Museu da Pessoa

Tudo acaba em... Pastel!

autoria: Museu da Pessoa personagem: Terezinha Stabile

P-Boa tarde dona Terezinha.

R-Boa tarde.

P-Eu queria que a gente começasse essa nossa conversa com a senhora dizendo seu nome completo, local e a data do seu nascimento.

R-Terezinha Estabele nascida em Paraibuna no dia 03/06/47.

P-E como e que é o nome do seu pai?

R-Manoel Estabele.

P-E sua mãe?

R-Maria das Dores Estabele

P-E os seus avós?

R-Nicolau Estabele e Maria Francisca Maia de Jesus

P-E o que

os seus avós faziam dona Terezinha?

R-Meus avós trabalhavam com bastante quitanda sabe, minha vó fazia sequilhos,fazia bolo de penca na época. São esses bolinhos comuns de padaria, de polvilho

e também eles começaram a trabalhar com pastel, só que o pastel eu não sei se eles foi (enfiado?) Paraibuna-, eles trabalhavam com pastelzinhos meus avós.

P-E os seus avos são imigrantes italianos...

R-Italianos, não só o meu avô.

P-A senhora sabe quando ele chegou?

R-Eu não lembro direito, eu não cheguei a conhecê-lo, eu só conheci a minha vó, ele não. a gente também era pequeno na época,não tivemos curiosidade de perguntar.

P-Então eles trabalhavam já com o comercio?

R-Comercio.

P-lá em Paraibuna mesmo?

R-Em Paraibuna, é, fazia essas coisinhas pra fora cocada, sequilinho tudo isso eles faziam.

P-Isso os avos os pais do seu pai.

R-O pai do meu pai.

P-E os pais da sua mãe, a senhora sabe o que eles faziam?

R-Eles eram lavradores.

P-Lá de Paraibuna mesmo?

R-Lá de Paraibuna mesmo.

P-E a senhora tem irmãos dona Terezinha?

R-Tenho mais cinco...mais seis irmãos.

P-E como é que são? mais quatro irmãs?

R-Quatro mulheres e três homens agora são dois que faleceu um , um faleceu.

P-E a senhora então nasceu em Paraibuna, quer dizer cresceu em Paraibuna.

R-Nasci e cresci em Paraibuna.

P-Eu queria que a senhora contasse pra gente como era Paraibuna na sua infância,

que a senhora descrevesse a cidade pra nós.

R-A cidade não mudou muito não , pelo menos que eu tenha percebido assim, foi uma cidadezinha pacata , tinha um povo muito simples, humilde como é ate agora, era uma cidade assim não muito movimentada e tinha mais pessoas do que agora que a população era maior, depois quando foi fundada a represa lá o povo então começaram a se espandir, saíram da cidade.

P-Porque isso ai?

R-Porque pegou muitas terras lá, dai eles começaram a vir embora pra fora e como também Paraibuna como não é cidade que não tem fabrica, não tem onde trabalhar, o povo saiu muito de la e veio pra São Jose, Jacareí, minha irmã mesmo veio pra Jacareí, agora que ela voltou novamente pra Paraibuna então o pessoal saiu muito de lá e o pessoal que ficou lá foi só o de manutenção da represa o povo mesmo de lá quase a maior parte foi embora.

P-E como é que era na sua casa, o cotidiano da sua casa que são seis irmãos no total,

de manha acordava ia pra escola, como é que era?

R-De manhã meus irmão trabalhavam fora, pelo menos os moço eu me lembro trabalhavam fora, as menina não as menina já desde pequena trabalhavam com a mamãe ajudando ela a fazer os pasteizinhos.

P-Já tavam ajudando desde pequeno?

R-Desde pequeno porque meu pai herdou do meu avo, então nós fomos todos criados ali no pastelzinho,ninguém trabalhou fora dos meninos , só eu que me formei e fui trabalhar, no final de semana eu trabalhava no comercio.

P-Mas estudava, todas as crianças estudavam.

R-É quase todos estudavam

P-E não tinha tempo pra brincar? Era só no pastelzinho?

R-Era só no pastelzinho, a minha irmã, que ela conta que quando fazia quinze dias pra semana santa a minha mae fazia ela faltar a aula, faltava quinze dias pra fazer as coisas, porque não era só pastel que ela fazia, fazia bolacha, sequilho, rosquinha, bolo pudim e uma tradicional afogado, que agora em paraibuna muita gente faz o afogado, mas o afogado era do meu pai mesmo ,era legitimo meu pai que fazia ele vendia também no comercio.

P-O que é o afogado?

