Museu da Pessoa

Sobre morar ao lado da escola

autoria: Museu da Pessoa personagem: Izete Gomes Plácido Gonçalves

Projeto Instituto Camargo Corrêa

Realização Instituto Museu da Pessoa

Entrevista de Izete Gomes Plácido Gonçalves

Entrevistado por Fernanda Prado

Bodoquena, 12 de abril de 2011

Código: ICC_HV016

Transcrito por Ana Carolina Ruiz

Revisado por Vinícius Abrahão de Oliveira

P/1 – Izete, boa tarde.

R – Boa tarde.

P/1 – Eu queria começar perguntando pra você qual é o seu nome completo.

R – Izete Gomes Plácido Gonçalves.

P/1 – O lugar onde você nasceu e data do seu nascimento.

R – Bodoquena, 2 de maio de 1955.

P/1 – Conta um pouquinho dos seus pais, qual é o nome deles?

R – Meu pai e Ramon _____ Plácido. Minha mãe Francisca Gomes Plácido de Mesquita. Minha mãe mora em Campo Grande, já é separada do meu pai, que mora em Bonito.

P/1 – E o que eles fazem, o seu pai e a sua mãe?

R – Minha mãe é funcionária pública, trabalha na secretaria da escola em Campo Grande, prefeitura de Campo Grande. E meu pai é empreiteiro, mexe com serviços em fazenda, essas coisas assim, trabalhando.

P/1 – Você tem irmãos?

R – Tenho sete irmãos. Nós somos sete, comigo. Seis irmãos. São quatro meninas, mulheres, e três meninos.

P/1 – E você tá em que ordem dessa escadinha?

R – Eu sou a terceira das mais velhas.

P/1 – Tá certo.

R – Das sete eu sou a terceira mais velha.

P/1 – E você sabe se seus pais eram daqui da região de Bodoquena?

R – Meu pai é paraguaio, veio do Paraguai mesmo, de Bella Vista. E minha mãe veio de Uruburetama, no Ceará, a nacionalidade dela é lá.

P/1 – No Ceará?

R – No Ceará.

P/1 – E você sabe como eles se conheceram?

R – Meu pai já morava aqui em Bodoquena, nessa região de Bodoquena, e minha mãe veio uma época, eu acho que ela tinha seis, sete anos de idade, veio do Ceará quando aconteceu uma seca, naquela época foi muita... Então tiveram que todo mundo vir embora de lá. Então pegaram o caminhão, que eles falavam pau-de-arara, daí ela veio, chegou aqui em Mato Grosso do Sul, aqui na região mesmo ela o conheceu. Conheceram-se, acho que ela tinha 13 anos de idade, casou com meu pai. Tem tempo lá.

P/1 – Como que era a sua casa da infância? Como era o dia a dia quando você era pequenininha? Onde que vocês moravam?

R – Meu Deus. Ele tá filmando agora, tudo? Depois vai cortar?

P/1 – Não, a gente tá conversando, relaxa.

R – Não. É porque eu queria falar, queria perguntar algo que não vai poder talvez, sei lá, tipo assim, a minha infância foi muito sofrida com meu pai e minha mãe. Meu pai era muito ruim. Acho que com oito anos de idade eu já comecei a passar um transtorno danado, todo mundo, sabe, meus irmãos, minha mãe. A minha vida de infância foi muito ruim, se eu for te contar são coisas absurdas. Até então por isso que separaram com certo tempo.

P/1 – Então sua mãe viveu aqui? Continuou vivendo aqui com vocês?

R – É. Minha mãe continuou aqui, eu casei com 16 anos, tem 19 anos que eu me casei. Então com 12 anos de idade eu comecei a namorar o meu esposo que é até hoje. Então foi muito, meus irmãos também sofreram muito, até que minha mãe foi pra Campo Grande nesse ano que eu me casei, em 1991. Ela foi pra Campo Grande, fez um concurso público, passou e tá lá até hoje trabalhando na prefeitura e meu pai foi pra Bonito e nunca ajudou em nada. Dos meus sete irmãos a única que não fez faculdade fui eu porque eu moro aqui na cidade, fica complicado sair, logo eu tive filhos, essas coisas. A gente acaba ficando pacato na cidade, sem fazer nada. Então minha mãe conseguiu tudo, formar meus irmãos todos sozinha. É mais ou menos assim, é complicado, pra você estudar aqui em Bodoquena não dá, aqui não tem como.

P/1 – E conta pra gente assim, você se lembra da sua escola?

R – Da minha escola?

P/1 – É.

R – Eu não me lembro bem. Eu sempre estudei aqui no João Pedro Pedrossian, essa escola do estado. Muitos colegas.

P/1 – E como era ir à escola?

R – Ir à escola?

P/1 – É. Você gostava de ir à sua escola? Tinha uniforme?

