Museu da Pessoa

Os desafios de um geólogo

autoria: Museu da Pessoa personagem: Pedro Moura de Macedo Júnior

Entrevista de Pedro Macedo Junior
Entrevistado por Torigoe / Daniela
04 de agosto de 2021
Projeto: Memórias de Furnas
FURNAS_HV027

0:00

P/1 - Qual que é o seu nome inteiro? Onde você nasceu? E que dia que foi, por favor?

R -

O meu nome é Pedro Moura de Macedo Júnior, nasci no dia 12 do 12 de 1976, em Brasília, Distrito Federal.

0:31

P/1 -

Pedro, você nasceu em hospital? Como é que foi o seu nascimento? Te contaram o dia que você nasceu? Como que foi a tua gestação, essas coisas?

R -

Muito da gestação não! Mas o que é bastante falado, até nos dias atuais, quando a gente reúne a família, é que eu fui o primeiro neto, da parte dos meus avós paternos, que moravam em Brasília, na época. A gente morava em Paracatu, Minas Gerais, por conta do trabalho do meu pai. Então fomos para Brasília, só para eu nascer lá, com acompanhamento dos meus avós. Eu nasci bem próximo da meia-noite, e os meus avós e os meus pais contam, que meu pai e meu avô estouraram champanhe, foi uma alegria danada. Foi num hospital em Brasília, no final da Asa Sul.

1:31

P/1 -

Pedro, me conta um pouquinho sobre o seu pai? Qual que é o nome completo dele e como que é a história da família dele, dos seus avós, por parte de pai, por favor?

R -

O nome do meu pai, eu sou Júnior, o nome dele é exatamente igual ao meu, Pedro Moura de Macedo. O meu pai, aí já começa a contar também, até um pouco da parte da minha mãe. Os dois nasceram em Teresina, minha família é oriunda do Piauí. O meu avô, ele é o legítimo Candango, eles vieram do Piauí para construção da cidade de Brasília, na época do Juscelino Kubitschek. Então o meu avô trabalhou muito tempo lá, na construção da parte de telefonia da cidade, e ficaram até hoje, minha família, tenho bastante parentes em Brasília. E o meu pai, falar dele só a parte da carreira profissional dele. Aí já começando até falar um pouco de mim também, meu pai é geólogo de formação, assim como eu. Ele sempre foi uma pessoa que eu sempre me espelhei bastante, e por conta disso, das oportunidades de emprego que ele teve, que a gente sempre mudou muito de cidade. E Brasília sempre foi uma referência para gente retornar, porque os meus avós estavam em Brasília. E a gente rodou muito Brasil, por conta da profissão do meu pai, e por conta disso que a gente estava em Paracatu, quando foi a época do meu nascimento.

3:19

P/1 - Conta mais um pouquinho essa história dos seus avós como Candango? O que eles contaram para você, o que ele geralmente contavam sobre a construção de Brasília? Como que era nesse tempo, de repente como é que foi vir para cá do Piauí, eles contaram para você isso, Pedro?

R -

O meu vô, já falecido, ele que costumava contar um pouco mais dessas histórias, quando a gente reunia a família. Ele se enche muito orgulho, de ter participado desse projeto, ele conta um caso bastante engraçado na época, como ele trabalhou na parte de telecomunicações, ele que fez a ligação do telefone, da chamada casa da Dinda, que era a casa onde ficava o presidente, para passar um ramal por dentro do lago Paranoá, disse que foi uma missão bastante bacana. Aquela coisa, quando eles chegaram lá não tinha nada, então foi o meu vô, com os meus pais, ainda crianças, que ajudaram ele a construir a casa deles, que a minha avó mora até hoje lá. Eles tem duas casas lá, uma vizinha da outra. Foi o meu vô, com o meu pai e o meu padrinho, que construíram a casa deles lá. Então chegaram bem no início mesmo. Então por isso que a gente fala que são os legítimos Candangos. O pessoal fala que quem nasce em Brasília é candango, mas quem nasce em Brasília é Brasiliense. Candango são as pessoas que foram para a cidade para participar da construção.

4:59

P/1 - A sua mãe, qual que é o nome completo dela? E agora como que é a história da parte da sua mãe?

R -

A minha mãe chama, Maria de Guadalupe Nogueira Paranaguá de Santana, na minha identidade está como, Maria de Guadalupe Santana Macedo, que é o nome dela de casada. Que os meus pais se separaram, ainda quando eu e minha irmã estávamos no meio da nossa adolescência. A minha mãe é pedagoga de formação, e sempre acompanhou o meu pai, por onde a gente foi

ela ia, procurava alguma oportunidade nas escolas da cidade, e sempre trabalhou, nessa parte da pedagogia,

já trabalhou nas coordenações, já foi até diretora de uma escola, que inclusive eu estudei no Mato Grosso. Foi diretora da escola que eu estudei. Vou contar uma história engraçada, o pessoal brincava comigo na escola, que eu tinha privilégio, porque a minha mãe era diretora, eu falava: gente, quando vocês chegam lá, vocês são assinam papelzinho de advertência, eu apanho, então é diferente. Mas é isso, a minha mãe sempre acompanhou o meu pai. E aí depois, quando a gente voltou para Brasília, para a gente estudar, eu e minha irmã, a minha mãe já separada do meu pai, minha mãe ficou em Brasília e mora lá até hoje.

6:36

P/1 -

E os pais dela são do Piauí também?

R -

São do Piauí também, meu vô, o pai dela, é economista, foi também lecionar, foi um dos primeiro professores de economia da UnB. Foi um período morar fora, nos Estados Unidos, voltou e encerraram aí. Que hoje os meus dois avós maternos já faleceram, mas os últimos momentos deles aqui, em vida, foi lá em Teresina mesmo, eles voltaram para lá.

7:11

P/1 - Pedro,

você sabe como seus pais se conheceram? Eles te contaram isso?

R - Pelo que eu me recordo, acho que foi escola. Lá em Teresina, em escola, eles começaram a ter um grupo de amigos, e aí os pais também se conheceram, meus avós eram amigos, meu avô era amigo do meu outro avô. Até na época da própria vida deles lá, na questão de Brasília, que os meus avós maternos também vieram. Então acabou que eles continuaram com o contato e em Brasília eles se aproximaram mais, e aí o casamento foi questão de consequência.

8:10

P/1 -

Pedro, você tem irmãos? Se você tem, como seria essa escadinha?

R -

Eu tenho só uma irmã, uma irmã mais nova, ela é dois anos mais nova que eu. Ela mora lá em Brasília também, perto lá da minha mãe.

8:30

P/1 -

Como é que foi essas mudanças com o seu pai? Você tem alguma casa que você se lembra mais, de ter morado muito tempo?

R -

Teve sim! Eu lembro pouco de Paracatu. A minha irmã, quando foi para nascer, aconteceu a mesma coisa, mas a gente já morava em Vazante, outra cidade de Minas, e a gente veio a Brasília, só para ela nascer também, foi a mesma história. Depois a gente foi para o Rio de Janeiro, e moramos no Rio por seis anos, na minha adolescência. Então alguns projetos que o meu pai foi, minha mãe acabou ficando um pouco mais fixa no Rio, e o meu pai que mudava, ficava naquela vinda de vez em quando. Então eu lembro bastante, eu morava aí no Leblon, em frente ao clube do Flamengo, sou flamenguista. Então eu fiz um monte de coisa ai no clube do Flamengo, me recordo bem. Eu estudava numa escola ai no começo do Vidigal, chamava Stella Maris. Então a maior parte das lembranças da minha infância, é daí do Rio de Janeiro. Com 10 anos eu fui embora, aí nós mudamos para o Mato Grosso, também tenho grandes lembranças do Mato Grosso, moramos lá por dois, ou três anos. E depois nós retornarmos para Brasília, que aí já foi o final do colegial e universidade. E essa foi a trajetória mais na parte da infância, adolescência.

