Criança feliz Maria do Carmo Peixoto Argolo Butt, nasceu no dia 30 de abril de 1954, na fazenda do seu avô, em Exílio Medrado, na Bahia. Quando era criança, gostava de brincadeiras como: pular amarelinha, pular corda, andar a cavalo, nadar no rio, subir nas árvores e fazer bonecas com espigas de milho. Ela era muito feliz e se sentia solta. Saía para brincar no mato e ficava até tarde, pois não existia maldade, nem violência naquela época. Podiam brincar à vontade. Sua casa era muito simples. Não tinha rádio, televisão, fogão a gás, água encanada, banheiro dentro de casa e dormia numa catre (uma esteira de madeira estreita, dura e sem colchão). Quando tinha cinco anos, seu pai faleceu. Ela não sabia o que era a morte, mas quando viu todo mundo chorando, começou a chorar também. Depois de algum tempo, sua mãe a matriculou na escola. Ela estudou até a quarta série. A escola ficava numa fazenda, tinha só uma sala e uma professora para dar aula para muitos alunos, que sentavam em bancos de madeira e escreviam em cadernos feitos com papel de saquinhos de pão. Sua escola ficava muito longe da casa onde morava. Ela passava por uma fazenda, atravessava um rio e ia estudar. Quando voltava, parava no rio e tomava um banho. Era muito divertido Maria do Carmo viveu uma infância feliz O apelido Maria do Carmo tem vários apelidos. Quando era pequena, sua mãe a chamava de Carminha, mas ela não gostava, pois já é pequena e sentia menor ainda. Hoje seus sobrinhos lhe chamam de “Ta”, por alguns vizinhos é chamada de “Cai”, mas é mais conhecida como Dona Carmem. A fazenda Antigamente, na fazenda no avô de Dona Carmem, moravam muitos escravos e alguns deles foram judiados e morreram. Os fantasmas desses escravos ficavam assombrando as pessoas que moravam na fazenda. Quando era pequena, Dona Carmem sentia tanto medo dos fantasmas que tinha até medo de dormir e fazer xixi na cama. Um dos fantasmas era de um menino...
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Criança feliz Maria do Carmo Peixoto Argolo Butt, nasceu no dia 30 de abril de 1954, na fazenda do seu avô, em Exílio Medrado, na Bahia. Quando era criança, gostava de brincadeiras como: pular amarelinha, pular corda, andar a cavalo, nadar no rio, subir nas árvores e fazer bonecas com espigas de milho. Ela era muito feliz e se sentia solta. Saía para brincar no mato e ficava até tarde, pois não existia maldade, nem violência naquela época. Podiam brincar à vontade. Sua casa era muito simples. Não tinha rádio, televisão, fogão a gás, água encanada, banheiro dentro de casa e dormia numa catre (uma esteira de madeira estreita, dura e sem colchão). Quando tinha cinco anos, seu pai faleceu. Ela não sabia o que era a morte, mas quando viu todo mundo chorando, começou a chorar também. Depois de algum tempo, sua mãe a matriculou na escola. Ela estudou até a quarta série. A escola ficava numa fazenda, tinha só uma sala e uma professora para dar aula para muitos alunos, que sentavam em bancos de madeira e escreviam em cadernos feitos com papel de saquinhos de pão. Sua escola ficava muito longe da casa onde morava. Ela passava por uma fazenda, atravessava um rio e ia estudar. Quando voltava, parava no rio e tomava um banho. Era muito divertido Maria do Carmo viveu uma infância feliz O apelido Maria do Carmo tem vários apelidos. Quando era pequena, sua mãe a chamava de Carminha, mas ela não gostava, pois já é pequena e sentia menor ainda. Hoje seus sobrinhos lhe chamam de “Ta”, por alguns vizinhos é chamada de “Cai”, mas é mais conhecida como Dona Carmem. A fazenda Antigamente, na fazenda no avô de Dona Carmem, moravam muitos escravos e alguns deles foram judiados e morreram. Os fantasmas desses escravos ficavam assombrando as pessoas que moravam na fazenda. Quando era pequena, Dona Carmem sentia tanto medo dos fantasmas que tinha até medo de dormir e fazer xixi na cama. Um dos fantasmas era de um menino que tinha morrido de fome. Ele morreu porque ninguém lhe dava comida e, além disso, nunca podia comer as coisas que sentia vontade. Então, na hora que as pessoas iam comer, ele colocava terra na comida delas e, quando estavam dormindo, de barriga