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História
Por: Museu da Pessoa, 6 de outubro de 2011

A segunda que virou primeira

Esta história contém:

A segunda que virou primeira

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“Meu pai me conta que antigamente a cidade começava nas Perdizes, porque você olhando da Freguesia do Ó, no meio não tinha nada ali. Então meu pai vinha de burro e atravessava para as Perdizes. Ia lá para a cidade vender palha, cidrão, rapadura, coisas que ele fazia. Quando eu era mocinho, era comum ter festas nos sítios, nas fazendas do lado de lá. Eu era convidado, mas, para chegar nos lugares, sempre tinha o problema que precisava atravessar o rio de balsa. E não podia esquecer que, à meia-noite, fechava a balsa. Se você não chegasse a tempo, ficava preso no lado de lá. E aí não tinha outra opção: tinha que tirar a roupa, pôr na cabeça e atravessar o Tietê a nado. Era tudo diferente. Era comum você ver os aposentados sentados, conversando, jogando seu dominó no largo da Freguesia. Hoje não é possível nem mais passar lá, porque aumentou demais o movimento com aqueles barzinhos todos. Mas foi por essa época, por volta de 1930, que eu comecei a trabalhar em um moinho de farinha; não me lembro mais o nome, sei que era perto do Moinho Santista. E depois uma parente minha me arrumou um emprego no Franco-Brasileiro, e então eu comecei a trabalhar no Curtume Franco-Brasileiro, que era ali no Largo Pompeia. E eu ia a pé da Freguesia até lá todos os dias. Ia e voltava. Os ônibus demoravam uma eternidade para passar e você corria o risco de perder a hora se ficasse ali esperando. Trabalhei oito anos no Curtume. Aí, em 1939, veio o convite para formar uma sociedade com o Bruno, Bruno Bertucci, que na época tinha uma casa que trabalhava frango com polenta. Não era pizzaria ainda. O nome Bruno ficou porque ele era o sócio mais antigo, ele que abriu a casa. A primeira pizzaria de São Paulo na verdade foi a Telêmaco, que ficava na Avenida Ipiranga, mas depois ela fechou e a Bruno ficou com esse título de primeira. Lá no lugar onde é a pizzaria hoje tinha um barzinho; um sírio que fazia comida síria. Aconteceu que um dia...

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Dados de acervo

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P/1 – Senhor João, primeiro eu gostaria de agradecer ao senhor por essa entrevista, e começar pedindo para o senhor falar para a gente seu nome completo, o local onde o senhor nasceu e a data.

R – Ué, mas eu já não falei?

P/1 – Já, mas é para a gente começar gravando aqui para ficar registrado lá no filme.

R – Ah... Eu nasci no bairro da Freguesia do Ó em dezenove do doze de 1920.

P/1 – Senhor João, o senhor poderia falar o seu nome completo também para a gente deixar registrado?

R – João Machado de Siqueira.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – Benedito Antônio de Siqueira.

P/1 – E da sua mãe?

R – Damásia Machado de Siqueira.

P/1 – E qual era a atividade deles? O senhor sabe a origem deles, se eles já eram aqui de São Paulo?

R – Todos de São Paulo. A família Siqueira é descendente de Borba Gato, e na Freguesia do Ó, quase tudo naquele tempo era Siqueira. Tinha Siqueira Brito, Siqueira Alves, Siqueira Rodrigues... Rodrigues de Siqueira, Machado de Siqueira. Era tudo Siqueira. Somos quase os formadores da Freguesia do Ó.

P/1 – E o que o seu pai fazia?

R – Meu pai era pedreiro.

P/1 – E sua mãe?

R – Minha mãe era dona de casa.

P/1 – E o senhor não tem irmãos?

R – Tive um irmão e duas irmãs... Dois irmãos e duas irmãs.

P/1 – E eles eram mais velhos que o senhor? Onde o senhor estava na escadinha?

R¬ – Eles eram mais velhos que eu.

P/1 – Então o senhor era o caçula?

R – Era o caçula.

P/1 – E como era a sua casa de infância lá na Freguesia? Como era ser o filho caçula?

R – Nós ficamos em um lugarejo chamado Água de Pedra, sítio Água de Pedra. E depois, em 1924, quando houve a revolução, nós fugimos todos para Perus, em um carro de boi. Porque diziam que iam pôr os canhões ali na Freguesia do Ó para bombardear São Paulo, então nós fugimos para Perus. E depois, que terminou toda a revolução, aí meu pai cismou de ir para Santana de Parnaíba. E fomos para lá. E lá eu fiquei...

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