Retiro dos Artistas
Depoimento de Maria Victória dos Santos
Entrevistado por Rosana Miziara
São Paulo, 14/04/2016
Realização Museu da Pessoa
RDA_HV07_Maria Victória dos Santos
Transcrito por Mariana Wolff
P/1 – Bom dia, Maria Victória, você pode falar o seu nome completo?
R – Maria Victória dos Santos. Chega, não tenho mais nada para falar, não tenho nome e nem sobrenome, chegou no Santos, parou.
P/1 – Qual a data do seu nascimento?
R – Oito de dezembro de 1930.
P/1 – Em que lugar você nasceu?
R – Eu nasci em São Luiz, capital do Maranhão. Sou nortista.
P/1 – E seus pais, são do Maranhão, também?
R – Todos. Todos. A última que veio de lá foi a minha mãe, meteu cinco filhos, inclusive eu, cinco filhos… antigamente, tinha uma frota que só trazia gente do norte, o Ita: [cantando] “Peguei um Ita no Norte”, não tem essa música? Então, nós viemos no Itaxé que nos trouxe e minha mãe tinha uns conhecidos, essa gente que viaja à beça, né, deve ter conhecido lá e minha mãe foi direto para lá com os cinco filhos, inclusive eu.
P/1 – Seus avós também são do Maranhão?
R – Tudo, tudo, tudo morreu lá. Só quem veio pra cá foi minha mãe com os filhos.
P/1 – Até quantos anos você ficou no Maranhão?
R – Dezessete dias de nascida. Mamãe só esperou que eu nascesse, estava me esperando, né, para entrar no Itaxé e vir. Essa minha irmã, não. Essa minha irmã já arranjou um graninha, já voltou lá para passear, eu nem para passear… é pobre, eu gosto de pobreza? Não gosto de pobreza, não fui lá.
P/1 – Seu pai veio junto ou veio só sua mãe?
R – Não.
P/1 – Por quê que ele não veio?
R – Eu vou perguntar isso? Eu tinha 17 dias de nascida. Ficou pra lá…
P/1 – Mas depois não te contaram?
R – Não, nunca mais nem soube. Também nunca perguntei, 17 dias de nascida, eu abria os olhos para cá, aqui já na amplidão.
P/1 – Ela veio para o Rio?
R – Aqui, direto para São Cristóvão.
P/1 – Você foi criada em São Cristóvão?
R – Não fui criada em São Cristóvão porque ela tinha uma amiga rica que morava em Ramos. Imediatamente, olha como é pobre: “Quer criar?”, ela: “Quero”, ela não tinha filhos e eu fui criada em Ramos.
P/1 – Quem que te criou?
R – Quem me criou? A mãe… parece que deu para ela batizar, né, então é o quê? É madrinha. Eu fui criada pela minha madrinha lá na rua Dona Cantilda, número 39, que era em Ramos. Lá, eu conheci minha mãe, que era minha madrinha e virou mamãe Amélia e o marido dela que virou papai Nil e lá fui criada e só sai de lá já com filho no colo.
P/1 – E tinham outras crianças nessa casa?
R – Não, não tinha. Minha infelicidade na juventude foi exatamente isso, que a minha madrinha tinha uma irmã, que era a irmã do coração dela, né, chamava Dona Lalá, a Dona Lalá era apaixonada pela minha madrinha, a minha madrinha apaixonada pela Lalá, porque a Lalá era a mais jovem das acho que dez irmãs, 12, não sei. Então, essa minha tia Lalá tinha cinco filhos, Jorge, Mosar, Jeferson, Juan e Norma, até o nome eu ainda me lembro, menina! Isso já tem 80 anos. Jorge, Mosar, Jeferson, Juan e Norma. Esse Jorge que era o mais velho era muito queridinho do meu pai, do meu padrinho, vamos chamar de pai, mas é padrinho, você sabe. E ele gostou da profissão do meu padrinho, que era mecânico de máquina de linotipo. Antigamente, não era computador, ia homem lá fazer a revisão das máquinas. lubrificar, era tudo manual, então esse Jorge que era o filho mais velho da tia Lalá gostou da profissão do meu pai e pronto, comprou meu pai, meu padrinho. Mas eu não fui muito infeliz, não, essa madrinha não me maltratava, ao contrário, eu que era a ovelha negra da família.
P/1 – Por que você era a ovelha negra? O quê que você aprontava?
R – Porque eu era do contra. Eu fazia tudo que exatamente ela não queria que eu fizesse, eu fazia. Eu era a ovelha negra da família.
P/1 – O quê que você fazia?
R – Me botaram no colégio, eu aceitei, estudei, me diplomei. Me botaram no ginásio, fiz o ginásio, diplomei, mas ela queria que eu fosse professora. Ela e ele, também, acho que mais ele queria que eu fosse professora. Eu digo: “Pai, não dá para estar ensinando criança, eu vou quebrar a cara delas todinha, não dá. Não quero ser professora”, e isso me…
P/1 – Você queria ser o quê?
