Museu da Pessoa

Uma nova comunidade

autoria: Museu da Pessoa personagem: Daiane Wehrein Santos de Souza

Projeto Mulheres Empreendedoras Chevron
Entrevistada por Rosana Miziara
Depoimento de Daiana Wehrein Santos de Souza
(Bom Será) Itapemirim, 03 de maio de 2012
Realização Museu da Pessoa
Código MEC_HV013
Revisado por Letícia Maiumi Mendonça


P/1 – Daiane, você pode falar o seu nome completo, local e data de nascimento?


R – Daiana Wehrein Santos de Souza,


P/1 – Você nasceu em que ano? A data inteira.


R – Dia 22 de fevereiro de 1994.


P/1 – Em que local?


R – Itapemirim.


P/1 – E seus pais são aqui de Itapemirim?


R – Sim.


P/1 – Bom Será ou Itapemirim?


R – Bom Será.


P/1 – E seus avós?


R – Bom Será também.


P/1 – Todo mundo é de Bom Será?


R – Não, avós… Deixa eu ver… Maternos são de (Taipá?) e os paternos de Bom Será.


P/1 – Você sabe o que os seus avós de pai e de mãe faziam?


R – Não.


P/1 – E seu pai trabalha com o que?


R – No momento ele trabalha em roça e minha mãe em casa de família. E meus avós também sempre trabalharam em roça aqui mesmo, na Usina Paineiras. Agora ele se aposentou e está parado.


P/1 – E a sua mãe em casa de família?


R – Casa de família.


P/1 – E você tem mais irmãos?


R – Tenho um de 23, um de 13 e uma de 11 anos.


P/1 – E como é que era a sua casa em Bom Será, é a mesma casa ainda?


R – É, a mesma casa.


P/1 – Como é que era onde você morava quando você era pequenininha?


R – Uma casa simples, onde eu morava com meus pais e meus irmãos. Ah, simples, como uma casa qualquer.


P/1 – Você dormia, dividia o quarto com seus irmãos? Como é que era?


R – Dividia, com meus dois irmãos. Porque era pequena, né, tinha o quarto dos meus pais, eu dormia com meus irmãos, a cozinha e o banheiro.


P/1 – Como é que era, você brincava? Como é que eram as suas brincadeiras quando você era pequenininha? Com seus irmãos, na rua, com seus amiguinhos?


R – Ah, brincava com meus irmãos, com minhas colegas que iam lá. A gente inventava casinha, brincava muito de amarelinha, pulava elástico. Sempre inventava, a gente brincava de escolinha, eu dava aula pra eles, era assim.


P/1 – Com quantos anos você entrou na escola?


R – Com 6 anos. Com 5 anos, no prézinho.


P/1 – Como é que você ia para escola?


R – A pé, caminhando mesmo, aqui em (Montesert?), mesmo. Até os meus 11 anos eu estudei aqui, aí dos 12 anos é que eu estudei longe, na Vila.


P/1 – E como que é que era ir pra escola, você gostava?


R – Gostava, o ônibus vinha aqui, às vezes o ônibus não vinha. Na época de férias que a gente voltava a estudar de novo, às vezes ficava um mês sem vir um ônibus aqui, que não tinha. Às vezes vinha, às vezes faltava, o ônibus quebrava, não podia vir porque estava chovendo muito. Aí a gente rodava por Beira Rio, o ônibus agarrava lá e a gente ficava todo mundo a pé, nós viemos caminhando de Beira Rio até aqui

quando agarrou… Juntava um galerão todo mundo e vinha caminhando e chegava em casa de noite, chovendo. Uma vez que a gente veio de Beira Rio a pé, molhados, sujou tudo de lama! Nós viemos todos caminhando.








P/1 – Do que é que você mais gostava na escola nesta época?


R – Ah, eu gostava de estudar, dos meus colegas, das amizades, gostava muito. Agora eu tive que dar uma paradinha na escola. Eu estudei até o ano retrasado quando eu engravidei, agora estou dando uma parada, esperando o crescer para voltar a

estudar de novo, pra terminar


P/1 – Tem alguma professora dessa época que você lembra?


R – Tem.


P/1 – Qual é o nome dela?