R-O afogado é um cosido de carne, uma carne de segunda com osso com tudo bem cosido devagarzinho no fogão

a lenha que meu pai fazia naquela época ele não usava o fogão a gás tinha muita paciência então era cosido de véspera e no dia seguinte era temperado com tudo cheirinho verde e coloral fazia um caldo suculento pra gente comer com farinha e arroz branco e tomate só isso que acompanhava.

P-E vendia também?

R-Vendia, nossa vendia, ate hoje eles procuram ,agora minha irma anda fazendo também.

P-Está ficando igual?

R-O pessoal fala (risos).

P-Quem é que ia lá, o pessoal só de Paraibuna?

R-Isso que eu tava falando pra ela, o povo de Paraibuna como foram embora por causa da represa, por causa da falta de emprego, então chega uma festa junina, chega uma festa de santo Antonio, um feriado, eles vão pra paraibuna porque a família deles tão lá ainda os avós as vezes ficaram os pais e eles tem casa lá, muitos tem casa lá também ,então eles voltam em Paraibuna e chegando em Paraibuna o povo já era freguês da gente vão em casa e não e só freguês, porque dai eles encontra com uma amiga, vem aqui pra São José, encontra com outra pessoa então a gente tem freguês em tudo quanto é lugar, os filhos de Paraibuna levam pra fora .Então nossa freguesia graças a deus é bastante.

P-E a escola era em Paraibuna mesmo quando você era criança?

R-Era paraibuna mesmo.

P-E como é que era a escola? Era difícil,

muito rígida?

R-Não era não, no meu tempo era uma escola boa até, eu fiz o primário em Paraibuna depois o magistério eu fiz em Jacareí e a faculdade eu fiz aqui em São Jose, em Paraibuna não tinha magistério na minha época.

P-E ai a senhora veio estudar em São Jose?

R-Em são Jose

P-E como e que a senhora vinha?

R-Nós vinha de ônibus, o magistério eu fiz em Jacareí eu ficava na casa da minha irmã durante a semana no final de semana eu ia pra Paraibuna pra fazer os pasteis, dai a faculdade, eu viajava todo dia.

P-Era um ônibus fretado ou de linha?

R-Não, era de linha mesmo, normal.

P-E na juventude dona Terezinha tinha baile em paraibuna?

R-A tinha, mas a minha mãe era muito severa e não deixava agente ir.

P-Não deixava?

R-Não, de jeito nenhum.

P-Nem com ela junto?

R-Não, ela coitada num gostava de sair né trabalhava o dia inteiro era muito cansada eu fui conhecer baile depois de casada, criança eu não ia não tinha cinema a gente não podia ir na segunda seção porque era tarde, porque lá o pessoal antigo tinha horário pra entrar horário pra sair , a gente foi criado naquele regime muito autoritário

não tinha muita liberdade não.

P-Mas a senhora namorou casou...como e que conheceu o seu marido?

R-Eu conheci lá em Paraibuna mesmo.

P-Como e que foi? Conta pra gente.

R-Fui num restaurante almoçar, fomo jantar dai ele era garçom lá, ele não era de lá ele era de Taubaté dai nos conversamos e depois ele marcou um encontro. Dai cresceu, iniciou o namoro.


P-E sua mãe deixou? E seu pai era vivo ainda?

R-Meu pai era

P-E eles deixaram?

R-Eles no começo não queriam muito porque o rapaz não era de lá não conheciam direito, mas depois consentiu, mas eu casei depois que ela faleceu enquanto ela não me faleceu não casei ficava junto trabalhava tudo, dai depois eu fiquei sozinha eu com a minha irmã, e eu resolvi casar.

P-E como é que foi o dia do seu casamento, foi lá em Paraibuna mesmo?

R-Foi em Paraibuna mesmo.

P-Como foi?

R-Foi muito bom foi bastante colega, é que eu sou muito conhecida lá.

P-Serviram pastelzinho?

R-Não, pastelzinho o pessoal reclamou, fizemos tudo quanto é salgado, mas pastelzinho nos não fizemos.

P-E o pessoal reclamou?

R- “Mas o melhor da festa vocês num fizeram que era o pastelzinho"(risos).Eu fiz o bolo e foi pouco salgado mas não fizemos, o pastel é gostoso também pra fritar na hora quentinho, ai num tinha jeito o pessoal todo ,de casa ocupada num tinha como ficar fritando pastel.

P-E a senhora sempre vendeu o pastel do manezinho na sua casa?

