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História
Por: Museu da Pessoa, 19 de setembro de 2019

A travessia reversa

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A travessia reversa

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Teve um projeto que fizeram para poder levar a mamãe à África. Por quê? Porque o povo da capoeira, quando a mamãe chegava, cantava para ela, "E lê lê lê ô, a Rainha Nzinga chegou, a Rainha Nzinga chegou, a Rainha Nzinga chegou". A mamãe dançava ali no meio deles e sentava. Por isso que o nome do filme é: "A rainha Nzinga chegou". Por essa música que deu a vontade na menina de fazer esse projeto para ajudar a levar a mamãe. A mamãe tinha muita vontade de conhecer a África, os países africanos, ir um pouquinho na Angola, tomar banho naquele mar, aquelas coisas todas, então ela foi na frente, foi primeiro. A princípio, pensou que iria acabar o projeto, mas não tinha como parar. Mamãe não queria que parasse nada, mamãe gostava de: "começou, faz até o fim". Ela era dessas. Nós pegamos o projeto e fomos fazendo a duras penas, porque a mamãe foi embora em junho e a viagem foi em julho, Nossa, triste demais. Fomos fazendo o que a gente dava conta. A gente dava crise de choro, a gente dava crise de tristeza, mas fomos firmes, porque todo mundo é humano. A gente dava aquela baqueada e, de repente, firmava novamente. Fomos pedindo proteção. O filme foi se fazendo, à medida que o guia ia apresentando para a gente os lugares, nós íamos fazendo as perguntas e muitas perguntas já eram de nossas cabeças de muito tempo, que tínhamos vontade de saber. Fomos perguntando o que era verdade e o que não era, os cantos… Os nossos tatas tiveram a sutileza de colocar palavras africanas nos cantos em Português, então, mesmo que a gente não soubesse o significado daquela palavra, a gente sabia que era sagrado, a gente sabe que é sagrado. É como quando você vai em outra matriz, que estão cantando em outra linguagem africana. Você pode não entender nenhuma palavra, que sabe que é tudo sagrado. Então, você não canta fora de hora, não canta fora do contexto, você canta pedindo ajuda, pedindo proteção, invocando quem pode te ajudar, que é...

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Projeto Belo Horizonte Surpreendente

Depoimento de Isabel Casimira Gasparino

Entrevistada por Lucas Torigoe

Belo Horizonte, 16/09/2019

PCSH_HV818

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Ana Beatriz Cunha

Revisado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 – Qual é o seu nome inteiro, dona Isabel?

R – Isabel Casimira Gasparino. Eu nasci nesta casa, no bairro Concórdia, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

P/1 – Em que ano foi?

R – 1964.

P/1 – Que dia foi?

R – 13 de abril de 1964.

P/1 – E o nome do seu pai inteiro?

R – Antônio Gasparino.

P/1 – Como é a família do seu pai?

R – Minha avó era mãe solteira e era de Pirapora - a cidade se chama Lassance, que era a cidade do meu pai. Minha avó veio de lá, com os filhos pequenos, para morar em Belo Horizonte. O pai de um dos meninos dela era um pouco… Não sei te falar a palavra. Só sei que ela veio embora e deixou o homem para trás.

P/1 – Onde fica essa cidade?

R – Lassance? Em Pirapora.

P/1 – Pirapora?

R – É, Minas.

P/1 – Interior de Minas?

R – Sim.

P/1 – E eles faziam o quê lá? O que o seu pai faz ou fazia?

R – Não sei o que eles faziam, não. Só sei que meu pai, quando veio para cá, trabalhava na rede ferroviária. Ele era ferroviário e trabalhava com conserto de linha do trem. O ofício se chamava "conserva de linha".

P/1 – Ele fazia?

R – Fazia. E as pessoas que moravam na minha rua - que se chamava rua da Balança, no bairro Horto -, eram pessoas que trabalhavam nessa rede ferroviária, que chamava "Central do Brasil". Eles trabalhavam ali, porque se tivesse algum problema, estavam todos juntos para poder fazer o socorro da mina.

P/1 – Então vocês moraram lá um tempo?

R – Moramos lá um tempo, quando meu pai casou com a minha mãe, mas eu nasci no Concórdia. Eu vivi no Concórdia por muito tempo, até uns treze anos, mais ou menos, até que fui morar com a minha mãe no Horto para ajudá-la a cuidar dos meus irmãos, porque ela começou...

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Título: A travessia reversa

Data: 19 de setembro de 2019

Local de produção: Brasil / Belo Horizonte

Autor: Museu da Pessoa

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