10:25

P/1 - O seu pai era geólogo, ele trabalhava em qual empresa? Que trabalho que ele fazia que ele viajava tanto?

R -

O meu pai ele é geólogo e a formação dele, a especialização dele, foi na área de mineração. Então o meu pai sempre trabalhou com os projetos de ouro, cobre, níquel, chumbo. Então a parte de mineração, mais dedicado a mineração.

11:15

P/1 - Como é que era o Rio de Janeiro na época que vocês cresceram? Onde você gostava de ir? Você brincava muito na rua?

R -

Ali próximo do prédio que morava, tinha uma praça, que me lembro bastante da praça, que era o momento de brincar ali com os colegas, com os vizinhos. A gente ia bastante a praia, eram uns quatro, cinco, quarteirões da praia. Me lembro bem quando os meus primos de fora iam lá para me visitar, a gente ia bastante a praia. E como eu te disse, pela proximidade ali com o clube do Flamengo, vamos dizer assim, o tempo que passava na escola, eu passava na parte da tarde também, no clube do Flamengo, fazendo atividades esportivas, fazia judô, futebol, ginástica olímpica, natação, fazia um monte de coisa lá no clube.

12:20

P/1 -

Você gostava muito de esporte, então? Vocês assistiram na TV, ouviam no rádio, ia no estádio?

R -

Então, ir ao estádio, não lembro de ter ido ao estádio com o meu pai, por conta do meu pai fica pouco lá com a gente no Rio. Eu lembro de ter ido ao estádio, para assistir um jogo, não do Flamengo, com meu avô, materno, que morava perto da gente, quando a gente morava no Céu de Pedra. Teve um período que ele morou aí, até por conta disso, que minha mãe resolveu ficar um período mais fixa no Rio, e deixar o meu pai um pouco mais dedicado aos projetos e voltar com frequência em casa. Então, no Maracanã eu só lembro de ter uma vez, essa vez com o meu avô, então eu fui pouco. E eu lembro assim, de ver o Flamengo jogar não, ver o Flamengo treinar, quando ele estava treinando lá na Gávea, eu sempre procurava ser aquele garotinho lá, comprava umas balas e ficava assistindo os treinos lá na arquibancada.

13:43

P/1 - Você tinha algum ídolo nessa época no futebol?

R -

Zico, né cara, sem dúvida. Era uma época que o Zico jogava. E eu peguei uma época lá de treinos, quando o Sócrates jogu também. O Zico e o Sócrates no Flamengo, treinando juntos, era Fantástico.

14:05

P/1 -

Vocês assistiam TV, você ouviam rádio, programa de rádio em casa, nesse período?

R – Não! Rádio não, TV, TV sim.

14:19

P/1 - E o que vocês viam? Você se lembra o que vocês gostavam na época?

R -

Teve um programa que eu lembrei dessa época, Armação Ilimitada, olha só, Kadu Moliterno, aquele outro caboclo lá, eu não lembro o nome do outro. Dessa época eu lembro desse programa que eu gostava bastante. E eu era garoto, assistia muito desenho, muito desenho animado.

14:50

P/1 -

E como que era você na escola, lá no Stella Maris? Você lembra de algum professor, de algum colega, alguma situação que você viveu?

R -

De professor não, mas lembro de uma colega de classe, que a gente era bastante competitivo, nas notas. Eu representando os homens e ela as mulheres, a gente foi o destaque das turmas por algum período. Então lembro bem da Moema, nunca tivemos nenhuma amizade colorida, próxima não, era mais essa relação estudantil mesmo.

15:35

P/1 -

E como é que foi mudar para o Mato Grosso? Você sentiu uma grande diferença?

R -

Imensa, gritante! Porque a gente foi morar numa cidade, a gente saiu de uma capital, que já foi a capital do país e ir para uma cidade, se a gente tivesse mudado para Cuiabá, que é a capital do Mato Grosso, mas não, depois de Cuiabá, indo sentido da Bolívia, tem Cárceres, São José do Quatro Marcos, Mirassol do Oeste, Araputanga, 80 km da Bolívia. Na época que a gente chegou lá, tinha uma via que era avenida principal da cidade, que era asfaltada só. Então foi uma mudança drástica.

16:29

P/1 -

E como é que foi para você, para sua irmã, vocês arranjaram escola lá, para estudar? Onde vocês foram morar, que casa, me conta um pouco?

R -

Então Lucas, lá no Mato Grosso, como a gente foi por conta do projeto, então tinham várias outras famílias. A empresa montou uma espécie de uma vila, na cidade, então assim como a gente, tinha várias outras famílias, com crianças também, que foram morar lá. Então a gente logo fez amizade com um monte de gente, então essa questão de ficar sozinho não ocorreu. E foi a época aí, a questão da escola que você me perguntou, foi a época que a minha mãe... Não só empresa que meu pai trabalhava, mas tinha outras empresas que foram para lá também, conseguiram levar uma unidade do Sesi, uma escola lá para Araputanga, e foi a época que a minha mãe foi diretora da escola. Aquele caso que eu te contei dos momentos que eu passei lá.

17:39

P/1 -

Pedro, me conta como que é essa coisa de morar em Vila?

R -

Como meu pai participava, além das questões, da relação dele do dia a dia, da profissão. Meu pai participava de alguns outros clubes, lá na cidade, e por conta disso a gente acabou fazendo amizade com outras pessoas também da cidade. Foi uma época que a gente andou mexendo com cavalo, com vaca. Meu pai comprou uma Chacrinha lá, e a gente começou a mexer com isso. Então eu corria uns rodeios lá, disputava prova de tambor, laço. Então fiz amizade com outras pessoas lá também da cidade, por conta disso. Que essa experiência com animais, essas coisas, o pessoal da Vila não tinha nada, era todo mundo de cidade grande, ninguém entendia nada desses assuntos. Então acabou que a gente teve bastante contato com o pessoal da cidade também. Mas a vivência na Vila não tem jeito, não tem como escapar, a vizinhança ali, sempre que tinha os encontros, as reuniões, as festinhas, era na casa de um colega da Vila, de outro, então a gente acabava ficando também bastante dedicado ali com o pessoal da Vila.

19:29

P/1 -

Me conta mais essa coisa de lidar com cavalo, com gado?

Então você chegou a disputar esses torneios de laçar?

R -

Alguns colegas do meu pai, desses clubes, Rotarys, esses clubes que o pai participava lá na cidade. Tinha alguns colegas que mexiam com isso, e eu despertei interesse. Meu Pai perguntou se a gente queria, meu pai comprou uma égua para mim, o nome dela era nobreza, ficava numa fazenda lá, junto com outros cavalos, dos outros colegas lá juntos. Então a gente tinha essa rotina, eu acabei afastando um pouco daquela rotina intensa de esportes que eu vivia no Rio de Janeiro. E tinha uns dias da parte da tarde, depois da escola, que a gente ia lá para fazenda, ia buscar o cavalo no pasto, arreava o cavalo, para fazer os treinos, participava dos treinos, depois do treino dá banho, da ração. Então tinha todo esse convívio, era eu e a égua, é uma relação bastante bacana também, cara, de interação que você aprende muito com o animal.