R – Quando eu estudei aqui em Bom Será, era a Ildaci e Marizete. Lá no Washington já foram mais professoras, foram Jaqueline,

ngela Rita, Márcia Helena, Vera Cilda… Eu lembro destes, só. Anderson, Daniel… Agora esqueci o resto.


P/1 – E dessas professoras qual era a que você gostava mais?


R – Jaqueline.


P/1 – Como é que ela era?


R – Ah, ela era simpática, sabia ensinar a gente, tinha uma alegria, não era uma pessoa ignorante para ensinar. Era muito atenciosa para ensinar, muito divertida com a gente. Tinha momentos em que ela dava aula, tinha momentos em que ela brincava com a gente, ria, conversava. Agora, os outros já não eram assim com a gente, eram mais… Tinha uma que eu não gostava daquela professora, porque ela era uma pessoa muito ignorante, nem sei se ela também gostava de mim…




P/1 – … Por que você acha que ela não gostava?


R – Não sei! Eu nunca fiz nada com ela, mas ela era uma pessoa assim, que não sabia conversar com a gente. Eu não gostava dela.


P/1 – Tem algum fato que marcou, algum dia na escola, alguma história que você tenha dessa época da escola?


R –

… Agora… Não…


P/1 –

… Um amigo, alguma coisa que vocês aprontaram, alguma coisa divertida, alguma coisa legal?


R – Hmm, não lembro, agora, no momento, não lembro.


P/1 – E você ajudava sua mãe na sua casa, como é que era?


R – Ajudava, eu acordava cedo. Ela trabalhava em casa de família, eu tinha que arrumar as coisas, lavar a roupa, fazer almoço para os meus irmãos para sair para o colégio.


P/1 – Com quantos anos você já fazia almoço para os seus irmãos?


R – Com 11 anos… Eu tinha que fazer a comida e deixar para eles almoçarem, lavar roupa, arrumar a casa. Aí eu saía para escola.


P/1 – E quando você voltava da escola…




R – … Eu chegava, lanchava, depois jantava, aí já ela é quem fazia a janta. Nós jantávamos, assistíamos televisão e depois ia dormir. No outro dia, a mesma coisa.


P/1 – E quem é que exercia a autoridade na sua casa, seu pai ou sua mãe?


R – Papai. Mas, às vezes, ele era ignorante também e não sabia falar com a gente. Às vezes conversava… Era assim, mas ele é quem mandava em tudo, o que ele falava, tinha que fazer. Mamãe já era mais calma.


P/1 – Você era de aprontar muito?


R – Às vezes.


P/1 – É? O que é que você aprontava?


R – Não, quando eu era solteira, em casa. Depois, que ele soube que eu engravidei, ele zangou, brigou comigo, falou umas coisas lá em casa que agora, no momento, eu não me lembro o que ele falou, mas ele zangou. Aí minha mãe conversou com ele também… Mas ele não gostou, não.


P/1 – E vocês tiveram algum tipo de educação religiosa?


R – Você quer dizer, na igreja?


P/1 – É.


R – Eu vou para igreja desde pequenininha, porque eu acompanhava a minha avó.


P/1 – Igreja católica?


R – Católica. Para os meus pais, não pode ir à igreja. Eu ia com a minha avó. Era tudo, saía para comunidade com vovó, aqui em Bom Será com minha avó, tudo com a minha avó. Porque os meus pais não são de ir assim, muito, na igreja. Iam, assim, mas não eram de ir muito, não. Foi lá que eu conheci o meu namorado com quem eu sou casada hoje.


P/1 – Com quantos anos você conheceu o seu namorado?


R – Eu conheci com 13, 14 anos, eu falava com ele, conversava. Com 15 anos comecei a namorar com ele.


P/1 – Foi o seu primeiro namorado?


R – Foi, meu primeiro namorado.


P/1 – Você gostou dele logo que você o conheceu ou não?


R – Não, fui gostando de pouquinho, quando eu fui ficando com ele, aí eu fui até gostar dele, fui gostando dele.


P/1 – Por que é que você gostava de ir à igreja?


R –

O meu coração… Sei lá, eu gostava mais de ir à igreja do que de estar em casa.



P/1 – Por que?


