Aliciene Fusca Machado Cordeiro nasceu em 27 de Março de 1972, na cidade de Pirassununga, São Paulo. Ela prefere ser chama de Li, apelido que se parece com a história que ela relata sobre a sua infância. Um tempo tranquilo vivido em uma cidade pequena, por uma menina caçula, temporã de uma fam...Continuar leitura
Aliciene Fusca Machado Cordeiro nasceu em 27 de Março de 1972, na cidade de Pirassununga, São Paulo. Ela prefere ser chama de Li, apelido que se parece com a história que ela relata sobre a sua infância. Um tempo tranquilo vivido em uma cidade pequena, por uma menina caçula, temporã de uma família com mais dois irmãos.
Sua memória traz sempre a imagem dos seus pais, mais velhos, que passavam os finais de semana em um sítio com ela. Li, como prefere ser chamada, sorri com leveza quando fala da casa onde morava até os seus dezoito anos, uma casa grande, com um quintal e um galinheiro. Os olhos de criança via a casa enorme, “para minha infância” ela diz. Ela memora também a escola que marcou sua infância, perto de casa, um colégio estadual, muito grande, em frente à praça, com a igreja Matriz e um coreto um pouco mais abaixo. Suas lembranças trazem um lugar muito aconchegante que a recobre de boas lembranças.
Ela conta ainda que para chegar até a escola ia ladeando a linha do trem, cercada de muitos fícus, muito bem arborizada. Não passava mais trem naquela época, mas ainda continuava os trilhos e era bem arborizado. Sobre a escola, ela lembra que tinha uma arquitetura muito imponente, muito detalhada e grande. Na visão de criança ela era muito grande, o que marcava bastante era que na entrada principal da escola tinha um vitral enorme e um Cristo enorme. Apesar de a escola ser pública, tinha um Cristo enorme crucificado que a marcou por ser tão diferente das coisas que ela estava acostumada a ver.
Nessa escola, Li tinha uma professora que a marcou muito até a adolescência. Era a professora de português, muito rígida e que exigia a todos um caderno muito completo, muito limpo, com figurinhas. Depois que mudou de escola, ainda lembrava que tinha que ter os verbos todos decorados. Essa rigidez a marcou bastante, além da postura sempre impecável que essa professora ia dar aulas. Li a descreveu de forma quase lúdica “ela parecia mais uma atriz de cinema, apesar de ser uma senhora, então aqueles brincos de bola, aqueles colares de bola, então era uma coisa diferente do que eu estava acostumada e ela era muito autoritária, era uma figura quase inatingível, essa é a lembrança mais forte de professor que eu tenho”.
Mas, além dessa rigidez, Li possui memórias bem diferentes sobre a hora do recreio da escola. Lembranças dos amigos, de uma escola muito viva, grande, onde era permitido correr muito, brincar de ping-pong, pique-pega, nos corredores da escola. Apesar de nessa época ainda ter um inspetor de aluno, era uma escola que era muito voltada pra infância. As crianças podiam ser crianças nessa escola, no sentido de tudo de melhor que essa palavra pode significar. Ela não se lembra de grandes punições por correr, brincar, rir na hora do recreio, ao contrário, era uma hora que a marcou muito positivamente. Era a hora em que ela estava em amigos, e as suas amizades seguiram por um tempo em sua vida, e foram criadas ali.
Li sorri levemente para descrever suas memórias da juventude.
Com leveza ela diz sobre dois momentos que foram de grandes mudanças nesse período. Um foi quando entrou na universidade, na Unicamp em Campinas, que foi a primeira experiência de ficar longe da terra tão aconchegante. Período narrado por ela como “uma experiência ao mesmo tempo fascinante, ao mesmo tempo difícil”. Foi pra Campinas estudar psicologia, em uma cidade muito maior que Pirassununga, com pessoas que não eram do seu círculo de amizades, tudo novo com uma nova organização. Morar em uma república, com pessoas que apesar de ela conhecer não tinha intimidade, além de nunca ter saído da casa da dos pais. Essa parte foi muito difícil. Mas, ao mesmo tempo, muito instigante também porque Li adorava o curso que fazia e sempre gostava de estudar e de fazer as atividades da psicologia. Era um curso integral, praticamente ficava envolvida com o curso de manhã, de tarde e de noite, e participava dos grupos de estudo. Essa parte da experiência era muito bacana.
E a segunda passagem a que narrou como um marco na juventude, na vida, foi quando ela terminou a universidade e foi morar um ano no Canadá. Esses dois momentos foram de grande transformação e parece que vieram em etapas, primeiro para uma cidade maior e depois para outro país. A experiência com outra língua, com outra cultura, outras pessoas, foi muito bacana. Foram dois momentos marcados pela saudade da antiga morada, da casa dos pais e da cidade pequena e tranquila.
E, hoje, morando em Joinville ela é uma das professoras da primeira turma do Mestrado em Educação da Univille. Li fez sua trajetória de formação, vai para o Canadá, continua os estudos e vem pra para Joinville. Ela narra esse presente, sempre com leveza e uma doçura no olhar.
Ela chegou a Joinville em 2001, por conta de ter se casado com uma pessoa que ia trabalhar na cidade. Seu marido ainda trabalha na empresa desde que vieram em 2001. Naquela época ela veio cursando ainda o mestrado e logo se inseriu como professora em uma faculdade, que não é a Univille. Em 2007 começou um movimento na Univille para reunir um grupo pra pensar no Mestrado em Educação. Em 2008 ela foi contratada pela Univille como parte desse desafio, mas como professora do Curso de Psicologia, e de 2008 a 2010 trabalhou, junto a uma equipe, nesse projeto do Mestrado em Educação, em meados de 2010 quando enviaram o projeto para a apreciação pela CAPES. Foi no finalzinho desse ano, em dezembro, nos últimos dias de dezembro foi aprovado o projeto e então, em 2011, já começou a primeira turma.
Aliciene narra sobre esse início, desde o convite da professora Sandra Furlan, e da professora Nelma que estavam coordenando a equipe.
A professora Nelma Baldin coordenou o grupo que pensava esse Mestrado em Educação. As demais professoras vieram de fora, era ela, a professora Juliana Perucchi, a professora Maria Aparecida Lapa de Aguiar, a professora Márcia Hobold. Foram professoras que vieram de fora, mas na própria Univille já tinham outras profissionais, como a professora Elizabete Tamanini a professora Fabíola Possamai que vieram também, se juntando ao grupo.
Esse grupo se reunia frequentemente pra pensar um desenho para esse projeto, como seriam as linhas de pesquisas, quais as afinidades o grupo tinha. E, depois de montando o projeto, chamado também de APCN, a equipe contou, também, com uma consultoria externa, quando, infelizmente, ela diz, não foi possível que todas as pessoas da equipe se integrassem ao mestrado, quando ele foi finalmente aprovado com a primeira turma em 2011.
A menina feliz, que saiu da casa dos pais para estudar, cresceu e continuou com um apelido de menina e uma leveza para narrar suas memórias. Li, que veio com o marido para Joinville, fez uma história ao longo do seu percurso. E hoje tem como meta profissional a criação do doutorado. Ela pensa, um pouco mais pra frente, uns dois anos, quem sabe, fazer um pós-doc, e ampliar o objeto, o foco de sua pesquisa. Hoje, sua pesquisa, e o seu grupo de orientandos, ainda foca muito em Joinville, justamente por que não havia pesquisas que focassem a questão da educação especial na cidade. Ela está construindo isso, e intenciona, a partir do próximo ano ou de 2016, ampliar esse foco para outras cidades, outros estados, trabalhar mais em rede.Recolher