20:28

P/1 - Como que ela era? O que você aprendeu com ela?

R -

Ela era uma égua Quarto de Milha, a raça, não sei se vocês conhecem as raças de cavalo. Vamos dizer assim, em termos de nível da pureza do sangue, a gente fala assim, dos cavalos, ela não era puro sangue, ela era meio sangue. Mas era uma égua bem bonita, era castanha, tinha uma estrela branca na testa. Era bastante bacana assim, que tinha alguns colegas, que ficavam ralando para conseguir pegar o cavalo lá no pasta, e a Nobreza, eu tinha uma relação tão bacana com ela, que ela me esperava, ela me esperava, eu chegar perto dela, colocar o cabresto nela, levar ela para a baia, para a gente fazer todo o procedimento de arreio e tudo mais. Ela era bastante dócil.

21:56

P/1 -

Era meio só que olhar para ela?

R -

Eu cuidava bem dela, então eu acho que ela gostava de mim também. Ela não ficava só simplesmente esperando não, eu chamava, falava o nome dela. E ela não era como as maioria dos outros, que ficava fugindo do dono, para não ser pego, para não ir ali para a labuta ali, do treinamento. Então eu entendia que ela gostava daquela rotina de vida dela.

22:44

P/1 -

Pedro me conta como são essas competições? O que vocês tinham que fazer? Quais eram as modalidades?

Quantos anos você tinha?

R -

Eu tinha 13, 14 anos, fiquei lá no mato grosso, até os 15 anos. Os 14,15 anos, foi o período que eu estava participando dessas provas aí. Basicamente tinha duas provas principais, que eram as que eu mais participavam, chama baliza, que são 6 postizinhos que você coloca enfileirado, você vai com cavalo até a frente e vem fazendo o percurso ali, entre as balizas, ida e volta e depois volta de novo. E é marcado um tempo. Marca-se um tempo e as balizas que você derrubou, então tem ali algumas regras. E a outra prova que a prova do tambor, são três tambores, formando uma espécie de um triângulo, eles ficam na disposição de um triângulo, você tem que fazer ali o circuito, contornando eles também, da mesma forma, marcando um tempo ali. Ali a questão é o tempo, que é o determinante ali, de quem vai vencer ou não aquela prova. E a última, que eu não participava, nos rodeios, vamos dizer assim, competindo, mas brincava lá com os amigos, que era o laço, que a gente brincava de vez em quando lá, quando pegava um final de treino do pessoal, dos adolescentes mais velhos, dos adultos, a gente brincava um pouco lá, com os animais menores também, a gente brincava, soltava uns bezerros lá, para a gente treinar uns laços, é bem legal.

24:45

P/1 -

E tinha algum tinha algum cara que era o peão melhor da região?

R -

Tinha! Mas eu não vou lembrar o nome dele aqui agora.

25:10

P/1 -

Mas por que ele era o melhor?

R -

Ele participava dos rodeios, lá na região, e ele ganhava a maioria dos prêmios, na época lá, até hoje. Os premiados sempre ganham carro, motos, e ele sempre levava esses prêmios aí.

25:36

P/1 - E como que era na escola, nesse período com a sua mãe como diretora? Sua irmã estudava junto com você também?

R - Nesse período eu não tinha muito contato na escola com a minha mãe. O pessoal brincava com essa questão que eu te contei anteriormente, mas eu basicamente não tinha contato, era mais quando tinha algum fato importante ali, alguma reunião, essas maiores, que vão todos a escola lá, para uma fala da diretora e tal. Mas assim, além disso, não tinha contato com ela lá na escola. Minha irmã, 2 anos mais nova que eu, a gente se encontrava algumas vezes, na hora ali do intervalo, do recreio, mas ela tinha lá as amigas dela, eu tinha os meus amigos, a gente não ficava juntos. E o desempenho na escola, foi muito bom também, assim como foi no Rio de Janeiro, nunca tive muito problema na escola não.

26:56

P/1 -

Uma coisa que eu esqueci de te perguntar, você ganhou algum prêmio? Como é que foi você disputando as competições com cavalos?

R -

Eu cheguei a ganhar, eu lembro, de uma competição que acabou ficando eu e um amigo, que também era lá da mesma fazenda. A gente ficou lá para final e eu ganhei no tempo dele, foi na prova da baliza, inclusive. E eu levei um troféu para casa.

27:34

P/1 -

O que o teu pai achava, tua mãe achava disso?

R -

A minha mãe, ela nunca gostou muito de mato não. Mas às vezes ela assistia, às vezes não. Mas o meu pai, quando ele podia também, ele sempre estava lá me assistindo, me apoiando, me ajudava às vezes, a cuidar do cavalo no final das provas. E também no dia a dia quem cuidava lá do cavalo eu era eu sozinho.

28:11

P/1 - E nessa época você queria já ser alguma coisa? Você estudava mais o quê? Que matérias você gostava mais? Você já tinha uma profissão que você queria ter, lá no Mato Grosso?

R - No Mato Grosso, eu acho que eu ainda não tinha pensado ainda, em nada de profissão. Sempre tem aquelas brincadeiras, quando a gente é mais novo, “eu quero ser bombeiro”, que você acha bacana o que o bombeiro faz. Minha avó, a gente tem uma chácara até hoje em Brasília, eu falava que eu queria ser chacareiro, que eu achava o chacareiro lá fortão, o cara trabalhava para caramba, eu gostava, admirava o trabalho dele. Mas no Mato Grosso, não, no Mato Grosso eu não pensei, mas sempre gostei das disciplinas de exatas.

29:15

P/1 - Com seus 15 anos você mudou para Brasília, foi aí que seus pais se separaram?

R -

Depois do Mato Grosso, fomos para Brasília. Assim, aí saiu da cidade pequena, voltou para uma cidade grande. Então como já vinha dessas mudanças Lucas, eu não tive muito impacto, não me lembro de ter tido algo relevante, em termos de pensamento, com relação a isso. Mas a gente mudou para Brasília, num apartamento em condomínio, fechado, então logo eu tive a liberdade ali, de começar a ir para o play, conhecer os amigos, logo fui me enturmando também. Você comentou no final das sua fala sobre a questão da separação... Passou um período, não foi logo que a gente chegou, passou um período, aí foi o período que os meus pais separaram, meu pai pegou um projeto aqui no interior de Goiás, em Fazenda Nova e aí conheceu outra pessoa lá, e resolveu separar da minha mãe.

30:45

P/1 - E nesse período vocês estavam no que, no atual ensino médio?

R - Isso! Na verdade eu tinha 19 anos, eu já estava na universidade, iniciando a universidade. E minha irmã com 17 terminando o segundo grau.

31:09

P/1 - Então aí que você escolheu uma carreira na universidade? O que te levou a escolher e qual escolha que você fez?

R - Como eu sempre gostei de exatas, e sempre teve a questão da admiração do pai, da influência, apesar de que ele nunca influenciou diretamente, ele nunca falou disso diretamente comigo. Mas acabou influenciando indiretamente. Na época que eu fui fazer o vestibular, eu comprei o guia do estudante, na época, e pensava numa engenharia civil também e a Geologia, como o guia de estudante que eu comprei, na época, falava mais que o mercado para engenharia civil, estava um pouco saturado, e que as portas em outras vertentes na área de Geologia estavam se abrindo, eu resolvi fazer o curso de Geologia.