R – Porque lá eu me sentia mais… Mais…


P/1 – … Fala…


R – … Eu gostava de estar lá, de ver as pessoas, saber as coisas lá na igreja, é muito bom isso aí, muito bom.


P/1 – Mas você sentia mais o que na igreja do que na sua casa, que você ia falar?


R – Mais alegre, meu coração mais aberto na igreja. Em casa era ruim, porque eu não sou muito de conversar com meus pais. Na igreja, não, eu já sentia mais aberto, já via pessoas diferentes, conversava mais. Em casa eu não era de conversar com os meus pais.


P/1 – E com a sua avó?


R – Nossa, minha avó sabia tudo! Eu era mais aberta com ela, ela está aqui hoje, está ali fora, do que com meus pais. Não sei por que… Eu já perguntava as coisas a ela, como é que são as coisas, conversava bem mais com ela do que com a minha mãe.


P/1 – E aí você conheceu seu namorado. Como é que ele te pediu para namorar? Você lembra o dia, como é que foi?


R – Foi através de uma colega. Eles conversaram e mandaram o recado para mim. O primeiro que a gente ficou foi no paço da igreja mesmo. Ela falou para mim… Aliás, olha, ele ficava insistindo para eu ficar com ele e eu nunca queria ficar. Aí, teve certa época que ele viajou e me deu vontade de conhecer ele melhor e de ficar com ele. Foi quando ele chegou da pescaria, uma colega falou com ele, aí ele foi para igreja, eu também fui e lá nós conversamos e ficamos. Quando passaram alguns dias, ele foi lá em casa, pediu a papai e papai deixou, porém falou que eu era nova, eu estava com 15 anos quando comecei a namorar com ele. Começamos a namorar, ele viajava e a gente se via poucas vezes, porque ele viajava e ficava vinte dias lá.


P/1 – Como é que é, o que é que ele fazia?


R – Pescador.


P/1 – Com quem?


R – Ele ia com o Atlas, o patrão dele. Fora os colegas que iam com ele, Geneilson, Leison. Ficavam vinte dias lá…


P/1 – … Quantos anos que ele tinha nessa época?


R – Vinte e seis.


P/1 – Ele era onze anos mais velho do que você?


R – Já…




P/1 – … E aí?


R – Aí, hum…


P/1 – … Fala. Ele ficava vinte dias fora…


R – … Ele ficava vinte dias fora e quando chegava a gente se via, mais no final de semana, só, que ele ia lá em casa quando chegava e nós ficávamos juntos. Aí fomos namorando assim e com meus 16 anos eu engravidei, aí casei…


P/1 – … Quando você contou para o seu pai e para sua mãe que você estava grávida, como é que foi?


R – Nossa Senhora… Primeiro contamos para mamãe. Passaram umas horas, nós achamos que mamãe ia passar mal, porque ela tem problema nervoso, pressão alta. E ela ficou calma e aí conversamos com ela. Depois falamos com papai e ele começou a falar um bocado de coisas lá, que agora eu não me lembro. Não lembro o que ele falou, mas ele zangou, se aborreceu. Quando foi no outro dia, ele foi lá e falou umas coisas com o Léo também, que, agora, no momento, eu não lembro o que ele falou, mas ele zangou. Aí, depois de um tempo nós casamos, com cinco meses de gravidez nós casamos.


P/1 – E quando você contou para o seu namorado que você estava grávida, o que é que ele falou?


R – Não, eu não contei, assim, que eu estava grávida. Eu estava desconfiando, porque a minha menstruação não estava vindo, eu estava sentindo uns enjoos, mal estar, aí eu fui contando para ele. Quando eu estava grávida mesmo, ele já sabia, porque eu já tinha contado para ele que eu estava sentindo mal estar, que vomitava de manhã cedo. Aí teve uma certa época que eu falei pra ele que eu estava grávida, porque minha menstruação não vinha.


P/1 – E ele?


R –

Ah, ele ficou alegre e ao mesmo tempo não, porque eu era muito nova, a gente ia casar, não íamos aproveitar muito a nossa juventude. E aí nós casamos, eu com cinco meses de gravidez.


P/1 – E você estava com medo de casar?


R – Não. Eu casei, mas eu não tinha medo de “ganhar a lã”, não tinha medo de casar. Eu só achava que eu era muito nova.


