Museu da Pessoa

Vocação natural

autoria: Museu da Pessoa personagem: Reuza de Souza Durco

Entrevista de Reuza Souza Durco
Entrevistada por Luiz Egypto
09/04/2021
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número SINPRO_HV022
Transcrito por Aponte
Revisado por Luiz Egypto


0:00
P/1 - Boa tarde professora Reuza, eu gostaria que a senhora, por favor, começasse dizendo o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento?
R - Boa tarde! Meu nome é Reuza de Souza Durco, minha data de nascimento é 06/01/1961 e nasci em Uruaçu – Goiás.
0:28
P/1 – Qual é a sua atividade atual?
R – Atualmente eu sou assessora legislativa, estou atuando na Câmara Legislativa do DF.
0:38
P/1 – O nome dos seus pais, por favor?
R –João Gomes de Souza e Santina Vieira de Souza.
0:46
P/1 – O que fazia os seus pais?
R - Meu pai era açougueiro, tinha um açougue lá em Uruaçu e minha mãe era do lar, não exerce atividade, só em casa.
1:03
P/1 - A senhora conheceu os seus avós?
R -Por parte de pai, sim. Conheci.
1:11
P/1 – Sabe o nome deles?
R - Conheci minha avó, é Inácia.
1:19
P/1 - A parte de mãe não?
R - Da parte de mãe não cheguei a conhecer.
1:30
P/1 - Havia na sua família algumas histórias dos seus avós, de onde eles teriam vindo o que faziam? Circulava alguma história sobre eles?
R – Não, não tenho relatos dessa história não.
1:47
P/1 – Como é que era a cidade onde a senhora morava, onde foi criada?
R – Uma cidade pequena, ela se dividia por uma ponte, então tinha dois lados à cidade, até hoje tem essa ponte lá, uma cidade pacata, porém bem assim aconchegante, então eu gostava muito de lá.
2:09
P/1 – A senhora tem irmãos?
R – Tenho 8 irmãos.
2:15
P/1 - Em que posição a senhora se coloca nessa escadinha?
R - Eu sou a mais nova, das mulheres.
2:25
P/1 – Como é que era a sua casa lá na sua cidade, descreve o interior da casa, como é que era?
R – A gente morava na rua principal, na Rua Tocantins e lá mesmo tinha o comércio do meu pai, que era esse açougue, então era uma referência o açougue dele, porque era o único naquela época, que dispunha de todos os equipamentos necessários daquela época. Então era um açougue bem movimentado e a nossa rua era a rua principal, essa rua que eu te disse que dividia com a ponte, então era uma rua bem movimentada, era bom morar lá, eu gostava.
3:10
P/1 - As crianças tinham algumas obrigações em casa, sua mãe passava algumas obrigações domésticas para as crianças?
R – Todos nós aprendemos desde cedo a fazer comida, olhar o irmão, se fosse necessário, então lá tinha fogão a lenha e a gente era pequenininho, ela colocava a gente naquela parte anterior do fogo, para olhar como é que fazia a comida e ia ensinando, todo dia ensinava uma parte, então todos nós sabemos cozinhar, desde pequenininho.
3:51
P/1 – Como é que essa criançada se divertia, quais eram as brincadeiras que a senhora gostava?
R – Gostava de brincar de ciranda, de maré, tinha a brincadeira assim de cair no poço. Eu gostava de fabricar meus próprios brinquedos, eu fazia carrinho para o meu consumo e para os meus amigos né, então eu fazia carrinho de lata de óleo, fazia vários modelos, e de milho, a gente tinha plantação de milho, eu fazia bonecas bem bonitas, de cabelos loiros enormes e também eu aprendi a fazer a boneca daquela época, que não tinha boneca preta, então a gente fazia a boneca negra, com aquela bexiga, soprava aí fazia o rosto, fazia bem bonitinha a boneca, aí o corpinho com a roupinha, então tinha boneca de todas as cores.
5:05
P/1 - A sua primeira escola qual foi?
R – Minha primeira escola foi a escola de freiras, porque meu pai colocou a mim e minha irmã, porque na verdade eu sou filha adotiva, quem me criou foi à irmã da minha mãe, Agostinha o nome dela.
5:38
P/1 – Queria que a senhora falasse professora, da sua primeira escola, qual foi a sua primeira escola?
R - Minha primeira escola foi à escola de freiras, até esqueci o nome, que eu tinha assim pavor dela. Eu fiquei pouco tempo lá, porque eu não me adaptei, fui convidada a me retirar dessa escola.
6:04
P/1 - Qual foi o problema?
R - Eu não me adaptei às normas, muito rígidas, as normas muito rígidas e só sobrava para mim, porque eu não me calava e eu questionava, então fui convidada a ir para outro lugar. Achei muito bom ter saído.
6:29
P/1 – Como é que seu deu, pra onde a senhora foi estudar?
R - Eu fui para a Escola Alfredo Nasser, uma escola pública maravilhosa, e lá fiquei até vir para Brasília.
6:44 – O que a garota Reuza queria ser quando crescesse?
R – Na verdade eu queria ser professora mesmo, de Matemática e de Português, acabei sendo só de Matemática.
7:02
P/1 - Alguma razão para descoberta dessa vocação?
