Museu da Pessoa

Uma vida baseada em lutas

autoria: Museu da Pessoa personagem: Gilson Santana Gonçalves

Projeto Memória CDI

Entrevistado: Gilson Santana Gonçalves

Entrevistadores Lídia Ferreira e Danilo Ferrreti

Local: Recife

Data: 22 de outubro de 2004

Realização Museu da Pessoa

Código: CDI_TM031

Transcrito por Écio Gonçalves da Rocha

Revisado por: Isadora Oliveira


P1 – Gilson, boa tarde.


R – Boa tarde.


P1 – Poderia começar falando seu nome completo, local e data de nascimento.


R – Eu me chamo Gilson Santana Gonçalves. Moro no município de Paulista. Nasci em 1971, 30 de junho de 1971. E desempenho esse trabalho a nível de comunidade para facilitar o acesso dos jovens à sociedade.


P1 – Perfeito. Gilson, você poderia contar um pouco da sua trajetória, da sua vida, as atividades que você desenvolveu até chegar no CDI [Comitê para Democratização da Informática]?


R – Sou filho de pessoas carentes e não tenho a vida financeira muito equilibrada. Mas pra situação a gente sobrevive. Na década de 70, quando houve uma enchente, nós fomos obrigados a morar com 12 famílias num bairro no município de Olinda, na Igreja do Carmo, onde tinha 12 famílias morando dentro de um quadrado.

Com essa situação que passou essa minha família e as demais nós tivemos o apoio do Dom Elder Câmara junto com, na época, o governador

Cavalcante nos retirou dessa Igreja onde moravam as 12 famílias e nos colocaram no Bairro de (Gemaranvá?) , que antes chamava Mutirão. E com o passar do tempo foi chamado de (Gemaranvá?) porque naquele setor ali era um engenho. Tinha produções de cana. Era um lugar desabitado e aí o Don Helder solicitou ao governo, na

época o



Cavalcante, construir essas casas para o pessoal desabrigado. Todo o pessoal de

como pessoas do Poke , pessoas de Afogados e outras adjacências do município e Olinda e Recife. E, no passar do tempo, eu fui me envolvendo com o meio popular, o meio político, participando do movimento estudantil. Em 1992 eu me filiei a um partido. Mas, independente de partido, eu faço esse trabalho não voltado pro partido e sim pra comunidade. Tenho desempenhado um papel pra ver e tentar qualificar os jovens da comunidade. Até porque eu passei por um processo muito difícil. Sabemos que é difícil o acesso dos jovens no mercado de trabalho. Há uma qualificação de profissão. E aí participei de um movimento. Logo então criei um grupo chamado SOS Maestro dentro da escola. E a gente foi trabalhando a restauração da escola. Em 92 criamos o Grêmio Estudantil e aí o trabalho foi desenvolvendo, foi ampliando junto com o meu irmão que também é professor de capoeira e desenvolve trabalho na área da capoeira e em outros setores. E daí então eu entendi que a necessidade era bem maior. Dentro da escola nós fizemos vários projetos, desde trabalhos culturais, movimento pela reforma da escola. E quando eu terminei o segundo ano tive que partir para um outro movimento que era o Movimento Comunitário. Não atuo muito porque também não tenho condições, até porque questão de trabalho. Tenho horário reduzido. Mas me sinto satisfeito em poder ajudar outras pessoas. A comunidade é muito carente. Hoje a gente passa por um processo muito difícil. Ao desempenhar esse papel, as pessoas costumam me dizer quando eu chego no campo pra pedir, que eu sou pidão. E aí eu tive a oportunidade de conhecer uma Madre, uma colega chamada, não me lembro bem o nome, mas do (Cecosb?). Eu fico à vontade de dizer esse nome até porque é uma entidade que também ajuda

aqui no Recife. E fui até a mesma e solicitei a ela uma ajuda para o jovem da comunidade. Eu saí pedindo curso e tal. E ela de imediato parou e perguntou: “Você pede demais.” “Assim, mas porque eu peço muito.” “Mas esse pedido que eu to falando, Gilson, não é pra você pedir pra você. Você pede mais para a comunidade.” E simplesmente eu falei pra freira, e disse: “Irmã, eu peço porque, se a comunidade cresce, eu cresço junto. Não adianta pedir pra mim porque eu cresço e a comunidade fica esquecida e amanhã eu vou ser um dos sofredor da violência. Por isso que eu peço pra comunidade que se a comunidade cresce eu cresço também e acredito que a violência possa reduzir e aí eu não vou ser a vítima dessa situação.” Passado o tempo participei do agora. Eu vou pra atual no qual eu era coordenador até o ano passado. Passei a coordenação para a colega Vanessa. Fiz alguns trabalhos de acordo para que a gente continuasse o projeto. E aí, antes de começar a construção do grupo, eu conheci o Padre Reginaldo Veloso. Esse padre é conhecido aqui no Recife e até no Brasil. E o mesmo, ele nos deu apoio pra que a gente continuasse com essa entidade. Um grupo saiu de dentro da Igreja pra continuar trabalhando na comunidade, mas aí eles trabalhavam, ficavam numa casa, no quintal de uma escola de comunidade, que é uma escolinha de bairro. E com esse trabalho eles viram que eu tinha bastante conhecimento, como eu tenho. E aí me convocaram pra ser um dos coordenadores desse grupo.