R – Eu queria ser artista, eu já tinha isso na cabeça, eu ia para as festinhas com mamãe e papai, que era madrinha e padrinho e cantava: [cantando] “A deusa da minha rua…”, e fazia gestos e a minha mãe me vestia, eu descia as escadas, quer dizer que eu já… eu não fui feita artista, eu já nasci artista. Então, eu digo: “Mãe, eu não vou ser professora, não, porque eu tenho um gênio muito do explosivo, vou matá-las todas, então, é melhor não ser professora”.
P/1 – Você visitava a sua mãe e suas irmãs? Você convivia com elas?
R – Vivia, quer dizer, vivia, não, a minha mãe é que ia mais na casa da minha madrinha, mas eu ia lá também.
P/1 – E na escola, o quê que você mais gostava da escola?
R – Da escola? Latim, gostava de estudar Latim, gostava das declinações, gostava daquilo e Matemática, coisa que ninguém gosta, eu gostava de Matemática e tirava dez, eu era boa aluna. Eu era ovelha negra, porque não prestava mesmo, como não presto até hoje (risos), mas eu procurei fazer aquilo que eles queriam que eu fizesse e realmente, isso não é uma boa.
P/1 – Você teve que começar a trabalhar cedo?
R – Tô te falando que com 14 anos, minha mãe deixou que eu fosse trabalhar na Exposição Carioca…
P/1 – A madrinha?
R – As duas, que elas me criaram unidas. Então, mamãe deixou que eu fosse para a Exposição Carioca, não sei se ainda existe. A Exposição Carioca era só de mulher, a Exposição tal era só de homem, tinha uma rede aí de lojas, a Exposição que era uma girafa, a girafa era a propaganda da exposição, era a “Loja da Girafa” e eu fui trabalhar na loja da girafa com 14 anos, com carteira assinada e tudo. A carteira profissional de adulto era marrom e a carteira de trabalho de menor era vermelha. Eu trabalhei com carteira vermelha assinada e tudo.
PAUSA
P/1 – Aí, você estava falando do seu primeiro trabalho com 14 anos.
R – Catorze anos, peguei a carteira vermelha, que é a tal da carteira de menor, né, e estava sentada na praia, na areia, em frente ao Copacabana Palace com essa irmã aí e nós tínhamos um grupo bom, então, eu sentada na areia, passa uma atriz, a Renata Fronzi e o Cesar Ladeira, o marido dela que era na Rádio Globo, era famosíssimo também, Renata Fronzi e Cesar Ladeira, era o casal da época. Aí, eles passaram, ele olhou para ela e falou: “Renata, aquela menina ali não tá…”, morena e tal, “… não tá boa para fazer aquela índia na cena tal?”, a Renata olhou e disse: “É, tá boa”, bateu em mim e: “Quer trabalhar em teatro?”, e eu virei para ela e perguntei: “Quanto paga?”, era dois mil e quinhentos, parece, não sei, não me lembro mais, para quem ganhava 600 na Exposição Carioca tava muito bom. Aí, eu aceitei na hora. Ela disse: “Amanha, duas e meia, três horas…”, sei lá que horas, “…esteja na porta da boate Acapulco, na avenida Copacabana 129”, eu digo: “Perfeitamente”. Quis levar a minha irmã, mas a minha mãe disse: “Minha filha…”, eu não era filha: “Minha filha não trabalha nesse ambiente”, tá bom, fui sozinha. Ela me contratou na hora, porque queriam uma morena de cabelo comprido para fazer uma cena com Ângela Maria, vocês conhecem Ângela Maria, essa cantora? nem conhecem mais. Uma cantora famosa na época, Ângela Maria. E ela fazia uma cena cantando… era um desfile de operetas, então tinha “O Guarani”, uma série de operetas e ela fazia o canto hindu… ela cantava: [cantando] “Este canto hindu…”, e a Victória vinha com aquele cabelo comprido, de biquíni, nunca usei maiô, sempre exigi biquíni: “Quero biquíni”, de biquíni, se fosse nessa época, eu fazia com o negócio que tem agora, esqueci, topless, mas não era, naquela época era só biquíni, entrava de biquíni, fazia… cheio de penas amarelas, fazia o desfile lá para a Ângela Maria cantar.
P/1 – Quantos anos você tinha nessa época?