R – Não. Na época não tinha uniforme. Eu sempre estudei muito, nunca reprovei, gostava das melhores notas, eu tinha as melhores notas. Jogava vôlei, jogava vôlei no time da escola, então a gente saía pra jogar em Miranda, Bonito, várias coisas assim. O que mais?

P/1 – Tinha uma matéria que você gostava mais?

R – Matemática. Sempre gostava muito de Matemática. Fui pra Campo Grande, morei lá um ano e consegui por causa das minhas notas, eu consegui uma bolsa numa escola muito boa lá pra estudar, mas eu tinha 15 anos, eu já estava noiva e tinha que optar por casar ou continuar os estudos. Eu preferi casar. Voltei pra Bodoquena, então foi onde eu parei, sabe? Com 17 anos eu terminei o ensino médio e foi assim. Mas eu sempre gostei muito de estudar, Matemática, tudo quanto é matéria era bom.

P/1 – E conta pra gente, como foi o começo do namoro? Como você contou pra sua mãe que vocês estavam saindo?

R – Namoro? Eu namorei escondido muito tempo. Uns dois, três anos eu namorei escondido. O meu esposo era muito amigo da minha irmã, naquela época, 12 anos, 13 anos a gente não podia nem pensar em namorar e como ele tem 11 anos de idade mais do que eu, eu o via muito pouco, minha irmã tinha mais acesso a ele. Então foi um namoro longo de quatro anos, de quase quatro anos e poucas vezes eu o via. Então era assim, ninguém saía de casa, a cidade era muito pequena, quase não tinha o que fazer, ainda não tem, mas só que continuava, era mais ainda, não tinha o que fazer. Então ninguém saía de casa, era assim aqui o tempo inteiro.

P/1 – E Izete, você chegou a trabalhar enquanto você estudava?

R – Não. Eu vim trabalhar agora. Agora, depois que tive as crianças, que a minha filha morava aqui ainda, ela tinha 15 anos. Eu trabalhei dois anos e meio no hospital, agora já, dois anos e meio. Trabalhei no posto de saúde na farmácia por seis meses. Foram as vezes que eu trabalhei. Mais fiquei em casa.

P/1 – E como era o trabalho no hospital?

R – No hospital era na recepção. Eu era recepcionista do hospital, atendente lá na frente. Era bom, bastantes colegas, combinava com todo mundo, sempre tive facilidade em fazer amizades, em tratar bem as pessoas, que o primeiro lugar no hospital era a amizade com as pessoas. Então era muito bom.

P/1 – Como foi o seu casamento?

R – O dia do casamento?

P/1 – É. Como foi?

R – Foi ruim.

P/1 – Ruim?

R – É.

P/1 – O que aconteceu?

R – Eu quase não me lembro de nada de marcação assim. Meu pai não veio no meu casamento porque ele separou da minha mãe naquele ano em janeiro. Eu tinha marcado meu casamento pra maio, como ele tinha prometido matar a minha mãe, uma confusão danada, eu adiei para junho. Passei pra casar em junho, dia 29 de junho, dia de São Pedro, que era aniversário do meu irmão e na véspera do meu casamento ele ligou dizendo pra nós que não viria no meu casamento, um dia antes, aí minha mãe também ficou meio sem graça de vir ao casamento. Aí ela chegou ao casamento, não assistiu nossa cerimônia no cartório, só na igreja, ela chegou em cima da hora. Minha sogra ficou doente na quinta-feira, eu ia casar no sábado, daí ela foi levada pra Campo Grande, com dez dias, ela também não veio, com dez dias ela faleceu. Então no dia do meu casamento ela entrou em coma, quase ninguém mais a viu, ficou isolada. Então foi assim, bem transtornado, não teve festa, ia ter festa, festão mesmo. Daí com dez dias ela faleceu, do meu casamento. Então foi um casamento muito assim, não foi bom. A gente falou para o fotógrafo tomar conta das fotos, dos convidados. Eu falo que foi ruim pra todo mundo, não foi legal o casamento. O dia que eu fui marcar o casamento o padre disse assim pra mim que já tinha um casamento marcado pra aquela data, se não tinha problema eu fazer mais tarde. Eu falei: “Não. Não tem problema”. Então a menina casou primeiro e eu tive que... Não teve tempo de eu mudar a decoração da igreja, eu tive que só ajudá-la a arrumar a decoração dela. Então foi tudo muito complicado.

P/1 – Então Izete, como foi pra você o seu momento de ser mãe? Como foi essa primeira gravidez, ter o primeiro filho?

