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História
Por: Museu da Pessoa, 5 de julho de 2008

A menina de sinhá

Esta história contém:

A menina de sinhá

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Meu nome é Valdete da Silva Cordeiro. Nasci na cidade da Barra, na Bahia.

Eu não sabia a data do meu aniversário, só sabia do ano em que nasci (1938). Mas não sabia do dia, do mês. “Ô, meu Deus, todo mundo faz aniversário, só eu que não”. Aí eu inventei o dia 7 de setembro.

Quando fiz 16 anos, via que todo mundo tinha registro, carteira assinada. Eu também queria. O vizinho era candidato a vereador e a mulher dele falou assim: “Olha, eu dou o seu registro, mas você tem que aumentar dois anos a sua idade”. Na hora de registrar, cadê o sobrenome? Eu inventei na hora: “Valdete da Silva”. Três anos atrás, uma pessoa que está escrevendo a minha vida pediu meu batistério, que veio ano passado. Então, descobri que meu aniversário é dia 12 de abril e o meu sobrenome é: “de Jesus”. Mas continuo com “da Silva” mesmo e o 7 de setembro. Não vou mudar a vida que eu mesma inventei.

Quando os meus pais morreram, a minha madrinha de crisma me pegou para criar. Ela veio para Minas Gerais, eu vim junto. Fui criada com essa família. Eles eram um casal de brancos, de classe média e nunca tiveram filhos.

Eu não tive muita oportunidade de estudar. Acho que porque eles nunca tiveram filho, não sabiam o que era a responsabilidade de criar uma criança. Então, eu mesma me matriculei. Ganhei tudo, material escolar, uniforme. E comecei a estudar.

Então eu tenho o segundo ano primário, foi o que eu fiz.

O meu primeiro trabalho foi de empregada doméstica. Dessa casa de família, saí no dia em que me casei. Meu marido era pintor de parede e jogava em um time de várzea. Depois ele passou a jogar profissional, em Formiga. Eu me mudei com ele. Lá ele teve um fracasso na vida. Passei muita necessidade, tive que vir embora para Belo Horizonte para recomeçar a minha vida.

A minha sogra tinha uma amiga que morava lá no Alto Vera Cruz. E foi o caminho que achei de me instalar em um lugar,...

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Dados de acervo

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Projeto Memória dos Brasileiros

Entrevistada: Valdete da Silva Cordeiro

Belo Horizonte, 05 de Julho de 2008.

Código: MB_HV038

Revisado por: Carolina Margiotte Grohmann

2º Revisão: Nataniel Torres

P/1 – Dona Valdete, eu queria que a senhora me falasse seu nome completo, o nome dos seus pais, a cidade onde a senhora nasceu.

R – Bom, meu nome é Valdete da Silva Cordeiro. Meu pai se chamava Manoel e minha mãe, Ornelina, né, Manoel e Ornelina da Silva. Eu nasci na cidade da Barra, na Bahia. Quando meus pais morreram, a minha madrinha de crisma me pegou para criar. Ela veio para Minas Gerais, eu vim junto. Vim para cá mais ou menos com a idade de uns cinco, seis anos e fui criada com essa família. Elas eram família, um casal de brancos, de classe média. Eles nunca tiveram filhos, criavam, geralmente, o filho dos outros. E eu fui uma dessas que ela criou. Eu não tive muita oportunidade de estudar, porque eu acho que porque eles nunca tiveram filho, eles não sabiam o que era a responsabilidade de criar uma criança, né? Então eles não me puseram na escola, eu mesma que me matriculei. Eu conheci uma menina que era pedinte e ela estava na escola. E eu perguntei: “Como é que você fez para entrar na escola?”. E ela falou: “A minha avó que me levou e me matriculou”. Só que para entrar na escola você não pode falar que você mora onde você mora. Que eu morava no bairro dos Funcionários. Você tem que falar que mora na favela, mora com a avó e eles te matriculam, fazem sua matrícula. E assim eu fiz. Eu fui à escola, falei que morava na favela do Pau Comeu, e que eu não tinha nem pai, nem mãe e morava com minha avó. A diretora me chamou, fez a matrícula e eu ganhei tudo, material escolar, uniforme. E eu comecei a estudar. Só que eu era muito levada, uma criança muito levada e o castigo que eles me davam era não ir à escola. “Hoje você não vai à escola!”. Era o meu castigo. E eu era uma das melhores alunas, principalmente em...

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Título: A menina de sinhá

Data: 5 de julho de 2008

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte

Revisor: Nataniel Torres
Autor: Museu da Pessoa

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