R- Não ,era vendido no mercado e em casa. Era vendido primeiro só no mercado depois que nos abrimos o comercio

o barzinho, começou a vender no comercio e em casa dai foi fechado o mercado pra reforma dai meu pai teve que ficar vendendo só em casa a freguesia que ia no mercado passou tudo em casa e dai quando eles inauguraram o mercado novamente meu pai já tava bem cansado doente num quis voltar mais pra lá nos tentamo volta meu cunhado abriu um barzinho tentamo voltar, mas num vencia, tinha que ficar levando pastel lá trabalhava em casa, ai resolvemos ficar só em casa mesmo.

P-Mas como era o mercado tinha um Box?

R-Tinha um Box, no Box vendia café, lá era só café e pastel hoje na minha casa a gente vende o suco refrigerante porque todo mundo fala que o tradicional tem que ser com café, e ai nos ficamos só em casa.


P-E vocês tiveram que reformar a casa pra poder...

R-Ai a casa foi aberta o povo (pergunta?) pros nossos fregueses se você for lá em casa tem um rancho muito bom então o pessoal vai chegando e vai entrando tanto que quando a pessoa vai de fora pela primeira vez e vai acompanhando um amigo ou parente e que vai só entrando: Nossa como você vai entrando assim na casa dos outros, olha eu to entrando porque fulano me trouxe. pode entrar...é assim mesmo eles se assustam porque hoje em dia ir entrando assim na casa dos outros, dai enche a minha casa fica a sala fica o rancho, cozinha vai entrando vão se acomodando por lá. As vezes fica em pé uns pedem pros outros sai a gente arruma uma mesinha na sala também é gostoso o lugar.

P-Dona Terezinha como é que era o comercio de paraibuna, tinha comercio quando a senhora era criança onde sua mãe fazia as compras, por exemplo?

R-Agora a gente faz sempre , nessa época muito aqui em São Jose o comercio lá era pequeno desde da época de minha mãe já comprava lá comprava as coisas lá porque acho que o comercio era melhor viu e tinha muito que nem a farinha por exemplo fabricava na própria roça, então papai comprava farinha do sitio hoje eu tenho que comprar na fabrica que eles não fazem mais farinha o comercio lá eu acho que era melhor tinha mais coisa mais novidade.

P-Tinha lojas...

R-Tinha lojas

P-Que lojas?

R-A do seu Jose (Dai?) falecido Jose Dai que tem ate hoje por sinal na frente da minha casa que é do filho dele.

P-E que vende?

R- Vende tecidos armarinho em geral sapato .

P-E a senhora sabe onde ele ia buscar esses tecidos, se era em Sao Paulo?

R-Ele comprava do viajante que passava em Paraibuna.

P-Tinha muito viajante em paraibuna?

R-Tinha , tinha bastante viajante que vendia la.

P-Tinha tecido,que mais que a senhora lembra , sapato por exemplo onde comprava?

R-Acho que o viajante que passava vendendo também, porque eu não me lembro que ele fosse em Sao Paulo nem o filho dele num vai ,compra do viajante lá .

P- E moveis?

R-Ele tinha moveis também então era loja de moveis grande é,o filho dele hoje moveis não tem muito pra vender, porque abriram mais lojas de moveis e como ele era pouco, comercio pequeno ele fecho, mas ele continua com os tecidos com os sapatos essas coisa armarinho tudo ele tem pra vender lá.

P-E no mercado o que tinha pra vender?

R- Na minha época?

P-É.

R- Então, no mercado, eu andei conversando com umas pessoas lá no mercado era mais açougue mercado e armazém, então frango essa coisas que vem da roça vendia lá no pátio em frente do mercado que agora já ta uma praça agora já modernizou tudo então o pessoal trazia frango trazia essas coisas e vendia tudo ali o mercado era mais pra vender carne de porco de vaca essas coisas.

P- Quer dizer que mudou muito o comercio, e a senhora disse que pra pior então?

R-Bom agora...tinha bastante fartura na época da minha mãe

que a minha mãe contava agora tem mais coisa mais e mais de novidade mais atual mais moderno coisa mais moderna.

P-Mas hoje atualmente a senhora vem muito a São Jose fazer as compras...

R-É por que lá alem de tudo as coisas e mais cara , em São Jose encontra bem mais barato desde no

supermercado o material que eu uso la eu compro aqui porque la não tem condição e caro.

P-E

nas outra lojas será que também e assim , quer dizer as pessoas vem buscar em São Jose os produtos?

R-A deve vir, São Jose, São Paulo, essas loja de 199 eles compram muito em São Paulo as coisas .

P-E ali em paraibuna passava uma estrada para o litoral.

R- Passava no centro da cidade quase, acho que era no centro mesmo depois que fechou agora passa bem em cima assim quem vai viajando pro litoral a vista de Paraibuna mudou, isso ai foi muito ruim também porque o pessoal que passava no centro ,parava ali pra gastar diz que era mais movimentada a cidade, agora passando com o movimento que é na pista eles não vão atravessara pista pra ir pra cidade , então eles já vão direto pra Caragua quando voltam já vão direto embora, não param.