R – Acho que eu já tinha 18, tanto é que eu fui trabalhar na boate, né, mas a minha mãe assinou para eu ir, não sei que idade eu tinha, a minha mãe assinou consentimento que eu trabalhasse na boate Acapulco, entrasse de biquíni em cena, eu já devia ter 18, né, com certeza. Não sei. Catorze eu não tinha, 14 eu tinha estava no balcão vendendo maiô, aí eu já devia ter uns 18, que a minha mãe assinou para mim o consentimento para eu trabalhar e eu trabalhei… minha mãe ia muito lá, via, gostava, batia palma, ela incentivou. Aí, no meio dessa temporada de Acapulco, Colé estava fazendo… o empresário não era nem o Colé, era Zilco Ribeiro estava fazendo uma temporada no Teatro Follies, que era como daqui lá no portão, Posto 4 para Posto 6, era perto. Olha, aliás, a gente trabalhava em teatro assim, por indicação: “Olha, estão ensaiando no Carlos Gomes”, corria todo mundo lá no Carlos Gomes para seleção, né? Teatro Follies, Zilco Ribeiro. Aí, eu vi que a opereta da Renata Fronzi estava para terminar, fui lá. Imediatamente, fui contratada. O empresário era Mary Lopes e Juan Daniel, pai e mãe de Daniel Filho. Daniel Filho já esteve aqui, já conversamos sobre a minha história. Pai e mãe de Daniel Filho. Sabem quem é Daniel Filho? Vocês não sabem nada. Outro dia, eu dei uma bronca em uns entrevistadores que estiveram aqui, vocês vêm entrevistar velharia e não conhecem nada da velharia. “Vocês conhecem Renata Fronzi e Cesar Ladeira?” “Não.” “Conhece Zilco Ribeiro?” “Não.” “Conhecem Valter Pinto? Empresário da época. Conhecem o Carlos Machado?”, então, eu perguntava e elas diziam “Não.”, mas passou, não tenho nada com isso, é problema delas se não são…
P/1 – Mas aí, eles chegaram para você…
R – Fui lá para ver se Mary Lopes e Juan Daniel, que eram mãe e pai de Daniel Filho, se me queriam. Na hora, eu fui contratada, eu era muito bonita, mesmo e tinha uma disposição para trabalhar em cena. Eu fiz o tal do… como é o nome daquilo, Victória? Nem se usa mais, eu vou já lembrar. Eu ia na plateia conversar com os expectadores, né, os fregueses lá, ia conversar e tirar sarro da casa deles, coisa que… número de plateia chamava-se isso, eu fazia número de plateia. Esse… não sei se tá vivo, mas também não sei se vocês conhecem, o… já lembro o nome, é assim, na hora não vem, não, mas depois vem, João Roberto Kelly. João Roberto Kelly fez uma música para mim, a música era “Geleia de Marimbondo” e eu vinha com o meu biquinizinho, minhas pluminhas e tal, sempre nuazinha, aí vinha e cantava: [cantando] “Parece até o espinafre do Popeye, quem toma, balança mas não cai”, eu fazia: ”O que vocês estão fazendo aí hoje, eu já fiz isso muito” [cantando] “Quem toma, balança mas não cai”, era um sucesso. Aquela época, né? Fiz o número de plateia da “Geleia de Marimbondo” na companhia de Mary Lopes e Juan Daniel, que é pai do Daniel… sabe quem é Daniel Filho? Vocês não sabem. Que é pai do Daniel Filho e ele, garoto novo, com 14 anos vinha bolinar as meninas no camarim. Era uma mão boba danada. Mas a Mary Lopes, a mãe dele não gostava não, pegava ele pela orelha e botava ele para fora do teatro. Ele era expulso do teatro, esse diretor hoje que é o Daniel Filho, ele foi expulso do teatro muitas vezes, que a mãe dele, nem o pai, não queriam ele na caixa de teatro. Caixa de teatro é onde ficam os artistas, né? Seu Daniel e dona Mary não queriam ele na caixa de teatro, então, tiravam ele pela gola do paletó, jogavam ele lá fora, porque eles moravam num apartamento em frente ao Teatro Follies, nem tem mais o Teatro Follies, já acabou, era no Posto 6. E eu dizia: “Dona Mary, não adiante, ele tem espirito de artista, ele vai ser artista”, como foi e hoje é um produtor, sei lá o quê que ele é hoje, diretor, escritor, ele é tudo, ele é dono da Globo. E ela não queria, mas quando a pessoa nasce, já nasce artista, ninguém se faz artista. Ele já nasceu com aquilo e hoje… ele esteve aí, me entrevistou, eu disse: “Meu Deus, como é que pode você já ter…" eu vi você como artista antes de você… tinha 14 anos, antes de você…”, ele tinha 14 anos, “Antes de você trabalhar em teatro, sua mãe não deixava, seu pai você no teatro, eu já tinha visto que você tinha espirito de artista”. Falei isso para ele.
P/1 – Aí, depois dessa temporada…
R – Depois dessa temporada, eu soube que estavam… sempre por indicação, antigamente era assim, soube que estavam ensaiando no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, parti para lá. Todo lugar que eu ia, eu era aceita, disputavam a minha presença depois. Aí, quando eu cheguei lá na Praça Tiradentes…
P/1 – Você morava ainda com a sua madrinha ou você já tinha mudado?