Meu

irmão

trabalha,

é

assessor

de

um

parlamentar

assessor de parlamentar. E na época o parlamentar recebia subvenção. Quando eu disse: “Meu irmão, o grupo que eu to participando

precisa de recurso pra poder caminhar.” E aí ele conseguiu algum recurso da subvenção. A gente começou a trabalhar artesanato de papel e outras coisas. Mas eu disse: “A gente tem que partir pra outra linha, tem que caminhar de outra forma.” E aí, como eu conhecia Padre Reginaldo, fui propor a Padre Reginaldo junto com a coordenação, que fazia a composição comigo. Conheci Padre Reginaldo, expliquei a situação, que a gente tava numa casa emprestada. A gente não tinha condições, a gente almejava trabalhar, avançar dentro da comunidade. E aí ele entendeu e nos indicou um companheiro conhecido como Jaime, que é onde ele destinou alguns recursos pra gente. A gente tinha recurso, mas só pra ter o aluguel da casa e algum recurso pra gente fazer cursos. O ano passado, há um ano e meio, eu fiz 12 oficinas de arte, de frevo, artesanato na parte do argila, trabalhar com barro, de bijuterias entre outros que a foto vai, tinha um álbum mostrando esses trabalhos. Grafitado, serigrafia. Tenho fitas gravadas. Pra mostrar à comunidade que a gente somos capazes e que, se eles se infiltrarem no trabalho a gente consegue desenvolver esse trabalho. A gente foi desenvolvendo esse trabalho. A gente recebe um recurso. A casa é alugada. O espaço é pequeno, mas a gente fica feliz onde nós estamos. Pretendemos ter um lugar maior. A gente sempre tá entrando em contato com as empresas para ampliar.


P1 – E o contato com o CDI, como que foi, Gilson?


R – O contato com o CDI, eu como sou curioso, tudo que passa na televisão, tudo que vejo em jornal eu to sempre anotando o número do telefone. Sempre estou nessa perspectiva de que tem alguém, que tenha alguém ajudando. Esse contato com o CDI, a gente tinha conversado com o Padre Reginaldo e ele tinha nos indicado a companheira Lívia, que ela é italiana. Ela falou: “Tinha uma entidade que está oferecendo curso de informática. Vocês fazem um projeto e aí vocês conseguem.” De imediato eu comecei a redigir a história da comunidade. Na época eu conhecia bem a história da comunidade, da situação como eu tinha falado no início, da comunidade. Falei, relatei tudo. Repeti. O que me lembrava eu saí colocando no papel. E o que vem acontecendo atualmente na comunidade, a violência. Em vez do bairro crescer ele não tá crescendo. sim regredindo. E aí a Lívia, ela nos ajudou a descobrir esse projeto, e encaminhamos ao CDI. Por sorte nossa uns dois dias depois saiu uma reportagem num programa do CDI junto com a Globo, O Bairro que eu Quero. E nós ficamos tristes pelo seguinte. Dentro da comunidade nós temos tantos líderes que na verdade não fazem nada. E aí começaram a se aproveitar do projeto O Bairro que eu Quero pra dizer que fazia mil coisas. E a gente, por baixo do pano, num linguajar mais assim que a gente acha. Porque não adianta você falar muito e não agir. E quando o pessoal tava atrás de O Bairro que eu Quero, não era um projeto que não tenha valor. Tem sim. Mas pra comunidade, com os líderes que nós temos, eles não mereciam isso. Até porque eles queriam se aproveitar pra fazer política. Se fosse uma política pra transformação, tudo bem. Mas fazer politicagem a gente, eu não aceito. Eu sou contra isso. Eu posso fazer parte de um partido, mas eu separo as coisas. Não podemos misturar porque quem sofre é a comunidade. E aí O Bairro que eu Quero, o único projeto quem ganhou foi o pessoal do Nobre, que conseguiu levar uma quantidade de pessoas pra praça. O líder de lá só se preocupava em dizer que o serviço tinha bom e que tinha ruim. Na verdade o serviço não tem bom. Sempre tem coisa ruim porque calçamento danificado e tudo mais. E aí eles ficaram lá discutindo, brigando, pra ver quem levava mais gente. Na verdade não levaram ninguém. Mas quando eu tinha enviado o projeto antes ao CDI, eu acredito naquele que faça, eu acredito que Deus está me ajudando e ajudando a comunidade. Não tem problema. Deixei o projeto aqui no CDI e o nosso colega Paulo Araripe , um dos coordenador daqui do CDI, ele todo dia ficava com o ouvido doendo porque eu estava ligando: “Ah, Paulo, é isso, é isso. A comunidade precisa.” “Vai, Gilson, tenha calma.” “Eu to calmo.”