P- Mudou essa estrada.. quando essa estrada deixou de passar na cidade.

R-Eu era pequena ainda, eu lembro mas num sei a época.

P-Pequena o que uns dez anos?

R-Eu tinha uns quinze anos mais ou menos quando deixou de passar la.

P- Deixou de passar na cidade...

R-É

P- Quer dizer é a mesma estrada que liga são Jose ao litoral só que deixou de passar na cidade e ai deu uma diminuída no comercio?

R- Diminui ,eu lembro que o pessoal reclamou na época reclamavam bem que o comercio ficou bem fraco.

P/2- Tinha algum posto de gasolina?

R-Tinha e tem ate agora ,tem um posto de gasolina.

P-E as pessoas paravam pra por gasolina...

R-É

P- Quer dizer que os clientes do pastel do Manuelzinho todo tipo de gente?

R-Todo tipo de gente.

P-Homem ,mulher, criança...

R-Criança e lá nossa tem ate da quarta geração porque os pais vão e levam os filhos os filhos vão crescendo casam e levam os outros filhos e assim vai indo

passando de geração em geração.

P- Quantos pasteis vende no fim de semana?

R-Num sendo festa assim a gente faz de 700, uns 800 pasteis mas o que eu tava falando pra ela a gente faz de véspera por que ele é gostoso descansado ,mas quando chega domingo depois da missa e que tem o movimento, então quando é mais ou menos dez horas que termina a missa a gente ta acabando já, agente começa a fazer dai a hora que frita o pastel na hora mas a gente vai fazendo fritando então a gente perde a conta agora quando é festa a gente já deixa quase mil pronto.

P- Quer dizer que não mudou o cliente, são pessoas que vão passando essa tradição de comer o pastel pra família.

R -Pra família .

P/2- Mas hoje também tem muita gente de fora.

R- Tem porque passa muita gente fazendo reportagem lá, já passou na televisão tem revistas então ta passando muito pessoal de fora todo domingo e as vezes também eles ficam também porque e final de semana ate mais ou menos uma hora dentro da fera tem uma fera livre lá no domingo então a gente acompanha o movimento ate uma hora mais ou menos a gente fica vendendo então ta passando muita gente e num ta achando "a mais a gente viu na televisão" reportagem vem aqui não tem pastel mas que num explicou que é final de semana ate mais ou menos uma hora, e

ta tendo muito pessoal de fora, pra procura muita gente de fora, por causa dessa divulgação do pastel .

P-E como é que é essa feira no domingo?

R- Tem o pessoal de paraibuna é uma ferinha rural são produtos da roça só verdura, só de paraibuna cultivado lá não tem agrotóxico num tem nada e tem os pessoal que vem de São Paulo , Taubaté, São Jose mesmo e vão vender lá os produtores de fruta ai tem roupa a maior parte é roupa que vende, dai tem de tudo nessa feira .

P-E ela é bem freqüentada vai bastante gente?

R-Bastante, é bem freqüentada, bem movimentada.

P-É naquela pracinha bem em

frente ao mercado.

R-Bem em frente a minha casa quase, é ali em frente ao mercado , na rua do mercado.

P-A senhora estava falando de loja de 199 tem muita lá em paraibuna?

R-Só que eu conheço lá tem 3 lojas tinha uma só agora já tem uma três ou quatro por ai.

P-E se eu chegar lá e disser que eu

quero levar o pastel do manezinho pra casa tem uma embalagem pra eu levar?

R-A gente poe caixinha de doce quando vai pra longe tem aquelas embalagens igualzinho marmitex dai agente arruma ele embala direitinho, os pastel já foi tão longe...

P- Ja foi longe, onde eles foram?

R-Ja foi pra Curitiba .

P-Mesmo?

R-Ribeirao Preto.

P-Mas ai não vai frito?

R- Não, vai cru porque o gostoso como eu falei é frito na hora vai cru

a pessoa frita a gente explica dai tem gente

que diz a mas eu fritei e parece que não ficou igual daqui

mas não sei porque num tem segredo antes quando meu pai fazia fritava no fogão a lenha hoje a gente já modernizou então faz no fogão a gás porque é difícil lenha mantem ainda o fogão a lenha lá mas só pra sabe só pra como que fala...curiosidade .

P-Sei

R-Não ta usando ele não

P-Tem o fogão que seu pai usava na sua casa.

