Museu da Pessoa

Quem trabalha voluntariamente pelas comunidades, cresce

autoria: Museu da Pessoa personagem: Aldvir Maia Pinheiro

Projeto Pequenas Atitudes Fazem a Diferença - Instituto BRF

Depoimento de Aldvir Maia Pinheiro

Entrevistado por Stela Tredice

Fontoura Xavier, 22 de junho de 2012

Realização Museu da Pessoa

Entrevista PAFDHV05

Transcrito por Liliane Custódio/MW Transcrições (Mariana Wolff)

Revisado por: Eduardo Lira

P/1 – Eu queria que o senhor começasse falando o seu nome completo.

R – Aldvir Maia Pinheiro, mais conhecido na comunidade como Negrão Maia.


P/1 – E eu queria saber a data do seu nascimento e onde o senhor nasceu.

R – 16 de junho de 1960.


P/1 – O senhor nasceu onde?

R – Arvorezinha, município próximo aqui também.


P/1 – Rio Grande do Sul?

R – Rio Grande de Sul. São 20 quilômetros daqui, Arvorezinha.


P/1 – Tá. Seu Aldvir, o que o senhor sabe sobre a origem da sua família?

R – A origem da minha família é em Arvorezinha. Era uma origem brasileira, quase bugre uma parte deles, e foram vindo de lá, que eu sei. Os Maias, do lado da mãe, e Pinheiro, pelo lado do meu pai. O meu avô morreu há pouco tempo aqui também, onde eu tenho uma propriedade aqui embaixo que eram terras deles mesmo e eu terminei comprando. E ele faleceu ali. 86 anos durou. E o resto dos tios, coisarada, ainda predomina para o lado de Arvorezinha.


P/1 – E o que o seu avô fazia?

R – Era agricultor sempre, plantador de erva-mate, essas coisas assim. Sempre lutou na lavoura.


P/1 – E o apelido do senhor… O senhor falou que é Negrão…

R – Negrão Maia.


P/1 – E de onde veio esse apelido?

R – De onde vem, vem desde criança, que o meu avô me acolheu como primeiro neto dele. Ele me apelidou, porque sempre me queria bem, aquele negócio todo. Ele disse que era O Negrão. E ficou por Negrão Maia até hoje. Se a senhora sair na rua aqui e perguntar pelo meu nome, vai encontrar dificuldade. E o apelido veio de lá e continua até hoje.


P/1 – E os seus pais, o que eles fazem ou faziam?

R – Os meus pais, hoje, são separados, o que me levou mais a vir para o município de Fontoura Xavier, que na época eu fiquei com meus pais em Arvorezinha. Meu avô mudou pra cá, mas meu pai, bebendo muito, o destino nos mandou lá. Nós éramos uma família pra morar em Arvorezinha, que é uma agricultura mais forte, e nós éramos bem lá, mas só que meu pai bebia muito. Daí eu comecei, já com uns 15 anos, a não acertar com meu pai. E eu terminei vindo morar com meu avô, definitivo, que era um sonho até, na época, de morar com meu avô e terminei vindo. Daqui eu vim pra cá. E meus pais hoje, meu pai mora em Curitiba e a mãe mora em Clevelândia, no Paraná.


P/1 – E o que os seus pais fazem ou faziam?

R – Hoje são aposentados. Na época eram agricultores. Nós plantávamos fumo. Tinham duas estufas na época em Arvorezinha.


P/1 – O senhor tem irmãos?

R – Tenho sete irmãs e mais dois irmãos. Somos três irmãos, num total de dez.


P/1 – Tá certo. Bom, então o senhor passou sua infância aonde?

R – Uma parte em Arvorezinha e uma parte aqui. Até os 15 anos em Arvorezinha, 13, 15, eu não lembro bem, e o resto aqui em Fontoura Xavier.


P/1 – E como era Arvorezinha?

R – Arvorezinha é mais desenvolvida, porque lá na época já os próprios colonos vinham no tempo em que um guri de 12, 13 anos, já tinha bicicleta, outros já tinham até moto. E uma “motinha” daquelas antigas, já tinha. Enquanto que Fontoura Xavier a bicicleta já entrou bem mais tarde. Já nós, aqui, eu via que era mais dificultoso, ninguém tinha, quase.


P/1 – E o senhor se lembra da casa onde o senhor passou a infância?