R – Não, aí eu e ela alugamos um quarto na Glória para podermos ficar mais perto de Copacabana, de ir a praia, né, levamos uma vida normal de artista. Aí, eu fui lá, encontrei não, me apresentaram um empresário de Portugal. Foi aí que eu fui trabalhar em Portugal. Como era o nome? Giuseppe… esqueci. Aí, o empresário Giuseppe sei lá o que me levou para Portugal. Eu trabalhei em Portugal, Espanha, França, África, em 27 cidades numa costa da África que era a África Oriental e 28 cidades em outra costa, que era a África Ocidental. Eu trabalhei na África Oriental e na África Ocidental. Conheci as Áfricas todas, fomos pioneiras, ninguém tinha ido… Giuseppe Bastos, ninguém tinha ido à África até então. Giuseppe Bastos é que nos levou à África, foi o primeiro, o nome era Companhia Brasileira de Revistas, foi o primeiro grupo a se apresentar em África. Voltei da África, fiquei lá dois anos e meio…
P/1 – Como que era…
PAUSA
P/1 – Foi com um musical que…?
R – Musical. A peça era toda um musical.
P/1 – Como que era?
R – Companhia Brasileira de Revistas. Tinha um musical, um esquete, sabe o que é um esquete? Tinha um musical, um esquete, outro musical, outro esquete. Então, terminava… tínhamos o prologo, que era o término do primeiro ato e tínhamos o final, o grand finale, né? E terminava a peça aí. Terminou a temporada…
P/1 – Qual cidade você gostou mais? Vocês tinham tempo de passear?
R – Tínhamos! Tínhamos uma vida normal. As capitais, claro, né? As outras cidades eram minúsculas. As capitais que eram… da África Ocidental era Luanda, Angola e da África Oriental era Lourenço Marques, aí tinham grandes edifícios, tinham hotéis bons, já tinha um progresso maior. As menores, não, as menores…
P/1 – Qual que você gostou mais?
R – Lourenço Marques, que era capital da África Oriental portuguesa, gostei mais. Foi um sucesso. E eu até nessa época fui entrevistada, imagina, tinha 30 mil habitantes a cidade, né, e eu fiz a declaração lá na entrevista: “Eu gostaria de ser a 30 mil e uma”, ah, isso foi manchete, eu querendo morar na cidade, artista naquela época, famosa, querendo morar na cidade. Bom, acabou a temporada lá, eu vim para o Brasil. Não sei se vocês sabem, antigamente tinha, né, todo navio ficava ao largo para aquela história de febre amarela, como é o nome? Para verificação de estado de saúde das pessoas que vinham de fora. Então, o navio ficava ao largo e os entrevistadores, jornalistas daquela época tinham o direito de ir lá. Um jornalista me perguntou assim, o seguinte: “Vitória Régia, qual é a primeira coisa que você vai fazer assim que chegar ao Brasil?”, já estava há dois anos e meio fora do Brasil, estava com uma saudades, né? Eu digo: “Olha, eu estou com tanta saudades do Brasil, tanta saudades do Brasil, que não vai ter boca livre, vou beijar as bocas todinhas e vou beijar o chão do Brasil”, ah, ele gostou disso, veio em primeira página do “Diário de Noticias”, aliás, veio em todos os jornais, mas “Diário de Noticias” dizia: “Matou as saudades do Brasil beijando as pedras do cais”, a palavra matou era em negrito, grande, para chamar a atenção da matéria, claro. “Matou as saudades do Brasil beijando as pedras do cais”. Gente, eu não tive mais divulgação porque eu dei um azarzinho, foi o maior azar da minha carreira. Eu cheguei ao Brasil, vocês não lembram disso, mas pode ser que um dia saibam, Mangueira teve um engavetamento de trens, foram 300 mortos, no dia oito de maio, que eu cheguei ao Brasil. Aí, eu tive… ainda tive muita divulgação, ainda sai em todos os jornais, mas teria mais se não fosse o engavetamento de trens com 300 mortos, claro que teve prioridade nos jornais, né? Dali, eu voltei à Praça Tiradentes, comecei a ser vedete de Praça Tiradentes, trabalhei no Teatro Recreio, com o empresário da época que era Valter Pinto, trabalhei…
P/1 – Como foi trabalhar com ele?
R – Ah, você nem sabe! Valter Pinto casou-se até com uma atriz, que está viva até hoje, como é o nome dela Victória? Teve um casal de gêmeos com ele. Morreu já, há algum tempo. Valter Pinto dava um tratamento às contratadas dele, só não carregava no colo, tratava muito bem, queria pagar melhor, mais que o vizinho. Trabalhei com o Valter Pinto, soube que estavam precisando de inaugurar um show na boate Night and Day, que é a boate do Hotel Glória, do Hotel… como é o nome do hotel, Victória? Night and Day, oh Victória, deixa eu lembrar, era a boate do hotel, o empresário era o Lantus, esse Lantus era famoso, não era brasileiro, não, esse Lantus era famoso por fazer artistas. Eu estive na mão de grandes empresários, tive na mão de gente muito boa.
