Conheci um homem indiano na Internet em uma antiga rede social chamada ICQ. Namoramos via Internet por alguns meses. Ele me pediu em casamento. Eu aceitei. E assim, fui para a Índia em 1999. Chegando lá me deparei com uma forma de viver muito diferente da ocidental.
Os indianos vivem para a sociedade e tudo o que fazem ou não fazem é por medo do que as outras pessoas vão falar ou vão pensar deles. Viver de aparência é uma coisa que nunca fez parte do meu modo de vida e portanto o choque cultural foi imenso. O calor insuportável de 48 graus durante nove meses no ano, me fez desidratar e desmaiar inúmeras vezes. Eu não conseguia comer pois a comida indiana é muito oleosa e extremamente apimentada. A boca queima, o nariz escorre, os olhos lacrimejam, o rosto fica vermelho e esta tortura não passa rapidamente. Persiste por muitos minutos e não adianta tomar água para acalmar. A única coisa que faz com que melhore um pouco é comer umas colheradas de iogurte natural. Mas tudo que entra queimando, sai queimando... e o resultado é uma azia terrível, uma profunda dor no estômago e dolorosas hemorroidas.
Comer na Índia foi uma tortura pela qual passei durante um ano na casa da minha sogra. Após pedir educadamente diversas vezes para que não fizesse comida tão apimentada. Até que um dia, mais uma vez encontrei uma grande pimenta verde no meu prato. Fiz minha mala e fui para um hotel. Parti sem dizer nada para ninguém. Isso foi na hora do almoço, meu marido estava no serviço. A noite que passei no hotel sozinha foi a melhor noite que tive na horrenda Calcutá. O quarto com ar condicionado numa temperatura agradável foi um verdadeiro oásis no calor infernal indiano e pela primeira vez pude ter uma agradável noite de sono. À noite pedi serviço de quarto e jantei uma comida boa, sem pimenta. Meu aparelho digestivo me agradeceu! Somente no dia seguinte telefonei para meu marido. Expliquei que não poderia continuar comendo na...
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Conheci um homem indiano na Internet em uma antiga rede social chamada ICQ. Namoramos via Internet por alguns meses. Ele me pediu em casamento. Eu aceitei. E assim, fui para a Índia em 1999. Chegando lá me deparei com uma forma de viver muito diferente da ocidental.
Os indianos vivem para a sociedade e tudo o que fazem ou não fazem é por medo do que as outras pessoas vão falar ou vão pensar deles. Viver de aparência é uma coisa que nunca fez parte do meu modo de vida e portanto o choque cultural foi imenso. O calor insuportável de 48 graus durante nove meses no ano, me fez desidratar e desmaiar inúmeras vezes. Eu não conseguia comer pois a comida indiana é muito oleosa e extremamente apimentada. A boca queima, o nariz escorre, os olhos lacrimejam, o rosto fica vermelho e esta tortura não passa rapidamente. Persiste por muitos minutos e não adianta tomar água para acalmar. A única coisa que faz com que melhore um pouco é comer umas colheradas de iogurte natural. Mas tudo que entra queimando, sai queimando... e o resultado é uma azia terrível, uma profunda dor no estômago e dolorosas hemorroidas.
Comer na Índia foi uma tortura pela qual passei durante um ano na casa da minha sogra. Após pedir educadamente diversas vezes para que não fizesse comida tão apimentada. Até que um dia, mais uma vez encontrei uma grande pimenta verde no meu prato. Fiz minha mala e fui para um hotel. Parti sem dizer nada para ninguém. Isso foi na hora do almoço, meu marido estava no serviço. A noite que passei no hotel sozinha foi a melhor noite que tive na horrenda Calcutá. O quarto com ar condicionado numa temperatura agradável foi um verdadeiro oásis no calor infernal indiano e pela primeira vez pude ter uma agradável noite de sono. À noite pedi serviço de quarto e jantei uma comida boa, sem pimenta. Meu aparelho digestivo me agradeceu! Somente no dia seguinte telefonei para meu marido. Expliquei que não poderia continuar comendo na casa da mãe dele. Ele conversou com mãe e ela concordou em me deixar usar a cozinha para que eu pudesse fazer minha própria comida. Sim, isso mesmo que você entendeu, ela NÃO me deixava cozinhar, afinal a cozinha era dela!
Já estou na Índia há 15 anos e minhas condições de vida melhoraram muito após termos saído de Calcutá e termos ido para a capital do país, Nova Delhi. Nova Delhi não chega a ser civilizada, mas com certeza é muito melhor do que Calcutá. Calcutá não é uma cidade, é somente uma grande vila que parou no tempo após os ingleses terem saído de lá. É o único local em toda a Índia onde ainda existem bondes como transporte público e riquixas puxados por humanos, conhecidos como Burros Humanos! Calcutá parou no tempo e vai continuar parada por muitos anos, visto que é o único estado indiano governado por um partido de esquerda que não acredita no progresso e na industrialização.
Inúmeras são as histórias, aventuras e agruras pelas quais passei e continuo passando aqui na Índia. Um país em que não é fácil ser turista e muito menos moradora!
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