“Liga depois.” Aí eu passava praticamente quase um ano não só ligando, mas pedindo. Até porque a gente entende que o CDI ele tem muitas coisas pra atender. Mas se você precisa você tem que correr. Você não tem que esperar a boa vontade de qualquer instituição que queira servir. Você tem que mostrar que é bom. Você tem que mostrar que precisa. E aí eu insisti, insisti. E graças a Deus e à ajuda do Paulo e dos demais membros do CDI, o bairro foi contemplado. A gente conseguimos ganhar a escola de informática.


P2 – Vocês receberam quantos computadores, e em que ano isso?


R – Nós recebemos de início cinco computadores, em 2002. Cinco computadores dia 25 de julho de 2002. E no dia quatro de agosto de 2002 nós iniciamos o primeiro contato com as máquina e a comunidade. Nós temos educadores excelentes. São pessoas que estão desempregadas mas eles acreditam na força de vontade e até hoje nós temos três e estamos tentando conseguir mais pessoas. E aí eu acreditei que tudo não é fácil mas que, se a gente vai em busca, a gente consegue. A gente não pode esperar, a gente tem que ir em busca. A comunidade ficou feliz. A gente não consegue atingir todo mundo até porque, além de ser pequena a instituição, a gente tem problemas de infra-estrutura, de pessoal. Mas aos poucos nós estamos conseguindo almejar esses trabalhos.



P1 – Poderia falar um pouco rapidamente da comunidade, a origem e os problemas que ela enfrenta.


R – A origem da comunidade, como eu te falei, são aqueles problemas da enchente que aconteceu ali em Recife. Bairros violentos também. O Padre Damião, aliás, esqueci o nome. Dom Helder. E essas comunidades foi pra lá.

construir a vila ela foi construída para 4500 famílias. Hoje o bairro está superlotado. Temos cinco ocupações, cinco favelas ao redor. Pessoas desempregadas. Nível de escolaridade baixo. A gente apertado, que até o ano de 98 por aí, se fez uma pesquisa. Saiu na Folha de São Paulo. A renda per capta lá era baixa. É R$ 30,00. E a gente entende que isso não é renda per capita. Isso é uma miséria para o pessoal que necessita. São pessoas necessitadas. Muito necessitadas. Nós tínhamos, na comunidade, a casa da vila. Tínhamos uma praça. Temos dois Centros Sociais Urbanos, que na verdade está desativado. Uma das nossas brigas com a Tinoco é que tem um chamado DFT que era Departamento de Formação para o Trabalho. E esse Centro está abandonado até hoje. Mas na época que nós estávamos funcionando lá com a coordenação, tinha meio mundo de materiais para os cabeleireiros. A gente estava trabalhando lá e o governo mandou a gente desocupar. Nós desocupamos, corremos atrás do Secretário, na época, de Planejamento. Falamos com o assessor, Dr. Bosco. Falamos pra ele a necessidade de estar com esse Centro. O que a gente precisava pra conseguir esse Centro. E ele burocratizou as coisas. Pediu documento pra isso, documento praquilo. Eu liguei pra Assembleia

qual dos Deputado não sei o que.” Simplesmente eu disse a ele: “Eu corro em busca e quero almejar. Mas vocês formam muita dificuldade. E a gente não tem condições pra isso.” E aí nós procuramos o rapaz que iria nos dar recursos da Holanda e falamos pra ele: “Olha, o Governo ele dá o prédio, agora ta sendo reformado.” O rapaz disse: “Gilson, se eu tiver de dar R$ 10.000,00 pra reformar o Centro eu não dou. Porque vocês reformam. Quando passar o período de cinco anos de comodato, uma coisa desse tipo. E aí? O governo toma e vocês vão perder os R$ 10.000,00 que reformou o Centro.” E aí a gente teve que fazer mais um serviço. Tá lá abandonado. Temos o DFT que está abandonado, fechado, que dá pra gente fazer isso no nosso projeto de informática. Temos o Centro Social Urbano que funciona ao lado. Duas casas. São quatro casas. Nós tínhamos Febem [Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor]. Destruíram a Febem. Na verdade o bairro tá escasso. Ta entregue a Deus dará.


P2 – E a EIC [Escola de Informática e Cidadania] funciona aonde agora?


