então por isso é que o meu marido resolveu arranjar uma casinha pra morar.
P – Essa primeira casa era em que bairro?
R – Na Rua Faustolo, na Lapa.
P – O que a senhora achou do bairro nessa época?
R – É.
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até que tava bom, porque naquela época não tinha tanto ladrão, como que tem agora, toda essa bandidagem aí.
Não tinha nada, era tudo limpo, bonito, a rua, tudo taba bom.
A Lapa tava bonita, agora que tá tudo feio, feinho.
P – Era melhor ou pior do que onde a senhora morava na Itália.
R – Aí, eu vou falar que era melhor na Itália, que é a minha terra.
P – Mas não era uma pequena cidade?
R – Não é tão pequena.
P – O que mais a senhora estranhou quando veio morar sozinha, com o marido?
R - Ihhh.
Bom, a comida, que até agora não acostumei comer arroz, feijão.
P – Qual a sua comida tradicional?
R – Ah, eu faço lasanha, macarrão, aliás, fiz lasanha para o meu filho que ele dimagreceu, para ele engordar um pouquinho, a gente faz risoto, minestrone, brodo, ma eu não.
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P – Qual é a comida mais tradicional vêneta?
R – Polenta e bacalá.
P – Bacalhau?
R – É.
Polenta e bacalá, ó, especialitá.
A gente faz o bacalá de um lado e a polenta de outro.
P – Que mais é tradicional vêneto?
R – Depois tem também, lógico, o macarrão.
Arroz com abobrinha, a minha mãe fazia, arroz com brócoli, nhoque, cada dia uma coisa.
P – Quando seu filho nasceu?
R – Eu cheguei em 60, ele nasceu em 61, dia 1º de dezembro.
P – A senhora fala italiano com ele?
R – Dialeto.
P – A senhora tem quantos filhos?
R – Um só.
Maurício.
P – Que costumes a senhora preservou na sua casa? Os hábitos?
R – Ah, eu ensinei pro meu filho até demais os hábitos italianos, que ‘as vezes não é muito bom, como estou fazendo com o meu neto.
P – Quais não são bons?
R – Nó, é que a gente sempre fala muito da terra da gente, então o filho também sempre cresceu com essa cabeça de pensar na Itália.
Temos costumes de sempre ir ‘a missa aos domingos, de comer macarrão ( riso), e comer tudo italiano.
O costume é próprio italiano.
P - E o comportamento?
R – O comportamento também sempre ensinei , sempre severa.
Por exemplo, de noite não deixar ele de madrugada, nunca deixei, sempre .
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até meia noite.
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nunca deixei até de madrugada, porque se ele saía e chegava em casa a uma hora, eu não conseguia dormir, ficava na janela do quarto esperando ele.
P – E se ele não obedecesse, qual era o castigo?
P – O pai batia , que tava grande, até.
P – E as festas religiosas?
R – Ah, comemoramos a Páscoa, o Natale, essas festas.
Ele ainda vai na missa, o meu filho, vamos os dois junto.
O pequeno não vem porque não pára.
Ma, no Corpus Christi fomos na missa junto, o meu neto.
P – Sua nora é de que nacionalidade?
R – Brasileira.
P – Seu filho fala italiano?
R – Fala.
E meu neto também.
P – A senhora mora com quem?
R – Suzinha, num prédio, num apartamento e meu filho mora no outro.
P – A senhora volto para Itália?
R – Voltei acho que umas cinco ou seis vezes.
Vou ver meus irmãos, cunhadas, meus pais faleceram.
P – Está certo.
Muito obrigada.
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