32:18

P/1 - Como que seu pai se influenciou indiretamente? Ele contava como que era o trabalho dele, era esse tipo de coisa?

R -

Não, era o que eu via. Era o que eu via na atuação dele, às vezes ele levava alguma coisa para casa, alguns mapas. Então eu achava interessante também. Via ele conversando com os amigos sobre os projetos e acaba que

nessas conversas assim, as pessoas contam entusiasmados, as coisas, então a gente acaba assimilando as partes boas. Então ccredito que tenha sido por aí.

33:01

P/1 -

Ele chegou a levar vocês perto de algum empreendimento, ou não podia fazer isso?

R -

Não! Na época que a gente era criança, nós nunca fomos. Eu só fui depois quando já estava cursando geologia.

33:27

P/1 -

Quando você entrou na faculdade, que ano que era exatamente, final dos anos 80?

R -

Foi em 95.

33:42

P/1 -

Como que é morar em Brasília, tão perto do Palácio do Planalto, essas coisas? Isso chega ter algum impacto na vida cotidiana das pessoas que moram na cidade?

R -

Não! Dá minha experiência, se falasse que não era lá que estava, era a mesma coisa.

34:12

P/1 - Você entrou em 95 na UnB, como que era o curso? Como que era o Campus?

R -

Para falar da UnB, é importante falar também... Porque o seguinte, a UnB, foi a mesma graduação que o meu pai fez. Então muitos professores que deram aula para ele, deram aula para mim também. Então meu irmão, eu passei um bom bocado lá na graduação, alguns que tinham contato com ele ainda, fala: ô, se você não se comportar eu vou ligar para o seu pai. Pegava no meu pé lá! Mas assim, o campus, a UnB, é uma universidade muito bacana, muito bonita. O prédio principal lá, que a gente chama, o minhocão, é uma arquitetura bastante interessante, eu gostei bastante de estudar ali. O nível das pessoas assim, você ver que tem uma mistura muito grande, tem pessoas que tem uma certa condição, estão lá, tem pessoas de classes sociais bem mais baixas também. E está todo mundo junto ali, na mesma sala, na mesma turma, isso é uma coisa que me chamou bastante atenção. E o que mudou muito assim, foi a liberdade que a gente tinha, vamos dizer assim, é uma liberdade que passa a ser chamada de responsabilidade, que a gente sai ali do dia a dia de cobrança dos pais, com retorno de escola e tudo mais. E você passa a se preparar ali para ser um profissional, então fica um pouco ali por sua conta, vamos dizer assim, agora é contigo, vai correr atrás da tua vida.
36:41

P/1 -

Por acaso teve algum professor, alguma matéria, alguma situação que te marcou na UnB?

R – Várias! Um professor, costumo contar, conto até em bate-papo até hoje, com amigos, quando reúne. Teve

um professor que foi percorrendo aí... aí eu das coisas que me marcaram mais, por ter estudado na mesma escola que meu pai. Fazendo a chamada e pedindo para a pessoa levantar o braço, para ele ver quem era ali, para ele ir associando o nome pela fisionomia das pessoas e quando ele chegou no meu nome, ele parou e ficou uns dois minutos em silêncio, olhando o nome, olhando, eu acho que ele estava tentando assimilar direitinho o nome do meu pai, que foi colega de turma dele também. Antes de falar o meu nome, ele falou assim: nossa, como eu estou ficando velho, não é possível que esse cara aqui é filho do Pedro Moura de Macedo. “Pedro Moura de Macedo Júnior, está aqui na sala”. Eu levantei meu braço, ele falou: putz grila cara, dei aula para o seu pai, agora estou dando aula para o filho dele, acho que eu estou ficando velho mesmo. Então essas coisas assim, me marcaram bastante durante a graduação. Continuando as coisas, aqui mais me marcou Lucas, foi essa questão de todo mundo saber que meu pai era do ramo, meu pai estava trabalhando com Geologia, e eu fui meio, vamos dizer assim, sofrendo um bullyingzinho da turma, falando: o Pedro já está empregado, o Pedro não precisa se preocupar, tá tranquilo! Rapaz, isso foi me incomodando de um tanto, que por isso que eu resolvi seguir outra carreira, sem ser na mineração, por causa dessa questão aí da turma pegar no meu pé aí, e achar que eu ia ficar na sombra do meu pai.

39:16

P/1 -

Pedro que parte da geologia, que parte das matérias te interessou mais?

E por que você acha?

R – Então, por conta dessa questão de eu já vir pensando, numa carreira diferente da do meu pai. Eu comecei a procurar alternativas, então eu fui ver ali a geologia do petróleo, para ver se eu mexeria lá com a Petrobras. Tinha parte de águas também, que eu gostei bastante, então eu acabei fazendo algumas disciplinas optativas, com esse intuito. Mas o que estava me chamando atenção, na época, que via, até no mercado, uma certo déficit de informação, com relação aos estudos na parte de rochas ornamentais. O que é rochas ornamentais? São esses materiais de revestimento, de piso, revestimento de prédios, tudo mais. Tinha pouca especificação, assim, para qual o melhor uso, qual material melhor usar para piso, qual é afetado por algum agente químico de limpeza, qual que é melhor para ficar numa fachada externa. Então eu comecei a me interessar por isso. Então foi aí que eu me dediquei mais, tinha uma disciplina que chamava geologia econômica, e foi num desses trabalhos, dessa cadeira de Geologia Econômica, que eu acabei conhecendo aqui, os laboratórios de Furnas em Aparecida de Goiânia.

41:23

P/1 -

Vocês tinham que fazer muita viagem de campo, eu imagino e também visitar

laboratórios, como é que foi essas experiências para você?

R -

Cara, trabalho de campo para geólogo, é rotina, é constante, todo semestre tinha os trabalhos de campo, a gente passava aí, 10 dias, 15 dias no campo, com a turma, e era bem interessante, por conta de sair da rotina, a gente viajar com os colegas de turma. Então isso sempre é interessante, sempre é bacana, tem a parte da diversão e tem a parte do aprendizado também, que você sair de dentro da sala de aula, e ver de fato ali o professor mostrando o que ele estava ensinando na sala de aula para gente, mostrar no campo, é bem diferente, é bem agregador em termos de conhecimento.

42:34

P/1 - Então me diz uma coisa, esse contato com o

laboratório de Aparecida de Goiânia, foi o seu primeiro contato com Furnas?

R -

Exatamente! A gente passou por aqui, por Goiânia e ia visitar outras empresas, em Goiás, aí no interior, no ramo de Geologia. E eu vim com esse olhar, de rochas ornamentais, de ensaios, de fazer testes. E quando eu entrei aqui, eu não sei se vocês já ouviram falar desse nosso laboratório aqui em Goiânia, laboratório de Furnas. Cara, tem equipamentos aqui, que tem dois no mundo, uma aqui, um no Japão. Então são coisas, que quem entra, enche o olho, fala: putz cara, que maravilhoso isso daqui! Eu quero vir trabalhar aqui! Então, durante a minha visita, uma das pessoas que acompanhou a minha turma, foi o que é um engenheiro geólogo, formado em Ouro Preto, o João Luís Armelim, que ele já até aposentou. Já vamos até colocando um nome de indicação para contato. Abrir um parente rápido aqui, ele aposentou agora em 2019, se eu não me engano, eu já estava aqui em Goiânia, de novo, que eu rodei bastante, depois a gente vai falar sobre a minha vida na empresa, mas eu rodei bastante também em Furnas. E voltei para cá, agora, em 2017. Em 2019 ele saiu, ele falou: Pedro, eu te ingressei em Furnas, e você está fazendo a minha homenagem para eu sair. Foi bem interessante isso, bem legal se ele entrasse aí na minha história. Então quando a gente estava participando da visita, eu cheguei próximo dele, falei: vem cá, vocês tem oportunidade de estágio aqui? Aí ele falou: temos, temos estágios sim. “Eu gostaria de saber como é que eu faço para fazer um estágio aqui”? Então ele me passou lá o passo a passo, e eu corri atrás para fazer um estágio em Furnas e consegui.