R – Eu tive a minha filha com 17 anos. Fiquei grávida e eu tive, todas as gravidezes, eu tive quatro filhos e todas eu tive pré-eclâmpsia, que é aquele problema que dá pressão alta, o corpo, você pega muito peso, fica muito inchada. E desde o primeiro parto que eu tive partos que tinha que nascer normal a criança, os bebês. Então com 17 anos eu tive a Niquele que nasceu aqui em Bodoquena, foi a única que nasceu aqui, o médico pediu que me levasse pra fora que aqui não tinha recursos aquela época. Eu falei que não, que eu ia ter a bebê aqui, que eu queria ficar aqui, porque estava todo mundo. Então eu a tive aqui. Daí então nenhum dos outros nasceu... Depois de oito anos que eu tive a Thais, também deu pré-eclâmpsia e nisso eu tive que ficar em Campo Grande. Todos são prematuros, nasceram de sete meses com baixo peso, porque a eclâmpsia pode dar... Por exemplo, a Ana Laura nasceu com um quilo e 900, quase deu paralisia cerebral, que não entrou oxigênio no cérebro. Então foi muito complicado. Todas as gravidezes foram bem complicadas.

P/1 – Mas o que mudou na sua vida ter um neném? Depois que ela nasceu, como foi? Como era o seu dia a dia com a neném, você novinha?

R – Então, na época eu era totalmente inexperiente, eu nunca fui muito de fazer amizades de vir em casa. Então eu combino com todo mundo, mas eu sou muito de ficar em casa. Então naquela época a Niquele era um bebezinho e muitas vezes eu ia à casa de uma vizinha procurar informação quando eu não sabia alguma coisa. E minha mãe, como era funcionária pública, teve dez dias que pode vir ficar comigo. Então ela veio, ficou comigo esses dez dias e foi embora. Esse restante de tempo eu fiquei sozinha com a Niquele. Então foi muito difícil, tudo eu fazia por rumo, cuidava sozinha. Eu acho que eu não percebi o tempo, acho que o jeito que o meu pai foi em casa eu amadureci muito rápido. Então a minha vida toda eu mesma... Desde filhos, tudo, cuidar sozinha, tomar conta de tudo sozinha, então é assim.

P/1 – E ela estudou onde?

R – Niquele?

P/1 – É. A Niquele.

R – Na escola João Pedro Pedrossian, aqui. Ela foi fazer os dois anos do ensino médio, segundo e terceiro em Campo Grande. Ela estudou no Hércules Maymone, uma escola estadual em Campo Grande.

P/1 – E depois da Niquele vem quem?

R – A Thais.

P/1 – A Thais.

R – A Thais, que tem 11 anos, fez essa semana 11 anos.

P/1 – E a Thais estudou onde?

R – Ela estudou na escola Doutor Arnaldo até agora o último ano, o quinto ano, e agora vai fazer o sexto ano no João Pedro Pedrossian também que é...

P/1 – Que é a escola que você estudou também.

R – Ahã. Que eu estudei, que a Niquele estudou, agora vem a Thais, né?

P/1 – E aí seguindo a escadinha, depois da Thais...

R – É a Ana, Ana Laura, que hoje faz o primeiro ano lá no Doutor Arnaldo. Porque eu costumo usar as mesmas escolas. A minha filha costuma falar: “Mãe, eu queria estudar em tal escola”. Eu falo: “Não, Thais, é assim, você vai pra aquela escola”. Então vem a Ana e hoje eu já to programando para o Matheus ir para o Doutor Arnaldo também. Todos pelo jeito vão passar. Tem um professor já de idade que fala: “Izete, olha, passou você, passou a Niquele, a Thais tá comigo agora, daí eu vou passar toda a família por mim. Todo mundo vai estudar comigo”.

P/1 – Deixe-me perguntar, a Ana Clara...

R – Ana Laura.

P/1 – A Ana Laura, que é a terceira, ela chegou a estudar, a fazer educação infantil.

R – Sim. A Thais também fez no Ceib [Centro de Educação Infantil de Bodoquena].

P/1 – Conta um pouquinho como foi colocar a Thais primeiro na educação infantil, como era o prédio.

R – A Thais era assim, a Thais... O meu muro faz divisa com a escola, o Ceib onde era. Então as crianças brincavam, o muro era baixo, então a prefeitura usava, por exemplo, as crianças saem da escola, passam na minha calçada, que faz educação física, fazia, educação física na quadra municipal que fica de frente a minha casa. Então as crianças passavam ali e a Thais começava a chorar que queria estudar, daí eu ia até a escola e não tinha vaga pra ela, que era uma escola pequena, menos salas, quando ela tinha quatro anos. Eu fui falar com o secretário de educação, ele era muito colega nosso e eu conversei com ele. Falei que a Thais tinha muita vontade de ir à escola e já tinha quatro anos, ia fazer cinco e se ele não conseguiria uma vaga pra ela. Ele foi e falou: “Izete, você me espera uma semana que eu te dou retorno”. Aí com uma semana ele falou pra mim: “Olha, pode mandar a Thais pra escola que eu consegui uma vaga pra ela”. Assim ela foi desde o primeiro ano de Ceib que ela fez, de prezinho, foi assim com muita vontade, ela via as crianças, sentia vontade de ir pra escola. Então ela foi bem dedicada desde pequenininha a ir para o Ceib. E a escola era muito, não tinha muitos recursos, por exemplo, poucas cadeiras, os brinquedos das crianças eram juntos com a sala. Então cada pai que tinha um brinquedo em casa mandava pra escola, material escolar nunca era doado, todo mundo tinha que comprar. Então assim foi a trajetória da Thais todinha lá no Ceib por dois anos.

