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História
Por: Museu da Pessoa, 23 de junho de 2010

A dureza da vida no garimpo

Esta história contém:

A dureza da vida no garimpo

Vídeo

Na época do garimpo, eu fui abrir estrada. O Juscelino Kubitscheck queria abrir essa estrada, vindo de Brasília. Então, o que aconteceu? Éramos 350 homens que viemos pra cá. Desses 350 homens, a maior parte índio matou, malária matou, cobra comeu, onça comeu. Desse jeito.

Depois, fui pro garimpo. É o seguinte: nesses garimpos, você não pode andar com mulher séria. Sabe por quê? Com mulher ou não, o cara urinava bem aí. Sea mulher não quisesse ver, virava pro outro lado e saía. Cara que transava com outra bem na frente. Eu tocava um restaurante lá no garimpo e, de sábado pra domingo, o pau quebrava, era tiroteiro, era mulher solteira na vara apanhando aos gritos. Sabe quanto custava uma relação naquele tempo? Custava três gramas de ouro. Eu peguei muito dinheiro e as prostituas me deixaram pobre de novo. Não ficou nada.

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Pedro Chuck Cheeman Koapecck

legenda: Homem idoso sentado em uma cadeira em uma sala. O lugar ao redor é fechado e feito de mandeira.

período: 26/06/2010
local: Brasil / Rondônia / Jaci-paraná
tipo: Fotografia

Pedro Chuck Cheeman Koapecck

legenda: Homem idoso em pé em frente a uma casa e um varal onde roupas estão estendidas. Uma mulher idosa está ao seu lado em pé também. Estão sorrindo.

período: 26/06/2010
local: Brasil / Rondônia / Jaci Paraná
tipo: Fotografia

Pedro Chuck Cheeman Koapecck

legenda: Homem idoso em pé em frente a uma casa e um varal onde roupas estão estendidas. Está sorrindo.

período: 26/06/2010
local: Brasil / Rondônia / Jaci Paraná
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Depoimento de Pedro Chuck Cheeman Koapecck

Entrevistado por Gustavo Ribeiro Sanchez

Jaci-Paraná, 23 de junho de 2010

Realização Museu da Pessoa

Entrevista MB_HV126

Transcrito por Karina Medici Barrella

Revisado por Fernanda P. Prado

P/1 – Seu Pedro, pra começar, eu vou pedir pro senhor falar o seu nome completo, o lugar no qual o senhor nasceu e a data.

R – Olha, eu fui criado, nasci nos Estados Unidos na cidade de Merlin, no dia 25 de outubro de 1936. Assim que a guerra começou, em 1939, meu pai veio pro Brasil. Na época, eu tinha de três pra quatro anos. Quando ele chegou no Rio de Janeiro, nós fomos morar em Copacabana, ali nós moramos por 18 anos. Então, antes de eu completar essa idade, eu fui caixeiro de prostituta, que é do Cassino da Urca. Conhece o Rio de Janeiro?

P/1 – Conheço.

R – Conhece o Cassino da Urca? Ainda existe o Cassino da Urca? Era o melhor cassino que tinha no Rio de Janeiro. E eu fui caixeiro... Então, aquelas mulheres chegavam comigo e diziam: “Ei gringo, tu levas isso aqui, vai levar esse recado pra mim.” Eu levava. Naquele tempo, tinha aquelas moedas de 50 centavos, 50 réis, e diziam: “Pega pra ti!” Um dia, eu perguntei, tinha uma mulher solteira chamada Ana Lívia: “Lívia, pra que serve isso daqui?” Meu português já estava bom, eu estava com meus sete, oito anos. Mas eu sei que eu estudava, mas você sabe que ficar debaixo de pai e de mãe não é bom, né?

P/1 – Deixa eu entender. O seu pai era americano.

R – Era americano, veio pra cá no tempo da guerra.

P/1 – Ele veio pra cá pra fugir da guerra, por que ele veio?

R – Fugir da guerra. O único país a favor do Brasil era a Inglaterra, veio pela costa da Inglaterra. Pra passar na Argentina era inimigo, era favor da Alemanha. Argentino era a favor da Alemanha. Quando a guerra estourou mesmo, só Getúlio Vargas mandou matar cinco mil alemães ali. Porque o Rio de Janeiro vivia às escuras, quando davam às cinco horas...

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Título: A dureza da vida no garimpo

Data: 23 de junho de 2010

Local de produção: Brasil / Rondônia / Jaci-paraná

Autor: Museu da Pessoa

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