45:24

P/1 - Você tinha que idade? Foi que período da faculdade que aconteceu esse estágio?

R -

Então, o estágio já foi no último ano da graduação, eu já estava aí com 23, ou 24 anos. Como eu já tinha feito todas as cadeiras da universidade, estava fazendo só o meu trabalho final. E o meu pai na época, ele estava morando aqui em Goiânia, minha mãe lá em Brasília, e meu pai aqui em Goiânia. Liguei para o meu pai, falei para ele que tinha arrumado um estágio aqui em Goiânia, se eu poderia vir morar com ele. Ele morava aqui com a nova esposa dele. E a esposa tinha um filho também do outro casamento, então eles moravam aqui. Aí eu liguei para ele, e ele falou: então vem para cá. Então eu vim morar com meu pai e o ano 2000, eu fiquei praticamente o ano inteiro, escrevendo a minha monografia, para entregar no final do ano, na faculdade, fazendo todas as análises, os materiais todos que eu tinha que fazer, para a monografia também, aqui no laboratório, em Goiânia, sendo orientada pela equipe também aqui, do laboratório. Microscópio, fazendo análise mineralogia das amostras que eu tinha que fazer os trabalhos. Eu juntei o útil ao agradável aí, de fazer o estágio, que contribuiu inclusive para minha graduação, para minha monografia da graduação.

47:15

P/1 - Além do laboratório, você se encantou com os profissionais no laboratório, no primeiro momento?

R -

O sentimento que eu tive, foi de que eles, o orgulho de trabalhar ali era muito grande, esse sentimento que eu tive da parte deles. Mas sem dúvida, o que mais me chamou atenção foi a infraestrutura, a organização do local, naquele momento. Mas aí depois, conhecendo as pessoas e tudo mais, o período que eu estive ali no meu estágio, sem dúvida, eu percebi ali, que o amor de trabalhar na empresa é muito grande.

48:25

P/1 - Pedro, você pode me descrever como que é a infraestrutura do laboratório de Goiânia?

R - É uma área, que nós temos umas 20 edificações. Então, vamos dizer assim, são 20 laboratórios, que cada um ali, faz algum trabalho específico. Na época que eu fiz o estágio, ele tinha duas grandes divisões, que era parte dos laboratórios de concreto e os laboratórios de solos, que eles chamam. E aí a parte de solo, entra a parte de rochas também. Quando eu cheguei, eu fiquei vinculado a esse laboratório de solos, vamos dizer assim, boa parte desses 20 prédios, dentro de cada um deles, você tem ali a especificidade dos ensaios que são feitos naquele laboratório. Os laboratórios de rochas, tinham lá uma prensas robustas, os laboratórios de caracterização de ensaio impermeabilidade, todos também com equipamentos específicos. E você vê que são equipamentos de ponta. E na época tinha também, outros laboratórios que estavam ampliando, tinha os laboratórios de sistemas construtivos os que eram mais voltados a parte de construção civil, parte de águas, química. Então um laboratório bem complexo Lucas, bem bacana.

50:30

P/1 -

Pedro, quando você terminou o seu estágio, apresentou a monografia. O que você foi fazer depois? As suas perspectivas eram quais no mercado de trabalho?

R -

Então, logo que eu terminei, demorou um período, depois que eu fiz a minha defesa da tese, que foi no final do ano, até eu conseguir ali o diploma, e fazer toda aquela cerimônia, aquela rotina ali dos finalmentes, do desfecho da universidade. Eu comecei a fazer alguns trabalhos, como autônomo, com meu pai, ele me passava alguns relatórios, para eu fazer algumas revisões para ele. Então comecei a trabalhar como autônomo, mas eu já tinha vindo aqui em Furnas e comunicado que eu tinha graduado e pedir para deixar o meu currículo, para caso surgisse alguma oportunidade, para eu ser contratado. E foi em 2001 mesmo que eles me chamaram, em setembro, para entrar aqui. Não como concursado, mas tinha uma opção aqui, uma alternativa de um contrato, na época, que eu entrei como terceirizado.

52:05

P/1 -

E aí você entrou fazendo que função? Qual que era a sua responsabilidade, na época que você entrou, em 2001?

R - Aí saiu totalmente da minha cabeça, a questão das rochas ornamentais, que ali eles não trabalhavam com isso. E passei a trabalhar com os estudos de inventário e viabilidade dos empreendimentos da empresa. Então passei a viver uma rotina bem intensa de campo, para os estudos desses novos empreendimentos de hidrelétricas da empresa.

53:00

P/1 -

Me conta um pouquinho como foi o teu primeiro dia lá? Você se lembra?

R -

Eu lembro de ter passado lá no escritório, que chamava Bauruense, o nome da empresa que fazia a contratação desse pessoal terceirizado, que foi o meu caso. Me pediram lá documentos, tudo mais. Os primeiros dias foi, abrir conta em banco. Então foi uma coisa um pouco fora ainda do meu posto de trabalho, foi a coisa mais burocrática. Mas assim que estava tudo ok, o pessoal da Bauruense me levou até o

bloco do pessoal da Geologia, que eu já conhecia. E eles me apresentaram lá como novo funcionário. Eles já estavam me esperando, porque já sabiam, foi eles mesmo que encaminharam o meu currículo para o RH, para ser chamado. Então já tinha ali uma mesa, com computador, falaram: você vai ficar aqui com a gente e seja bem-vindo. Foi bem marcante também, na minha carreira.

54:29

P/1 - Quem que você encontrou ali na época, quem que você reencontrou? Quem foram os seus colegas mais próximos, os que você trabalhava com mais proximidade, nesse período?

R - Não tem muito como eu errar, porque como eu te expliquei as questões dos blocos aqui, então era tudo separado, então a gente tinha bloco aqui, que era chamado o bloco de Geologia, o bloco 10, e tinham lá três profissionais, um já não está mais trabalhando na empresa, outros dois ainda estão, mas posso falar o nome dos três, que hoje é o meu atual chefe imediato, que é o Rodrigo Junqueira Calixto, que estava na época trabalhando nesse setor. O Carlos Antônio Reis da Silva, que hoje trabalha aqui com o gerente de divisão de outro departamento de Goiânia também e Denozir Magalhães de Oliveira, que é outro geólogo que aposentou, Essas foram as três pessoas que eu iniciei a minha carreira, entrei no bloco, foram os 3 que me receberam.

56:06

P/1 -

E como que é esses primeiros dias, esses primeiros meses? Os mais novos recebem uma zoação, rolou isso com você?