R – Lá a nossa casa, no começo, era uma casa bem ruim, de madeira. Tinha aquele fogão de chapa que fazia fogo, que hoje tá voltando, até muitos fazem pra colocar aquela lenha cumprida. Não sei se a senhora chegou a ver, que para o interior tá tendo muito. E depois nós fizemos já plantando fumo, nós crescendo, eu e outro irmão, e outra irmã, que temos uma diferença de um ano. Nós já trabalhávamos bastante, ia ao colégio e trabalhava. Naquele tempo estudava assim, lembro até hoje, é morto, o meu professor dava aula até as dez pra uma determinada série e depois das dez ele dava pra outra determinada série que ele tinha do primeiro, primeiro adiantado, segunda, terceira, quarta e quinta série, ele dividia. Era um colégio estadual, que era o Colégio João Gozzi, inclusive, nós plantávamos nesse colégio muita verdura. Um colégio bem desenvolvido, comandado ali pela De Soledade. E nós tínhamos dois alqueires de terra. Lá nós plantávamos, levávamos muita verdura daquele colégio pra casa, naquela época lá era um colégio assim. Hoje o Estado deixou o colégio, tá meio atirado lá, não tá como poderia ser, que era pra ser.


P/1 – Entendi. Então, quer dizer, o senhor trabalhava… o que o senhor fazia?

R – Nós plantávamos fumo, era o nosso forte. Na época, não sei se vocês conhecem planta de fumo, que é uma planta na época… Hoje é tudo fácil, é tudo folha solta, é grampeado. Naquela época a gente amarrava com a mão, amanhecia quase amarrando, cuidando fogo sem aparelho. Hoje tudo tem aparelho, na época era muito sofrido. Nós tínhamos duas estufas e nós plantávamos fumo pra Souza Cruz, era o que nos sustentava e dava crédito pra nós nos mantermos.


P/1 – E além do trabalho, o senhor brincava? Do que o senhor brincava?

R – Brincava. Naquele tempo nós fazíamos peteca de jogar bola, aquela de palha. Nós tínhamos uns colegas. Eu até nunca aprendi a fazer bem-feito, mas fazia. Não tinha aquele hábito, mas já tinha uns colegas, uns amigos que faziam. Nós pegávamos uma peteca, jogávamos num potreiro, que nós dizíamos o jogo de potreiro, de brinquedo. Nós jogávamos o dia todo e a peteca não desmanchava. Era feita de palha. Nós a amarrávamos bem amarrada, ali eles amarravam com a própria palha e nós jogávamos o dia todo. Ou bocha. Jogava aquelas bocha de beira de rio, 48 assim, nós jogávamos bocha, também jogava bocha lá com esses colegas, lá tem muitos, estão todos extraviados, mas não é difícil, às vezes a gente encontra algum. E jogava, tirava aquelas bochas redondas da beira da água, que a água vem e a recosta, quando a água vem em grande volume, encosta, nós íamos lá, catávamos aquela bocha e jogávamos.


P/1 – E como é esse jogo de potreiro? O que é isso?

R – Jogo de potreiro, jogo de futebol de potreiro, eu digo assim: um potreiro a gente tem, cada colônia tem, um potreiro. Eu vou dizer: é um campo pra vocês, de repente, lá em São Paulo, fechado. E lá tem um chatinho, nós íamos lá, limpávamos bem aquilo e jogávamos bola lá, porque não existiam os campos. Hoje tem campo em tudo que é lugar, mas na época não. Na época não tinha campo, era jogo de potreiro, nós íamos jogar no potreiro do Fulano: “Hoje o jogo é lá no potreiro de Fulano, hoje é lá no potreiro de Ciclano”. E era assim.


P/1 – E essa bola era amarrada com que?

R – Com a própria palha. Palha de milho. Nós fazíamos. Quando aparecia uma bolinha vermelha de borracha… Não sei se a senhora chegou a conhecer, mas era muito doída. Quando chutava, dava na gente, ficava a marca dela. Ela era de borracha. E quando um se zangava, jogava no outro. Era uma marca muito… Ficavam dias, sugava o sangue ali. Mas nós preferíamos jogar com a bola de palha de milho.


P/1 – E o senhor gostava de jogar em que posição?

R – Eu jogava mais no meio, pois jogamos muito tempo aqui na Silveira mesmo. Nós tínhamos bons times aqui. Lá eu era guri, quando tava lá. Daí saí, joguei já em time maior, disputando torneio. Nos domingos já foi aqui, daí aqui nós já jogamos.


P/1 – O senhor tinha muitos amigos?

R – Sempre tive. A gente dizer, assim, que só teve amigo, também não. Não existe pessoa que não tenha um que sempre a gente não se goste, mas tenho bastante. Dei-me bem na época e hoje também. Continua assim. Sempre tem algum que a gente, por uma causa ou outra, não ficou. Mas é assim que sempre... Agora, há poucos dias eu fui numa festa que aconteceu na comunidade que eu vou lá, que fazia uns 15 anos que não ia mais lá numa festa e tenho uns amigos. Fui lá, comi uma carne com eles, lá. Mas muito diferente hoje. As pessoas estão todas velhas, outros foram embora, outros foram pra cá, outros foram pra lá. Mas assim, entre 50, a gente se encontrou com dez, já é uma grande coisa.


P/1 – E o senhor foi pra escola lá em Arvorezinha?