P/1 – E ela ficava pedindo pra ir pra escola pra ver as outras crianças?

R – Ahã. E ela tinha vontade de estudar já. Ela via as crianças indo e passando ali na porta de casa.

P/1 – E como era morar do lado de uma escola de educação infantil? Tinha bastante barulho? Vocês ouviam as crianças chorarem?

R – Sim. As crianças choravam muito. Principalmente os primeiros dias de aula as crianças choravam muito. Elas não tinham muito com o que brincar, por exemplo, o horário que elas também não podiam ficar só na sala de aula estudando, então naquele horário de sair para o pátio elas teriam que ir brincar na areia... a areia não muito... então elas ficavam ali brincando, sujavam. Eu gostava muito de observar a brincadeira delas, principalmente no horário que meu filho estava lá na escola. Eu olhava mesmo e via que elas muitas vezes trombavam por pouco... Eu acho que faltava funcionário, mais funcionários, então elas acabavam jogando areia uma na outra, no olho da outra, choravam. Então a escola precisava de mais recursos. Diferente de quando veio pra cá, o Ceib veio pra cá com mais espaço para as crianças.

P/1 – A Thais estudou lá, a Ana Laura também, né?

R – O Matheus também fez um ano de Ceib lá.

P/1 – Eles chegaram a estudar juntos?

R – Sim. O Matheus e a Ana fizeram um ano juntos lá.

P/1 – E como é que era? Daí que você ficava olhando da sua casa, ficava olhando a escola de olho neles.

R – Não. Eu olhava assim muitas vezes quando alguém chorava, eu sempre olhava, mas também não falava nada, não comentava, só ouvia, que era aberto, né? E a Ana Laura e o Matheus, eles têm sete meses de diferença, quando a Ana tinha sete meses eu fiquei grávida do Matheus, então eles são muito apegados. Então quando foram os dois estudarem juntos eu fiquei mais sossegada que os dois iam pra escola juntos, eu pegava os dois juntos. Que nem agora é mais complicado, eu tenho que levar a Ana Laura no Doutor Arnaldo uma hora e o Matheus também no mesmo horário, então divide o tempo. E os dois também, enquanto um sai que vai pra escola o outro fica chorando. Então a rotina dos dois é sempre assim. O horário de recreio um cuidava do outro pra não cair, pra ninguém brigar, era assim bem amigável os dois o tempo inteiro.

P/1 – E como foi pra você a mudança da escola? Vocês ficaram sabendo que ela ia mudar? De como funcionou o projeto? A escola avisou? Como foi?

R – Sim. A escola avisou com antecedência de bastante tempo, explicou que tava vindo pra cá, que tava tendo uma reforma aqui. Quando os pais ficaram sabendo que a escola ia mudar pra cá, que ia ter melhoria, ficava aquela pressão de pais: “A escola vai mudar? Quando vai ser? Quando vai mudar a escola?”.

P/1 - Então Izete, você tava contando pra gente como foi o processo da reforma, que então vocês ficaram sabendo, vocês pais ficaram sabendo que ia ter essa mudança.

R – Então, geralmente por melhoras... Veio pra cá a escola, a escola maior, as crianças têm mais espaço. Lá na escola, por exemplo, quando elas chegavam lá na escola, no Ceib lá embaixo, cada aluno ia direto pra sua sala, por exemplo. Os professores ficavam dentro da sala e cada pai entregava o filho lá na porta da sala. Tinham degraus em que as crianças, por exemplo, você tinha que cuidar ali segurando, porque era um corredorzinho bem, um espaço bem pequeno, a gente tinha que pedir licença para o colega. Então as crianças caíam, machucavam-se correndo porque a calçada era alta. Então elas brincando ali caíam, todo dia quase tinha criança que se machucava na saída da escola ou na chegada. E aqui não. Elas fazem a fila, tem o lanche que elas chegam, servem, que fica ali a disposição delas antes de bater o sino pra entrar pra sala. É dividida a sala de brinquedos, a sala de assistir o vídeo, porque antes lá cada um fazia na sua sala. Por exemplo, o vídeo ia pra uma sala, ia pra outra, ia pra outra, então era complicado. Pra mim, assim, muitas vezes brincando eu dizia assim: “Poxa, a escola é do lado da minha casa, agora eu vou ter que subir lá em cima pra levar as crianças”. Era o jeito de eu brincar, só que existia muita gente que achou ruim de mudar a escola pra cá, porque era longe. Então essas conversas assim, porque só tem esse Ceib, então todo mundo tem que... Fica longe de um, perto do outro e assim vai.

P/1 – E você enquanto mãe sentiu diferença da escola, do seu filho? Ele conta da escola?

