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História
Por: Museu da Pessoa, 14 de abril de 2016

A vedete pimentinha

Esta história contém:

A vedete pimentinha

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Meu nome é Maria Victória dos Santos. Nasci em oito de dezembro de 1930 na capital do Maranhão, São Luís. Sou nortista, como todos da minha família, mas todos acabaram vindo pro Rio, a última que veio de lá foi a minha mãe. Antigamente, tinha uma frota que só trazia gente do norte, o Ita: “Peguei um Ita no Norte”, não tem essa música? Então, nós viemos no Itaxé que nos trouxe e minha mãe tinha uns conhecidos, essa gente que viaja à beça, deve ter conhecido lá e minha mãe foi direto para cá com os cinco filhos, inclusive eu. Vim com dezessete dias de nascida. Mamãe só esperou que eu nascesse, estava me esperando para entrar no Itaxé. Meu pai ficou pra lá, nunca mais nem soube, mas também nunca perguntei. Minha mãe tinha uma amiga rica que morava em Ramos, essa amiga dela me batizou e virou minha madrinha. Eu fui criada pela minha madrinha lá na rua Dona Cantilda, número 39, que era em Ramos. Lá a minha madrinha virou mamãe Amélia e o marido dela virou papai Nil, e lá fui criada e só sai de lá já com filho no colo. Não tinham outras crianças nessa casa, minha infelicidade na juventude foi exatamente isso, mas eu não fui muito infeliz, não, essa madrinha não me maltratava, ao contrário, eu que era a ovelha negra da família! Porque eu era do contra. Eu fazia tudo que exatamente ela não queria que eu fizesse. Me botaram no colégio, eu aceitei, estudei, me diplomei. Me botaram no ginásio, fiz o ginásio, diplomei, mas ela queria que eu fosse professora. Ela e ele, também, acho que mais ele queria que eu fosse professora. Mas eu queria era ser artista, eu já tinha isso na cabeça, eu ia para as festinhas com mamãe e papai, que era madrinha e padrinho, e cantava: “A deusa da minha rua…”, e fazia gestos e a minha mãe me vestia, eu descia as escadas... Eu não fui feita artista, eu já nasci artista.

Com quatorze anos, minha mãe deixou que eu fosse trabalhar na Exposição Carioca, as duas...

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Retiro dos Artistas

Depoimento de Maria Victória dos Santos

Entrevistado por Rosana Miziara

São Paulo, 14/04/2016

Realização Museu da Pessoa

RDA_HV07_Maria Victória dos Santos

Transcrito por Mariana Wolff

P/1 – Bom dia, Maria Victória, você pode falar o seu nome completo?

R – Maria Victória dos Santos. Chega, não tenho mais nada para falar, não tenho nome e nem sobrenome, chegou no Santos, parou.

P/1 – Qual a data do seu nascimento?

R – Oito de dezembro de 1930.

P/1 – Em que lugar você nasceu?

R – Eu nasci em São Luiz, capital do Maranhão. Sou nortista.

P/1 – E seus pais, são do Maranhão, também?

R – Todos. Todos. A última que veio de lá foi a minha mãe, meteu cinco filhos, inclusive eu, cinco filhos… antigamente, tinha uma frota que só trazia gente do norte, o Ita: [cantando] “Peguei um Ita no Norte”, não tem essa música? Então, nós viemos no Itaxé que nos trouxe e minha mãe tinha uns conhecidos, essa gente que viaja à beça, né, deve ter conhecido lá e minha mãe foi direto para lá com os cinco filhos, inclusive eu.

P/1 – Seus avós também são do Maranhão?

R – Tudo, tudo, tudo morreu lá. Só quem veio pra cá foi minha mãe com os filhos.

P/1 – Até quantos anos você ficou no Maranhão?

R – Dezessete dias de nascida. Mamãe só esperou que eu nascesse, estava me esperando, né, para entrar no Itaxé e vir. Essa minha irmã, não. Essa minha irmã já arranjou um graninha, já voltou lá para passear, eu nem para passear… é pobre, eu gosto de pobreza? Não gosto de pobreza, não fui lá.

P/1 – Seu pai veio junto ou veio só sua mãe?

R – Não.

P/1 – Por quê que ele não veio?

R – Eu vou perguntar isso? Eu tinha 17 dias de nascida. Ficou pra lá…

P/1 – Mas depois não te contaram?

R – Não, nunca mais nem soube. Também nunca perguntei, 17 dias de nascida, eu abria os olhos para cá, aqui já na amplidão.

P/1 – Ela veio para o Rio?

R – Aqui, direto para...

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Título: A vedete pimentinha

Data: 14 de abril de 2016

Local de produção: Brasil / Rio De Janeiro

Autor: Museu da Pessoa

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