R – A EIC funciona numa casa alugada, na mesma rua onde eu moro. Moram uns outros educadores, mais um educador. E aí a gente só ta com essa casa porque exigimos, de uma forma pedimos ao companheiro Padre Reginaldo e ao Jaime que nos ajudasse. Nós estamos passando nesta casa uma temporada, até porque a gente não sabe até quando ele pode dizer: “Tô bancando e amanhã não estou bancando. Nós estamos com o contrato da casa até 2005. “E aí”, eu pergunto, “2005 será que ele vai nos bancar de novo?” E aí fica essa pergunta no ar. O que é hoje não é amanhã. E a gente já tá preocupado se o Jaime vai bancar a gente no próximo ano. Como é que vai ser? Se não bancar a gente vai ter que devolver os computadores. Porque a EIC não tem como tirar recurso, até também porque a gente trabalha com pessoas que pagam a taxa pra gente fazer manutenção na sala e nem todo mundo paga.


P2 – De quanto é a taxa?


R – É de R$ 5,00 pra manutenção de trabalho didático, de locomoção dos educadores e passagem. E aí não dá pra gente arrecadar o dinheiro no total. Se a gente apurar R$ 250,00 não chega nos R$ 250,00. Que alguns alunos não pagam e a gente não pode cobrar até porque a comunidade é carente. Nós temos a Escola Estadual lá que tem capacidade para 3.000 alunos. Mas como houve a redução do projeto do governo de já, de alfabetização sair pra Prefeitura, o índice de jovens na escola hoje reduziu muito. A comunidade hoje está violenta. Tem jovens que a gente já tentou trabalhar mas infelizmente a violência foi maior e mataram mesmo. Mas a nossa vontade é poder resgatar esse pessoal. Eu to tentando fazer um projeto junto com o pessoal da Unicap Júnior pra gente fazer um projeto de percussão, fazer alfaias. Só que um projeto desse tipo pra gente iniciar aqui tem que ter pelo menos R$ 2.000,00 pra gente comprar material, construir alfaias, eles aprender a tocar e a gente vender as alfaias. Mas só que as coisas estão se tornando difíceis. Mas a situação financeira ta se complicando. Um dia melhora, outro dia piora. E vive mais na pior que na melhor, independente de quem quer que seja.


P2 – Qual era o objetivo quando vocês quiseram montar um curso de informática? Qual é o objetivo que tava por trás?


R – Fica, eu vou colocar que eu posso dizer o seguinte. Quando eu comecei a pedir ao CDI a turma achava que eu não ia conseguir. Até porque as outras lideranças tinha um pessoal lá que hoje mora no (CS1?). Ao invés de ser um Centro de Formação, tem gente morando. Eu sou contra. Se ele é sem teto, se ele não tem teto, tudo bem. Mas que ele mora ali, mas ele faz politicagem. Ele tá, mas assim, eu disse: “Eu vou em busca. Eu vou pedir. Eu vou buscar porque a comunidade precisa.” “Ah, não vai conseguir não.” Eu digo: “Eu vou conseguir.” E junto com o pessoal. Dentro do grupo o pessoal achava que não conseguia. Eu digo: “Se vocês não acreditam.” Porque a gente correu tanto, suamos tanto. Todos eles comigo. Mas chega uma hora que desanimaram. Eu não desanimo não. A minha mãe fala:” tá trabalhando de graça, não ganha nada com isso.” Meu pai fala: “Tu não ganha nada com isso.” E sempre as pessoas dizem: “Você não ganha nada com isso.” Digo:“Eu não to ganhando nada não, mas eu vou conseguir.” E aí consegui. Porque, a cada dia que se passa, a informática está presente no mundo dos jovens e no Ser Humano completo. E a comunidade teve uma vez um curso de informática lá no Governo do Estado. Só foram três meses. Colocaram o carro de som anunciando. A fila era enorme. E aí foram escolhidas a dedo.


P2 – Os que iam fazer o curso?


R – Do Governo do Estado.


P2 – Foram escolhidos a dedo aqueles que iam fazer o curso?


R – Que iam fazer o curso. Teve algumas fichas distribuídas, mas teve alguém que teve prioridade.


P2 – Ah, tá.


R – Eu sou daqueles que não gosta de dar prioridade. Tem sim um que perdeu a vontade aí a gente: “Não, a gente cede essa vaga pra você.” Mas essa questão de dizer: “Oh, eu sou amigo de fulano. Guarda a vaga pra ele.” Eu não acostumo com isso. Até porque minha mãe ensinou a dizer, me ensinou o seguinte: “Se você quer, vá buscar. Não espere ninguém dar não que ninguém dá não.” E a vida foi muito conturbada pra poder resgatar a moral da família provinda de uma situação. E eu repasso isso enquanto pessoa, independente do curso de informática ou outra função. Eu digo pra pessoa: “Se você quer, vá em busca. Que a capacidade que eu tenho, você tem. Eu só sou diferente na cor, no nome, no corpo. Mas você tem a mesma capacidade que eu tenho. Você pode pensar diferente, mas se você lutar a sua capacidade vai ser igual a minha. Se você quer um curso de informática feito eu fui em busca, você consegue.” E assim a gente tá trabalhando feliz da vida. Com alguma dificuldade, até porque a nossa sala, ela é super pequena, apertada. Quatro metros de comprimento por dois de largura. “E aí a gente,” digo pro pessoal do CDI, “a gente vai funcionar aqui porque a gente não pode perder o projeto, queira seja básico, queira seja Inter Jovem. Nós vamos trabalhar aqui.” E corremos atrás de alugar uma casa pra aplicar o dinheiro

da

EIC.