R -

Não teve nenhum trote, vamos dizer assim, não. Mas eu acho que eles meio que deram uma armadinha, não me avisaram muito e me colocaram numa viagem. Que a gente estava construindo um empreendimento, próximo de Serra da Mesa, uma das usinas nossa, mas a gente estava prestando serviço, chama Usina de Cana Brava, no norte de Goiás, ali Tocantins. E na época furnas tinha um avião, chamado Bandeirantes, não sei se alguém já comentou com você, sobre esse avião, ai nas suas entrevistas. E eu como nunca fui de andar muito de avião, eu só tinha voado em avião comercial, silencioso, uma certa estabilidade. Chegamos no aeroporto aqui, me colocaram dentro desse avião, para viajar lá para Cana Brava, esse avião, cara, uma barulheira, esse bimotor, batia um vento ele ficava de lado, “gente do céu, eu vou morrer aqui”. E eles super tranquilos, acho que já estavam acostumados, que era daquele jeito mesmo, eu assustado, eu olhava para eles, eles estavam tranquilos, vou ficar tranquilo também, porque acho que tá tudo normal, tem só eu que estou preocupado aqui. Mas então, isso foi a pegadinha que eles me deram aí, não me avisaram nada, ô, avião é assim, é assado. Só me colocaram dentro e deixaram eu passar um aperto.

58:09

P/1 -

E essa foi a primeira vez que você foi a Campo como geólogo relacionado a Furnas?

R -

Não! Essa foi em 2001 mesmo, mas não foi a primeira vez que eu fui a campo, não. Primeira vez que eu fui a campo foi um outro projeto aqui mais próximo, que hoje é uma usina já construída, mas na época estava indo para fazer estudos também, que a gente coordenava o pessoal de topografia, de sondagem, coletar amostras para fazer os estudos dos empreendimentos. Então eu já tinha feito uma viagem aqui, mas viagem de carro, próximo. Viagem de avião foi essa aí, essa bem legal aí que eles me colocaram para ir lá no Tocantins.

59:07

P/1 -

Essa usina de Cana Brava ela ia ser construída na época, é isso?

R -

Ela já estava em construção.

59:18

P/1 -

Aí vocês foram fazer um estudo do solo, das rochas do entorno, é isso?

R - Na realidade tinha outro braço nosso lá, do bloco nosso. Deixa eu tentar te explicar aqui, chama tratamento de fundação. São serviços de injeção de calda de cimento, que a gente faz, faz a perfuração na rocha da fundação da barragem e faz uma injeção que é para fazer uma espécie de consolidação da fundação, para você erguer ali a barragem propriamente dita. Então quando a gente foi para lá, a Usina estava em construção.

1:00:09

P/1 -

A tua área geralmente entra antes do empreendimento ser feito, ou não? Durante, depois, como é que é isso?

R - A geologia é antes, inicia desde os estudos de inventário. O estudo de inventário é um trabalho que você vê dentro de um certo trecho do rio, já existe um mapiamento geral, do Brasil, das potencialidades dos rios, e os prováveis eixos de hidrelétricas disponíveis. Então você tem ali um certo trecho do rio, para você escolher ali dentro daquele trecho, qual a melhor alternativa de eixo, para você construir um empreendimento. Então a gente vai ali com topografia, com sondagem para fazer uma série de levantamentos, para você identificar, qual que é a melhor alternativa para você definir um eixo de uma hidrelétrica. Esse é o clássico tá Lucas, mas tem serviços nossos também, que ocorrem durante a construção também, porque existe todo um preparo da parte da fundação, para você conseguir ter um suporte, para você construir as estruturas de concreto, seja uma barragem de terra em cima de uma fundação existente, para você não ter nenhum encaminhamento, nenhum encaminhamento de água, ou uma saída algum fluxo embaixo de um empreendimento, que possa causar algum acidente, algum rompimento, algum dano maior.

1:02:07

P/1 - Então literalmente a sua área é para ver as bases da construção mesmo?

R -

É o estudo, é o que eu te falei do estudo de eixos, é a parte do inventário, quando você defini, pronto, o inventário definiu, aqui vai ser o eixo, aí entre o estudo que eles chamam de viabilidade. A viabilidade, você vai aprofundar, os seus estudos, naquele eixo que já foi definido no inventário. Então, aí você entra com uma campanha mais detalhada de estudo, de sondagem, de topografia, coleta de amostra para definição de resistência da rocha de fundação. Então tem todo um trabalho mais detalhado na viabilidade. E aí tendo estudo de viabilidade, você faz a contratação dos projetos básicos, dos projetos executivos e da construção do empreendimento. Eu fico com um certo receio, de comentar, de falar alguma coisa, muito técnica, porque aí não vai ser entendido, eu estou tentando falar com uma linguagem um pouco mais acessível, vamos dizer assim, não entrar em termos muito técnicos.

1:03:45

P/1 -

A área de Geologia trabalha em empreendimentos, mas não só com barragens, trabalha com subestação, com linha de transmissão também?

R – Então, aí para subestação e linha, é um pouco menor, vamos dizer assim, a influência, porque são estruturas ali, que não vão exigir tanto da fundação, mas tem também, é por isso mesmo, só por ser estrutura mais simples. Porque você imagina o que é uma capacidade de carga, uma influência de uma barragem, numa fundação. O que é uma linha de transmissão, ou um equipamento aí de uma subestação. Mas tem também, tem bastante coisa que influencia, inclusive, vou dar um exemplo aqui, em Santa Cruz, aí perto do Rio, nós estamos tendo bastante serviço lá ultimamente, ali é uma área, vamos dizer assim, a fundação é argila mole. Então você tem que fazer, qualquer equipamento, qualquer intervenção que você vai fazer naquela área, você precisa fazer um sistema de suporte em fundação, bastante agressivo,

estacas profundas, para você ter uma capacidade de carga, para você conseguir construir alguma coisa ali. O pessoal assim, da Geologia, é um pouco mais robusto, com o pessoal da geração, do que com o pessoal da transmissão, mas também é importante.

1:05:48

P/1 - E nesse sentido, por acaso você já teve que participar de alguma emergência, para analisar o que aconteceu, esse tipo de coisa?

R -

Então, em Furnas, acho que você já deve ter passado por alguma coisa aí nas suas entrevistas, quando o pessoal fala em emergência. Emergência o pessoal vai muito na questão das linhas de transmissão, que sofrem danos, por conta de ventos, influências de tempestades, e tudo mais. Eu nunca articipei de nenhum trabalho desse de emergência, da parte de transmissão. Mas nas nossas obras, na parte da construção das usinas, sim! Já tivemos problemas, nós tivemos que resolver, de ter que passar 2, 3 dias direto, sem dormir, trabalhando full time, para não perder alguma oportunidade ali, que a gente tenha tido, para resolver um problema, que fosse causar um dano maior no futuro ali para o empreendimento.

1:07:12

P/1 -

O que aconteceu, nesse caso?