R – Lá em Arvorezinha, na Linha Segredo, Arvorezinha. Na época, nosso colégio era uma casinha, vou dizer pra vocês, muito ruim e nós estudávamos lá. No primeiro ano de colégio o Estado fez um colégio de material na comunidade. Foi uma inovação pra nós, aquela empolgação que os alunos tiveram. Na época nós ganhamos essas cadeiras que nem essas daí e essas mesinhas. Na época, eu saí do colégio com 13 anos, hoje eu to com 52, há muitos anos. Eu estudei desde... Na metade do primeiro ano que eu fui para o colégio, já, nós mudamos para o colégio novo. Parece que quem representou lá o Governo do Estado na inauguração foi o Amaral de Souza. Não tenho bem lembrança. Não é esse Otávio Germano que existe hoje aqui no Rio Grande do Sul, mas outro, acho que o pai dele. Era por aí. Um deles representou o dia da inauguração, mas é mais pra Amaral de Souza, eu não lembro bem. Eu tava pensando em casa, ver se eu lembrava quem foi lá, mas eu não tô bem lembrado quem foi. Só lembro que o professor era o professor Santos, já há muitos anos morto. Ele era o nosso professor, que fez os ensaios pra nós cantarmos. Nós fazermos isso, nós fazermos aquilo. E lá no colégio, no dia da inauguração do colégio, que foi uma grande festa parece, pra mim, eu não tava, mas foi o prefeito do município de Arvorezinha, o Aniceto Paganini, não tenho bem certeza, mas era ele. Hoje ele tem as rádios aqui na redondeza. Esse Aniceto ainda é vivo e comanda as rádios.


P/1 – Nessa época o senhor lembra que reformaram a escola, deixaram ela melhor? O senhor lembra o que o senhor sentiu?

R – Uma empolgação muito grande em estudar num colégio novo. Nós, naquele “colegiozinho” velho e, quando vê que estavam construindo lá, nós chegarmos. Era uma sala só, mas era grande a sala. Hoje aquilo podia dividir em duas salas boas. E tinha uma secretária, tinha água, vem encanada, já não há manga. E eu lembro muito também, foi embora lá pra Salto Lontra no Paraná, o Gigio, então ele tem um irmão dele aqui, ele que era o presidente do colégio. Sempre nós íamos ajudá-lo, quando a manga trancava, ele tava lá pra arrumar a água pra nós que vinha de uma sanga. Água encanada, banheiro. Na época ainda ficou lá numa patente, mas tinha até água lá. Não ficou junto no colégio o banheiro, mas inovou. O colégio fechado, com portão, várias atividades assim, que todo mundo queria ir pra aquele colégio.


P/1 – Por que antes o senhor se sentia como quando via o colégio feio?

R – Quando nós víamos, nós estudávamos... Não sei se a senhora chegou a conhecer na sua região, não sei da onde, eram aquelas classes compridas que a gente ia tudo encostado no outro. Ali não tem jeito de os alunos estudarem. Quando um cutuca o aluno, sempre é impertinente, cutuca pra cá, um toma a borracha do outro, tudo emendada alí. Era por classe, que nem igreja, sentava tudo perto do outro. Depois nós fomos tudo separado, com classe, com esses negócios que colocava o negócio embaixo. Mudou muito. Foi uma empolgação muito grande. Na época foi pra mim uma das coisas melhores que eu tive na vida, estudar num colégio bom.


P/1 – Depois, a partir daí, o senhor se sentiu até melhor, mais motivado? Como foi?

R – Daí claro, a gente se sentiu motivado, nunca rodei no colégio, daí o professor Santos foi transferido para o colégio de Arvorezinha, estadual, e veio uma professora de Soledade, que era a professora Isabel, que não sei onde é que tá, e outra professora, que é a professora Gessi. Daí já vieram duas professoras. Essa Gessi ainda encontra no município de Arvorezinha. Mora, aposentada, mas tá lá no interior lá, sei onde ela mora, tudo.


P/1 – E eles foram marcantes para o senhor por quê?

R – Foram marcantes porque os professores eram da época que surravam, que podiam bater, e eu não fui aquele tão rebelde, mas nem tão bom. A gente ficava naquele intermediário. Nunca a gente teve desavença com os professores e eram uns professores que ensinavam muito bem. Eu aprendi muita coisa no colégio. Até pra quinta série da época, tá louco, hoje eu acho que o aluno de quinta série não aprende a metade.


P/1 – Na sua juventude, então, o senhor falou que teve essa mudança, que o senhor veio pra Fontoura Xavier.

R – Vim pra Fontoura Xavier.


P/1 – Como foi essa mudança para o senhor?