Mas a EIC não dava.

“A gente vai ficar aqui. E eu não vou devolver

esse projeto não. A gente vai trabalhar aqui nesse apertado.” E estamos funcionando hoje. Estamos funcionando hoje. E quando os jovens viram as máquinas com rede, eles aí estão acreditando. Eu vou dizer a vocês, sinceramente. Vai ter eleição da Associação e aí eu vou dizer a vocês que eu não vou concorrer. Eu prefiro concorrer, mas não pra fazer nome pra minha pessoa. Para conseguir a Associação de Moradores colocar a entidade lá. Aí pode vir a pergunta maior: “Porque você não vai pra Associação e não dá esses computadores para própria Associação?” Simplesmente por uma simples coisa. Aquilo que eu suei, eu não vou dar pra pessoa fazer nome em cima de mim. Mesmo se eu desse e não ficasse. Ou se desse e ficasse. Mas você tem que ser fiel com as pessoas. “Oh, foi o rapaz que conseguiu e aí a gente tá abrindo espaço.” Que dentro do bairro é uma politicagem esquisita. Ninguém faz nada e a gente, por baixo dos panos, a gente consegue fazer as coisas e vai buscando. Hoje a gente tem pessoas, tem um CDI apoiando o projeto de informática. Informações a gente pega com o pessoal de uma entidade





que eu não me lembro o nome, que tem o apoio

da (Celb?).


P2 – Tá muito calor.


R – É Recife, tá quente. E assim a gente tá...


P2 – Agora eu queria perguntar assim se, voltando um pouco no que você falou, esses computadores estão mudando um pouco a vida desses jovens, quer dizer, estão propiciando aquilo que vocês imaginavam?


R – Até o momento eu não tinha um parecer geral, mas a gente acredita e, na primeira oportunidade que nós tivemos o básico, a gente já pode ver o jovem sorrindo. Ele não concorre de igual pra igual até porque ele tem a questão da escolaridade.


P2 – Sei.


R – Alguns têm quarta, quinta, sexta série, mas queriam aprender informática. Mais pra dizer: “Ah, eu tenho um curso de informática.” Pra ele já é grande coisa, porque a gente não tinha na comunidade. Tem um curso lá de informática lá, de um rapaz lá, que eles pagam uma taxa que eu vou dizer que é cara até porque, além disso, eles pagam o certificado dessa entidade lá. E que o cara se aproveita pra fazer política. Eu não concordo. E o nosso curso oferece coisas boas. Oferece a cidadania, oferece a oportunidade se ele tiver condições de pagar ou não, que isso pra ele é bom. Se ele tiver condições ele faz. Se ele não tiver condição ele faz do mesmo jeito. Tem pessoas que têm interesse de ensinar, que é a minha pessoa, o (Bleisson?), o Eliseu. Nós estávamos também com mais dois educadores, que era a Maria de Fátima. Infelizmente saiu, mas foi bom ela sair porque conseguiu trabalhar, está trabalhando numa escola. E tem o (Meidisson?), que é meu sobrinho, que hoje também está trabalhando na Prefeitura, prestando serviço à Prefeitura de Olinda. Mas assim, pra os jovens a gente já viu um sorriso diferente. E felizmente nós estamos atendendo jovens que têm mais ou menos uma situação boa, financeira. Não boa, mas assim razoavelmente. Mas o ponto mesmo que a gente queria atingir é aquele jovem que está na violência. Mas a

gente ainda não tem estrutura de um psicólogo, de um assistente social. Nós não temos. E aí também a gente não vai correr o risco de colocar um cara lá que esteja roubando, matando. Essa semana tinha uma senhora que já me pediu, pediu ao coordenador da EIC, pra que a gente chamasse o filho dela pra conversar, pra botar na escola de informática. Nós estamos pensando duas vezes. Primeiro até porque é colega nosso e a gente acredita que ele não vai usar da má fé, mas a gente primeiro tem que conversar, dizer a ele. E esse jovem foi contemplado com o primeiro emprego, que o meu irmão conseguiu pra ele, mas é aquela questão. Mente vazia atrai Satanás, como diz o ditado. Esse jovem fez esse projeto, mas a geração de emprego não houve. O Governo do Estado deu o curso mas não deu a oportunidade. E a gente, através do curso do CDI, com esse novo projeto, há essa oportunidade. A gente vai resgatar ele pro mercado de trabalho, dizer a ele como é que funciona o mercado de trabalho, e ele vai em busca. E, pelo projeto que se tem, há a oportunidade de o jovem estagiar. Pra gente já é grande coisa. No Governo do Estado houve o estágio, mas nem pra todo mundo que fez o projeto. Mas o sorriso dos jovens hoje...