R - Então eu vou contar o caso mais legal, que foi na construção da hidrelétrica na Usina de Peixe Angical, que eu participei da obra toda, fiquei lá no período todo de construção. Nós tivemos um problema, como eu te falei a gente faz um serviço de tratamento de fundação, então durante as perfurações, a gente pegou um trecho,

quando a gente tirou lá o material de perfuração, jorrou água. Jorrou água e a gente tendo que injetar calda de cimento ali. Então a gente injetava, quando desobturava ali, jorrava água de novo para cima. Então quer dizer, estava lavando tudo que a gente estava injetando ali para baixo. Então, esse período, foi um período bem grave, foi chamado consultor até dos Estados Unidos, para nos ajudar a resolver esse problema, antes de chegar no ponto do consultor dos Estados Unidos, foi chamada muita gente, o pessoal do IPT de São Paulo, os especialistas da Projetista, foram lá para o canteiro também, para trabalhar conosco, para tentar resolver o problema. E assim, o que eu te falei de passar 2, 3 dias, porque a gente tinha que fazer ali, intervenções constantes, para tentar sanar aquele fluxo de água e monitorando os arredores, para ver,

para monitorar onde estava saindo aquele material, tudo mais. Então foi uma campanha de trabalho ali bem intensa, que a gente perdeu noites ali trabalhando, em rotina pesada, vamos dizer assim. Às vezes cochilava ali, num cantinho um pouquinho, para dar uma descansada, já voltava, a equipe já chamava de novo. Então foi um período bem intenso, que a gente ficou ali dedicado. Ficou famosa, a estaca 160 de Peixe Angical, foi um período marcante aí na minha carreira também profissional.

1:09:39

P/1 - E como é que é ver um empreendimento desse porte, desse tamanho, ali, feito? O que você sente, o que você pensar nessas horas?

R - Cara, é incrível! Eu tive oportunidade de ver, chegar num local que não tinha nada, não tinha nada, e depois… Apesar, de quando você está vivendo ali, a rotina, você vai no dia a dia, aquilo não marca muito os olhos, mas depois quando você volta lá, você passa um tempo e você volta, você lembra quando você foi e viu que não tinha nada, e vê agora aquele empreendimento construído, você fala: nossa Senhora, engenharia e fantástica. Bem bacana. E a gente fica orgulhoso de ter participado.

1:10:37

P/1 - E tem essa questão, de que se não é o seu trabalho especificamente, aquele negocio não vai ficar em pé, ele não tem segurança nenhuma, se não for estudado por você.

R - Isso! É importante, assim como todos os outros profissionais que ali trabalham, cada um têm a sua importância, todos são importantes. Mas quando você fala assim: pode acontecer algum dano. Hidrelétrica é muito difícil. A coisa ficou assim, mais preocupante, depois dos últimos eventos aí, de Brumadinho, Mariana. Mas o que a gente costuma dizer ai, a gente teve bastante envolvido nesses estudos, até acabou refletindo um pouco para a gente, preocupação, até criou-se uma lei nova, de segurança de barragens, por causa desses episódios. Mas o que a gente costuma dizer para todo mundo ai, aquilo tem que ser mais… tem que ficar mais de olho, acompanhar mais de perto, nas usinas de barragem de rejeitos, de mineração. Que as nossas hidrelétricas, elas são construídas com um rigor muito grande, o consciente de segurança, é muito grande. Então para ocorrer alguma coisa parecida com aquilo, e vou dizer para você assim, exemplo: zero, zero de chance.

1:12:19

P/1 - Quais outros empreendimentos você trabalhou, você estudou, você falou desse grandes desafio da Usinas de Peixe. Se você puder listar os outros?

R -

No início que eu tinha comentado com você, foi a minha primeira viagem de campo, a usina nossa, que hoje está construída, que é a usina de Batalha, que ela vai entrar mais para frente na história também. Na época ela chamava o UHE Paulistas, até trocou de nome, então na época dos estudos chamava Paulistas, foi essa usina que eu fui para fazer esses estudos. Participei dos estudos de inventário das usinas de Barro Alto e Maranhão, aqui em Goiás. Fiquei praticamente 2 anos lá em Rondônia, lá perto de Porto Velho, para fazer os estudos das usinas do Rio Madeira, que era Jirau e Santo Antônio, acabou que Jirau nós perdemos o leilão e Santo Antônio acabou que nós somos sócios, até hoje lá. No tempo aí, vamos ver, bom, aí depois, vamos colocar as usinas de Simplício e Batalha. Então antes dessas duas, usinas de Batalha e Simplício, teve esse período que eu fiquei em Peixe, que foi ali em 2004, 2005, depois já entramos aí na fase de projeto, construção das usinas de Batalha e de Simplício, e ao final da construção dessas duas, aí foi quando eu já passei para área de recuperação de usinas, que já fui trabalhar com usinas construídas, na parte de obras, vamos dizer assim, de recuperação. Aí nesse período que eu já fui chamado para assumir um posto gerencial, aí comecei a me afastar um pouco da parte técnica. Essa época eu estava trabalhando em Franca, interior de São Paulo. Teve uma reestruturação da empresa que juntou a parte de geração e transmissão em departamentos únicos de construção, que foi quando eu mudei para Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Aí depois de Mogi, nova passagem pelo Rio de Janeiro, já no departamento que fazia uma assessoria para superintendência nossa de implantação para empreendimentos de geração. Aí em 2017 eu vim para cá, já com esse departamento agora de construção de novos empreendimentos de geração.

1:15:50

P/1 - Elas foram as últimas usinas construídas por Furnas?

R -

Que eu participei foi a Peixe, depois as duas que eu também acompanhei de perto, que foi Simplício e Batalha, aí não tiveram mais construção de novas hidrelétricas no sistema de Furnas.

1:16:32

P/1 -

E como é que foi essas outras usinas, você acha que teve algum desses estudos, algum desses acompanhamentos que foi mais desafiador, que acabou ficando mais na sua memória?

R -

Peixe eu já contei, o episódio lá, que ficou marcante, da estaca 160, furos com artesianismo. Uma coisa que ficou bastante marcada na construção da usina de Batalha, para mim, foi a questão do tratamento dos tarud. O material lá, a fundação, vamos chamar assim, o xisto grafitoso, o infinito grafitoso, que é um material, que tem ali suas características peculiares. Então o direcionamento do projeto, ia correr ali, uma escavação muito grande em rocha, é um direcionamento muito intenso, para fazer ali o tratamento dos tarud, para você encaixar ali a construção da hidrelétrica. Eu lembro que teve um envolvimento muito grande de construtores internos, e eu tive oportunidade de participar dessas reuniões, que foi de grande aprendizado para mim, onde foi revisitado todo esse trabalho de dimensionamento, em função do que já estava sendo visto lá, durante a construção. E foi muita coisa otimizada, e eu consegui participar ali, das discussões, daquele aprendizado, do porque, o que estava acontecendo, o que estava levando todo mundo a tomar aquelas decisões. E foi muito, vamos dizer assim, econômico para o empreendimento, economizou muito recursos financeiros. E hoje a hidrelétrica está lá, está de pé, está construída, está bem feita, tá segura. Então esse aprendizado na usina de Batalha, foi o que mais me marcou, deste empreendimento. E falando de Simplício, Simplício o que eu posso dizer, para todo mundo, é que aquilo ali, ali tem tudo de Engenharia que um profissional do ramo pode ver, ali você tem escavação de canais, escavação em Rocha, tem construção de dix, que são verdadeiras barragens, tuneis, lá tem quase 10 km de túneis, que são as vias que unem os canais. Temos um túnel lá, de 3 km e meio, então toda a construção desses túneis eu participei. Então a usina de Simplício, em termos de aprendizado, foi onde eu consegui ver várias matérias, vamos dizer assim, na nossa área de atuação. E a convivência com profissionais ali, da melhor qualidade, que contribuiu muito com a minha formação, com tudo que eu conheço até hoje. Mas Simplício Lucas, fica a dica para quem quiser visitar, ali é um empreendimento, são 30 km de obra, você imagina, são 30 km de construção de uma usina. É um empreendimento fantástico, em termos de Engenharia.