R - Eu sempre gostei de ensinar. No ensino fundamental eu gostava de reunir meus amigos, minhas amigas e dar aula na minha casa, com uma lousa que eu ganhei. E aí eu comecei a ensiná-los assim, todos os dias tinha um horário de aula e eu sempre gostei de transmitir o meu conhecimento assim, para os demais.
7:37
P/1 - Era como se fosse uma brincadeira?
R – Não, a gente levava a sério, era aula de recuperação que eu denominei, “vocês vão ter aula de recuperação”, então todos os dias tal horário estavam os vizinhos lá, para assistir aula, virou uma rotina isso. E isso depois se repetiu no meu trabalho, dando aula para cursinho, no horário de almoço, lá no Ministério da Saúde.
8:10
P/1 - O que motivou sua mudança para Brasília?
R – Bom, meu pai, como eu disse eu sou filha adotiva, então a irmã da minha mãe, Agostinha que me criou, minha mãe ficou viúva, com oito filhos e tal, e deixou eu e minha irmã com ela. Aí depois a gente não quis mais voltar, e aí meu pai, com tempo, os parentes do meu pai, eles mudaram aqui para Brasília, e ele era sempre muito apegado a eles. Então ele quis vir morar perto, e aí ele vendeu a nossa casa lá, e comprou uma moradia aqui perto deles, foi aí o motivo da nossa vinda em 1979 para Brasília.
8:57
P/1 – Que cidade a senhora encontrou em 1979 aí?
R – Aqui em Brasília nós viemos para Planaltina mesmo, DF, Planaltina – DF.
9:09
P/1 – Que impacto teve isso na cabeça da senhora, tão jovem?
R – Impacto muito grande, porque a mudança foi radical, porque lá ele tinha o comércio, a gente tinha uma vida assim razoável. Aí quando chegou aqui ele não tinha a habilitação para fazer outra coisa, não tinha escolaridade, então foi muito difícil.
9:39
P/1 – Como é que foi superado, como é que essas dificuldades foram superadas?
R – Bom, eu e minha irmã, nós resolvemos agir, então eu trabalhei desde cedo, minha irmã também, Elvira, e a gente foi lutando. E nunca deixando de estudar. E eu me preocupava muito em ter estabilidade e ajudar meu pai e minha mãe, então eu me esforcei muito, com 18 anos eu já era concursada, eu passei em cinco concursos de uma vez, de tanto esforço. Porque a mudança nossa de Uruaçu para cá, foi muito traumática.

A minha mãe adoeceu, que ela era muito assim, vaidosa, andava muito arrumada, chegando aqui mudou tudo, ela ficou muito sofrida, triste, adoeceu, começou a ter diabetes. E aí a gente fazia tudo para superar aquela fase, eu e minha irmã, e aí nós trabalhamos em tudo que aparecia. Trabalhei em loja, fui vendedora, trabalhei de babá, trabalhei de tudo, eu e minha irmã, e estudamos, sempre estudando. Quando eu completei 18 anos, eu além de estudar ainda fazia cursinho, então eu assim, só dormia em casa, o dia todo na luta. Aí abriu concurso, não sei se vocês se lembram, tinha o DASP que coordenava todos os concursos de Brasília. Aí abriu esse concurso, eu fiz, passei em cinco lugares, inclusive o TCDF [Tribunal de Contas do Distrito Federal], e como eu já trabalhava no Ministério da Saúde, era muito querida lá, eu preferi por minha inocência, ir para o Ministério, e lá eu fiz uma carreira. Então eu cheguei até o topo de ser administradora geral naquela época, mulher né, do ministério. Então eu fiquei lá até passar na Secretaria de Educação, que foi 1986. E eu fiquei tão empolgada, quando eu passei para ser professora, que eu fiz uma besteira: pedi demissão. E eu podia acumular, na época. Aí pedi demissão, porque eu entrei no projeto na escola aqui em Planaltina, chamado Paroquial. Essa escola ela tinha um projeto muito lindo de recuperação de menores infratores, e eu justamente de novata, peguei essas turmas, eram três turmas. E eu lutava muito para salvá-los. Eu fiquei tão empolgada com o projeto que eu não tinha como trabalhar em dois lugares, e aí pedi demissão do ministério e fiquei só na Secretaria de Educação, até aposentar. Essas três turmas, em vários momentos, por falta de conhecimento de causa, os professores se reuniam para expulsar alunos, e eu criei muito problema na época por isso: lutava, não deixava sair. Muitos alunos dessa época, eu encontrei um que está na UnB, ele é professor lá de História. Então assim, dessa época, muitos alunos estão muito bem posicionados na sociedade, se eu não tivesse lutado por eles, estariam no outro lugar pior, na cadeia, cometendo infrações, outras. Mas então a minha vida dentro da Secretaria também foi de muita luta. Eu entrei em 1986, logo veio uma greve muito difícil, e eu já participando, já entrei para o comando de greve, então assim, todo lugar que eu trabalhei foi de muita luta, então.
14:19
P/1 – A sua aproximação dos movimentos sociais se deu então via SINPRO?