R – Muito. Muito espaço, eles chegaram aqui todos curiosos nas salas: “Tem isso, tem aquilo. Hoje nós vamos pra sala brinquedoteca”. Eles falavam assim, hoje nós fomos, eu fui, o coleguinha caiu. Então ficou com mais espaço, eles ficaram com mais vontade de vir à escola. O único problema é a hora de ir para o pátio, que eles gostam de ir para o pátio, que escola ainda não oferece, quadra de esporte, um parquinho de diversão, que na outra lá tinha um pouquinho, mas tinha. Então eles pedem isso aí. Então uma coisa assim, faltam umas coisas, mas com o tempo a prioridade é arrumar, é crescer. Então eu acho assim que o que tá aqui é melhor do que tá lá, que tava lá.

P/1 – Como é a rotina do Matheus? De manhã, como você faz? Ele acorda cedo?

R – Tá. De manhã ele acorda cinco e meia da manhã todos os dias. Acorda, ele mama ainda, ele acorda, vai ao banheiro, faz o que ele tem que fazer, mama, assiste televisão de manhã, faz as tarefinhas dele, onze e meia almoça e já se prepara. Eu sempre falo pra ele que ele tem que descansar pelo menos 15 minutos. Depois que ele almoça ele descansa, eles fazem isso normal, já acaba de almoçar e falam: “Eu vou descansar”. Eles fazem isso, arrumam-se, daí é uma correria danada porque tem que arrumar ele e a Ana pra vir pra escola. A Ana desce pra escola dele, ele vem pra cá.

P/1 – E como você faz pra trazê-los pra escola? Como eles vêm?

R – Eles vêm de bicicleta. Eu trago um e a Thais, minha filha de 11 anos leva a Ana, que é mais perto, a escola dela é mais perto da minha casa. Então a Thais a leva. E como eu venho aqui pela BR eu trago o Matheus. Daí cinco horas, dez para as cinco eu também venho pegar o Matheus. cinco e quinze eu mesma desço pra pegar a Ana, porque gosto de conversar com a professora, que eu não a entrego, então na saída sempre eu gosto de pegá-la, que dá tempo de pegar o Matheus e pegá-la. E é assim todo dia.

P/1 – E como é que faz? Eles fazem a lição sozinhos, você fica olhando, dá uma ajuda?

R – Ahã. Eu ajudo. O Matheus usa muito recortes de revistas, jornal, palavras. Eu ajudo, a Ana gosta também de incentivá-lo. Os dois fazem as tarefas juntos, então fica trocando de horários.

P/1 – E eles brincam bastante? Do que eles gostam de brincar?

R – Eles brincam. Os dois têm bicicleta, eles andam muito e na rua de casa fica interditada, trânsito impedido, porque causa que tem autoescola na minha rua. Então eles podem andar na calçada, na rua assim, porque é interditada, então não passam carros. E no computador também eles ficam muito. Eles jogam, pintam no computador. Hoje de manhã mesmo eles não fizeram nada, eles ficaram o tempo inteiro no computador. Então é uma coisa que eles gostam muito de ficar.

P/1 – E você participa das reuniões das escolas dos seus filhos?

R – Sempre. Sempre. Nunca aconteceu de eu não participar.

P/1 – Você acha importante? Como é que funcionam essas reuniões?

R – Não, eu acho importante. Eu acho só assim que os pais, por exemplo, os pais deveriam colocar... Não existe eu conversar com o pai lá fora e quando chega à reunião esse pai não fala o que ele tá sentindo, o que ele quer. Então muitas vezes o pai tem aquela dificuldade em falar o que tá precisando, uma coisa que ele quer que melhore na escola, ou o que ele é contra, ou é a favor. Então eu acho assim, que nas reuniões mais falam as diretoras e os funcionários e os pais não, muitas vezes eles se calam e depois falam. Depois não tem como. Então eu costumo participar das reuniões e tudo que penso, vejo, eu falo.

P/1 – O que é uma coisa que você acha que poderia melhorar?

R – Pra escola? Na escola?

P/1 – É.

R – O que fazer na escola, ou o relacionamento, como que é? Ampliar a escola, você fala assim?

P/1 – É. Uma coisa que você considera que seja importante, que você falaria numa reunião dessas, você acha que a escola tem que ter.

R – Eu acho que os pais têm muita dificuldade em trazer os filhos pra escola. O dia que chove, hoje eu não sei, que foi um pouco antes de chuva, depois que eu vim, mas os pais têm muita dificuldades em entrar na escola por causa que passa um enxurrada muito forte na calçada ali. A quadra para as crianças se exercitarem, brincarem. Nem tanto o parquinho, porque eles têm outras áreas que eles podem assistir a um filme, aqui o brinquedo pra fazer alguma coisa. Mas uma quadra de esporte e calçar a frente da escola pra mim seria bastante importante, até mesmo não só pra mim, mas pra eles, mais seguro. Carro... Por exemplo, tem alunos que estão tão ansiosos para o pai chegar cinco horas e pegá-los que a menina que fica na portaria tem que observar muito, porque senão eles saem e correm ali. Então o carro tá chegando, estacionando o ônibus, então chega quase muito próximo às crianças, então é até perigoso. Eu acho importante o... Porque para o ônibus, não sei se você esteve aqui no horário de saída ou de chegada, esse ônibus, os carros, tudo param bem próximos ao portão, aquilo ali é bastante perigoso. Então existem umas coisinhas que são precisas.