R-Nao nos ja desmanchamos fizemo uma reforma e fizemo outro fogão que o pessoal mesmo "vocês não podem deixar de ter o fogão de lenha aqui né?que fica fervendo uma água pra passar uma café deixa o café esquentando no fogão então a gente tem um fogão a lenha lá , mas agente frita mais é no gás .

P-E o seu pai quando ele vendia ele vendia fiado o pastel ou não?

R-Ah não! nossa freguesia sempre foi a dinheiro

as vezes quando a pessoa era muito conhecida ele ainda fazia

quando era muito conhecida ele num...mas o pessoal lá graças a deus num tem esse problema não eles compram muito no dinheiro.

P/2 -E quanto é um pastelzinho

R-Um real.

P-Que tamanho é mais ou menos mostra pra gente.

R-Ele é pequeno assim num é muito grande não .

P-E o recheio do que é?

R- Do tamanho dos risórios, vem recheio de carne e de queijo e meu pai na época fazia ate de bacalhau mas o bacalhau agora ta muito caro

então não compensa tem que vender a pelo menos um e cinqüenta no caso então agente de bacalhau não faz.

P-Seu pai também sempre fez de...

R-Carne e queijo sendo que o de queijo ele fazia só na época da semana santa porque o pessoal não comia carne agora como ta havendo bastante procura o pessoal de fora gosta do de carne então a gente ta fazendo de carne e de queijo agora o tradicional que o povo de Paraibuna gosta o povo mesmo é só de carne eles acham que casa mais com a massa .

P-Eu disse que eu não ia perguntar o segredo, mas pelo menos como é que é feito tem acho que é farinha de milho.


R-É farinha de milho a gente tem uma farinha especial a gente mistura a farinha especial que é uma farinha crua com a farinha de milho vai trigo, vai um pouco de banha e vai uns preparo ali.

P-Faz a massa...

R-Faz a massa deixa descansando, descansa um pouco depois é sovada dai feito os pasteis descansado de véspera.

P-E ai frita direto ou passa...

R-Frita direto ,ele é muito pratico.

P- Não faz milanesa, empanada nada disso?

R-Não .

P-Frita e é rapidinho pra fritar?

R-É rapidinho, a gente já deixa a gordura ali no fogo baixo então a pessoa chegou a gente só suspende

e sai na hora é rápido.

P-E dai ele cresce como é que fica?

R-Ele cresce, cresce sim cresce e tem alguns que vira sozinho esse ai que é o charme do pastel o pessoal que vem de fora eles vão lá porque a cozinha onde eu frito tem um vitrô grande eles chegam no vitro e que vê eu frita quer ver o pastel que vira sozinho.

P-Como assim?

R-Ele vira!frita dum lado quando ta quase frito já ele vira sozinho assim na gordura.

P-Voce não precisa virar lá com a escumadeira.

R-Isso que eu to falando num são todos que viram porque são quatro irmãs que ajudam a fazer e tem a minha cunhada então se a massa ta bem finhinha porque é tudo feito a mão sabe esticado assim no rolo tudo feito a mão é tudo manual o pastel lá então cada um faz a massa mais grossa outro faz a massa mais fina, se a massa ta bem,fininha ele vira sozinho, se ta mais pesado ele já num vira e tem que ser com o auxilio da escumadeira.

Teresinha você trabalhou fora também, você chegou a dar aula?

R-Eu dei aula, eu me aposentei do primário , dei aula no primário , durante a semana eu lecionava e nos finais de semana eu trabalhava com meu pai no mercado.

P-La em Paraibuna?

R-La em Paraibuna

P-E como era

a escola que você dava aula conta um pouquinho pra gente

R-Eu dei aula no Cerqueira Cezar uma escola muito boa ,uma criançada muito boa uma escola moderna, diz que uma das melhores escolas que tinha lá na regiao lá em Paraibuna era o Cerqueira Cezar , depois eu fui pra roça fiquei acho que, num cheguei a ficar nem um mês na roça passei no concurso e voltei pra minha sala mesmo onde eu estava umas colegas muito boa diretora muito boa eu gostava muito da escola.

P-E como é que era na roça pra você ensinar quantos alunos você tinha.

R-Na escola na roça eu tinha mais ou menos uma media de trinta alunos era separado por serie tinha primeira segunda e terceira serie era mais difícil trabalhar eu num tava acostumando muito com lá não que no primário na cidade eu só tinha uma sala criançada tudo bem remanejada então criança da boa lá na roça tinha que da os três anos então lá na roça eu não gostei muito mas uma criança da boa também .

P-Aprendiam...

R-Aprendiam

P-Faziam a lição...

R-Faziam

é e respeitavam mais a professora na roça doque na cidade tinham mais respeito pela professora, num faziam muita bagunça(risos).

P-E os pais faziam questão que as crianças fossem estudar?