R – Via SINPRO, porque quando iniciou a greve, que era uma greve muito difícil, Roriz era terrível, os governadores, Roriz, Aparecido, todos esses governadores, eles não gostavam muito da educação, nunca, nunca valorizou, então com o Roriz foi muito difícil. E essa greve foi muito difícil, e eu estava no noturno quando passou o primeiro piquete, eu nem tinha noção que a categoria já estava em greve e tal. Aí o piquete passou, aí eu não aguentei, “não eu não vou ficar aqui, não sabia, vou lutar”. E já comecei no outro dia, eu já participei das assembleias regionais, e aí estava elegendo o comando de greve, eu me candidatei, e fui eleita, porque eu já era muito conhecida aqui também em Planaltina. Além de morar, que eu moro aqui, eu tenho residência fixa aqui, então quando eu me candidatei, as pessoas votaram em mim, eu fui eleita e participei ativamente do comando. Acordava às 7 horas da manhã, abastecer carro, os carros de piquete, e ir em escola por escola, convencendo os companheiros a entrar na luta.
15:45
P/1 - Quais as principais pautas desse movimento?
R – Olha, essa greve de 1986, eu sou ruim de memória assim, de pauta e tal, mas eu lembro, que as pautas principais, eram, as reposições salariais, o “pó de giz” que a gente lutava por ter, o “pó de giz”, que era uma gratificação, incorporação da TIDEM, era uma gratificação também, exclusiva, de quem só era professor da rede. E as outras pautas pedagógicas. Tudo que a gente tem no contracheque foi em decorrência dessa época de luta, nessa época a gente conquistou muita coisa, com muito sacrifício, era greve de cem dias, corte geral de ponto, a gente fazia cesta para ajudar os professores. Porque assim, na minha casa dois professores, mas ele tinha outro emprego, então dava para aguentar, aí tinha casa que era só professor, aí então passava necessidade, então a gente fazia cesta levava, era assim, um movimento bem unido aqui. Planaltina e Sobradinho eram duas cidades que fazia greve até o final, a gente dizia que “até sangrar’, então a gente era resistência: fechava escola, ficava o final de semana na feira com carro de som, pedindo para não mandar os filhos para escola, e esse movimento todo, então aqui era forte. A escola que eu trabalhava, na época, tinha o apelido de “quartel-general da resistência”, era a Paroquial. Então me orgulho muito dessa luta, nunca vou me arrepender. Aí tinha ameaça de demissão, no outro dia vai sair o nome, uma lista de demitidos, vai sair o pessoal do comando, e aí a gente não dormia a noite, muito engraçado. Mas a gente resistia, com medo, às vezes tinha medo, porque o Roriz não tinha limite. E antes já tinha ocorrido demissão de professora grávida, na greve de 1979, então a gente tinha esse histórico da nossa luta na categoria, eu não era de 79, mas a gente fazia curso de formação e tinha todo esse acúmulo. Então assim, na minha época, o SINPRO era uma escola de formação de verdade, porque você entrava, ia para a luta, mas assim, você para ser diretor de Sindicato, você primeiro tinha que ser representante sindical, que eu era para o meu turno, por exemplo, trabalho de manhã e de noite sou representante sindical. Aí depois o delegado era outra autoridade, aí o delegado é a pessoa que representa a escola toda, nos três turnos, e o representante sindical é de cada turno. Então toda vez que ia ter movimento, esse delegado junto com os representantes conseguia – porque a gente atuava muito – reunir toda a escola. Então eu sempre trabalhei em escola grande, de 100 professores, a gente reuniu todos, e essas escolas que a gente atuava, não furava greve, era uma ou outra assim, que ficava titubeando, e a gente convencia e ia para o movimento. Então a gente tinha escola zero, onde a gente atuava. Então era uma formação, porque assim: para você ser representante de turno do SINPRO, você tinha que ter um mínimo de formação, entender porque você vai assumir essa tarefa, tão árdua, porque não é fácil. E aí você tinha muita formação, eu fiz curso em Cajamar, fiz curso em Mato Grosso do Sul, todo lugar que tinha curso do SINPRO eu ia fazer. Aí fui delegada sindical de duas escolas, Centro Educacional 2 e a Paroquial, as duas que eu atuava, e depois, com o tempo, aí fui chamada por um grupo, o Lisboa o Jacy Peninha, vieram aqui em Planaltina e me convidar para fazer parte de uma direção, de uma chapa, eu falei: “gente, não, tal! Mas aí acabei indo, e aí fui diretora do SINPRO também. Mas assim, eu sinto que eu passei por essas etapas para ser diretora, eu acho que a gente tinha que seguir isso sempre, porque é muito bom, quando você vai ser diretor do SINPRO, e tem todo esse histórico, você é muito respeitado na base. Porque hoje assim, às vezes... Meus companheiros são de luta e eu valorizo muito, mas às vezes a gente pergunta, “o diretor do SINPRO de tal cidade”, a pessoa não sabe o nome, na minha época, sabia o nome de todos: diretor de Ceilândia? Falava o nome, Planaltina? Falava, então assim, a gente tem que voltar a base, porque quando eu era diretora do SINPRO, as escolas eram visitadas quase todos os dias, então eu tinha um roteiro, aqui tem, na época parece que quarenta e cinco escolas, contando com a Rural, agora aumentou bastante, era eu e a Olgamir que visitava, a gente fazia rodízio, metade aqui, metade ali, aí na outra semana, então... De modo que todas as escolas eram visitadas, toda semana, porque essa era o trabalho que a gente entendia que tinha que ser feito. Que era está na base, conversando com professor, às vezes a gente se via até de despachante de professor, mas assim, para ajudar né, que professor é cheio de problema na Secretaria de Educação, é processo, é isso, é aquilo e a gente ajudava, então assim, a gente tinha muita proximidade. Quando a gente chamava para greve, eles acreditavam que tinham que ir mesmo, que tinha chegado no limite, “a Reuza está chamando a gente para greve, então é porque não tem mais jeito, vamos embora”, entendeu? Então assim, a gente tinha essa credibilidade, eu achava muito bom esse trabalho, de estar convencendo os companheiros da luta, que nada vem de graça. Eu pegava o contracheque nosso e olhava, marcava assim, item a item, na época eu lembrava, “esse aqui foi tantos dias de greve, Pó de Giz foi tantos, esse aqui foi 100 dias, custou cesta básica para os companheiros que estão aqui no piquete e tal”, então era muito bom o trabalho na época, gostei muito.