R – Ir para Fontoura Xavier, como eu falei antes, meu pai bebia muito. Daí um dia ele chegou a casa, nos desentendemos e eu vim aqui pra casa do meu avô, daí fiquei morando aqui. Aqui eu fiz novas amizades, novos amigos, fui crescendo. Até os 20 anos fiquei por aqui. Nos 20 anos, daí tinha muitos amigos e coisa, mas eu via que eu tinha que fazer alguma coisa por mim, porque só morar na casa do avô, depender sempre dele, eu não tinha um salário, um negócio assim. Eu pus na cabeça que eu tinha que buscar mais. Eu tinha uma tia que morava em Foz do Iguaçu, e o meu tio, hoje falecido, que o tenho quase como meu pai, me convidou pra trabalhar na Itaipu. Aí eu saí daqui, trabalhei quatro anos na Itaipu. Lá eu entrei como ajudante de carpinteiro. Fui carpinteiro, ficamos quatro anos. Lá foi uma nova etapa da vida. Aí eu cresci, tive bom salário, porque na época na Itaipu, como fosse hoje um carpinteiro ganhar uns três mil reais. Era bom salário, comida, se quisesse alojamento, apesar de que eu morava numa vila muito boa, tudo asfaltada já na época, há 30 anos, mais de 30, e morava com meu tio e com a minha tia. Depois que foi findando o serviço, foi findando, daí tinha que ir pra algum lado, ir pra outro lado, ou ficar lá, eu optei por voltar. Comprei uma propriedade, comecei a trabalhar de novo aqui, me enraizei, casei e fiquei aqui até agora. Eu fui, mas voltei. E sempre viajo pra Foz do Iguaçu, tenho a tia lá ainda, gosto muito de lá, só que é muito quente, mas foi lá que eu comecei a minha mudança de vida, me dominar. Até os 20 anos eu fiquei dependente dos outros, fazia pra brincar por aí, pra jogar bola ou pra ir aos bailes.


P/1 – E o senhor gostava de baile, então?

R – Eu acho que toda juventude gosta. Naquele tempo existiam aqui os bailes de galpão.


P/1 – Como?

R – Os bailes de galpão. Uma determinada pessoa tinha um galpão, ia lá à prefeitura, tirava uma licença, fazia um baile, o povo ia pra lá, dançava a noite toda. Não existia ainda quase… Era uma gaita e umas bate-latas lá. E nós ficávamos por lá, a juventude foi assim.


P/1 – E dançava o quê?

R – Ah, aqui dançava na época de tudo. Eu nunca gostei de dançar, na verdade, mas ia. Mas dançava músicas gaúchas, músicas lentas da época. Essas discotecas, na época, não existiam. Mas o mais importante era que nós íamos em 20, 30 amigos aqui, meninas e rapazes, e tudo, e cruzava mato. As meninas usavam sandálias, nós tínhamos que ir cuidando pra elas não tropicarem nas raízes, porque daí rebentava a sandália, chegava ao baile não tinha calçado. Era assim, nós atravessávamos, íamos longe a pé, longe. E combinava: “Vamos ao baile, tal lugar”. Naquele tempo não tinha. Hoje se tu não colocares lotação no ideal do carro, ninguém vai.


P/1 – E aí o senhor conheceu... O senhor é casado?

R – Eu sou casado.


P/1 – O senhor conheceu sua esposa como?

R – Eu fui, já era vizinho por aí, fomos a uma festa, eu a conheci, daí eu já tava com 25 anos. Até ela leciona aqui, ela é professora, aquela que falou comigo ali. Ela leciona aqui, daí a gente casou, já faz 25 anos.


P/1 – E como foi o namoro?

R – Normal. Como aquele negócio tudo na época, não existia carro, eu não tinha carro, não podia comprar, eu optei, podia até ter comprado uma moto na época, tinha voltado a Foz do Iguaçu, mas eu já optei por comprar bens, comprar terras, fazer casas, esse negócio todo. Então andava a pé. Foi normal, um namoro normal, não tão influente que nem hoje, mas…


P/1 – E o dia do casamento como foi?

R – Foi legal. Foi um dia muito frio, foi o dia 09 de maio, agora não sei dizer, há 25 anos. Agora em maio fez 25 anos. Foi muito frio, que era o dia mais assim, aqui daqueles mais frios que teve. Um casamento daqueles de antigamente... Hoje todo mundo faz em restaurante, até já fiz uma filha casar, já fiz em restaurante. E na época a gente fazia nas casas, era o churrasco no espeto de pau ainda. Hoje não vemos mais isso, saiu da nossa rotina. Na verdade já foi esse tempo.


P/1 – Vocês se casaram e ficaram morando aonde?

R – Aqui, logo aqui embaixo. Eu tenho uma propriedade aí, a gente ficou morando. Ela lecionava num outro colégio, depois foi pra outro, foi pra outro, até que veio aqui. Uns anos aí eu plantava fumo, ela lecionava, foi estudando, foi fazendo umas faculdades e eu trabalhava no fumo. Até que um dia um rapaz de Porto Alegre queria arrumar um pra plantar eucalipto pra ele. Aí eu fui, nos acertamos, eu trabalhei cinco anos pra ele, que eu me dei melhor na vida, que daí eu pegava o pessoal, levava pra trabalhar, daí eu só comandava o serviço. Até que cheguei, depois queria morar perto de um colégio, comprei um terreno aí agora há uns três, quatro anos, fiz uma casa e pus uma bodega aí pra passar o tempo.