P/1 – E Izete, e uma coisa que você acha da escola que tá legal? Que você acha que ficou muito bom.

R – O espaço. O espaço pra que as crianças brinquem, o horário do lanche, a organização, que eles ainda estão no comecinho, mas vão se organizar cada dia mais. A fila do professor chegar. Os pais estão vendo quem é o professor, como ele tá tratando o filho até a porta da sala. Porque acontece de certas vezes ter certo professor que não tem muita paciência, então os pais observam um e outro, porque todos os pais trazem os filhos até a porta da escola. Então isso é bastante legal, a organização da chegada dos alunos.

P/1 – E o que o Matheus comenta mais da escola?

R – Da escola?

P/1 – Você sabe o que ele gosta de fazer aqui?

R – Ele gosta muito de fazer os exercícios, as tarefas, ele gosta de estar sempre presente, trazer o que a professora pede. Por exemplo, se a professora pede uma cola, por exemplo, e eu não trago, ele não vem pra escola. Então ele é muito assim, certo, no que cumpre, no que vai fazer. Ele é assim, gosta muito de participar de tudo, é bem participativo, gosta de participar.

P/1 – E ele tem bastante amigo na escola?

R – Ele tem dois que já vem lá do Ceib, do outro Ceib que seguiu e tá na mesma sala que ele. Então ele gosta bastante desses coleguinhas. O dia que eles não estão ele chega e dá uma olhada assim, fala: “O Tarson não veio” ou “O outro não veio”. Então a professora também, quando ela tá fazendo algum curso que ela não está na sala, ele sente, sabe, que ela não está.

P/1 – E o que seu filho sentiu quando ele mudou de escola pra cá? Saiu do Ceib lá do lado da sua casa e pra vir cá. Você acha que ele sentiu alguma diferença?

R – No começo ele não quis vir. Ele não queria entrar na sala, que não era a escola dele. A aula começou no começo do ano e ele achava que a professora não ia vir. Então ele estranhou um pouco, mas foi pouco tempo assim, ele já acostumou e continuou. Logo ele acostumou porque teve coleguinha dele da mesma sala, então não teve muita mudança.

P/1 – E deixa eu te perguntar, como é que... Você que mora aqui em Bodoquena desde que nasceu e tal, como foi pra vocês aqui da cidade a chegada do grupo Camargo Corrêa? Da fábrica, se a cidade mudou, o que aconteceu. Vocês sentiram alguma diferença?

R – Não. Eu acho que a cidade onde pôde os prefeitos procurarem recursos com a Camargo Corrêa, sempre que eu sei eles tiveram dando uma mão. Eu acho que melhorou pra cidade porque é o único meio de serviço aqui é a Camargo Corrêa, a mineração e a Prefeitura. Então com a Camargo Corrêa aqui dentro da cidade gerou muitos empregos, então pra cidade também foi muito boa. E eles, além disso, ainda sempre estão, é o que eu to dizendo, sempre que existem pessoas indo, procurando a Camargo Corrêa, eles nunca deixaram, pelo menos que a gente saiba, de apoiar um pouco a cidade, sempre ele deu apoio por onde precisou. Então eu achei que foi muito bom.

P/1 – E você sabe alguma coisa do CDC [Comitê de Desenvolvimento Comunitário]? Como ele funciona?

R – Do CDC?

P/1 – É. Que é um centro de desenvolvimento voluntário. Você sabe como foi o processo da escola? Da reforma da escola vocês só ficaram sabendo que já tava acontecendo, não é isso?

R – Desde o começo, eu mesma fiquei sabendo desde o começo que ia ter uma parceria com a Camargo Corrêa pra reforma. Eu uso a parceria porque eu acho que é assim, que teve a participação. Até mesmo a gente pensa, sempre que você conversa com alguém fala: “Não, agora vai sair. A Camargo Corrêa...”. O pessoal fala assim: “Vai sair o asfalto em tal lugar. A Camargo Corrêa vai ajudar”. Daí eles falam: “Ah, então agora sai”. Então as coisas são assim. Foi igual quando teve a reforma da escola no Ceib que todo mundo acreditou e deu certo.

P/1 – Deixa-me te perguntar, você chegou a participar de algum mutirão que teve de voluntário pra ajudar numa escola ou alguma coisa?

R – Sempre que eles me convidam eu participo. Sempre que eu fico sabendo eu sempre falo que se quiser eu ajudo, participo.

P/1 – Você se lembra de alguma vez pra contar pra gente?