22:41
P/1 – A senhora atribuiria à capilaridade do SINPRO essa capacidade de mobilização que tinha então, ainda mantém?
R – Sim, o SINPRO tinha, assim, eu acho que deve aumentar agora, porque o que acontece, não é só na nossa categoria, em todas, quando a gente está com conquista, mais ou menos, porque nunca está equilibrado, quando está assim, mais ou menos, ganha aqui uma coisinha, aqui, aquelas coisinhas pequenas, a categoria acaba se acomodando, então a diretoria, a direção da entidade, ela tem que estar sempre criando, e existe sempre, demandas da categoria. Eu por exemplo, nessa visão que eu tenho atual, para nossa categoria, que não seria tão somente aumento salarial, que é tão difícil, claro que é necessário, mas a gente poderia estar criando outras metodologias, tipo de valorização de local de trabalho, de infraestrutura, dar condições. Eu participei de construção de escola, eu estive à frente disso no governo, não na época que eu estava no SINPRO, mas depois que eu sair, e eu via a felicidade que tem o grupo de professor quando ele tem uma sala reformada, a sala dele, a sala de coordenação, que tem um ar condicionado, então assim, trabalhar isso, a valorização do local de trabalho, a infraestrutura, porque é muito precária, é horrível as escolas do Distrito Federal, a maioria, tem levantamento aí do TCDF que mostra, e é verdade, mais de 60% estão comprometidas, e é muito ruim trabalhar assim, em plena tecnologia, professor usando mimeógrafo, não tem condição um negócio desse. Então tem que dar condições de trabalho, eu acho que essa pauta ia mobilizar muito agora, nesse período, tem que mudar, mudar, as pautas, não esquecer as principais, mas deixar essas pautas que deixa a pessoa com autoestima elevada, sempre em andamento, eu acho que está faltando isso. Professor está muito triste nas escolas.
25:15
P/1 – A senhora quando se vinculou organicamente ao Sindicato, na direção do Sindicato, foi na gestão de quem? Foi na gestão presidencialista, ou já foi na gestão colegiada?
R – Colegiada, na presidencialista eu não participei, colegiada, que é muito bom, democrática, mas também muito difícil, muito difícil colegiada, mas...
25:46
P/1 – Que avaliação a senhora faz sobre o sistema hoje?
R – Olha, se eu pudesse mudar o estatuto do meu sindicato, eu tiraria esse colegiado. Colocaria, sei lá, uma comissão executiva, não precisava ser só presidente, tem outros formatos de direção, agora esse colegiado, é difícil, muito difícil. Para encaminhar eu acho que é um atraso, atrasa muito encaminhamento, muita coisa boa para a categoria, devido a discussões políticas de grupos, que faz parte do colegiado, enfim. Eu creio que a gente devia estudar uma forma também democrática, lógico, mas que facilitasse os encaminhamentos.
26:44
P/1 - Eu gostaria de uma reflexão sua a respeito da luta sindical no momento em que temos, por exemplo, governos aliados no DF, como é que se dá essa contradição, a luta sindical, vis a vi, um governo também progressista e de esquerda?