P2 – Mas esse estágio era na informática?


R – Não, esse setor de atendimento, na parte do Governo do Estado, foi estagiando de outra forma. Atendimento, essas coisas. No CDI, como a gente trabalha a cidadania, dinâmica de grupo, essas coisas, tanto ele pode trabalhar na área de informática como pode trabalhar prestação de serviço na empresa de acordo com a necessidade da empresa.




P1 – Tocando nisso, como é que vocês trabalharam com os alunos a questão da cidadania? Quais foram os projetos que vocês desenvolveram na EIC, e que estão desenvolvendo também?


R – A gente nunca pensava que ia pegar um projeto desse porte, quer ele seja um projeto do CDI ou ser um Inter Jovem. A gente nunca pensava que ia pegar um projeto desse porte. No primeiro ano houve alguns atropelos, até porque a gente não tinha muita experiência. Mas, assim, na aula de cidadania, eu como tenho parte no movimento popular, eu comecei a perguntar ao jovem como é que funcionava uma Câmara de Vereadores, como é que funciona o Governo, como é que funciona o Prefeito, quais são as leis que funcionam dentro do nosso Brasil. E fazendo esse levantamento, que trabalha também o Estatuto da Criança e do Adolescente. Muitos deles não sabiam como é que funcionava o Governo nas três instâncias Federal, Estadual e Municipal. “O vereador, qual o papel do vereador? O Estatuto da Criança, você sabe disso?” E aí a gente tinha muita dificuldade de repassar isso até porque era um jovem que tava lá no canto, que não sabia as informações, que não tem informação clara. A escola não passa. A escola só diz: “Vamos pra escola.” Aprende português, matemática, geografia. Que na verdade deveria ter aula de cidadania, mas o Governo não se interessa. Porque um jovem mal informado, pra ele fica mais fácil conduzir para obter esses votos. E aí a gente tinha sempre receio do jovem para discutir esse tipo de coisas, qualquer que seja a política ou a convivência do bairro. Aos poucos estamos se desdobrando. E a primeira atividade que nós fizemos com o projeto de informática foi esse ano com um passeio com as crianças. O Gleisson , ele moveu um trabalho para solicitar dos comércios dentro da comunidade e eu fiz outra parte que foi para pedir aos amigos que eu conheço na cidade e que tem uma lanchonete, que tinha uma franquia de perfume. E aí a gente foi juntando o útil ao agradável e conseguimos recurso.


P2 – Recurso pra...


R – Pra o passeio. A gente conseguiu esse passeio no dia 12 de junho de 2004 com essas crianças. Foram 50 crianças, aí a gente pode dizer, selecionadas. Mas não foram selecionadas dizendo que aquela criança tinha que ser melhor. Pelo contrário. Nós pegamos as crianças das favelas, crianças que nunca o pai levou pra um zoológico. Criança que o pai não se interessa ou não tem tempo, está trabalhando. E conseguimos levar essas 50 crianças pra o zoológico. Infelizmente eu não trouxe o álbum de fotografia, mas em outra oportunidade a gente vai colocar no site junto com

. Que gente vai agradecer à Empresa de Ônibus Cidade Alta que doou o ônibus, a fábrica de pipocas (Carindó?) que doou pipocas. Ao rapaz que doou salsicha pra gente fazer o cachorro quente. Ao dono da padaria que doou os pães pra gente fazer o cachorro quente. Há a dona da franquia que doou dinheiro pra gente comprar refrigerante, copo descartável. E todo o conjunto. Saindo essa proposta da escola de CDI, da escola de informática (Chipsise?), a gente conseguiu desenvolver esse primeiro trabalho. A gente ta com um projeto agora de fazer uma gincana pra arrecadar alimentos pra dar ao pessoal da comunidade. Roupas, sapato pra doar ao Hospital do Câncer, que é uma instituição que precisa também de apoio. Esse trabalho a gente ta levantando na medida que a situação da gente dá. Se a gente der pra fazer isso a gente faz. Se não der a gente pula pra outra oportunidade pra fazer outra coisa. Mas até então a gente fica satisfeito. Com alguma dificuldade, mas a gente ta caminhando a passos lentos. Quando dá pra correr a gente corre. Quando dá pra caminhar a gente caminha.


P2 – Você podia falar um pouco da metodologia, assim, de trabalho, a pedagogia de trabalho, que é essa forma de ensinar informática que foi aplicada lá?