P/1 – Quem que lançou seu nome Victória Regia?
R – Porque eu sou do Maranhão, minha filha e lá, nasce a flor famosa que é Vitória Regia, aí o Colé me chamou e disse: “Victória, você tem o nome de uma flor famosa lá onde você nasceu, seu nome vai ser Vitória Regia” “Tá ótimo”, ele que botou, porque eu trabalhava como Maria Victória, mas aí, descobri no meio do meu trabalho que tinha uma rumbeira famosa chamada Maria Vitoria, aí, ele que me chamou e disse: "Tira isso de Maria Vitoria, que já tem uma Maria Vitoria aí, você vai ser Vitória Regia, porque você é do maranhão, é do norte, é Vitória Regia”.
P/1 – E aí, depois que você foi trabalhar com ele…
R – Claro que boate, a temporada é pequena. Voltei a Praça Tiradentes. Trabalhei com o Valter, já te falei, com o Valter Pinto, aqui na boate Night and Day foi com outro famoso também, mas vocês não conhecem ninguém, Carlos Machado, teve lá o show, fizemos, mas aí eu vim para a Praça Tiradentes, que é o foco, era, agora não sei, dos teatros. Teatro Recreio, Teatro República, Teatro… Carlos Gomes, os teatros todos eram ali e eu trabalhei em todos eles, fiz uma temporada em cada um. Mas fiquei rotulada de vedete de praça Tiradentes, mas o quê que vai se fazer?
P/1 – Quem eram suas amigas vedetes, na época?
R – Nélia Paula, Mara Rubia, Nélia Paula esteve até aqui, morreu aqui, Nélia Paula, Mara Rubia… oh, Vitória, as famosas da época, Virginia de Noronha, não tá vindo na minha cabeça, mas trabalhei com elas todas.
P/1 – Quem que era mais… quem que era a sua amiga?
R – Virgínia Lane. Morreu há pouco tempo, também, não morreu nova, não, morreu velhusca também, morreu há pouco tempo, uns seis, quatro anos. A mais famosa era Nélia Paula e Virgínia Lane e eu me dava muito bem com essas duas. Quando elas arranjavam qualquer coisa, me chamavam logo.
P/1 – Tinha uma solidariedade para chamar para os trabalhos?
R – Exato, não te falei que antigamente, não era uma que chamava e a outra não, uma indicava a outra: “Olha, estão ensaiando em tal teatro”, a gente corria tudo lá, era a corrida do ouro. Eu sempre fui contratada em tudo quanto teatro que eu fui, me chamavam logo, fui contratada.
P/1 – E para a televisão?
R – Aí, veio a televisão. Tínhamos na televisão, na TV Tupi a primeira televisão do Brasil, a TV Tupi, nós tínhamos um empresário chamado Aérton Perlingeiro, que é pai desse Jorge Perlingeiro que trabalha até hoje na Globo. Aí, o Perlingeiro me chamou para fazer uma temporada no… qual foi o teatro? Ah, ele estava com um programa… como era o nome do programa, Vitoria? “Almoço com as Estrelas” e só estrelas é que iam almoçar, ele recebia…
P/1 – Airton Rodrigues e Lolita Rodrigues?
R – Aílton Rodrigues e…
P/1 – Lolita Rodrigues.
R – Lolita Rodrigues, é dessa época. Faziam também um programa na televisão Tupi, trabalhei com eles, sempre fazendo os meus números…
P/1 – Você trabalhava no programa?
R – No programa “Almoço com as Estrelas”, nós sentávamos na mesa e éramos entrevistadas, eles entrevistavam cada artista que ia naquela dia. cada dia ia um artista. Bom, eu como era chamada sempre, eu sempre ia, sempre estavam me chamando. A gente não escolhia, não, eles é que escolhiam a gente.
P/1 – Quanto tempo você ficou? Depois da Tupi?
R – Depois da Tupi veio a Globo. Vieram filmar, a Globo botava a gente para filmar muito, filmamos aqui ainda, “Nem Sansão, nem Dalila” foi um filme famoso, “Nem Sansão, nem Dalila”, fazia a história de Sansão e Dalila, mas na pornochanchada e nós fizemos “Nem Sansão, nem Dalila”.
P/1 – O que você fazia no filme?
R – Tinha uma bandeja enorme, vinham dois negros trazendo a bandeja e em cima da bandeja, adivinha quem? Eu vinha numa… tudo que tivesse de escroto me chamavam, porque eu topava tudo. Fazia questão de mostrar corpo, de ser badalada, eu te falei que eu era a ovelha negra, você perguntou porquê, vai aparecendo. Nesse “Nem Sansão, nem Dalila”, eu vinha numa bandeja, os crioulinhos abaixavam a bandeja, eu saía e saía dançando a música que era escolhida. “Carnaval em Caxias”, estou falando dos filmes que eu trabalhei. “Carnaval em Caxias”, eu trabalhei no corpo de baile, aí eu dançava com todas as meninas, então, eram dez músicas, entravamos dez vezes em cena.