R – Eu vivenciei isso, pensa num dilema. Assim, falando agora eu estou tranquila para falar, mas se fosse à época, ninguém acreditava, numa assembleia, por exemplo, escutar o que eu vou dizer para você agora, veja bem, eu por exemplo, que tenho total discernimento do que é sindicato, do que que é governo, quando nós ganhamos o governo, que foi em 1995, o governo Cristovam, eu fiz opção por estar no sindicato, então claramente eu defini meu campo, eu vou para o sindicato. Governo é governo, companheiros quer ir para o governo, vai para o governo, mas eu vou ficar no sindicato. Ao fazer essa opção, eu tinha claro já, do que eu tinha que fazer de luta,

não ia diferenciar das lutas anteriores. Poderia até mudar métodos, mas não desistir de luta. Aí o que aconteceu... Infelizmente, por ser um colegiado, dentro desse colegiado tinha vários pensamentos, tinha um grupo, que chegou a ser majoritário na época, tem isso também né. Aí começa a diretoria, quase que em quantidades iguais, mas daqui a pouco vamos formando a maioria, alguém vai ter maioria aí, e isso que é o difícil, quem tem maioria, tudo que ele quiser passa ali, é [no] voto. Aí o que aconteceu no governo, o governo, ele teve vários equívocos, vários, mas se você for historiar hoje, tudo que foi construído na área de educação, que nunca existiu aqui, nunca no DF, aconteceu no governo de esquerda, na época do Cristovam, que chegou a sair do PT e tal, mas enfim. Tudo que era bom para a educação, no meu entendimento na época, e até hoje eu penso isso, teria que ser elogiado e incentivado a categoria a abraçar. Se a Escola Candanga era boa, então porque que eu vou recusar a Escola Candanga no processo pedagógico? Escola Candanga foi uma revolução aqui no DF. E teve outros projetos pedagógicos que foram implantados na época, muito bom. Que aconteceu? Uma parte da diretoria, por entender não sei de que forma, essa questão, essa diferenciação entre sindicato e governo, que existe de fato, tudo que vinha era ruim, e era contra, então assim, não deixava avançar educação com os projetos que seriam bons para nossa categoria, não avançaram devido a isso. Eu achei isso, eu fiquei doente, só não fui para o analista, e nem para o psicólogo na época, porque o meu couro é grosso, mas muitas das minhas amigas foram, até hoje com problema, por causa disso. Então assim, é difícil! Aí depois veio outro governo de esquerda, também com projetos bons, mas esse mesmo pensamento reinava, “não, não vamos aceitar, porque nós somos é sindicato”. Gente, o que vier, tanto do governo de direita, não vem nada, né gente, de bom, mas de esquerda vem. E o que vier de bom a gente tem que saber encaminhar na categoria, não podemos criar essa coisa horrível, que tudo que vinha do governo, não prestava, sendo que as escolas que tinham a militância mesmo avançada assim, que inclusive sustenta o SINPRO até hoje, não muito, porque estão morrendo, agora com covid, e antes por outros doenças. Essas pessoas abraçavam os projetos nas escolas, e eram condenadas por esse povo, não pode. Então muita militância nossa, sofreu demais nessa época, então assim, ganhar governo para militante em Brasília, era assim um horror, a gente já ficava com medo, meu Deus! Aí era chamado de pelego, nossa, um horror! Para você ter ideia, na época, diretor de escola, militante, igual a mim assim, que só não foi para o sindicato, mas foi delegado, foi tudo, acompanha a luta do SINPRO até hoje, era considerado pelego, inimigo de classe, não tinha condição, realmente eu passei por muitas. E nós, um grupo de sete, fomos expulsos por isso, em 95 eu acho, 1997, por isso, por ter pensamento diferenciado, aí a gente virou pelego, virou isso, virou aquilo, mas eu preferi ser isso do que não aceitar os projetos que vieram do governo, não é do governo, eles vieram de uma luta acumulada nossa, que a gente sempre pensou nesses projetos, e aí a gente ganha o governo, não pode implementar. Não tem como isso, isso eu acho que se a gente não corrigir, vai repetir eternamente, eternamente, porque pode prestar atenção. Está aí esse governo genocida, Bolsonaro, ninguém se levanta contra ele, aí qualquer coisa que Dilma ou Lula fazia, era um horror, aqui no DF, ninguém se levanta contra nenhum governo, mas quando era governo de esquerda, portas eram derrubadas, no palácio. Então assim a gente tem que fazer uma avaliação séria sobre isso, eu estou até com expectativa, que está tendo a primavera, formação geral no Brasil todo, formação Primavera, que começou ontem, estou bem com expectativa de que esse assunto seja abordado, porque é muito sofrimento, você lutar para ter um governo de esquerda, e a própria militância que tem conhecimento acumulado ir contra, e ajudar a derrubar. Então é uma contradição, eu acho, nós não temos que ficar aceitando tudo só porque é de esquerda não. Agora o que for benéfico para a categoria, para os trabalhadores, nós temos que aplaudir sim, em qualquer posição. Eu lembro de uma assembleia que eu fiquei doente, isso já eu não estava no sindicato, eu fui para Assembleia, era na época do golpe, eu fiquei pensando, “nossa a diretora vai chamar para descer”, que era para ir lá para praça, a gente tinha uma manifestação lá, estava bem forte já o golpe. E aí eu pensei, “vai encaminhar para descer todo mundo”, porque se fosse à minha época, nem que jogasse coco na minha cabeça, eu chamava. Pois ninguém chamou para descer, aí desceu nós, gato pingado para lá, foi o dia que a gente ficou cercado, que precisou ajuda, escolta para gente sair de lá, se não a gente ia morrer, fomos cercados naquela praça lá, com aqueles bandidos, e foi terrível, nós saímos de lá escoltado, dentro de um ônibus, os gatos pingados, professor, e alguns outros militantes. Então assim, eu pensei que a categoria ia descer em massa, mas não teve esse encaminhamento, e o golpe passou batido na nossa categoria, infelizmente, triste.
35:24
P/1 - Não houve nenhum tipo de encaminhamento a favor do protesto. Nesse episódio da expulsão de nove dirigentes, os argumentos não foram considerados pela assembleia, os argumentos que a senhora tão bem está esgrimindo agora?
