Minha mãe Alcinda Araujo Porto asceu em 07 de agosto de 1930, numa fazenda, em Santa Luzia, sertão da Paraíba. Filha de Luzia e Manuel, tinha13 irmãos. No caminho da escola eles paravam pra chupar melancia às escondidas nas roças dos vizinhos e tomar banho de rio.
Ficavam com os olhos vermelhos de tanto mergulhar...Como era bom fazer traquinagens com os irmãos! À noite, sob a luz das lamparinas, se reuniam no outeiro da casa pra contar histórias e anedotas. Um dos irmãos era engraçado e adorava dar susto nos outros contando "causos de assombração". Falava baixo, criava um suspense...e quando todos estavam absortos na história, dizia com tom ameaçador: “olha quem está aí atrás de você”. Era um susto danado. Mas depois todo mundo caía na gargalhada.
Aprendeu a costurar desde cedo. Ofício muito elevado para as mulheres de sua época. Fazia vestidinhos de chita e vendia na quermesse da igreja. Aos 27 anos, conheceu o amor de sua vida - David. Ele era viúvo e tinha 5 filhos. Viveram juntos por 40 anos. Tiveram mais 4 filhas. E muitos netos e bisnetos. Adorava quando Melissa chamava ela de vovóbiza. Gostava muito de plantas, em especial, o manjericão. Sempre manteve um pezinho por perto; dizia que por onde Jesus andava, lá em Jerusalém, era cheio de manjericão.
Vivia rodeada de plantas das mais variadas espécies. Sua lasanha domingueira, seu bolo de côco, doces de banana e até o cafezinho, tinham sabor especial. Uma artista da costura, trabalhadora incansável, fez roupas bonitas pra família a vida inteira. E na velhice, deu de bordar à mão, paninhos bonitos, com que gostava de presentear a todos. Inspiração, gratidão imensa por tudo.