Não consigo falar sobre meu nome sem antes contar como me entendi como pessoa trans. Na infância, fui a típica criança que sofria bullying por ser diferente, a clássica história de quem cresce no interior sem amigos. Isso mudou na adolescência, quando finalmente encontrei pessoas que me aceitaram como sou. Essa aceitação foi fundamental para que eu me entendesse e percebesse o quanto odiava meu nome de registro. Na escola, como havia outra pessoa com o mesmo nome, me chamavam pelo sobrenome, em casa, poucas pessoas usavam meu nome, que eu achava horrível. Foi aí que percebi a necessidade de um novo nome, mas nesse ano estava passando por um momento muito difícil e precisei adiar essa decisão. Em 2022, voltei a me questionar sobre minha identidade de gênero, me julgavam muito feminino para ser homem e muito masculino para ser mulher. Essas categorias rígidas sempre me incomodaram. Então, descobri que não precisava me encaixar em nenhum dos dois e escolhi o nome Jushtin, ainspiração veio de um livro que li na adolescência, \"O Livro de Feitiço das Rainhas de Star vs as forças do mal\", onde um principe chamado Jushtin (o príncipe-rainha) era pressionado a assumir um papel que não queria. Eu queria um nome composto que mantivesse meu apelido favorito, JP, mas encontrar um nome com \"P\" e que eu gostasse foi bem difícil. Como sou neopagão, encontrei a combinação perfeita na religião e em um jogo: Paimon. Na mitologia, Paimon é um Rei do Inferno. Achei incrível a ideia de ter o nome de um príncipe que sofreu pressão, assim como eu, e de um rei que conquistou tudo o que queria. Esse nome composto simboliza minha jornada: apesar de todas as expectativas e pressões, eu posso alcançar meus objetivos.