R – Não, foi muita confusão. Teve um encaminhamento da mesa, a mesa estava totalmente manipulada, foi uma mesa assim, que a gente não teve como dividir espaço com eles. Eles, tomaram conta da mesa, e já foi um problema. Foi decidido que tinha cinco intervenções a favor do final da greve e cinco para continuar, e era intercalado, aí tá, foi fazendo essas coisas e tal, eu inclusive estava inscrita. Quando eu falei, eu falei sobre, porque realmente a greve tinha acabado, a greve, só existia grevista em Planaltina e Sobradinho, um número muito reduzido, que eram as duas cidades que resistiam até morrer. Então a greve não existia mais do ponto de vista de pessoas na greve. Aí o que aconteceu, a categoria criou nesse período, devido aos encaminhamentos, criou uma mania de ir os fura-greves, todos para assembleia, votar para continuar a greve, no outro dia, nós, eu piqueteira que acordava 7 horas da manhã, chegava lá na escola estava lá, todo mundo trabalhando com seus alunos, inclusive. E eu tinha esse conhecimento de causa, porque a melhor coisa que tem, e você subir para fazer um discurso numa assembleia, e antes você ter ido ao local, in loco vê a situação. Então eu sempre fui de base mesmo, ia mesmo, não tem preguiça. E aí fui apontando, ia apontando, “você que está me vaiando aí, lá no fundo, ontem eu fiz piquete com você, lá na sua escola”, falava até nomes, porque eu vi assim alguns, e foi um silêncio quando eu fiz minha intervenção. Eu falei: eu estou chamando o final da greve, porque a greve acabou de verdade, não tem mais ninguém fazendo greve, assim, as duas cidades já retornaram, e existe um grupo aqui dentro da diretoria que quer ir até sangrar, não devido às nossas questões, às questões da categoria, mas sim por questões políticas contrarias a esse governo está aí, então é disputa com o governo e não está mais preocupado com a nossa categoria, por isso que eu estou chamando o final e tal. Então o meu discurso era nessa linha, só que havia um combinado com a parte do PSTU, que faz parte da nossa categoria, vários partidos e tal. Com membros da diretoria, do PT, que na época era PT, agora não é mais, de fazer uma questão de ordem, para expulsão nossa, dos sete. E aí houve essa confusão lá, e como a mesa era deles, eles conseguiram manipular, foi uma confusão tão grande, que nem o povo que votou, a categoria que estava lá votando, soube direito contar a história, até eu não sei, porque eu fiquei tão nervosa, aquela coisa, não sei contar direito, mas foi horrível. Porque aí depois, essas mesmas pessoas que fizeram esse papel ridículo na assembleia, se aliaram com a direita, a pior direita do DF, trabalharam para ela depois, até hoje ainda tem alguns deles cumprindo esse papel. Então a história... Por isso que eu não precisei assim, ficar fazendo análise, nem ir ao psicólogo, porque a história ela não falha, depois que aconteceu isso, as pessoas que fizeram essa... Alguns saíram do PT, foram para trabalhar com a direita, projeto totalmente antagônico, então pronto, estava explicado na época o que eles eram realmente. E hoje, quem era assim da minha época, da categoria sabe, faz essa leitura. Agora os novos não conhecem esse passado, não conhece, só nós mesmo. Foi uma experiência terrível, os meus amigos, inclusive uma já morreu, a Francis do Guará, nós sofremos muito com isso, pessoas sérias, de lutas da vida toda, passar por isso, por pessoas que não merece um pingo de confiança, depois traiu até, eles mesmos, consciência. Mas enfim, estamos vivos, a luta continua.
40:32
P/1 - A senhora deixa o sindicato então, mas continua militando na base?
R – Não, eu não deixo o sindicato, sindicato me chama... Para você ter ideia, eu falei a última vez da eleição, em eleição do sindicato, eu falei: olha gente, eu vou assinar o documento aqui, vocês vão assinar também comigo, que eu não posso mais fazer piquete, não posso mais ser membro de comissão eleitoral, não posso mais ficar até de madrugada apurando voto, que nosso voto e contato na cédula, a gente amanhece o dia contando. Então assim, eu sempre assino esse papel, mas toda eleição me chama para ir para essa comoção eleitoral, sofrida, eu vou para ajudar, entendeu, mas assim... E nas assembleias eu costumo ir em todas, vou participo, tranquilo, eu sou professora aposentado agora né, eu sou professora aposentada.
41:39
P/1 – Quais em sua opinião são os maiores desafios que são colocados diante do SINPRO hoje?
R – Olha, o primeiro é como se aproximar da categoria e da comunidade escolar. Eu acho que se a gente não cumprir esse papel, nós vamos ficar isolados, nós professores, os pais, os alunos, os vizinhos desses pais, os avós, são pessoas importantes na nossa luta. Eu digo isso, porque a gente tinha que pedir autorização na época para fazer greve, claro que com esse método, chamava uma reunião enorme na escola, com todos os pais e pedia para fazer greve, e explicava por que, a gente não fazia greve sem avisá-los, sem convencê-los da nossa necessidade, a gente não fazia greve sozinho, então os pais não mandava filho para escola e pronto, porque confiava na gente, eu acho que a gente tem que voltar a fazer isso, nós temos que envolver a comunidade escolar, não é só professor, servidor, merendeira e tal, é o externo também, o pai, a mãe, a avó que leva o aluno, que às vezes o pai e a mãe não está, sabe essa coisa de ficar bem próximo da família deles, é isso que a gente tem que fazer, se não a gente não consegue avançar sozinho. Acho que todas as categorias agora vão ter que repensar a forma de fazer movimento, está difícil, então à gente precisa de aliados, e no nosso caso é a comunidade, se ela tiver do nosso lado já é bem adiantada nossa vitória.
