Estava em uma sala de espera, ia começar a fazer um curso que eu queria fazer há muito tempo, mas era ao mesmo tempo um curso e um processo seletivo, e agora tentando relembrar o sonho a sensação daquele momento era a espera no corredor de algo muito tenso que iria acontecer, me remeteu a espera...Continuar leitura
Estava em uma sala de espera, ia começar a fazer um curso que eu queria fazer há muito tempo, mas era ao mesmo tempo um curso e um processo seletivo, e agora tentando relembrar o sonho a sensação daquele momento era a espera no corredor de algo muito tenso que iria acontecer, me remeteu a espera para o processo seletivo para entrar no doutorado. Estava, então, no corredor de um prédio muito antigo, sentada, aguardando não sei bem o quê. Muita gente passando, muitas vozes, muito aperto. Pode entrar. De repente eu entro, era íntima de pessoas que fora do sonho eu não as conheço. Entro com esse grupo de conhecidos, a sala é grande e é também pequena, as carteiras são as menores possíveis, daquelas de um braço só, feitas para escorregarem tudo que se coloca nelas. Meus amigos começam a falar alto, a dar risada, e eu fico constrangida. Que droga, fiquem quietos, pensei. Tem uma professora na frente, uma mulher, não sei o que ela estava fazendo, estava sentada em frente ao computador, falando e se direcionando a todos, mais a uns todos do que a outros. Não conseguia ouvir. De repente não era mais aquele cenário. Estava em um hospital, uma sala de aula hospital, sala pequena. Eu estava sentada, em uma cadeira agora, sem carteira. Do meu lado direito e esquerdo havia outras pessoas sentadas. E na minha frente, uma mesa de cirurgia velha e barata e o corpo da minha prima que falecerá a uma semana. Eu olho e fico assustada. Ela morreu mesmo! Eu não consegui ir ao velório. Não consegui abraçar minha tia. Não sabia como era minha prima morta, só a conheci viva. Então é assim. Mas ela começara a se mexer na mesa de cirurgia. Não ela não morreu! Ela começa a vibrar, a convulsionar, a retorcer. O que está acontecendo? A professora do outro cenário, agora é uma médica e diz, acho que na hora da cirurgia eu esqueci o celular dela dentro dela. Ele está tocando. Vamos ter que abrir novamente. Ela está morta mesmo. Era só o celular que ainda vive dentro dela. Era uma aula de autopsia. Vamos fazer assim então, diz a médica. Alguém segura ela assim, segura ela meio em pé, assim, segurando embaixo dos braços, eu vou abri-la novamente, fazendo um corte aqui, quando eu cortar a bexiga vai cair e você pega a bexiga, tudo bem? Eu não consigo pegar a bexiga. Não consigo. Eu pego, disse a filha dela, que estava do meu lado. Meus colegas agora eram meus parentes, a minha prima, meus irmãos, a filha da minha prima... Eu queria conseguir pegar, mas só ela poderia fazer isso. A coisa mais difícil a se fazer
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Perece que nesse momento de distanciamento poucos são os que realmente requeremos perto e estão prontos a nos ajudar. E que eu queria pegar a dor da filha da minha prima para mim, queria que ela não passasse por isso, mas só ela pode passar.Recolher