P/1 – Que outros filmes você lembra?
R – Lembro de “Nem Sansão, nem Dalila”, “Carnaval em Caxias”, some muito da minha cabeça, aquilo, velhice. Era filme nacional, naquela época tinha muito filme brasileiro, faziam muito filme brasileiro, nós tínhamos Atlântica, nós tínhamos a Vera Cruz, que era até aqui na Barra da Tijuca, tínhamos a Vera Cruz, tínhamos muitas televisões, mas eu devo ter filmado em cada uma um filme.
P/1 – E depois você foi convidada para trabalhar… você fez programa na Globo, qual que você fez?
R – Ah, lembrei. O último filme que eu fiz na Globo foi “Belíssima”, era a história de uma vedete que queria reunir as vedetes antigas todas num programa só e eu fui convidada, claro. Eu fui, o nome do filme… é filme, Vitoria? Espera aí, não, era novela, “Belíssima”.
P/1 – Ah, novela!
R – É novela. Na Globo, mas era novela, eles vieram filmar a gente aqui. Era Carmem Verônica era a estrela da peça, eu trabalhei com ela, também. E ela foi dando nome das vedetes antigas que trabalharam com ela, eu fui logo lembrada, claro, né, a pimentinha não podia… ah, lembrei, elas me chamavam de a vedete malicia, porque todo mundo tem um apelido, né, vedete malicia foi chamada. E eu fiz “Belíssima”, nós estávamos todas em cima de um… não sei se você viu essa novela, era a última entrada da novela era essa, todas as vedetes, não faltou uma. Até uma que já tá até meio enlouquecida aí, veio. Esqueci. Mas eu lembro.
PAUSA
R – Íris Bruzzi, que era esposa de Valter Pinto, foi a Íris que na temporada, casou com o Valter Pinto e teve um casal de gêmeos. Estão vivos, ainda, estão até nos Estados Unidos. A Íris Bruzzi tá viva e os dois filhos dela também entraram pra… engraçado, as pessoas somem, por exemplo, estou vendo vocês aqui hoje, nunca mais vou ver, as pessoas somem do Retiro. A Íris Bruzzi vinha aqui almoçar com a gente, gostava de almoçar comigo, vinha aqui, tal. Sumiu. Me disseram que ela teve um problema lá nos Estados Unidos com… porque lá é diferente, lá não sai não, fica… ela se mudou para os Estados Unidos para ficar com os filhos, também não sei se é verdade.
P/1 – Aí, “Belíssima”, e programa de televisão?
R – Não, programa de televisão depois que nós entramos aqui… eu entrei aqui, ainda fui chamada muitas vezes, esporadicamente para fazer uma pontinha aqui, uma coisa ali, só.
P/1 – Você… vamos falar dos seus namorados. Qual foi a sua primeira grande paixão?
R – Não tive, não, eu era muito badalada, eu vivia pulando de galho em galho, eu não tive, assim, só em Portugal é que um português se apaixonou por mim, entrou no navio e veio junto comigo. Ruy o nome dele. Ele trabalhava no Banco Espirito Santo lá, que era o Banco do Brasil aqui, e se apaixonou por mim, entrou no navio, veio junto e ficou uma temporada enorme, alguns anos aqui comigo no Brasil.
P/1 – Mas vocês moraram juntos?
R – Moramos. Eu tinha comprado um apartamento lá na Figueiredo Magalhães e ele veio morar na Figueiredo Magalhães comigo. Depois, ele leu lá em Portugal que eu disse que eu ia beijar todo mundo aqui no Brasil, inclusive o chão, aí o entrevistador me perguntou: “Você vai beijar o chão mesmo?”, eu digo: “Eu vou”, aí que saiu aquele: “Matou a saudades do Brasil beijando as pedras do cais”. Eu estava até de sainha, ajoelhei no chão, segurei… eu estava com a máquina fotográfica, segurei a máquina fotográfica e beijei o chão. Saiu em todos os jornais, o tal do engavetamento de trens é que me prejudicou, que aquilo foi inédito, uma mulher beijar o chão, aquilo foi inédito. Hoje estão beijando até… mas antigamente, era inédito. Eu fiz alguma coisa que ninguém tinha feito. Ah, depois, eu soube que o Papa também andou beijando, mas foi 20 anos depois de mim, eu fui a primeira. Antes do Papa.
P/1 – Você fez quando você voltou da temporada?
R – É. Foi quando eu voltei da temporada. Eu vim num navio, o nome desse navio era Salta, ele era argentino com criadagem chinesa. O capitão veio preso, ficou lá ao largo esperando a policia ir busca-lo e a mim também, porque eu fiquei lá.
P/1 – Quanto tempo você morou com esse português?
R – Acho que quatro anos. Ele estava no Brasil, tinha que trabalhar, ele trabalhava no Banco do Brasil de lá, o Banco Espirito Santo, o banco chamou, ele voltou para… quatro anos depois, ficou bastante tempo, aproveitou, ia a praia, morou em Copacabana.