R – A metodologia, ela, pra gente passar pra comunidade não é fácil. Quando, assim, é um negócio bem leve que a gente possa passar com facilidade. A gente não disfarça de que forma? O aluno que nunca teve a oportunidade de mexer na máquina, e quando vê um computador acha que aquilo ali é coisa do outro mundo. Mesmo que ele tenha visto na televisão, tenha visto em jornais e revista, mas que nunca teve contato. E é fácil de poder dizer a ele: “Oh, a gente trabalha dessa forma. A informática funciona assim. A cidadania funciona assim.” A gente ta agora dentro da metodologia do projeto CDI. Na aula de cidadania a gente agora vai fazer um levantamento sobre a geração de empregos na comunidade. Que a gente vê que a maioria dos jovens masculino são cobradores de combi. Outros vendem amendoim. E, pra chegar aqui onde eu estou, não tenho muita coisa, mas o que eu tenho é o que a comunidade tem. Já vendi amendoim. Já trabalhei em casa de família. E aí os espaços que iam surgindo eu ia fazendo. A metodologia que a gente passa, que o CDI passa pra gente, a gente tem que passar com a melhor clareza possível, dentro da situação de que o aluno da nossa comunidade tem como aprender. Como facilitar a ele aprender as coisas. A gente pega pessoas que são leigas no assunto. A gente pega pessoas que não são interessadas. A gente pega pessoas de vários níveis de situações contrárias.


P1 – E como foi a capacitação? Vocês tiveram cursos de capacitação pelo CDI? Como é que foi isso?


R – Nós tivemos, e continuamos tendo, a capacitação. O meio que é muito cansativo e aí não é culpa do CDI, porque eles também apresentam a proposta que vem da Matriz num contexto geral. Mas assim, pra mim, pra o Gleisson e pra o Eliseu a única dificuldade é a seguinte. Que a gente mora num bairro distante. Pra chegar aqui é meio mundo de caminho. Eu larguei meu trabalho agora. Aí, graças a Deus, nós conseguimos antecipar essa entrevista. Assim, da capacitação, a gente veio pra cá ter uma qualificação. A capacitação é excelente, nós temos pessoas a níveis como o (Carau ?), o Sam, o Márcio e todo o corpo do CDI. Pessoas atenciosas com a gente. É cansativo porque a gente tem que vir pra cá e voltar pra lá. É distante. Mas a gente ta aprendendo mais. Eu aprendi informática porque eu trabalhava numa escola particular e era zelador. Fazia, como eu falei, sou mil utilidades. De cada coisa eu faço um pouquinho. E dentro da escola eu limpava a escola, comprava lanche, fazia serviço de banco. E aí a dona da escola disse: “Oh, eu não quero ficar nisso aqui não. Oh, Gilson, ta chegando três computadores aqui pra escola e preciso que você dê aula.” Eu digo: “Eu não sei mexer em informática. Como é que vai ser?” Ela disse: “Não, a gente vai pagar um curso pra você.” Pagaram cursinho particular lá pra ensinar os alunos lá. Aí ela pagou. Eu me interessei. Fiz. Tava dando aula de informática lá na escola particular. Agora ganhando a mesma situação que eu ganhava antes. O salário de auxiliar de serviços gerais. Mas aí eu não me preocupei com a questão de dinheiro. Me preocupei em aprender e passar pra poder ter, na frente, alguma coisa. Até hoje eu não tive nada, mas tudo bem. Pra mim tanto faz. Sem demagogia nenhuma, mas é aquilo que eu falei. Se a comunidade cresce, eu cresço junto. Até então a gente não conseguia fazer a comunidade crescer até porque pra boa parte comunidade crescer também depende do prefeito. Porque não adianta a gente fazer mil maravilhas porque a ONG ela não pode tomar o papel da Prefeitura, o papel do Governo do Estado. O Governo do Estado tem que se sensibilizar. A semana passada eu entrei no site do Presidente e comecei a escrever. Eu sou meio nervoso nessas coisas. Eu vejo que um camarada tá naquela situação de risco e não tem quem faça nada. Ontem nós passamos por uma questão. Um líder da comunidade, tinha um adolescente que na época que não, ele fazia parte, ele entrou dentro do grupo, a gente começou a conversar. Mas aí ele se desesperou e saiu do grupo. E com os 14, 15 anos o menino começou a botar uma arma na cintura. Foi roubar, foi matar, pintando e bordando. Aí, dois a três meses atrás, mataram ele. Mas aí a gente, eu não posso dizer que eu sou o culpado que não tem culpado. Até porque a gente não tem estrutura financeira boa. Mas assim, se a gente tivesse, se o Governo tivesse a responsabilidade social, a gente conseguiria reduzi, apoiando ONGs. Mesmo que o papel não seja da ONG, mas se o Governo do Estado ajuda a ONG a gente vai ajudar a comunidade. Mas assim, é gratificante? É. Cansativo? É. Às vezes pode dar uma loucura na pessoa “Ah, não quero mais não que cansa demais.” Já chegou essa oportunidade

