Quando eu era pequena, costumava ler por horas a fios, diversos livros. Obrigava meus pais a lerem junto comigo, quando um lendo uma frase ou trecho. Que alegria foi quando minha mãe me levou, pela primeira vez, até a Biblioteca Comunitária Messias de Freitas! A biblioteca tornou-se um vício par...Continuar leitura
Quando eu era pequena, costumava ler por horas a fios, diversos livros. Obrigava meus pais a lerem junto comigo, quando um lendo uma frase ou trecho. Que alegria foi quando minha mãe me levou, pela primeira vez, até a Biblioteca Comunitária Messias de Freitas! A biblioteca tornou-se um vício para mim. Comecei a frequentá-la todos os dias, devorava livros, matava minhas aulas do ensino fundamental no lugar. Os voluntários tornaram-se amigos, os usuários também. O espaço era ponto de encontro para uma juventude que gostava de ler, além de local para interagir com os mais velhos. Tempos dourados foram aqueles em que a biblioteca tinha um lugarzinho no coração do Csu Amazonas, em Contagem! Mas tudo mudou quanto fomos despejados, obrigados a nos alojar em um pequeno recinto comercial, onde os livros ficavam amontoados em estantes que não mais os suportavam, em caixas espalhadas pelo chão e embaixo das mesas que restavam. Aliás, as mesas, que antes serviam para estudar ou reunir alguns amigos, jogar ouija ou qualquer outra coisa, agora ficavam empilhadas no alto das estantes porque não mais cabiam no pouco espaço disponível. Por muito tempo a biblioteca se manteve nessas condições miseráveis, recebendo ajuda de alguns políticos mas que mal davam para pagar despesas com o aluguel. Para sustentar a compra dos livros (carinhosamente adquiridos para atender os caprichos de uma comunidade leitora), eram feitos trabalhos de reciclagem de livros escolares, doados quando perdiam a validade. Mas esses políticos abandonaram o projeto após serem eleitos para cargos mais altos e ninguém mais quis abraçar o projeto. Os ganhos com os trabalhos voluntários não mais custeavam todos os custos da biblioteca e, após 25 anos atendendo a comunidade do bairro Industrial/Amazonas de Contagem, a biblioteca foi fechada e seus livros vendidos para pagar dívidas remanescentes.
Me orgulho de dizer que fiz parte dessa história e me entristeço ao lembrar do triste fim de um espaço tão belo! Graças a todo o aprendizado, amizades e amor por aquele espaço, hoje escolhi como profissão a biblioteconomia, mas com a certeza de que nasci bibliotecária de coração.Recolher