43:43
P/1 – Professora, vamos imaginar uma situação hipotética, a senhora está diante de um jovem, de uma moça, de um rapaz que decidiu ser professor ou professora, o que a senhora diria para eles?
R – Olha, eu vou ficar assim uma meia hora pensando, para não dizer (risos)... É uma pergunta difícil, porque eu tenho um filho adolescente, e ele ainda estava decidindo, mas se isso ocorresse, eu ia dizer das dificuldades de ser um professor, de ser um educador nesse país, mas eu ia dizer também das qualidades, das coisas boas, que é exercer essa profissão. Exercer essa profissão é muito digno, é uma coisa muito linda, se a gente fizer de fato a profissão. Porque olha aqui, nós não podemos dizer que professor é para ganhar dinheiro, porque não ganha, então professor tem que ser bom, professor tem que ser bom dedicado e tal, e não é aquela dedicação de freira, professor que ensina não só conteúdo, mas ensina o aluno a sobreviver de todos os pontos de vista, e ensinar. Olha, eu queria ter, na época a gente não tinha tecnologia nenhuma nas minhas aulas, meus terceiros anos, todos, todo dia, cinco minutos de conjuntura, análise de conjuntura local e nacional, que eu fazia, aí tinha uns assim, “a professora, começa logo a aula”. “Daqui a pouquinho, é só 5 minutos”, passou cinco minutos, aí a aula agora, mas é sempre fiz isso nas minhas aulas, sempre. Professor tem que ter essa noção de que não é só conteúdo não, porque se não ele não ensina nada, conteúdo atualmente, ele aprende sozinho, a gente tem que ensina-los a viver, num ambiente que não é favorável, que eles são filhos de trabalhadores, mora na periferia, tem que inserir eles na realidade deles, ensinar a lutar, é isso que professor tem que fazer. Convenceria uma pessoa que realmente tem esse dom a ser professor, mas se não tiver esse dom, por favor, não invente não viu, porque é difícil.
46:23
P/1 – Professora, o SINPRO tem uma característica de em várias circunstâncias extrapolar pauta primeiramente corporativa e abrir o leque das reivindicações, como é que a senhora enxerga esse papel?
R - Abrir o leque, assim, essa abertura, eu não entendi a abertura desse leque.
46:51
P/1 – Pautas feministas... Questão de gênero, questão da mulher...
R – A sim! Não, muito bom, ele não pode só se prender a questões financeiras. Até porque, a categoria o percentual é de 80, 85% de mulheres, então dentro dessa pauta de mulheres tem coisa demais para explorar, tem que abrir sim, não pode ser só meramente... Não só pedagógica e também só financeira. Eu acho que a pauta melhor que o SINPRO monta é a pauta pedagógica, claro que a gente quer aumento, mas quando a gente consegue avançar no pedagógico é bom demais, a categoria fica feliz, aí o financeiro vem sempre devagar. Mas quando a gente consegue avanço no pedagógico é muito bom e também conquistas individuais, assim, que acaba sendo coletivas, que o SINPRO é super organizado nisso, por exemplo, quando você vai dividir turma no início de ano, tem todo um ritual, quando você quer mudar de Regional de Ensino, tem todo um ritual. Então tudo isso, são conquistas que faz bem para categoria, ela se sente valorizada com esse tipo de organização que o SINPRO tem. Muitos anos de luta o SINPRO, e quase todas, eu digo assim, que todas as nossas lutas foram boas, porque assim, teve resultado, porque quando a gente não ganha do ponto de vista econômico, a gente ganha do ponto de vista político, a gente avança, e avançar com a categoria é muito bom, andar junto, a entidade e a categoria, eu deveria ficar feliz de terminar a greve sem um ganho financeiro, mas ficar feliz porque se sentir valorizada na luta é muito importante, eu acho.
49:12
P/1 – Professora, sem lhe pedir nenhum exercício de futurologia, mas como é que a senhora enxerga o futuro da educação no Brasil?
R – Nós tivemos um retrocesso, muito significativo nesse governo Bolsonaro. O Ministério da Educação, você não tem ideia do que aconteceu ali, nosso Ministério da Educação, tão antigo que passou para governos de extrema-direita, militar, e nunca teve uma equipe tão ruim quanto a que tem lá hoje. Isso vai refletir em todos os estados, é uma coisa assim arrasadora. Aí do ponto de vista local, nosso aqui de Brasília, por exemplo, eu não vejo no governo que aí está nenhum avanço, não tem nenhuma política séria na nossa área da educação, não tem, faz tempo que você não ouve falar, “não vamos fazer o plano anual de educação”, pelo menos discutir o que já existe, não tem, não existe. Então essa pasta, ela está totalmente esquecida no Brasil todo, e vai ser um prejuízo jamais visto. A pandemia ela vem a contribuir com isso, mas esse prejuízo, ele já estava acumulado antes pandemia, só vai piorar agora, só vai piorar, porque a periferia não tem acesso às plataformas [digitais], não tem mesmo. Você vai numa casa aqui no Arapoanga, só tem um celular daquele bem pequenininho, que não tem acesso quase nenhum aplicativo, nada, lá nessa casa tem cinco crianças que precisam estudar. Então assim, é horror, não tem acesso, não tem acesso, esse acesso não é democrático, porque não atinge os periféricos. Então já um prejuízo 100% em cima dos trabalhadores, essa pandemia não tem tempo para acabar, aliado a isso tudo, existe o despreparo de quem está na pasta hoje da Educação, além de ser despreparado, não tem compromisso com a educação, porque não tem nada, nada para educação, nada, você pode ver, não existe nenhuma propaganda desse governo relacionado à educação, porque não tem o que mostrar, não fizeram nada, já tem um tempinho isso. Então é um desastre, eu estou muito preocupada, é um desastre, e olha, esse desastre ele está atingindo até as [escolas] particulares, até as particulares, que também estão sofrendo aí, mas a pública está um desastre. A pública não tem plano de educação a ser estudado, por ninguém, cada escola virou uma unidade em separado, não segue um plano nacional, nem local, cada um, é cada um e fica os alunos à mercê disso tudo, sem saber nem onde estão, então um prejuízo incalculável para a educação, vejo com muito pessimismo, passado esse tempo aí, só muita luta para mudar.