de

dizer

que eu não queria mais. A minha esposa: “Mas ____.” Eu arrumo

um tempinho pra esposa, arrumo tempinho pra passear. Que é muito difícil eu estar passeando. Eu não gosto de sair final de semana, eu não gosto de festa. Eu não sou muito de festa. Eu sou muito de ação. E faço o trabalho de verdade. Quando o educador compreende isso e não tem condições de dar aula, eu faço questão de dar aula. Fico apelando para chegar o dia de dar aula mais pra ter o contato de poder ter aqueles alunos dentro da escola. Porque se a gente deixar o dia integral sem fazer nada, aí é aquela questão. Se desmantelam tudo. Eles começam a se desesperar e começam a dizer: “Ah, mas não tem emprego.” Tem emprego. Só não tem qualificação. Tem escola. Só não tem bons profissionais porque o Governo não investe. Mas se você se interessa a estudar o pouco que tem, a gente tem dentro da escola uma . Eu posso citar dois professores que hoje são professores de escola particular. Quem já se formou na Federal é professor de geografia. Tá fazendo um livro. Fez, tá lançando um livro. E a gente diz: “A escola pode ser ruim, mas depende de cada um.” Eu sempre dava aula de reforço de matemática. Mas como eu me envolvi no movimento estudantil e no movimento popular, eu relaxei. Ainda sei algumas coisas de matemática, mas eu relaxei pra aprender outras coisas. Mas ainda dou a minha aulinha de reforço e trabalho para a comunidade, com prazer.


P1 – Perfeito. Gilson, tem alguma coisa que você queria falar, alguma experiência que você queria contar e nós não perguntamos?


R – A experiência é essa mesmo. A experiência é essa. E a semana passada eu tive um atrito com um aluno porque eu quis mostrar a ele que as coisas não é do jeito que ele tem que pensar. Ele pode pensar uma coisa pra o futuro. Ele não pode pensar uma coisa só de lazer. Tem que pensar uma coisa pra ser um cidadão formado. Não ser um cidadão desinformado. E a experiência é essa, de estar dentro da comunidade, vendo a comunidade a cada dia entrando no mundo da violência. Quarta feira saiu uma matéria no jornal que eu fico triste. Eu fico até triste porque é o seguinte. Eu to com uma estrutura de tantos computadores lá. O camarada pode ser meu amigo, mas ___. Ele pode ser meu amigo, mas

de repente dá a louca nele. Mas eu acredito. Eu sou muito de acreditar nas pessoas. Não

dou muita atenção assim de acreditar e dizer: “Oh, to indo pra lá porque...” Não. Mas eu acredito. O papel da gente como cidadão é um trabalhar o resgate do outro, é resgatar o cidadão. Mas, assim, a experiência é essa. Desde quando eu nasci, não nasci em berço de ouro. Mas

. Existe vontade de lutar e oportunidade. O berço de ouro que a gente fala é assim, no linguajar nosso, todo mundo já entende. A oportunidade que a gente teve foi melhor do que a outra. Mas, e esse que não teve uma oportunidade melhor do que a minha? Por exemplo, eu posso ir correndo em busca da oportunidade. Só basta alguém ceder. O que falta no Ser Humano é poder dar atenção ao outro. Dar espaço. Eu trabalhei na Secretaria de Ação Social como estagiário. E o Seu Francisco, eu agradeço muito a ele também e à Professora Fátima de ciências, que me fez conduzir ao mercado da comunidade, da luta popular. E Seu Francisco, ele era Diretor. Eu entrei lá estagiário com 16 anos. Saí duma casa de família pra ir trabalhar, 14 a 16 anos, pela Febem. Só que o trabalho da Febem não era resgatar aquele de rua. Era aproveitar aquele da família. No meu caso, eu não era de rua. Mas eu consegui estagiar na Febem e fui exatamente assim, que eu queria trabalhar no social. Lá eu fazia mandados, lá no Instituto, Office boy. E aí o Diretor chegava pra mim: “ Você quer fazer o que? Tem isso aqui. Quer fazer o curso de encanação?” “Quero.” Aí ele botava pra fazer o curso de encanação.”Você quer fazer o curso de operador máquina de xerox?” “Quero.” Fiz. E assim a cada oportunidade que a eles me davam eu tava fazendo. Eu cheguei até a viajar, entregar máquinas. os cursos profissionalizantes que o governo tinha na época e hoje não tem mais. E assim a experiência é essa. A vida é que está ensinando. A gente aprende com a vida. É muito gratificante. A barreira é alta mas a gente conseguiu pular, atravessar, porque nem tudo nasceu pra ser fácil. As coisas a gente consegue é com dificuldade mesmo.


P1 – Tá certo. Obrigado, Gilson, em nome do Museu da Pessoa e do CDI a gente agradece. Obrigado.


R – Eu agradeço a vocês pela oportunidade, e pela escolha também. (Fim do CD).