P/1 – E voltando um pouquinho lá, que o senhor falou que até os 20 anos o senhor não recebia, ficava por conta. Depois o senhor foi trabalhar em Itaipu?

R – Em Itaipu.


P/1 – O senhor lembra o que o senhor fez com seu primeiro salário?

R – Olha, o primeiro salário que eu fiz eu fui comprar roupa, calçado, essas coisas, porque praticamente eu não tinha, era muito pouco. E chegando lá a gente já foi conhecendo a cidade, foi indo pra parque, foi indo pra isso, e viu que os outros amigos da gente andavam bem, com tênis bom, na época o Topper, parece que é. Terminei comprando um tênis desse, melhorou muito tempo. Não sei se a senhora já conhecia, nas antigas lojas HN tinha esse tênis, hoje parece que fecharam todas. E foi lá e comprei nisso aí. Meu primeiro salário foi nessa base, comprando roupa, jaqueta, alguma coisa, saindo fazer umas festas por lá e foi por aí, mas depois segurei também, sempre fui um cara de pensar. Tem que ter as coisas, senão, viver na mão dos outros não dá.


P/1 – E hoje o senhor tem uma bodega.

R – Hoje eu tenho uma bodega.


P/1 – O que é uma bodega? Conta um pouquinho o que o senhor faz.

R – A minha bodega é assim, eu tenho uns quilos de arroz, uns quilos de farinha, coisas assim. Tenho remédio pra criação, tenho alguma coisa, tenho um monte de coisas de agropecuária, já tenho ali. Vendo cigarro, vendo bebida, trago, cerveja, coisarada. Isso é uma bodega aqui pra nós. Legalizada, eu pago o tal de MEI [microempreendedor individual], que é legalizada, é uma firma, tem CNPJ e tudo, menos no meu nome, porque eu já tenho 52 anos, mas depois torna inviável pra eu me aposentar, eu só tenho que me aposentar como agricultor agora. Então é no nome da mulher a bodega, mas tem CNPJ e tudo.


P/1 – Tá certo. Bom, e aí, senhor Aldvir, o senhor é vizinho aqui da escola, né?

R – Sou. Sou vizinho da escola.


P/1 – A sua bodega fica aqui do outro lado da rua.

R – Fica do lado. Inclusive, quando as crianças estão agora... Primeiro elas iam lá, agora não, o pátio é fechado, elas vão lá e gritam pra mim, eu levo, vendo um doce, vendo um salgadinho, alguma coisa eu vendo na tela lá.


P/1 – Ah, que elas não vão mais lá.

R – Não. Elas não vão mais lá, os professores, depois que fecharam, seguram. Mas elas vão à tela e eu vou lá, e levo as coisas pra eles.


P/1 – E como eles chamam o senhor?

R – Negrão.


P/1 – E seu Aldvir, como o senhor se envolveu, como o senhor ficou sabendo aqui desse projeto de reformar a escola?

R – Esse projeto aconteceu assim, até marcaram uma data, daí naquela data era antes de terminar o ano, não deu certo, não sei por que. Parece que a BRF não pôde por motivo das pessoas da BRF não podiam comparecer. Tava tudo certo pra ser ali no salão e daí não deu. Aí marcaram a outra data, fizeram no salão. Eu não fui porque eu tava com a bodega cheia de gente, mas a mulher foi, a menina foi, e lá eles anunciaram o que iam fazer, que iam fazer o tal 5S, que eu não tenho estudo, eu não sabia o que significava. Depois a mulher me deu uma explicada pra mim o que era. Aí que eles iam gastar em torno de 20 a 30 mil, parece que era, dando uma reforma, que o colégio tava abandonado, tava em duras precárias, banheiro, era dura a situação, todo mundo começou, daí foram lá, começaram a vir pra reformar, pra reformar, começaram a trabalhar. Daí o povo perguntava: “A prefeitura tá fazendo. Será que vai fazer em todos os colégios?”. Daí a gente dizia: “Não. Não é a prefeitura, a prefeitura apenas empresta o prédio, empresta o nome e a autorização, que eles falavam”. E a BRF, através do Otávio, que eu até não tenho amizade assim com o Otávio, o conheço, mas tenho amizade mais com o Dilamar. E o Dilamar foi um dia lá e falou pra mim se um dia eu dava um depoimento, eu disse: “Ah, eu dou”. Daí um dia eles foram lá a casa. Aí eu vi a mudança no colégio, o dia a dia das pessoas trabalhando, os funcionários da BRF, eu acho que o que comandou mais aqui o vizinho ali… Esqueci… O que é pedreiro. Esqueci o nome dele agora. Ele é filho do seu Darli ali, que trabalha ali, que ele é pedreiro ali dentro.


