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História
Por: Museu da Pessoa, 4 de julho de 2018

Aceitou as lutas, venceu todas as batalhas

Esta história contém:

Aceitou as lutas, venceu todas as batalhas

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Eu sou cria de avó. Aos quatro anos de idade fui morar com os meus avós. Saí de lá aos dezoito, contra a vontade da minha avó. Queria realizar o sonho de viver em São Paulo. Ainda me lembro dos gestos carinhosos da vovó - o acordar-me cedo; o cuidado com o uniforme; o dedicado preparo para eu ir para a escola. Tudo tem um preço: hoje, aos sessenta e dois anos, eu sinto a ausência de um vínculo maior com a minha mãe e as minhas irmãs. Mas, da infância gostosa, guardo as brincadeiras; os banhos de rio com os meninos; a ida travessa para a escola; a necessidade de decorar conteúdos. Meu avô (...) foi me ensinar o ABC: “Se você não decorar, eu vou lhe bater”. Aí ele pegou um chicote (...) e deu nas minhas costas. Aí fui crescendo e a cidade não oferecia nada. Uma casa que passava filme era o cinema; ficar conversando com os moleques na praça e pegar na mão era namorar. O primeiro beijo não aconteceu, porque o cunhado deu o flagra; ficou mesmo para São Paulo, com meu marido. Tinha bailinho, aí já mais grandinha, e aquelas roupas coloridas por causa da luz negra. (...) não tinha outra coisa a fazer ali. Aquelas moças grandes tudo com o pensamento infantil.

Cheguei em São Paulo. Contra tudo, contra todos. Chorei demais, “para mim era outro mundo”. Mas as luzes me fascinavam. Fui ser babá. Gostei e me dei bem. Só não trouxe minhas irmãs porque no caminho apareceu o casamento. Apesar de tudo, até hoje acho que não deveria ter vindo. É que logo em seguida morreu minha avó. De desgosto? E meu avô. De saudade dela? O povo, revoltado, só me avisou depois dela enterrada. Orgulho do interior. Aí, quem sabe a saudade, a tristeza, a solidão - ou tudo isso junto - me empurraram para o casamento. Até que durou muito: vinte e um anos. Depois, fiz a mala dele e me separei. Com três filhos, um especial. Eu não aceitava estar sozinha naquele sofrimento. Na verdade, quando nasceu o primeiro filho eu já parei...

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Projeto Conte Sua História, Atados, Abraço Cultural

Depoimento de Selma Alves dos Santos

Entrevistada por Júlia Miranda e Karol Coelho

São Paulo, 4 de julho de 2018

Entrevista número PCSH_A_HV05

Realização: Museu da Pessoa

Revisado e editado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/2 - Qual o seu nome, local e data de nascimento?

R - Selma Alves dos Santos.

P/2 - Local de nascimento?

R - Machacalis, Minas Gerais. 19/05/56.

P/2 - Quais os nomes dos seus pais?

R - Romeu Carlos dos Santos, Isaura Alves dos Santos.

P/2 - O que seus pais faziam?

R - Minha mãe, costureira; meu pai, motorista.

P/2 - E como você os descreveria?

R - Bom, eu não tenho muito o que descrever do meu pai, porque ele faleceu cedo. Mas a minha mãe, sim. Muito carinhosa, mas aos meus quatro anos fui morar com minha avó. Porque ela tinha mais filhos e minha avó tinha um carinho comigo. Eu, como criança, achei que deveria morar com ela e fui.

P/2 - E como era morar com a sua avó? Como era a casa?

R - Era uma casa no interior da Bahia, muito gostosa. Minha avó tinha, assim, um carinho de me acordar cedo para ir para a escola, de arrumar meu uniforme, porque fui uma neta paparicada, diferente dos outros netos. E aquilo me agradava muito, eu me sentia muito bem com eles.

P/2 - E eram você, sua avó e mais quem na casa?

R - Meu avô. Meu avô e a minha avó.

P/1 - Quantos irmãos você tem?

R - Nós somos sete irmãs.

P/1 - E como foi deixar todos os seus irmãos com sua mãe?

R - Para mim foi tranquilo, porque eu não queria dividir com eles, entendeu? Então eu queria ficar com minha avó.

P/1 - E como você acha que sua mãe se sentiu e passou esse período longe? E você retornou em algum momento?

R - Não, hoje eu sou estranha na casa da minha mãe. Por quê? Eu não vinha na casa dela. Tanto é que a gente cresceu e eu, com as minhas irmãs, a gente tem uma desigualdade, porque eu fiquei bem separada delas. A gente se reúne, mas assim... Não é sentimento de...

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Título: Aceitou as lutas, venceu todas as batalhas

Data: 4 de julho de 2018

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Entrevistador: Karol Coelho
Entrevistador: Julia Miranda
Editor: Karol Coelho
Editor: Julia Miranda
Autor: Museu da Pessoa

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