R – Eu sempre, assim, eu não participei muito na área da prefeitura. Eu sempre ajudava muito nas escolas mesmo da minha filha, mais no João Pedro, a escola João Pedro Pedrossian e no Ceib sempre eu deixei à disposição: “Olha, se for preciso me comunica”. Mas sempre tinha bastante gente, eu não me lembro de ter... Da igreja eu sempre ajudo muito.

P/1 – Quais são as suas expectativas, o que você acha que... Quais são seus sonhos de agora em diante com seus meninos? De vida, assim, o que você quer fazer pra frente?

R – Eu acho que pra mim que tenho três crianças que estão crescendo, minha filha maior já está em Campo Grande, eu acho que Bodoquena precisa melhorar em termos de emprego. Minha filha mesmo saiu de Bodoquena com 18 anos agora pra fazer faculdade. As colegas dela aqui dentro da cidade não têm serviço, não têm faculdade, terminaram o ensino médio. Então Bodoquena precisava de algo para os jovens, nem tanto assim pra mim, mas para os jovens eu acho que precisa do prefeito criar algo pra que eles façam, abrir oportunidade para os jovens aqui na cidade, porque assim vai ter como meus filhos continuarem aqui. A tendência é chegar no ensino médio e ir embora. Bodoquena é assim, quem quer é isso aí. Então Bodoquena precisa crescer e investir na educação. É o que o prefeito também sempre tá falando nas reuniões. Ele dá privilégio à educação e... Só que é pouco, a cidade é muito pequena. A cidade é muito pequena e aos poucos, quem sabe, vamos ver.

P/1 – Por que você acha que é importante investir na educação? Por que a educação é importante?

R – Eu acho porque é através da educação que você pode ter condições de ir mais além, ter condições de falar, estudar, criar meios de serviços. Então tudo gera pela educação. Estudar e tudo.

P/1 – E teve algum “causo” assim, alguma historinha que aconteceu com os seus meninos na escola? Assim, com o Matheus, que aconteceu com ele, que você... Teve alguma atividade, por exemplo, que você veio na escola pra fazer com ele?

R – Não. Sempre tem eventos, por exemplo, na outra escola, por exemplo, Dia das Mães tem a participação dos pais com os filhos, eles dão brindes, dão brincadeiras. Então sempre participo com eles, com meus filhos. Aqui, depois que passou pra cá, tanto na escola lá, só que aqui foi mais, eu achei mais importante, porque eu vi as crianças saindo pra fazer passeio com os professores, eles fazem muito isso, que o Matheus sempre conta, dá risada e se lembra dos passeios que tem. Sempre tem eventos que eu sempre estou participando junto deles.

P/1 – Tem algum desses eventos que você participou aqui na escola com o Matheus que te deixou marcada? Que te marcou? Que você gosta de lembrar?

R – Eu acho que a única vez... Assim, eu sou muito fechada em termos de participar, eu gosto muito de ir às reuniões, ir às brincadeiras, mas eu nunca participo. Teve um Dia das Mães do ano passado que eu fui, era ainda na outra escola e a professora falou que os pais teriam que participar de uma brincadeira de queimada. Aí o Matheus pegou, olhou em mim e disse assim: “Mãe, você não vai brincar?”. Eu falei: “Você vai comigo”. Ele falou: “Eu vou”. Aí nós fomos brincar de queimada, então quando ia queimar ele se escondia sempre atrás de mim e quando me queimou ele falou: “Ah mãe, por que você deixou te queimar?”. Então marcou comigo, porque eu nunca brinquei com eles assim. Então ele brigou comigo, chamou a atenção por que eu deixei queimar. Então eu acho, assim, que eu nunca tinha brincado com eles, então me chamou a atenção de ir, de participar junto, de brincar. Acho que foi a única coisa assim que... Mas sempre eu venho, só que eu fico mais de longe, só olhando, observando.

P/1 – E tem alguma festa que a escola faz?

R – Sim. No aniversário da cidade sempre tem o desfile da cidade, as crianças participam. Páscoa, Dia das Mães, tudo isso aí a escola sempre gosta de estar... Os pais, Dia dos Pais. Então sempre esses eventos a escola sempre faz uma comemoração, uma programação.

P/1 – E teve algum presente, lembrancinha de dia das mães que eles fizeram pra você que você guarda assim, com carinho? Tem alguma especial ou um desenho que eles fizeram?

R – Ah tá, das crianças? Não, sim, todos eu guardo. De todos os meus filhos, essas lembranças de Dia das Mães. Do pai deles também eu sempre guardo e principalmente os primeiros que são bem mal pintados, os primeiros eu sempre guardo. O jeito deles, por exemplo, o Matheus ainda faz o “n” ao contrário, o “s” deitado. Então quando ele escreve assim eu costumo guardar. A Niquele até hoje eu tenho coisas guardadas dela da escola, da primeira professora que eu costumo guardar e fica arquivado (troca de fita).