P/1 – Que outros namorados você teve?
R – Vários. Não dá nem para lembrá-los. Não dá. É muita coisa (risos), mas coisa séria assim, eu não…
P/1 – Além desses filmes, televisão, você nunca fez?
R – Fiz, não fiz “Nem Sansão, nem Dalila”?
P/1 – Fez “Nem Sansão, nem Dalila”, mas programa, você não…
R – “Carnaval em Caxias”, era época de filme brasileiro, eu entrava em tudo quanto era filme, só que aí, eu entrava dançando no corpo de baile, sabe?
P/1 – Você tinha algum empresário ou você que negociava direto?
R – Não, nós não tínhamos esse negócio, antigamente, não. Tô te falando que a gente que se apresentava no teatro para trabalhar, não tinha, nem empresário não tinha.
P/1 – E esse apartamento que você tinha?
R – Esse apartamento, eu tive a coragem de vender para jogar no ralo, vendi.
P/1 – Por quê que você vendeu?
R – Por quê? E eu sei, minhas maluquices de cabeça? Era um apartamento duplex, sala embaixo, dois quartos em cima e era na rua Figueiredo Magalhães, 771, apartamento 208. Era lindo o meu apartamento, os artistas todos que iam lá, se apaixonavam pelo apartamento. E eu dava festas de arromba, aí foi o dinheiro todinho, claro. A última coisa que eu me lembro desse apartamento é que eu estava dançando em cima de um balcão, um móvel, eu dançando em cima do móvel, aí entrou não sei quem lá que falou assim: “Cadê a dona do apartamento?”, aí diz alguém: “É aquela que tá dançando ali” “Então, não vou entrevistar, não”, foi embora (risos). Aí, meu Deus, tem alguma coisa, eu tenho que lembrar. “Cadê a dona do apartamento?” “É aquela que tá dançando ali no móvel” “Ah é? Não vou entrevistar”, foi embora. Foi engraçado, minha vida foi… agora, eu vivi. Eu gastei todo o dinheiro, não dei para homem, não, nunca tive cafetão, gastei na badalação, mesmo, eu era badalada, viajava, gastava…
P/1 – Você bebia?
R – Muito. Eu dava festas em casa, tô te falando que eu dava festas de arromba. Eu vivia a minha vida assim, na badalação, mesmo. Aí, um dia eu fiz 50 anos. E 50 anos não faz graça para ninguém rir. Fui lá na Casa dos Artistas, falei com o diretor, o presidente da Casa dos Artistas, já morreu, Francisco Moreno. Falei: “Moreno, eu estou precisando ir para a Casa dos Artistas e sei que lá só mora artista”, antigamente, agora mora um bocado de pé rapado aí. Só morava artistas. Aí, o Moreno imediatamente: “Tô mandando uma artista para ai”.
P/1 – Mas não tinha um negócio que só podia entrar com 60 anos?
R – Ah, eu falei isso com ele, eu fui honesta, aliás sempre… engraçado, é por isso que eu venci na vida, que eu sempre fui honesta. Eu não me lembro de ter agido com maquiavelismo com ninguém, não, nunca fui indecente com ninguém, não, sempre fui legal, sempre fui legal. Chamei o Moreno e falei: “Moreno, só entra com 60 e eu não tenho 60”, eu sou de 1930, eu tinha 56 anos, que ainda faltava quatro anos para fazer 60. Ele passou a mão no telefone: “Tô mandando pra ai”, aí eu vim. Aí foi lá o secretario foi lá no meu apartamento, apanhou uns bagulinhos: “O que você tem lá?”, eu digo: “Eu tenho uns troços lá” “Não, lá no Retiro tem cama, guarda-roupa, sofá, não precisa de nada”, trouxe só minha roupa e vim embora.
P/1 – Você mora então aqui há 30 anos?
R – Trinta anos.
P/1 – Como é que era no começo?
R – Era maravilhoso.
P/1 – Como que era há 30 anos atrás?
R – Há 30 anos atrás, eventos, tínhamos de montão aqui. Entrevistas eram diariamente. Peças que vinham fazer aqui nesse teatro, teatro hoje tá abandonado, você vai lá no teatro, tá abandonado, só tem cadeiras e o palco, tínhamos peças aí, demais. Todo mundo fez peça aí, Chico Anysio, o filho do Chico Anysio, muita gente fez peça aí, é que eu não lembro mais dos nomes, gente famosa fez peça aí. E festas mesmo, alugavam o Retiro para festas e nós, moradoras éramos convidadas, claro, nós íamos, eu não faltava a uma festa. Era muito bom morar no Retiro, mas foi acabando a grana, os que sustentavam o Retiro foram morrendo, se ausentando, perdendo dinheiro, acabando o dinheiro, então, Elimar Santos era um que sustentava o Retiro, parou de sustentar o Retiro. Quem mais?