52:57
P/1 - Com um sério risco de aprofundar o fosso da exclusão, não é!
R – Exatamente! Todo esse esquecimento, tanto nacional, quanto local, ele está só aprofundando essa diferença que já é tão gritante, vai chegar a que ponto agora? Mais de 100% de diferença e de, assim, retirada de direitos, daqueles que precisam realmente, do filho do trabalhador que precisa ter esse conhecimento para sobreviver, ele não tem, ele não vai ter, porque essa é uma política declarada, não é porque está passando batido, é porque é essa política para essas criaturas agora nesse período, infelizmente, que é esse governo que está aí, esse governo que está aí, quem pensa que ele é louco, tá muito enganado, ele tem já em mente o que ele quer, e o que ele quer está acontecendo, ele é uma pessoa que tem um objetivo, objetivo de falar para esse grupo mais louco que ele tem, objetivo de isolar todos aqueles necessitados que precisa de políticas públicas, ele não está nem aí, é tanto que a morte dessas pessoas para ele é um alivio, está diminuindo certamente, que ele não fez nada, muito pelo contrário, ele contribuiu para esse número de mortes que tem no nosso país. Agora você vê, se fosse no outro governo, governo de esquerda, não precisa ser do PT, porque tudo, falar de esquerda é só falar do PT, mas tem vários partidos, mas assim, se fosse de esquerda, já tinha tido impeachment, já tinha inventado até a cadeira de matar, cadeira elétrica, agora esse homem, mata milhares de brasileiros, arruma um kit mentiroso para vender e joga dinheiro público nesse kit, e muito dinheiro, milhares de famílias órfãs aí, e nada acontece, e nada acontece com ele, realmente estamos vivendo em tempos difíceis, que é isso é uma imoralidade. Porque eu estava lendo um artigo sobre essa esse kit que ele inventou, que milhares de pessoas agora estão com problema de rim, precisando de hemodiálise, e que no país não tem como fazer hemodiálise, outra morte, outro tipo de morte, então ele, nossa, eu não sei nem o que eu tenho coragem de fazer com ele, tenho coragem, porque ele não merece viver.
56:12
P/1 – Muito bem professora! Tempos sombrios! Todo modo eu queria encaminhar para o nosso final, mas voltar um pouco para o lado pessoal. A senhora é casada, tem filhos?
R - Sou casada, tenho três filhos, três homens, Nil, Júnior e o meu caçulinha aqui, João Vitor.
56:39
P/1 – A senhora teria alguma coisa que gostaria de ter dito e eu não estimulei a senhora a dizer?
R – Não, você perguntou tudo sim, até me fez lembrar das coisas, fiquei muito emocionada, achei muito boa a sua entrevista, bom falar assim às vezes do passado, a gente lembra de cada coisa, eu lembrei de tanta coisa que se eu fosse falar, não ia acabar... (risos) mas enfim, eu gostei muito.
57:07
P/1 – Pode falar o quanto a senhora quiser.
R – Não, mas foi bom, muito bom mesmo.
57:12
P/1 – Como a senhora se sentiu participando dessa entrevista?
R - Nossa, eu adorei, gostei muito!
57:21
P/1 – Para finalizar professora, eu queria que a senhora nos dissesse quais são os seus sonhos?
R - Ai meu sonhos. Você sabe que eu tenho um sonho, eu queria fazer meu mestrado e doutorado, só que eu, até tenho vontade de fazer na minha área, mas eu não queria na minha eu quero fazer em Ciência Política, eu tenho muito interesse nessa área, aí quando agora que eu estava bem animada, veio essa pandemia, e agora as coisas estão muito difíceis assim, faça online, mas aí para conseguir fazer os contatos e tudo. Porque eu quero fazer na UNB, esse é o meu sonho, eu quero fazer mestrado em Ciência Política e depois doutorado, eu acho que eu você ser uma cientista política muito boa (risos) acho que eu consigo ainda.
58:27
P/1 – Consegue, sem dúvidas! Professora eu tenho muito a agradecer a sua disponibilidade, o seu tempo, e a bela entrevista que a senhora nos concedeu. Muito obrigado pela sua memória, pelas suas lições!
R - Obrigado aí vocês, a equipe toda, a Wini, ao Alisson, obrigada gente, desculpa aí.
59:06
P/1 – Deu tempo de consertar o problema do áudio, que seria uma pena se nos perdêssemos o seu áudio.
R – Ainda bem que deu tudo certo.
59:20
P/1 – Muito obrigada professora!
R – Tchau! Abraço!