P/1 – Como o senhor olhava, assim… como o senhor via a escola?

R – Abandonada, muito abandonada. O Poder Público às vezes tem dinheiro, às vezes não tem, a gente não sabe nunca. Muito abandonada. Foi uma mudança. Olha, se fosse dar uma nota dez que seria a maior, não, eu acho que precisa umas 20 vezes dez.


P/1 – É, porque era abandonada? Assim, eu não vi como era a escola antes...

R – Mas a foto a senhora viu.


P/1 – É, mas assim, é diferente quando a gente vê. Como o senhor descreveria o estado da escola em detalhes?

R – Ela tava sem pintura, que não tinha escada pra subir, era tudo atirado. Tinha uma cerquinha de tela muito ruim, tinham umas árvores aqui na frente que tampava tudo, era sem pintura, o banheiro não… Eu não vinha aqui, não funcionava. A única coisa que tinha em abundância era água. E o resto, sabe como era, nada funcionava na verdade, nada, nada, era tudo muito precário.


P/1 – E aí quando chegou esse pessoal aqui da BRF falando que ia reformar, como o senhor se sentiu?

R – Senti-me bem. O Eliseu, que é o pedreiro que comandou aqui, ele todo dia tava aí. Eu tava ali na frente da bodega. Eu vinha aqui, daí eu perguntava para o Eliseu: “O que vai ser feito?”. “Ah, vamos fechar, vamos reformar, vamos trocar a fechadura, o banheiro vai funcionar”. Daí já começou a trocar isso, trocar aquilo. Eu acho que eles trabalharam aí em dois, três, uns 60 dias quase. E foram fazendo, foram evoluindo e deu certo. A firma fez um grande papel. Eu acho assim. E tá aí hoje, hoje as crianças, porque aqui a tendência era… Eu achava que ia fechar, que ia indo pra aquele lado de fechar. E hoje vejo o outro lado da história, eu vejo que vai para o lado de evoluir agora. Agora ficou fácil até de a administração comandar.


P/1 – E como o senhor é vizinho aqui de frente, o senhor ia acompanhando a obra, né?

R – Tudo. Desde o primeiro tijolo até o último. Até o dia da inauguração.


P/1 – E aí o senhor foi vendo, como era isso para o senhor?

R – Mas isso era muito bonito, muito bom pra gente ver as coisas na comunidade. Tudo que vem bem-feito na comunidade é bom. Porque eu fui um líder dessa comunidade, desse salão aqui em cima. Eu trabalhei 20 anos. Nós também trabalhamos numa comunidade assim, fazendo promoção, fazendo baile, que quando nós ficamos alegres. O dia que eu e outro colega, eu era o vice-presidente, ele era o presidente, nós inauguramos aquele salão ali em cima, isso é uma alegria pra comunidade. Olha, era um salão que ninguém acreditava que a gente ia fazer, mas a gente fez. Outro dia fizemos a igreja. E aqui na escola, daí já veio isso aqui. Não existe nenhum colégio aqui em Fontoura, do município, que tenha ar-condicionado. Aqui, quando falaram que iam colocar o ar-condicionado, eu disse: “Olha, se colocarem, vai ficar de primeiro mundo”.


P/1 – E colocaram?

R – E colocaram. Tem. Então, é uma coisa de primeiro mundo. E o colégio mudou tudo. Primeiro as crianças chegavam aqui todas embarradas, não sei o quê, não tinha um lugar pra limpar o calçado, o professor tinha que mandar trazer um calçado pra estar aqui e outro. Hoje tem. Chegam ali, vão se lavar, vão arrumar o calçado, vão limpar. Eu acredito que colégio como esse aqui, dentro de Fontoura, não tem. Não tem. Só tem esse que a… desculpa, que a BRF, eu sou acostumado a dizer Perdigão (risos).


P/1 – Não tem problema. Quer dizer que o senhor foi líder aqui na comunidade?

R – Eu ajudei a criar essa comunidade. Depois eu voltei de Itaipu já com uns 24 anos, por aí, e aí já me convidaram, a gente participou, e foi crescendo assim. Um salãozinho de madeira ali, pequenino, a igreja em cima de um barranco, e a gente foi desmanchando, então nós ficamos assim. Uma diretoria mandava dois anos, depois a gente ficava fora dois anos. Dali dois anos nós voltávamos e a outra trabalhava bem. Ficamos em base de oito a dez pessoas comandando uns 20 anos. Nós fizemos as coisas, deixamos a comunidade bem. Daí outros fizeram agora aquele calçamento na frente. Quando a administração conseguia um calçamento aqui, aí o pessoal da igreja pagou pra fazer aqui na frente. Melhorou a igreja. As coisas foram evoluindo. Hoje tem um patrimônio grande, a comunidade, mas muito sofrido, muito judiado, muitas vezes trabalhado até com chuva.


