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História
Por: Museu da Pessoa,

A coragem deles me levou

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A coragem deles me levou

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Eu já tinha essa coisa com a Arte, uma certa sensibilidade para me expressar desse jeito. Como eu era muito caladão, tímido, eu gostava de escrever, desenhar - acho que nunca fui um menino brigão. Na verdade, a única briga para a qual eu fui convocado, eu fugi dela. Tenho uma vergonha disso até hoje: Nossa Senhora, eu tenho uma vergonha desse troço! Esse cara, eu lembro dele, é meu conhecido até hoje, a gente se encontra, se abraça, claro, somos dois adultos, dois senhores. Não sei nem se ele lembra desse episódio mas, para mim, foi um negócio horroroso porque eu sabia que eu era franzino - sempre fui magrinho - o cara era forte para diabo, não sei o que aconteceu lá no colégio estadual e tinha esse negócio de chamar para a briga: “te espero lá fora”. E você sabe que eu fugi dessa briga? Que horror, que vergonha, cara, confessar isso. Mas eu fugi daquela briga porque sabia que ia apanhar muito, eu tive medo de apanhar, tive medo de chegar em casa... Eu caí fora. ele deve ter brigado com gente para caramba, mas com o Zé Eduardo que fugiu do pau não: eu fugi mesmo, uma vergonha, um troço inconfessável. Em novembro de 1975, quando eu entrei na agência de jornais, tinha um jornal alternativo, naquela época tinha Movimento, Opinião, vários jornais alternativos de esquerda contra a ditadura militar, que já estava começando a dar sinais de que não ia longe. Mas ela estava no auge e foi quando mataram o Herzog. Eu já consumia esse tipo de notícia lá em São João Del Rey, então, quando eu entrei na agência, tinha um jornal que chamava Ex: E, X, que foi um jornal super combativo - eu tenho esse jornal também até hoje (isso tudo que estou te falando, eu tenho imagem). E o jornal trazia na capa, ou na última capa, a foto do suicídio, entre aspas, do Herzog. Cara, quando eu peguei aquele jornal, eu falei assim: “Eu não quero fazer outra coisa na vida”. Ainda quero fazer em jornal, quero trabalhar com essa coisa....

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Projeto Conte Sua História - Belo Horizonte Surpreendente

Depoimento de José Eduardo Silva Gonçalves

Entrevistado por Lucas Torigoe

Belo Horizonte, 11/09/2019

PCSH_HV813 _ rev.

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Fernanda Regina Ferreira

Revisado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 – Qual é o seu nome inteiro, onde você nasceu e em que dia?

R – José Eduardo Silva Gonçalves, nasci em São João del-Rei, região do Campo das Vertentes, Minas Gerais, 28 de novembro de 1957.

P/1 – Você sabe em que hospital você nasceu?

R – Na Santa Casa.

P/1 – De lá?

R – Na Santa Casa de São João del-Rei.

P/1 – Seu pai falou como foi, sua mãe... Como foi esse dia?

R – Olha, os partos eram todos naturais, minha mãe disse que teve partos bem difíceis, mas não foi, exatamente, o meu caso. Eu nasci às 11 horas da noite, sem muito problema, já nasci perto da noite, assim, animado. Não tem nada, eles nunca me contaram muitos detalhes não.

P/1 – Sei. Você tem irmãos?

R – Tenho sete irmãos. A família de cinco mulheres, três homens. Meu pai teve um primeiro casamento, ficou viúvo muito cedo, com duas meninas, e, naquela época, o homem não ficava sozinho com duas meninas, de jeito nenhum. Logo arrumou alguém para casar, encontrou a minha mãe e a vida seguiu.

P/1 – Como é você nessa escadinha?

R – Olha, tem mais dois depois de mim. Eu tenho minhas duas irmãs mais velhas, desse primeiro casamento, que para a gente não fez a menor diferença, são minhas irmãs, sempre as entendi assim, desde o começo. Depois vieram mais duas mulheres, depois o primeiro homem da família, aí eu acho que minha mãe já estava começando a ficar meio cansada, mas ainda me teve, depois teve o meu irmão, depois de alguns anos ela já, realmente, querendo parar essa fábrica e teve a caçulinha. Na verdade, meu pai muito católico, católico ortodoxo, aquela coisa, minha mãe precisou ir ao padre e pedir ao padre que pedisse a...

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Título: A coragem deles me levou

Local de produção: Brasil / Belo Horizonte

Autor: Museu da Pessoa

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