cheia, enchia suas bocas com terra e pedras. Todos tinham medo e acordavam assustados. Mas, isto nunca aconteceu com Dona Carmem. Certa noite, Dona Carmem demorou muito para dormir, por causa do medo que sentia. E, no meio da noite acordou assustada, pois viu uma vela flutuando sozinha pela casa. Apavorada, tentou acordar sua prima que dormia ao seu lado: -- Acorda Acorda Mas a prima não acordava de jeito nenhum. Ao amanhecer, quando todos estavam acordados, Dona Carmem contou o que tinha acontecido, mas todos diziam que não era nada, que era apenas alguma luzinha da casa e que ela tinha se assustado à toa. Dona Carmem não acreditou, pois ela sabia o que tinha visto e tinha certeza de que era uma vela flutuando sozinha. Para espantar as assombrações, o avô de Dona Carmem chamou um padre para benzer a fazenda. O padre disse que os fantasmas estavam sendo atraídos pelos palavrões que ele dizia. Então, para que estas assombrações fossem embora, primeiro o avô teria que parar de falar palavrões, e depois, todas as vezes que fossem comer, deveriam deixar um pratinho de comida para o fantasma do menino que tinha morrido de fome. Eles faziam isso. Colocavam um prato com comida num canto da casa, iam comer e, quando olhavam de novo para aquele prato, ele estava vazio, tinha apenas algumas marcas de dedos. A boneca Na infância, Dona Carmem adorava brincar de boneca. Suas bonecas eram feitas de espigas de milho. Ela mesma as fazia. Seu sonho era ter uma boneca de verdade. Certo dia ganhou uma boneca e ficou muito feliz. Ela adorou aquele brinquedo. Era uma bonequinha de louça. A todo lugar que ia, a boneca ia também. Dona Carmem era tão cuidadosa com a boneca que queria que ela estivesse sempre limpinha. Então, um dia acordou cedo, deu um banho na boneca e colocou-a para secar ao sol, no chão e saiu. Mais tarde, voltou para pegar a boneca que já devia estar sequinha. Mas, infelizmente, ela não estava mais lá. Tinha sobrado apenas alguns cacos da boneca, pois uma porca a viu, pensou que fosse comida e comeu algumas partes dela. Dona Carmem chorou muito e nunca mais se esqueceu daquele dia. A madrasta Quando Dona Carmem tinha 13 anos, sua mãe morreu. Então, ela e seus irmãos foram separados e passaram a viver com outras famílias. Dona Carmem foi adotada por uma mulher muito rica que disse que iria lhe dar o que quisesse. Mas a madrasta era má. Fazia dela, uma empregada. Sempre que a menina saía para brincar, a madrasta cuspia no chão e dizia que ela teria que voltar antes que o cuspe secasse, se não, iria apanhar. Dona Carmem se sentia triste e desprotegida, mas tinha uma madrinha querida e bondosa para quem sempre mandava cartas. Só que, quem colocava as cartas no correio, era a madrasta, e ela sempre lia o que estava escrito. Então, Dona Carmem escrevia sempre duas cartas. Em uma delas escrevia que estava tudo bem e que era feliz ali. Na outra, escrevia a verdade...que apanhava e era mal tratada. Porém, as cartas verdadeiras, nunca chegaram às mãos de sua madrinha, pois ela jamais teve a chance de enviá-las. Um dia, Dona Carmem perguntou à madrasta: -- Que dia vou ver meus irmãos? A mulher respondeu: -- Nunca Neste dia, ela chorou muito e percebeu que não podia mais ficar naquela casa. Elaborou um plano e fugiu. Foi viver na casa da madrinha, onde foi muito feliz e amada. Mas, antes de fugir, se vingou da madrasta quebrando toda a louça da cozinha. A família Na juventude, Dona Carmem conheceu um rapaz chamado Nelson. Logo que se conheceram, começaram a namorar e depois de algum tempo se casaram. Depois de casados, Dona Carmem teve a maior alegria de sua vida. Ficou grávida. Ela e o marido ficaram muito felizes. Tiveram uma menina, depois um menino e, mais tarde tiveram os gêmeos, dois meninos. Os filhos cresceram e já estão todos moços. Os mais velhos já tiveram seus filhos e assim, Dona Carmem tem cinco netos. Os gêmeos estão estudando e, um deles já está trabalhando. Hoje Dona Carmem é dona de casa, cuida, brinca e conta histórias para os seus netos, passeia e faz hidroginástica. É muito feliz e, seu sonho é poder viajar pelo Brasil.
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