P/1 – Você é a mais antiga moradora?
R – Sou a mais antiga moradora. Eu vim com 50 anos, estou com 80, minha filha, 80 e uns quebrados.
P/1 – O quê que você mais gosta aqui no Retiro dos Artistas?
R – Tudo! Não falo mal do Retiro. Eu amo o Retiro, sabe por quê? Quando eu precisei, foi ele que me acudiu, eu entrei com dez anos menos do que era permitido. A turma que presidia aqui era o Francisco Moreno, era… gente que já morreu todo mundo, mas era gente muito boa, como aquele Valter Pinto que eu te falei, amava os contratados, tratava muito bem, só não carregava no colo. Hoje, a coisa piorou um bocadinho, né, modificou, não é que piorou, modificou. E nós também envelhecemos e a velhice chega e acabou, qual a tua idade?
P/1 – Vou fazer 50.
R – É, 50 é 50, 80 é 80, minha filha.
P/1 – Você tem amigos aqui?
R – Todos. Não tenho inimigos. Não tenho inimigos.
P/1 – E a sua irmã que mora aqui?
R – Engraçado, cheguei a dizer que não tenho inimigos, mas é mentira, a minha irmã é minha inimiga. Vou te explicar uma coisa que eu descobri quanto a minha irmã. Não é falta de amor, não é dizer que ela não me ame e nem que eu não a ame, nada disso, o que existe entre nós é mau entendimento, ela não me perdoa e eu não perdoo ela, deve ser isso. Ela não tem paciência comigo e eu não tenho paciência com ela, ela me levou a isso, tanto é que ela mora ali, ela que pegava essa cadeira, levava e sentava ali, aí de tanto levar a cadeira e sentar lá, parei de levar a cadeira e sentar lá. Mas não é dizer que ela não goste de mim, não, ela não me entende, ela não me aceita. É isso. Todas aquelas palhaçadas que eu fiz em nova, ela quer conversar sobre isso, eu digo: “Ah não, não conversar eu não quero”, como é que você vai… como é?
P/1 – Reprise?
R – Não, não é reprise. É relação… como é? Conversar sobre relação, como é, que vocês chamam hoje?
P/1 – DR, discutir a relação.
R – Discutir a relação! Eu não quero isso, ela queria: “Vitória, eu só te perdoo se você deixar eu vomitar tudo”, eu digo: “Ah não, eu não sou pinico pra você vomitar”, nunca deixei e ela diz que só me perdoa se eu deixar ela conversas tudo sobre… ah, não. É muita coisa, 80 anos de palhaçada, sei lá de que, não quero.
P/1 – Vitória, se você pudesse mudar alguma coisa na sua trajetória de vida, você mudaria?
R – Não. Tudo que eu fiz foi de livre e espontânea vontade, saiu tudo do meu coração, eu fui uma mulher livre, como sou, eu sou aqui uma mulher livre. Se eu quiser sair, passear e tal, é só achar companhia, sozinha eu não posso mais ir, né, por[que não que eles não deixem, porque o estado de saúde não permite mais, mas eu sou uma mulher livre, sempre fui e gostaria de continuar livre. Não sei se vou continuar porque…
P/1 – Quais são os seus sonhos?
R – Nenhum. Tu já viu velho ter sonho? Nenhum, eu tô esperando é a morte. Quando ela chegar, eu digo: “Opa, tô aqui”, e pronto. Já vivi tudo, já gastei tudo, já comi tudo, já passeie tudo, pô, minha filha, eu conheço Portugal, França, Espanha e Áfricas, 27 capitais em Luanda… o lado ocidental da África e o lado oriental, que é Lourenço Marques, eu conheço outras 27, 28. Então, é muita coisa, eu passeei muito. Eu não parava, mala embaixo do braço e gostava disso, como gosto até hoje. “Vitoria, você voltaria aquele tempo?” Eu voltaria, não é possível, sei que não é possível, mas eu voltaria e faria tudo outra vez, ia para a África, ia para Portugal, ia visitar os mesmos lugares, não me arrependo de nada.
P/1 – Vitória, o que você achou de dar essa entrevista?
R – Ótimo, eu tô acostumada, tô 30 anos aqui dentro, são 30 anos de entrevista, nossa senhora, eles vêm sempre e procuram logo a Vitória, a mais velha do Retiro. Gostei muito. E é um tipo assim, de desabafo, é ou não é? Porque a gente falando… falar do outro é muito ruim, mas falar de si é muito bom, eu tô falando de mim, conheço a tua vida mas não tô falando da tua vida, tô falando da minha, então isso é muito bom, é um tipo de um desabafo.
P/1 – Queria agradecer.
R – Eu é que queria agradecer, sabe por quê? Porque vocês lembraram da Vitória, não lembraram da Vitória, foi o Retiro que mandou vocês aqui. Muito obrigada.
P/1 – Lembramos, sim.
FINAL DA ENTREVISTA
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