R-Faziam ,os pais faziam essa escola da roça onde eu lecionei um pouco de tempo, eles iam de longe tinha criança que vinha ate a cavalo pra estudar sabe outros vinham de charrete os pais traziam na escola eles vinham de longe estuda porque a escola ficava longe da casa deles.

P-E é lá em Paraibuna...

R-É naquela região mesmo.

P-Pra gente localizar seria onde? Que lugar?

R-Indo pra pro litoral fica quase um quarto da estrada acho, indo pro litoral numa daquelas pontes lá ponte dois parece se não me engano .

P-La que era a escola rural?

R-La que era a escola rural.

P/2 -Porque Paraibuna parece que tem mais gente na área rural do que na área urbana

Terezinha.

R-Olha eu acredito que agora acho que não viu por causa da represa que eu falei foi que fechou o pessoal veio embora eu acredito que agora tem mais pessoas na zona urbana .

P-E quantas escolas tem lá hoje?

R-Hoje tem duas só porque uma fechou tem duas escolas.

P-E ai vai ate que ano?

R-Agora tem magistério já teve também contabilidade, contabilidade parece também que fechou magistério o depois que faz o ginásio como é que fala ? supletivo não ...colegial tem o colegial também essa escola mesmo que eu leciono agora tem o ginásio na época não tinha era só primário agora abriu o ginásio tem o primário e

o ginásio nessa escola que eu aposentei.

P-É?

R-duas escolas da rede publica, municipal tem também escola municipal tem pré onde o menino estuda .

P/2 E você foi a única das irmãs que estudou?

R-Tem um irmão também que é formado advogado o resto fizeram só ate a quarta serie a tem também uma irmã

a Bernadete que e formada professora agora trabalha lá em Campos do Jordão.

P/2 -E ai você resolveu estudar? Quando que você resolveu continuar estudando?

R-Eu estudei depois de grande porque na época a gente trabalhava e não ia muito faltava muito a aula como eu falei na semana santa tinha que ficar em casa ajudando tudo faltava muito a aula então eu fiz ate a quarta serie e parei eu não fiz a quinta dai teve um exame lição naquela época era exame de lição dai eu resolvi prestar o exame de lição passei e entrei no ginásio , dai eu continuei dai fiz o ginásio o magistério que eu fiz em Jacareí e fiz pedagogia aqui em São Jose.

P-E como é que era Jacareí nessa época?

R- Jacareí era apesar que eu ficava só quase final de semana não sai muito era mais ou menos como uma cidade como é agora não mudou muito não .

P-E como é?

R-Tinha bastante industria um comercio muito bom tinha essa escola do magistério que era boa tinha outras escolas, era uma cidade muito boa como é ate agora.

P-E no magistério tinha muita gente de fora que ia estudar lá?

R-Tinha de Santa Branca a gente conhecia bastante gente de Santa Branca de São Jose da minha cidade mesmo tinha uma turminha boa que estudava lá tinha bastante gente sim...Guararema tudo estudava lá em Jacareí

P/2- E você gosta de fazer compras?

R-Eu gosto.

P-Que se compra que você gosta de comprar?

R--Eu gosto de comprar roupa comprar sapato (risos)gosto de fazer compra de supermercado fazer compra é comigo mesmo...

P-E você vem fazer compra aqui em São Jose?

R-A semana que eu não venho aqui é muito difícil, as vezes eu venho duas vezes por semana.

P-E sempre você compra alguma coisa?

R-Compro por causa do meu comercio também tem que ser tudo fresquinho então eu venho sempre comprar .

P-você sempre compra um vestido um sapato?

R-As vezes eu compro (risos)dá eu compro.

P-Essa coisa de fazer compra em são Jose começou a quanto tempo atrás que você lembra?

R-Que eu lembro já tinha mais ou menos uns dezoito anos mais ou menos,

P-Fazer compra...

R-Em São Jose é.

P-E como era o comercio de São Jose?

R-Aqui sempre foi um comercio muito bom tem de tudo,tudo que a gente procura as vezes eu ia também em São Paulo as vezes eu ia com a minha irmã em são Paulo, mas comprava as coisas lá as vezes eu vinha pra cá e via a mesma coisa com o mesmo preço eu acho que é muito bom o comercio de São Jose

P- Você conheceu a casa diamante?

R-Casa diamante não.

P-E aqui de São Jose que loja você lembra dessa época que você tinha uns dezoito vinte anos?

R-Não to lembrada viu...porque acho que ainda não tinha o shoping , a gente vinha aqui num é no calçadão também não tinha nem o calçadão , naquela rua quinze né era ali que a gente comprava as coisas.

