Dudu era meu pai. No ano de 1992, exatamente no Dia Mundial do Meio Ambiente, ele falece aos 75 anos. Ele deixou a “autobiografia do menino pobre”, encontrada em seu baú antes da missa de sétimo dia. Foi escrita quando ele completou 70 anos. Dudu era um menino pobre que nasceu em 28 de fevereiro de 1917, em um sítio pertencente ao município de Panelas de Miranda, e mudou-se aos 18 anos para Garanhuns, no estado de Pernambuco.
Dudu casou-se com Filomena e teve cinco filhos, quatro homens e uma mulher. Era alfaiate e mascate. Como alfaiate, usava sua tesoura para o corte de roupas sob medida, e seus filhos as entregavam às costureiras. Nas feiras das cidades de São João, Lajedo, Capoeiras e Garanhuns, com ajuda dos filhos, ele armava sua tenda e comercializava seu produto acabado (calças, camisas, calções), onde conseguia ganhar o suficiente para sustentar a família como mascate.
O objetivo de Dudu era que os seus filhos estudassem para não passarem as dificuldades que ele passou por não ter tido oportunidade de estudar. Mas, ao longo desta caminhada, surgiram vários obstáculos, que foram, no entanto, superados. Porém, em 68 acontecem fatos que quase matam seu sonho. O filho mais velho é cassado pelo decreto 477, e o outro, que já estudava em Recife (capital de Pernambuco), é preso pela ditadura militar em plena Copa do Mundo, quando o Brasil tornou-se tri-campeão em 1970.
Ele venceu esta fase dando apoio aos filhos perseguidos pelo regime militar e continuou trabalhando em Garanhuns, para que os demais estudassem e seguissem os seus objetivos de vencer na vida e de não passar as dificuldades que ele passou. Ele conseguiu ver os filhos formados como era seu sonho, aposentou-se em seguida e foi morar em Recife, para ficar mais perto dos netos(as) e dos filhos(a). Os amigos aprovaram uma rua com seu nome em Garanhuns. O filho mais novo trouxe a tesoura para o Rio de Janeiro para continuar a sua história, como um...
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Dudu era meu pai. No ano de 1992, exatamente no Dia Mundial do Meio Ambiente, ele falece aos 75 anos. Ele deixou a “autobiografia do menino pobre”, encontrada em seu baú antes da missa de sétimo dia. Foi escrita quando ele completou 70 anos. Dudu era um menino pobre que nasceu em 28 de fevereiro de 1917, em um sítio pertencente ao município de Panelas de Miranda, e mudou-se aos 18 anos para Garanhuns, no estado de Pernambuco.
Dudu casou-se com Filomena e teve cinco filhos, quatro homens e uma mulher. Era alfaiate e mascate. Como alfaiate, usava sua tesoura para o corte de roupas sob medida, e seus filhos as entregavam às costureiras. Nas feiras das cidades de São João, Lajedo, Capoeiras e Garanhuns, com ajuda dos filhos, ele armava sua tenda e comercializava seu produto acabado (calças, camisas, calções), onde conseguia ganhar o suficiente para sustentar a família como mascate.
O objetivo de Dudu era que os seus filhos estudassem para não passarem as dificuldades que ele passou por não ter tido oportunidade de estudar. Mas, ao longo desta caminhada, surgiram vários obstáculos, que foram, no entanto, superados. Porém, em 68 acontecem fatos que quase matam seu sonho. O filho mais velho é cassado pelo decreto 477, e o outro, que já estudava em Recife (capital de Pernambuco), é preso pela ditadura militar em plena Copa do Mundo, quando o Brasil tornou-se tri-campeão em 1970.
Ele venceu esta fase dando apoio aos filhos perseguidos pelo regime militar e continuou trabalhando em Garanhuns, para que os demais estudassem e seguissem os seus objetivos de vencer na vida e de não passar as dificuldades que ele passou. Ele conseguiu ver os filhos formados como era seu sonho, aposentou-se em seguida e foi morar em Recife, para ficar mais perto dos netos(as) e dos filhos(a). Os amigos aprovaram uma rua com seu nome em Garanhuns. O filho mais novo trouxe a tesoura para o Rio de Janeiro para continuar a sua história, como um símbolo de quem vence com persistência, honestidade, ética, moral e solidariedade.
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