P/1 – O que é que é “ganhar a lã”?


R – Ganhar a lã é a hora do parto.


P/1 – Chama “ganhar a lã” aqui?


R – É… Mas eu não tinha medo, não fiquei nervosa.


P/1 – E vocês foram morar onde quando vocês casaram?


R – Com a minha sogra, hoje eu moro com a minha sogra, ainda.


P/1 – É legal lá?


R – É, meu sogro me trata muito bem, ela também me trata muito bem. Nós vamos vivendo, né, até construirmos para nós.


P/1 – E você nunca trabalhou fora?


R – Não, só estudava, aí agora…


P/1 – … Você parou de estudar?


R – Por enquanto eu estou parada.


P/1 – Você estudou até qual série?


R – Até a oitava série, comecei a fazer o primeiro ano, mas só que não terminei. Eu vou esperar ele crescer mais um pouquinho. E ela fica com ele e eu vou estudar.


P/1 – O seu marido continua sendo pescador?


R – Sim.


P/1 – No mesmo trabalho.


R – É, ele é pescador, mas agora, no momento, ele deu uma paradinha na pesca e está vendendo abacaxi. Ele só chega no final de semana.


P/1 – E como é que você ficou sabendo aqui, desse projeto?


R – Através… Não, por minha sogra aí! Elas ficavam me chamando: “Vem, Daiane.” A Rosa também me chamava. Teve um certo dia que eu tive que ir, as meninas ficavam me falando: “Vem, vem, que aqui é muito bom.” Aí no outro dia eu vim para saber como é que era. E gostei, estou aqui até hoje.


P/1 – Mas você fez curso de bordadeira?


R – Não, não fiz curso.


P/1 – Você faz o que no projeto?


R – Eu sou da produção. Eu vou no desenho, colo na entretela e colo na blusa, aí minha sogra e minha avó costuram e as bordadeiras bordam.


P/1 – E você sabia fazer isso que você aprendeu?


R – Não, não sabia…


P/1 – … Quem te ensinou?


R –

Não tinha nem noção! As meninas aqui, a Heloisa, que fizeram o curso e eu não fiz. Elas que me ensinaram e aí hoje eu sei fazer.


P/1 – Há quanto tempo você já está no projeto?


R – Dez meses.


P/1 – O que é que mudou na sua vida desde que você entrou no projeto?


R – Ah, mudou coisas, porque coisas que eu faço aqui eu não sabia fazer. Não sabia costurar direito, não sabia bordar, e aqui elas me ensinam a bordar. Coisas que eu não sabia fazer, eu faço agora, aprendi com elas. É muito bom estar aqui, porque a gente se diverte muito, fica com o coração mais aberto. Lá em casa, só tem a minha casa. Aí eu ficava lá em casa sem conversar com ninguém, com meu filho, porque a Rosa vinha para cá e eu ficava lá sozinha. Aqui, não, aqui eu já converso, falo mais da minha vida, elas falam, partilham tudo. É muito bom estar aqui.


P/1 – O que é que vocês conversam?


R – Hum, muita coisa, muita coisa. Tem coisas da nossa vida mesmo, a gente se abre mais com elas. Elas também falam da vida delas, se divertem também, ri, todo dia.


P/1 – Você vem todo dia aqui?


R – Menos terça feira.


P/1 – E você é a única novinha aqui?


R – É.


P/1 – Como é que é conviver com pessoas que têm idade para ser sua avó, sua mãe e você novinha?


R – Ah, para mim é diferente, porque com as minhas colegas que eu convivia na escola, as conversas são mais diferentes, né, são mais maduras. Lá na escola a gente conversava, qualquer coisa que vinha na cabeça a gente falava, aqui, não. Às vezes, dão conselhos, falam que eu não posso fazer isso, que não pode fazer aquilo, e lá na escola, não. Mas é bom conviver com elas também, porque elas me ensinam também.


P/1 – Qual foi um dia que você se lembra do projeto, que foi marcante, que aconteceu alguma coisa?


R – No café da manhã, lá na Vila. Foi muito bom, conheci pessoas que eu nunca tinha visto, nos trataram muito bem, foi muito bom lá na Vila.


