Museu da Pessoa

Uma relação sem contraindicações

autoria: Museu da Pessoa personagem: Maura Lúcia da Costa

Projeto Aché
Realização Museu da Pessoa
Depoimento de Maura Lúcia da Costa
Entrevistado por Eliana Reis
Guarulhos, 15/06/2002
Código: ACHE_HV028
Transcrito por Leandro S. Motta
Revisado por Bruno Borin


P/1- Então, para começar eu queria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.

R - Meu nome completo é Maura Lúcia da Costa, nasci em Belo Horizonte, Minas Gerais.

P/1 - E que dia, mês e ano?

R - 19 de abril de 1964.

P/1- Sua família é toda de Minas?

R- Toda de Minas. Meus pais, meus irmãos, todos nasceram em Minas.

P/1- E você sempre morou em Belo Horizonte?

R - Sempre morei em Belo Horizonte.

P/1- E quando é que você entrou no Aché, Maura?

R - Quando? Bom, eu comecei no Aché aos 21 anos de idade. Foi em 1985.

P/1- Como você soube da vaga no Aché?

R- Bom, foi através do meu irmão, que na época estava trabalhando na obra, na construção que hoje é o prédio do Aché. Ele estava na função de mestre de obra e soube da vaga com um colega também da construção, que hoje atua na parte de vendas. Ele que comunicou meu irmão que havia uma vaga para auxiliar de escritório. Me encaminhei até a empresa, que era na casa que hoje ainda permanece ao lado da nova construção do prédio do Aché. Me submeti a testes, entrevista… E, creio eu, que me saí bem, pelo fato de até hoje estar na empresa.

P/1- Você se lembra como era essa casa que você foi?

R- Era uma residência comum onde tem as divisões, parecia como se fosse uma casa mesmo. Uma divisão com quarto, uma sala de estar que era utilizada para todo o processo de escritório a burocracia... Na época não tinham salas para os gerentes, supervisores, que hoje são os GD, então nós tínhamos um escritório à parte que era no centro mesmo de Belo Horizonte. Então tinha que encaminhar o trabalho do centro para o escritório lá no bairro Santo Agostinho, que é onde é a filial hoje. Tinha todo o processo do trabalho do escritório para poder encaminhar para São Paulo.

P/1 - Essa casa onde você foi fazer o teste ficava em qual endereço?

R - Na Rua Gonçalves Dias, número 3172, no Bairro Santo Agostinho.

P/1- É perto do centro?

R - É próximo ao centro.

P/1- E você começou a trabalhar no Aché nesta casa?

R - Comecei nessa mesma casa. Trabalhei lá, creio eu, um ano e meio a dois anos nessa casa.

P/1- E foram transferidos para outro local?

R - Não, na própria casa. Acompanhamos a construção, todo o trabalho, a obra, cada passo que estava sendo feito a gente estava acompanhando. Até o dia de nós fazermos a mudança mesmo, de pegar o material e levar para a casa nova. Era tudo próximo ao lado mesmo, era só sair do portão e entrar no outro. Foi um período, assim, muito gostoso, casa nova, tudo novo, eu também (era) nova na empresa.

P/1 - Esse prédio é onde funciona hoje a filial?

R - É onde funciona hoje.

P/1- Como ele é? Descreva.

R- Ele tem a entrada, tem os vidros fumê escrito Aché na frente. São, se não me engano, quatro andares, onde temos o salão nobre no quarto andar. Salão nobre já se entende. [risos]

No primeiro andar, onde nós estamos hoje, tem os escritórios que a gente está atuando, com as salas dos gerentes GD. Porque, pelo fato de não termos mais o trabalho diretamente com as farmácias e por ser através da distribuidoras, os outros andares foram alugados para as outras empresas. Por ter reduzido o quadro, não tem mais o estoque como tinha antigamente.



P/1 - Hoje são quantos funcionários trabalhando na filial?

R - Talvez uns 170.

P/1 - Contando com os propagandistas?

R- Com os propagandistas mais ou menos uns 170, creio eu, mais ou menos. Mas na área administrativa nós somos sete pessoas.

P/1- Quando você começou a trabalhar no Aché havia um relacionamento direto com farmácias?

R - Isso.

P/1 - E vocês tinham estoque?

R - É aquela coisa de como se fosse... assim: igual hoje é a filial, então o produto sairia daqui da matriz. O medicamento seria levado e estocado na filial, e era onde nós tirávamos pedido, aprovação do pedido, emissão de notas... Fazer tudo manualmente para poder ser separado e enviado para as farmácias. Não existia o trabalho da distribuidora, como existe hoje. Então era um trabalho direto, era venda direta. Os propagandistas vendiam diretamente na farmácia.

P/1 - E a entrega desses medicamentos na farmácia, era feita por quem?

R - Através da filial mesmo. É onde existia o estoque, tinham vários rapazes que trabalhavam conosco no estoque. Tirar as notas, embalar, trabalhar com transportadora... tudo era feito por lá.

P/1 - Farmácias pequenas, farmácias grandes?



R - Farmácias pequenas e as grandes redes. Pequenas farmácias.

P/1 - Só região de Minas Gerais no início?

R - Exato, no início.

P/1 - Depois houve alguma ampliação?

