Ir direto ao conteúdo
História
Por: Museu da Pessoa, 21 de setembro de 2020

A digital do meu avô numa seringueira

Esta história contém:

A digital do meu avô numa seringueira

Vídeo

É assim: o deslocamento foi em 1983, justamente por causa do polo industrial que se formou no final da ditadura.

Tiraram o povo, todos da beirada do Murucupi, do lado de lá e do lado de cá.

O único pessoal que não saiu foi o pessoal do São Lourenço, do Mário.

Esse foi o único pessoal que não saiu.

Mas o restante, todo mundo saiu.

Ou você saía, ou eles te tiravam.

Entendeu? Então, eu vejo que, ali, o pessoal, todo aquele pessoal, muita gente foi embora pra Belém, Icoaraci.

Teve o Laranjal, o pessoal do CDI.

E se a gente for procurar hoje essas pessoas, são poucas as pessoas que estão vivas.

Fiquei muito tempo em Belém.

A decisão de voltar pra cá já foi no final de 2007.

Estava em Barcarena, né? Aí me chamaram: “Sandra, bora voltar? Bora, a gente vai.

.

.

".

Aí eu falei: “Olha, eu vou voltar, mas eu vou voltar pra onde eu nasci".

Que, no caso, era pra eu voltar pra Burajuba.

Eu digo: “Não, se eu tiver que voltar, vou voltar pra onde eu nasci".

E eu voltei, sabe? É engraçado que eu passei seis meses, 2008, morando embaixo de plástico.

Quando nós tomamos posse da área toda, aí veio as minhas irmãs e irmãos.

E hoje, assim, eles me veem assim, apesar de eu não ser a mais velha, né, mas o meu irmão mais velho me vê, assim, como.

.

.

eles me falam assim: “Dona do quilombo", porque toda decisão que eles vão tomar, eles têm que vir perguntar pra mim: “Olha, Sandra, nós vamos fazer isso.

O que tu acha?".

Hoje a coisa funciona desse jeito.

Porque eu acho que eles reconhecem que quem voltou pra aquela terra fui eu com os meus filhos, né, eu voltei pra ali, finquei o pé ali, disse: “Não".

E aí fomos buscar.

Aí que entra a parte do movimento social.

Que eu comecei a participar de movimento... Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF
É assim: o deslocamento foi em 1983, justamente por causa do polo industrial que se formou no final da ditadura. Tiraram o povo, todos da beirada do Murucupi, do lado de lá e do lado de cá. O único pessoal que não saiu foi o pessoal do São Lourenço, do Mário. Esse foi o único pessoal que não saiu. Mas o restante, todo mundo saiu. Ou você saía, ou eles te tiravam. Entendeu? Então, eu vejo que, ali, o pessoal, todo aquele pessoal, muita gente foi embora pra Belém, Icoaraci. Teve o Laranjal, o pessoal do CDI. E se a gente for procurar hoje essas pessoas, são poucas as pessoas que estão vivas. Fiquei muito tempo em Belém. A decisão de voltar pra cá já foi no final de 2007. Estava em Barcarena, né? Aí me chamaram: “Sandra, bora voltar? Bora, a gente vai...". Aí eu falei: “Olha, eu vou voltar, mas eu vou voltar pra onde eu nasci". Que, no caso, era pra eu voltar pra Burajuba. Eu digo: “Não, se eu tiver que voltar, vou voltar pra onde eu nasci". E eu voltei, sabe? É engraçado que eu passei seis meses, 2008, morando embaixo de plástico. Quando nós tomamos posse da área toda, aí veio as minhas irmãs e irmãos. E hoje, assim, eles me veem assim, apesar de eu não ser a mais velha, né, mas o meu irmão mais velho me vê, assim, como... eles me falam assim: “Dona do quilombo", porque toda decisão que eles vão tomar, eles têm que vir perguntar pra mim: “Olha, Sandra, nós vamos fazer isso. O que tu acha?". Hoje a coisa funciona desse jeito. Porque eu acho que eles reconhecem que quem voltou pra aquela terra fui eu com os meus filhos, né, eu voltei pra ali, finquei o pé ali, disse: “Não". E aí fomos buscar. Aí que entra a parte do movimento social. Que eu comecei a participar de movimento social, comecei com o Barcarena Livre, junto com os companheiros, professores da UFPA, pesquisadores e nós voltamos pra terra sem saber que a gente tinha o direito. Em 2008 a gente foi ter o conhecimento da Convenção 169. Fomos ver onde que... Continuar leitura

Título: A digital do meu avô numa seringueira

Data: 21 de setembro de 2020

Local de produção: Brasil / Barcarena

Autor: Museu da Pessoa

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Essa história faz parte de coleções

voltar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

    voltar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

      voltar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      voltar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.

      Receba novidades por e-mail:

      *Campos obrigatórios