P/1 – E esse projeto de melhoria da escola, como o senhor acha que foi importante para a comunidade?

R – Mas até não tenho palavras pra dizer como foi importante. Se tinha uma coisa que não tava funcionando, não tinha mais nada, tava precária, mudar pra cem por cento melhor, eu acho que a comunidade aplaudiu de pé vendo a firma fazer isso. Até muitas vezes: “Será que eles vão fazer um colégio novo?”. Pergunta assim. Isso não é fácil. Nunca sabe o que eles podem fazer, mas já reformando e dando uma ajudada pra manter, eu acho que já é uma grande coisa.


P/1 – E as crianças?

R – As crianças se sentiram muito empolgada em estudar num colégio bom. Primeiro estavam querendo sair daqui, tinham muitos indo pra lá pra aquele outro colégio. Hoje pensam em voltar, pensam em ficar aqui. O colégio dá representatividade para as pessoas, dá aquele bem-estar de estar num colégio bom, funcionando. Muitas vezes chegava lá um guri: “Bah, mas lá no colégio não tem nem banheiro, não tem isso, não tem aquilo”.


P/1 – E a sua esposa?

R – Gostou também, porque mudou, teve mais jeito de trabalhar, as coisas mudaram muito, num colégio melhor. Ela leciona até em dois colégios. Leciona aqui até meio-dia e de tarde no município de São José do Herval. Mas aqui melhorou bastante, porque lá tinha tudo e aqui não tinha nada. Então hoje tá bem aqui também, daí ficam bem os dois lados.


P/1 – O que o senhor achou, o senhor que já trabalhou na agricultura, o que o senhor achou dessa horta que fizeram aqui?

R – Muito bom. Beleza. Pelo menos tem até pra ensinar uma criança dessas, que tem muitas crianças que vivem agora nessa vila aqui que já não sabem plantar um pé de nada. E tendo no colégio, até plantavam, vai saber. Apesar de que esse ano foi terrível, que aqui a seca prejudicou uns oito meses. Que nem eu ali que tinha lavoura, todo mundo abandonou as lavouras, porque não vem nada. A água não podia gastar assim. Mas isso aqui foi muito bom. Bah, uma lavoura dessa aqui vale muito dinheiro! Até para o alimento da própria criança no próprio colégio.


P/1 – Elas comentam com o senhor?

R – Sim, claro. Eles ali tem isso, tem aquilo. Quando chega ao final do ano, daí ia ficar aí, uma leva, outra come, que eles comem aí. Eu vejo assim, elas gostam, gostam mesmo.


P/1 – E tinha essa questão do lixo, né, senhor Aldvir? Como foi essa questão do lixo?

R – Essa foi outra coisa que nós pleiteávamos pra vir um caminhão aqui pra recolher alguma coisa, que nós não sabíamos o que fazer com tanto entulho, tanta coisa. Que nem, eu que tenho a bodega, numa época eu cheguei a ter dois mil litros desses PET [garrafas de Polietileno Tereftalato] ali. A gente não tinha o que fazer com isso. A gente não sabia pra onde mandar. Muitos dias: “Ah, carregar na camionete, eu tenho uma camionete”. Levava lá embaixo na minha propriedade, largar lá, mas quantos anos vão ficar lá. Aí quando vocês vieram, começaram, o pessoal da BRF começou a passar nas casas, juntava, não sei se eram de vocês mesmos o caminhão, de quem era. Aí juntou, levou tudo, depois agora a prefeitura se antenou, a administração se antenou e manda aí no máximo 15 dias, às vezes até com oito dias ele tá aí. Até agora já tá faltando lixo pra mandar, na verdade. E eu fico juntando aqui na frente, que eu vendo os picolés, as coisas, as crianças vêm, às vezes. Quando é de manhã, que chegam lá, comem e jogam no chão. Aí eu dou uma olhada e umas duas vezes por semana, eu ia até juntando tudo. Aqueles que eu vejo que é da minha bodega, eu vou levando tudo pra lá e dou jeito de mandar pra cima.


P/1 – E as crianças o senhor sente que mudou isso pra elas também?

R – Mudou muito, porque, primeiro, se eu vendia um picolé pra elas, elas chegavam lá na bodega, descascavam e atiravam no próprio chão, eu que tinha que juntar. Como as professoras começaram mudar eles aqui, mudar a ideia deles aqui, hoje não, descascam, jogam lá nos baldes que eu tenho pra jogar o lixo. Isso mudou muito, isso foi muito importante. Eu acho que foi uma das coisas mais inovadoras aqui no lugar, porque a tendência, mesmo o pessoal que fumam lá na bodega, hoje eles têm assim… Pode ter um cinzeiro, mas tem o problema de jogar lá na frente o toco de cigarro, e eu tenho que está juntando lá naquela lixeira senão uma hora vira bagunça. E a criança era assim, pegava uma bala, jogava no chão. Hoje eu os vejo com a bala no bolso, com o papel da bala no bolso. Então, por exemplo, eles chegam lá e jogam no lixo. “Olha, comem uma bala e vão jogar aqui”. Mas eles estão comendo a bala na rua e deixam no bolso, vão lá e jogam lá.


