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História
Por: Museu da Pessoa, 28 de junho de 2017

“Eu saí de Paracatu, mas Paracatu nunca saiu de mim”

Esta história contém:

“Eu saí de Paracatu, mas Paracatu nunca saiu de mim”

Vídeo

[A venda do pai] Foi na Rua do Peres, esquina com a Manoel Caetano. A venda eram duas portas, ou três? Acho que eram três portas na Rua do Peres, com a casa de residência anexa. Ali que era o armazenzinho dele, que a gente chamava de venda. Era o termo que usava na época. E ele vendia de tudo. O povo gostava muito de comprar as coisas dele, porque ele sempre foi um homem muito sistemático, muito correto, excessivamente correto, ele não vendia nada que não tivesse garantia de primeira qualidade. Inclusive, muita coisa era feita por minha própria mãe, em casa. Eu me lembro de que lá, chegavam uns capados, sabe o que é capado? O porco morto. E ele nos botava, meninos, pra tirar a gordura, limpar tudo, e minha mãe depois ia picar pra fazer linguiça, pra gente sair vendendo na rua no outro dia. Saíamos, meu irmão e eu, pra rua vender linguiça. E quando vinha da roça, naquela época, o surubim... Dourado, matrinxã. Esses peixes pescados no Rio Paracatu, eles salgavam tudo e vendiam. Meu pai era um exímio comprador. Comprava e botava a gente na rua pra vender. Tudo salgado, pra não perder, que não tinha luz, não tinha geladeira, não tinha nada. Eu lembro até de uma disputa, isso é coisa curiosa, uma disputa do meu irmão e eu pra ver que saía primeiro pra vender onde era bom. E eu costumava correr na frente dele pra ir lá ao Puxa Faca de Jorge, na zona boêmia, na casa das prostitutas, e Jorge com a Arminda, a mulher dele, eram os cafetões, os que tomavam conta lá das mulheres. E a gente sabia que era venda certa. A gente corria pra vender lá no Puxa Faca de Jorge, na Rua do Piolho. A Rua do Piolho lá em Paracatu, pra vocês terem uma noção, é onde hoje está à sede da Telefônica de lá, acho que se chama hoje Rua Benjamim Carneiro.

Nós todos almoçávamos juntos na mesa posta, tinha o horário na venda. Minha mãe brigava muito com ele [papai], porque qualquer roceiro que estivesse lá no balcão, ele chamava pra comer. Tivesse...

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Dados de acervo

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Projeto Kinross Paracatu

Depoimento de Antônio Oliveira Mello

Entrevistado por Márcia Ruiz e Luiz Gustavo Lima

Patos de Minas, 28/06/2017

Realização Museu da Pessoa

KRP_HV29_ Antônio Oliveira Mello

Transcrito por Liliane Custódio

P/1 – Vai ser um bate-papo, professor, a gente vai perguntar as coisas da sua vida, história de Paracatu, um pouquinho da sua obra, é mais um bate-papo, tá? O senhor não precisa se preocupar com a câmera, pode olhar pra gente.

R – Eu tô preocupado só com o meu bolso.

P/1 – Professor, bom dia.

R – Bom dia.

P/1 – Eu queria agradecer, em nome do Museu da Pessoa e da Kinross, a sua participação, o senhor ter aberto a sua casa pra nos receber. E eu queria que o senhor falasse o seu nome completo, local e data de nascimento.

R – Antônio de Oliveira Mello, meu Mello com dois Ls, eu gosto de acentuar isso, porque eu sei que em Paracatu (MG) há vários e aqui em Patos [de Minas, MG] mesmo eu fui confundido na prefeitura porque eu meu Mello era com um L só e tinha um Antônio de Oliveira Melo com um L só, aí eu tive que dar o grito.

P/1 – E a data de nascimento?

R – Vinte e dois de abril de 1937, 80 anos bem feitos.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – Itamar de Oliveira Mello, Adalgiza Jordão de Oliveira Mello.

P/1 – E qual era a atividade deles, professor?

R – Meu pai, primeiro foi na roça. Ele nasceu na Capoeira Grande (MG), hoje naquela região do Mundo Novo. E foi criado ali até a morte do pai dele, em 1929. Em 1929, foi caçar a vida, porque ele ficou órfão de mãe aos três anos de idade, em 1906, ele era de 1903. Em 1906, a mãe dele veio a falecer e ele foi criado pela irmã mais velha. E meu pai ficou lá com o meu avô nesse período, com a morte do meu avô, ele era rapaz de 26 anos, ele se mudou pra cidade e foi ter sua vida independente. E nessa vida independente dele, ele se dedicou ao comércio de venda. Não é comércio como se fala hoje, não. À venda. Vender. Passou a...

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Título: “Eu saí de Paracatu, mas Paracatu nunca saiu de mim”

Data: 28 de junho de 2017

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Patos De Minas

Autor: Museu da Pessoa

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