R - Não. Modificou a parte do triângulo Mineiro, quem faz hoje é a filial Minas, filial de Goiás, como uma parte também de Ribeirão Preto.

P/1 - A sua rotina de trabalho mudou muito ao longo desses anos?

R- Mudou pelo fato da informatização, então foi um pouco mudado. A questão da mudança também de centralizar o trabalho para as distribuidoras. Na época a gente tirava muitos pedidos, tinha que fazer aprovação, era um ritmo bem diferente do trabalho de hoje. Era cobrança. Tinha que ser baixada a cobrança, aqueles boletos e tudo mais, verificar se o cliente tem crédito ou se não tem, quando aprovar um pedido... Então, hoje tudo isso a gente não tem mais. Mas, dentro da burocracia do trabalho do escritório, tem bastante trabalho, mas é bem diferenciado da época que não existia informática. Era tudo manual, datilografado, então era bem diferente.

P/1 - Hoje, o que faz a filial?

R - O que ela faz? É para assessorar, auxiliar o departamento de vendas, que é o forte do Aché mas que depende também da administração. Administrar todo o processo e a visitação médica, a burocracia da visitação médica, o controle também do SBN, os relatórios... Vários trabalhos dentro da burocracia que dependem do escritório, então é muita coisinha. Tem o departamento pessoal, questão do faturamento que foi modificado pelo fato de não trabalharmos mais. Então tenho a impressão que foi eliminado o faturamento, por não trabalharmos mais diretamente com as farmácias, mas tem muita coisinha que depende mesmo da administração, que não tem como sair da administração.

P/1 - Esse trabalho com farmácias, com estoque, faz muito tempo que foi desativado?

R - Ah, já tem alguns anos.

P/1 - E a relação de vocês com os propagandistas, como é?

R - Nós temos um relacionamento assim, até agradável. É claro que com o pessoal do interior a gente se comunica muito, mas é por telefone. Às vezes você conhece, conversa. Mas às vezes você vê e não sabe quem você está vendo, se não se identificar. A gente tem um bom relacionamento, é amigável nos contatos que nós temos. Agora, o pessoal da capital é mais próximo, a gente se vê mais. Às vezes em alguns eventos, encontros que são programados, a gente está sempre junto. Troca alguns... Bate um papo, fica mais descontraído. É agradável o nosso relacionamento.

P/1 - Há momentos de encontro, de lazer, do pessoal da administração com os propagandistas?

R - Não é uma coisa constante não, mas às vezes ocorre uns encontros. A gente descontrai, vai se conhecer, bater um papo.

P/1 - Festas de final de ano?

R - Isso. A confraternização, às vezes um aniversário… Vamos fazer um churrasquinho, aí se reúne no final da tarde e conversa, bate um papinho, se descontrai ali. A turma é agradável.

P/1 - E quanto ao voluntariado? Já há algum trabalho de voluntariado na filial Minas?

R - Não, no momento não. Naquele trabalho que ocorreu, foi no final do ano?

P/1 - Do ano passado, em outubro?

R- Aquele trabalho foi gostoso. Todo mundo se envolveu, todo mundo ficou assim motivado mesmo, sabe...

P/1 - O que vocês fizeram lá em Minas?

R- Olha... eu particularmente não saí para fazer nada. [risos] Fiquei no escritório para assessorar quem estava no campo, como diz, a trabalho do voluntariado. Mas as meninas visitaram um hospital que atende crianças com câncer, então foi um trabalho assim gratificante. Ficaram comovidas mesmo, se empenharam, dedicaram aquele dia, para aquela ação que foi feita. Colocaram no coração. Vocês vão fazer… A gente precisa mesmo trabalhar nesse sentido: “vamos ajudar, vamos consolidar, tem muita gente precisando aí de um abraço, de uma palavra, de um carinho. Não só coisas materiais”. Um outro lado também: atualmente não tem esse trabalho assim, especifico. Às vezes tem, alguns dos funcionários talvez tenha uma ação deste tipo particularmente.

P/1 - Mas para o futuro vocês pretendem fazer trabalhos nesse sentido?

R - Eu creio que pode haver sim a possibilidade de a gente fazer um trabalho neste sentido, voltado para o voluntariado. Às vezes a gente fala assim: “poxa, mas é tudo tão corrido, não temos tempo”, mas se você for analisar dá um jeitinho, arruma um tempo. Consegue conciliar, às vezes, com o momento do seu lazer, um hobby que você venha a praticar. Às vezes você consegue conciliar e colocar em prática essa ação do voluntariado. Estender a mão por um momento.

P/1 - Você já conhecia a matriz aqui em Guarulhos?

R - Não, é a primeira vez esta oportunidade que eu estou tendo.

P/1 - E você veio especificamente para fazer o que, Maura?

R - Justamente para fazer um curso voltado para o voluntariado.

P/1 - Com perspectiva de trabalho em Minas Gerais?

R - Com perspectiva de trabalho.

P/1- Então eu queria te agradecer e, por fim, eu queria te perguntar: o que você acha de contar a sua história aqui?

R - Bom, é gratificante saber que no caso já há 17 anos que eu estou na empresa. E hoje essa oportunidade que eu estou tendo de conhecer um pouco do Aché, e estar falando um pouco, fazer parte desta história do Aché, é maravilhoso é gratificante.

P/1- Muito obrigada.

R - Por nada.