Estava em um apartamento de uma ex-colega quando percebemos que um tornado se aproximava. Ventos muito fortes são sentidos e essa ex-colega corre até a janela numa tentativa de fechá-la, sem muito sucesso. Nesse momento, é como se estivéssemos no quarto e, na sala, estivesse a minha família. Grito para alertá-los a sair de perto da janela, pois os vidros podem estourar com a pressão. Após essa cena, já estou no apartamento só com a minha família e procuramos abrigo em um quarto menor. O prédio é em um andar bastante alto e, pela janela, vemos uma onda gigante se formando e vindo em nossa direção. Naquele momento, temos convicção de que aquele é o fim do mundo - apesar de ainda alimentar alguma esperança de que não seja. Não há o que fazer. Só esperar. A primeira onda atinge o apartamento, mas só molha um pouco o chão do quarto que estamos. Uma outra onda começa a se formar e, assim, sucessivamente. Quando uma das ondas bate no prédio, começa a cair uma espuma do teto. Não enxergo mais minha família, mas escuto meu pai dizendo: “agora vai”. Conforme o quarto se enche de espuma, e descobrimos que era, de fato, o fim, digo à minha família que os amo e morremos, em seguida, sufocados pela espuma. Sinto-me morrendo aos poucos, e conforme vou morrendo no sonho, vou acordando, também, lentamente
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Naquele momento da pandemia, inúmeros alertas eram lançados com relação aos riscos do surgimento de uma segunda onda ainda mais violenta e, ao mesmo tempo, as medidas de distanciamento e proteção caiam cada vez mais em desuso. Acredito que esta tenha sido uma forma de representar em imagem e dar algum contorno a esse novo impacto inevitável diante de algo desconhecido e invisível e que se apresentava então sob a palavra ‘onda’