P/1 – E em relação aos adultos, o senhor sente que eles também mudaram?

R – Os adultos são mais difíceis um pouco, porque eles não participam da aula, mas a criança conta em casa. Mas o adulto, você sabe, que é mais cabeça-dura, demora mais pra ter essa ideia boa de jogar o lixo, cada um no seu lugar. Eles demoram um pouco mais, mas os adultos também aplaudem e gostam da atividade que a criança faz aqui, que chega a casa, diz que o lixo tem que jogar no lixo, e o lixo tem que mandar embora.


P/1 – O senhor acha que o fato de ter tido essa melhoria aqui na escola, isso tá servindo de exemplo pra outros lugares aqui na comunidade?

R – Eu acho que serve muito de exemplo. Demais até pra outras comunidades. Só que todo mundo pergunta como faria pra BRF ajudar no outro lugar, porque eu acho que, sei lá, as administrações deviam por mais dinheiro. Não sei até que ponto eles podem, não podem, a gente nunca sabe. Isso aí é uma coisa que a gente não entende, pra fazer uns colégios de primeiro mundo, melhorar os colégios na verdade.


P/1 – Bom, o senhor que já foi líder de comunidade, preocupado assim, o que o senhor acha da importância de se trabalhar por um bem comum, como as pessoas se engajaram aqui para o trabalho?

R – É um trabalho voluntário, que a gente chama, que a gente tem que largar aquilo que é o bem que é pra fazer pra gente, largar aquelas atividades, mas nunca me fez falta um dia desses. Eu sempre digo, eu trabalhava meio sozinho, plantava fumo, mas quantas vezes, daqui indo lá pra minha propriedade devem dar uns sete quilômetros em Fontoura Xavier, eu não tinha moto, eu não tinha carro, eu ia a pé resolver os problemas da igreja, da comunidade, e voltava a pé. Muitas vezes não tendo dinheiro pra tomar um guaraná, vim, mas valeu à pena, porque nunca me fez falta esse dia, na verdade. Trabalhar pra comunidade, quem trabalha e se dedica, eu acho que recebe uma recompensa boa. Eu não lembro que um dia me fez falta aquele dia, e olha que saía alguns dias, e olha que saíam alguns dias. Eu acho que a recompensa vem. Um dom de Deus, eu acho. Quem trabalha voluntariamente pelas comunidades, cresce.


P/1 – O senhor tem filhos?

R – Tenho duas filhas.


P/1 – E como o senhor passa isso pra suas filhas?

R – Eu tenho uma já casada, já mora lá no município de Garibaldi. A outra tá aí comigo. A gente sempre prega pra serem pessoas de bem. Agora, a gente nunca sabe, não tá fácil hoje. Eu falo, sou durão até pra serem pessoas de bem. Até essa que tá comigo aí tem 11 anos, às vezes ela chega à bodega, muitas vezes não diz bom dia, não diz boa tarde, pois eu vou lá e repreendo. Tem que aprender. Quando chega, que tem alguém, tem que dizer adeus. Responde quem quer, mas tu tens obrigação de falar, porque nós estamos aqui pra vender uma bala, um chiclete, um pirulito, um trago de cachaça, mas as pessoas têm que se respeitarem.


P/1 – Essa questão do lixo pra ela, assim?

R – Também é importante, porque ela tá no outro colégio. Lá eles pregam bem esse negócio do lixo. Lá não pode jogar na rua há mais tempo.


P/1 – Tá bom, senhor Aldvir. A princípio é isso que eu queria conversar com o senhor. Tem alguma coisa que eu não perguntei sobre essa melhoria da escola que o senhor gostaria de falar?

R – Acho que não. Acho que veio tudo a dizer. Acho que não deixou nada. Não lembro, assim, no momento.


P/1 – Nenhuma história marcante para o senhor, algum momento que o senhor olhou pra escola e sentiu alguma coisa?

R – Não. Acho que não tem, porque sempre quando eu digo que eu tava aí “pra frente”, às vezes até dava alguma ideia, falava às vezes para o Dila… O Dila tava por aí, que eu mais conversava com ele, eu perguntava. Mas acho que fizeram tudo dentro dos limites. Eu acho que só fazendo tudo novo pra ser melhor. Eu acho que na reforma ficou cem por cento.


P/1 – Tá bom então. Muito obrigada pela sua entrevista.

R – Nada. Eu que agradeço.


FINAL DA ENTREVISTA