P-Vocês compravam roupa sapa...

R-Sapato é.

P-Porque nessa época você ainda não comprava nada pro pastel?

R-Nao meu pai comprava mais lá.

P- Então você só vinha comprar...

R-Depois a gente passou a comprar muito depois que nos fizemos sociedade com minha irmã,meu pai faleceu , eles não saiam porque ele não gostava muito de sair de casa e agente comprava as coisas lá carne mesmo comprava lá dai a gente começou a ver que surgiram muitos supermercados bons aqui, dai nos achamos que era mais fácil vir pra cá comprar aqui é mais lucro nas coisas então agente começou a comprar pra cá.

P/2-Você lembra de quando inaugurou o shoping se você veio logo no começo?

R-Eu vim logo no começo mas eu não lembro na época não.

P/2-Mas quando você viu o shoping a1ª vez

que você pensou?

R-Gostei , achei bonito porque era uma novidade pra gente que nem Paraibuna cidade pequena o comercio não tem nada então a gente achou muito legal.

P/2- E hoje você compra no shoping?

R-Compro no shoping.

P-Você compra na rua e no shoping ou tem uma preferência?

R-Não, eu compro nos dois , as vezes quando eu não encontro o que eu gosto o que eu quero na rua dai eu vou pro shoping.

P-Mas você vem primeiro na rua?

R-Primeiro na Rua.

P-Shoping Depois.

R-Depois.

P-O shoping é mais pra passear?

R-É mais pra passear que as coisas lá também não é muito barata, aqui na rua a gente encontra coisas mais facilitada.

P-Você compra onde que loja

que você compra?

R-Eu compro muito ali no calçadão faço compras na Riachuelo gosto muito da Riachuelo da Pernambucana.

P-A casa confiança você chegou a...

R-A confiança eu cheguei a comprar também tecido.

P-E como é que era?

R-Nossa era muito boa viu tinha muita variedade de tecidos eu gostava muito de comprar você falou diamante eu lembrei confiança depois fechou.

P-Não até hoje...

R-Sera que tem ainda! é!nossa num voltei mais é que eu falar a verdade eu não gosto muito de comprar tecido eu gosto mais de comprar roupa pronta então eu não vou muito nessas lojas.

P-Éque mudou também, antigamente se comprava muito tecido.

R-Tecido agora hoje em dia é muito difícil costureira essas coisas então eu prefiro comprar mais roupa pronta.

P/2- E você tem uma menina é isso?

R-Eu tenho uma menina.

P/2- Como é que ela chama?

R-Ana Ligia.

P-Ela tem que idade?

R-Tem 6 anos ela é minha afiliada a mãe faleceu e ai o pai foi pedir se eu poderia ficar com a menina que é minha afiliada já e eu fiquei com ela tem três anos comigo agora.

P-E ela já sabe fazer pastel também.

R-Não por enquanto não.

P-Ela vai fazer ou não.

R-As veZes ela quer reinar lá eu num deixo (risos) a eu pretendo viu se ela crescer se deus quiser a gente tenha saúde e continue no ramo eu pretendo sim porque eu me sinto muito feliz no que eu faço gosto do que eu faço e me sinto muito feliz me dou muito bem tudo que eu tenho eu devo a isso a pesar de eu ser professora tinha minha renda também separada, mas meu pai por exemplo criou nos todos nesse ramo ele deixou três casas em paraibuna deixou uma casa muito boa deixou mais casa até ´pros filhos então eu acho que é uma coisa boa agente não tem o que reclamar .

P/2- Só no comercio?

R-So no comercio.

P-E com o comercio do pastel.

R-Comercio do pastel ele vendia também o afogado depois que ele faleceu nos paramos com o afogado porque dai vendia comida lá em casa, vender pastel dai não dá misturar as duas coisas nos achamo que num da certo.

P-Entao você pretende que ela também aprenda a fazer pastel...

R-Eu pretendo ensinar.

P-E você tem sobrinhas e sobrinhos que também...

R-A gente tem , olha eles se formaram já tem muito sobrinho advogado outra é dentista, tem uma que tem escritório de contabilidade, tem um outro que trabalha em campos do Jordão na área de turismo então eu não sei como que vai ser o pessoal fala vocês não podem deixar terminar o pastel.

P-Porque nem um deles seguiu então ?

R-Nao esse meu sobrinho que trabalha no turismo ele tem um que sabe porque o pai dele também é chefe de cozinha em campos do Jordão no grande hotel e ele aprendeu com o pai muita coisa ele meche com cozinha ele pode ser ate que tenha um jeito viu quem sabe ele se futuramente a hora que o pai dele aposentar ele pretende voltar em o paraibuna que ele gosta muito de paraibuna ele mora em campos do Jordão esse ai é o único que eu acho que pode ser que tenha uma queda pelo comercio do pastel agora os outros.