P/1 – Então, Izete, continuando falando de escola, pra você enquanto mãe qual é a importância de ver os seus filhos na escola, de estar junto com eles fazendo lição e desenvolvendo esse trabalho, vendo o amadurecimento deles?

R – Eu penso que cada dia eles aprendem coisas novas. Então eu gosto muito que eles gostem do primeiro passo, gostar da professora, que daí faz que eles gostem de vir todo dia à escola. Então eu falo da professora e a primeira coisa eles já logo aprendem a fazer o nome da professora. E pra que eles cresçam gostando de ir à escola, não porque eu estou trazendo na escola: “Não. Olha, deu meio-dia vai tomar banho pra ir à escola, arrumar-se pra ir à escola”. Então eu gosto que eles estejam se convidando pra ir à escola. Por exemplo, hoje geralmente quando eles chegam em casa que vão lanchar, comer alguma coisa, eles perguntam: “Amanhã tem aula?”. Então eles já sempre se preparam para o dia de virem à escola. Então acho, assim, que eles gostando da escola virão sempre à escola, porque é o meio que eles vão estar se preparando para o futuro. Então tem que ser assim.

P/1 – Certo. E Izete, você falou do seu marido, o que ele faz?

R – Ele também trabalha, ele é empreiteiro. Ele tá sempre mais distante das crianças. Por exemplo, ele chega no final da semana e ele só pergunta como que tá, como que é. Mas assim, nas reuniões ele nunca participa, não vem e sempre eu que passo como está, quem é a professora. Por exemplo, quando ele tá em casa dia de semana, que eu falo pra ele trazer algum na escola. Esses dias mesmo ele trouxe e ficou perdidinho, não sabia a sala, não sabia o professor. Então ele é assim... Mas ele tá sempre os incentivando a estudar, tem que estudar.

P/1 – Certo. E o que você faz hoje? Qual é a sua rotina?

R – A minha rotina é bastante complicada. Eu, por exemplo, tomo conta de tudo em casa. O Mauro não fica em casa. Dez pessoas trabalham com o Mauro o tempo inteiro na fazenda. Então eu tenho que tá acertando coisas com o serviço dele, sou eu que faço isso, banco, funcionários, todos têm família, a família tá sempre me procurando. Nós temos uma... Na esquina tem uma lanchonete que a gente aluga, é arrendado, porque é um senhor, então eu tenho uma lanchonete na esquina da minha casa. Então tem que tá sempre atenta nas crianças, aquela coisa. A Thais estuda de manhã, logo cedo, logo de manhã eu to preparando alguma coisa pra ela comer pra ir pra escola, arrumando-a. Então é bem corrido o dia inteiro. Praticamente eu fico em casa e todo dia é maior corrido, aí eu tento...

P/1 – É. Porque enquanto uma tá de manhã na escola os outros dois estão em casa. Depois de tarde...

R – Tá em casa. E é assim, bastante coisa, os filhos acabam tomando todo o seu tempo.

P/1 – E quais são as coisas mais importantes pra você? Hoje.

R – Em termos...

P/1 – De valor assim, o que você acha que é importante hoje na sua vida?

R – Pra eu ter uma vida assim, legal? Tipo assim, ter um dia bem eu tenho que tá como? É assim?

P/1 – Não. É assim, o que você acha que é importante hoje na sua vida? O que é uma coisa que você dá valor, que você cuida pra que tudo dê certo? O que é uma coisa que você preza, que você...

R – Eu acho que uma das coisas é o seu bem estar, se você tá bem com a sociedade, se você está bem de saúde, meus filhos tudo dando certo. A insegurança da cidade, por exemplo, a segurança da cidade é uma segurança pra nós também. Então se a gente tá numa vida, assim, legal, tudo dando certo, depende de uma boa segurança na cidade. Então pra eu deixar meus filhos, por exemplo, brincando na calçada de casa, eu preciso estar segura de que isso... Então acho importante que eu eduque meus filhos, os vizinhos os deles pra que a gente consiga uma coisa legal. Eu acho que bens nem tanto, eu acho que você tem que ter uma vida razoável e um emprego, todo mundo empregado, estudando. É isso aí. Aí tá tudo bem.

P/1 – Izete, como foi pra você vir pra cá hoje, sentar e contar um pouquinho da sua história pra gente? O que você achou?

R – Como foi vir?

P/1 – É.

R – Eu não estava esperando. Até quando você me convidou pra vir eu fiquei meio assim, sem saber como ia ser, como não ia ser. Aí eu liguei pra minha filha ontem à noite, a gente conversou bastante e quando foi hoje de manhã eu fiz bastante coisa que eu tinha que fazer, deixei o horário vago à tarde pra eu vir aqui. Eu achei legal ter vindo participar, tomara que dê certo, que você ouviu o que pode, que vai te servir. Achei legal.

P/1 – Tá certo, Izete. Obrigada.

R – Obrigada vocês.

- - - FIM DA ENTREVISTA - - -