P/1 – Conta como é que foi o café, eu não sei.


R – Nós chegamos lá de manhã cedo, umas sete e meia da manhã, tomamos o nosso café da manhã. Aí teve uma conversa sobre o mutirão aqui, porque…




P/1 – …

E aí?


R – Aqui não terminou ainda, porque falta pedreiro, ajudante, aí não terminou ainda, mas vai terminar um dia, se Deus quiser. Puseram para vir para cá no final de semana. E chamou um colega dele para vir no final de semana para cá para poder reformar isso aqui. Porque a Prefeitura deu os materiais todos para a reforma. Agora só está precisando de pedreiro e ajudante para terminar.


P/1 – Você ganha dinheiro com esse projeto?


R – Depende da encomenda, se tiver encomenda nós ganhamos. Quando nós fizemos as toalhinhas para Chevron, nós ganhamos. Agora nós estamos com mais encomendas, tem as toalhas do restaurante, tem da Prefeitura, tem as toalhas de mão que nós estamos fazendo para entregar. Mas, no caso, esse dinheiro que nós vamos fazer, eles vão depositar na conta, porque a Chevron doou 2 mil reais para nós, mas nós temos que tirar para comprar os materiais. Agora nós vamos ter que repor esse dinheiro para deixar na conta, porque quando a gente precisar para comprar os materiais já tem. Por enquanto nós não estamos ganhando, não. Só depois que a gente depositar na conta de novo. No caso é mil reais que nós temos que depositar lá.


P/1 – O que é que você espera desse projeto?


R – Ah, subir na vida, assim… Crescer aqui… Agora eu não lembro… Ah, crescer aqui, trabalhar aqui para poder ajudar o meu esposo também, dar ao meu filho as coisas que ele quer, que ele possa pedir e eu dar a ele. Porque o meu esposo é pescador, mas ele não recebe muito. Que eu possa ajudar a ele também.


P/1 – Com quantos anos está o seu filho?


R – Um ano e sete meses.


P/1 – E você deixa ele com quem, já que você e sua sogra vêm para cá?


R – Não, ele vem. Hoje é que minha mãe não foi trabalhar e ficou com ele, mas ele vem pra cá.


P/1 – Ele fica como, aqui com vocês?


R – Ele brinca, tem a hora do banho dele, tem a hora do almoço, tem a hora do sono dele. Aí ele dorme e eu faço as coisas. Ele brinca, eu estou fazendo as coisas. Às vezes, fica enjoadinho, quer colo, a minha sogra ou eu pego ele. Tem outro menininho também, que a mãe dele hoje não veio, porque não pôde. Briga, morde, fica batendo, às vezes, fica brincando, às vezes, não brinca, fica mordendo, batendo, brigando. Tem que ficar olhando os dois, eles têm a mesma idade.


P/1 – Olhando tudo o que você já fez na sua vida, se você tivesse que mudar alguma coisa, você mudaria? Faria diferente?


R – Sim, teria mudado sim, porque, de repente, eu não teria engravidado logo. Eu poderia mudar isso. Não por arrependimento de ter ele, porque eu amo muito ele, mas de ter meu filho um pouco mais tarde com meus vinte e poucos anos, depois que eu tivesse terminado meus estudos e tivesse um emprego bom, isso que eu teria mudado.


P/1 – Qual é o seu maior sonho hoje?


R – Ser alguém na vida. Terminar meus estudos e ter um emprego bom.


P/1 – Você quer se formar?


R – É.


P/1 – Em que?


R – Olha, eu tinha muita vontade de ser professora. Assim, eu não desanimei dessa profissão ainda, eu tenho muita vontade de ser professora.


P/1 – Como é que foi pra você contar a sua história de vida aqui, hoje?


R – Bom. Assim, se abrir mais, isso estava preso aqui. Nunca tinha falado disso com ninguém, assim, da minha vida todinha. Desabafei.


P/1 – Obrigada.


R – De nada.


P/1 – Nossa! Que graça, hein? Obrigada, deixa eu te dar um beijo. Foi lindo, é linda a sua história, que história bacana, que sorriso lindo. Como ela fala bem, que ótimo!


--- FIM DA ENTREVISTA ---


Dúvidas

Taipá
Montesert