P-Porque já tava na hora ne, você começou menininha.

R-Menininha.

P-Que idade você lembra?

R-Eu tinha mais ou menos uns 10 anos e já ajudava a arrumar porque a gente faz e arruma os tamborero pra ficar tudo certinho e no outro dia só ir fritando e eu me lembro minha mãe já me ensinou a arrumar então eu arrumava "arruma que você vai ganhar dinheiro "ela dizia.

P-E você ganhava mesmo?

R-Ganhava nossa ganhava, logo no começo ela abriu uma caderneta de poupança a gente era muito econômico, já começou a fazer economia então pequenininha, o meu irmão ele como era o filho mais velho e minha mãe não tinha empregada porque naquela época num tinha condições de pagar empregada então ele subia no caixote e ajudava minha mãe a lavar louça então nossos irmão foram criados tudo no trabalho mesmo.

P-Entao já estava na hora de ter ..

R- Alguém mais, tem um sobrinho que ajuda lá também mas ele também trabalha no escritório com a irmã dele de contabilidade ele ajuda agente no final de semana mas num sei vai ser difícil achar alguém que queira continuar lá .

P-A questão do transporte você disse que vinha muito pra São Jose de ônibus quando você vinha fazer compras e ia também para Jacareí de ônibus.

R-Pra estudar.

P-Pra estudar nunca teve dificuldade de transporte aqui na região do vale entre cidades por exemplo você em paraibuna , pra sair de paraibuna num tinha dificuldade?

R-Não, num tinha não.

P-Tinha bastante ônibus, você fazia só de ônibus alguma vez de carro ?

R-Quando eu estudava?

P-é.

R-As vezes a gente vinha de carro porque tinha umas quatro meninas mais ou menos que estudava na época em dia que tinha que sair mais cedo que tinha prova essas coisas a gente ia de carro também .

P-E você disse que ia pra são Paulo as vezes como você ia pra São Paulo?

R-A gente costuma ir assim: a gente vai de carro ate a casa da minha sobrinha que é em Guarulhos e de lá ela leva a gente pro centro .

P/2- Porque trem você já não pegou ?

R-Não .

P-E já pegou a Dutra .

R-A Dutra é.

P-Sempre o transporte pra são Paulo e pro rio pela Dutra.

R-Pela Dutra

P-Eu queria saber agora que você estava falando do comercio quais as lições que voce tirou do comercio nesse tempo todo?

R-Do comercio meu por exemplo?eu acho que eu sou muito feliz no comercio pelo menos no nosso comercio da Paraibuna foi bem aceito o pessoal gosta muito ,sempre elogia então minha vida também eu fiz ali eu gosto muito do comercio lá num tem o que reclamar não.

P-Voces nunca pensaram em fazer industrial esse pastel vender a receita pra alguma empresa?

R-Não nunca pensamos nisso não .

P-Nunca ninguém ofereceu, olha eu pago tanto pela receita?

R-Não isso ai não surgiu ainda não (risos).

P-E se surgir?

R-Não sei viu se a gente vai ter coragem de fazer ou vai querer que algum como esse sobrinho que eu falei passar pra ele a gente ate pretende mais pra frente conversar com ele pra ver se ele quer abrir uma sociedade com ele porque a gente também não é tão criança assim, de repente a gente quer descansar e quem sabe se ele continua.

P-Terezinha que você achou de ter participado dessa entrevista com a gente ?

R-Muito boa , gostei muito vai ser mais uma maneira de como e que fala? propagar o nosso pastel (risos).

P-Eu deixei de perguntar alguma coisa que você queria falar?

R-Não acho que é só né.

P/2- Porque você acha que deu tão certo esse negocio?

R-Não sei porque meu pai criou a gente nisso e deu tão certo pra ele, então nós fomo levando isso pra frente uma tradição e deu certo não sei porque que deu certo, que é também um pastel diferente não tem lá. lá ninguém faz esse pastel, tem muito pastel de feira lá, pastel de trigo tem muitas pastelarias lá. A minha sobrinha mesmo tem uma pastelaria de pastel de trigo mas ela e o filho vão comer lá em casa o pastel ,uma sobrinha de criação sabe, de criação ela não é bem da minha família mesmo, criação mais da minha cunhada então o marido dela tem uma pastelaria de trigo, mas o filho dela é um freguesão nosso ele gosta do

pastel de lá de farinha de milho.

P-Terezinha a gente agradece muito você ter vindo e dado essa entrevista pra gente.

R-Obrigada eu agradeço também

.