1:20:37

P/1 - Pessoal que trabalha no laboratório, fica de jaleco, no ar condicionado, não me parece que é o seu caso.

R -

Na realidade é o seguinte, eu fiquei aqui no laboratório, de 2000, eu considero 2000, porque eu considero o estágio como parte da minha vida, aqui na empresa apesar de não estar vinculado profissionalmente, mas o estágio, de 2000 até 2007. Em 2007 eu fui convidado para trabalhar, no Rio de Janeiro, na área de projeto. Então eu passei, aqui em Goiânia eu levantava as informações para o pessoal de projeto, projetar, aí lá, eu comecei a receber as informações de Campo, para colocar isso no projeto. Então, eu fui em 2007, para o antigo departamento de engenharia civil, em 2007. Atuando só em projeto. Então de 2007 até 2012, eu fiquei no Rio de Janeiro, trabalhando com projeto, visitava bastante também, viajava bastante, porque quem tá ali na conceituação, também tem que enxergar o que tá em campo. E aí de 2012, foi quando eu dei uma viradinha na chave e fui trabalhar na parte de recuperação de obras. Então tudo que a gente tinha em termos de obra de segurança de barragens, foi com que eu fui trabalhar quando eu fui para Franca.

1:22:38

P/1 -

E como que é essa vida de canteiro? Como que é essa convivência diária com os outros trabalhadores? Como que é essa relação com pessoas de regiões muito diferentes, formações diferentes? Como foi isso para você?

R - Acabou não entrando na minha lista das barragens que eu participei da construção, mas assim, eu lembro que eu fiquei em Canteiro, foi em Itapebi, na Bahia,

que a gente ficava realmente em Canteiro. E quando ia, não ficando na obra, full time, mas ia de vez em quando, nas obras que nós construímos no Mato Grosso, lá na divisa com Pará, que é Teles Pires e São Manuel. Então a gente também ficava em canteiro, por conta da distância da cidade. Então a rotina ali em canteiro Lucas, acaba que o seguinte cara, você fica ali, e o assunto é a obra. Então mesmo nos momentos ali de descontração, que às vezes está numa sexta-feira, que você vai tomar uma cerveja ali com o pessoal, vai dar uma descontraída, o assunto é serviço, não tem jeito, de vez em quando dá uma guinadinha ali com futebol, com alguma coisa, mas quando você vê ali no meio do assunto, você já está falando de serviço de novo, do dia a dia nosso ali no empreendimento. Que tal cara fez aquilo quando não era para ter feito, tal cara não estava no momento que tinha que estar vendo lá um certo serviço. Então acaba que a gente fica muito, vivendo a obra, então o comentário da vida de canteiro é mais ou menos assim. Porque, o que eu te falei de Peixe, de Batalha e de Simplício, eu não fiquei em canteiro, tinham cidades próximas, que a gente conseguia deslocar, e a gente acaba ficando ali hotéis, em pousadas.

1:24:59

P/1 - Pedro, quando você estava fazendo geologia, você imaginou que você ia participar desse tipo de empreendimento, que você ia ver o que você viu?

R -

Nunca, nunca, imaginei, cara. Foi tudo acontecendo assim, de uma forma bem gradual e o aprendizado com calma, mas nunca, nunca, imaginei, a única coisa que eu imaginava, é que eu não iria trabalhar com mineração. Mas como eu já vinha pensando na questão de rochas ornamentais, que é uma coisa mais próxima da engenharia, de construção. Eu já sabia que eu iria trabalhar com Geologia de Engenharia, mas eu não sabia que eu entrar no ramo de construção de empreendimento de grande porte, igual essas hidrelétricas nossas. É uma pena a gente não está mais construindo elas.

1:26:04

P/1 - E qual a diferença que você percebeu entre a geologia para trabalhar com empreendimentos que vão ser erguidos, e a geologia para tratar de recuperação de usinas?

R -

Assim, o convite que eu recebi, para ir trabalhar na área de segurança de barragens, foi mais por conta do seguinte, como eu estava trabalhando no departamento de engenharia civil, com o projeto das duas hidrelétricas que eu te falei. A gente acabava prestando algum serviço ali, no meio do caminho, para alguma contenção de um talude aqui, de uma barragem, “tem uma encosta que tá uma possibilidade de queda de um bloco, precisa fazer um dimensionamento aqui”. Então acaba que eu comecei a ter uma interação com o pessoal das usinas prontas. E como eu trabalhava nessa parte de projeto, o pessoal enxergou lá na área de segurança de barragem, uma possibilidade ali, de eu estar lá com eles, para fazer esse link, para buscar esses projetos, esses trabalhos nas usinas prontas. Então foi mais nesse ambiente. E como eu já estava lá no deck há cinco anos, tinha participado de dois empreendimentos de grande porte, eu achei interessante dar uma mudada também na carreira, para ir conhecendo mais áreas na empresa.

1:27:58

P/1 - Você passou por algumas áreas. O que você pensa sobre o tamanho da empresa, a diversidade de áreas que consistem na empresa, você consegue ter uma visão ampla de todas as partes?

R - Então Lucas, o que eu acabei ganhando, com essas mudanças de ambiente e sendo convidado para novos desafios aí dentro da empresa, foi a oportunidade de conhecer pessoas. Isso que eu acho que vale muito, é diferente você tratar de alguma necessidade, com alguma pessoa que você não conhece. Você precisa de uma pessoa para te ajudar com um certo serviço que te foi passado, você tratar com aquela pessoa e você nunca teve com ela, você não conhece a pessoa não te conhece, vai ser diferente a forma que vocês vão conseguir atingir um êxito ali naquele trabalho. Isso eu acho que foi o que eu ganhei, nessas mudanças, nessas rodadas todas na empresa, foi conhecer as pessoas, realmente existe isso, existe um pouco de mudança, de costume, de cultura, de uma certa localidade. É diferente o jeito de trabalhar do pessoal lá de São Paulo, é diferente do Rio, é diferente daqui de Goiânia, é diferente. Mas o que eu destaco, com relação a isso, é essa questão de conhecer as pessoas, de buscar facilidades, saber onde buscar informação na empresa, eu acho que isso que acabou me trazendo a oportunidade de assumir um posto gerencial na empresa.

1:30:15

P/1 -

E nesse sentido, você acha que o funcionário de Furnas em geral, ele tem um perfil, tem um jeitão próprio, que diferenciaria ele de outros funcionários de outras empresas?

R – Não! O mais relevante assim que eu vejo, é a questão do orgulho, e da paixão, que os funcionários sempre tiveram em trabalhar na empresa, isso é uma coisa que é realmente diferente, porque você ver as pessoas no mercado trocando muito de situações, você passa, você vai trabalhar numa empresa, por conta de uma situação ou outra, acaba tendo que reduzir um quadro, aí o cara sai vai trabalhar em outra empresa. E aqui em Furnas não tem isso, a pessoa entra na empresa e muita das vezes ela aposenta trabalhando na empresa. Então existe esse vínculo, que a questão que acaba virando família, por que a gente convive. Tem gente, que conviveu uma pessoa com a outra, na empresa 30 anos, é uma vida. Isso não é uma coisa normal de você ver no mercado, eu acho que esse é o diferencial, em termos de relação entre os funcionários, que eu vejo em Furnas, de outras empresas no mercado aí. Não fala assim, das outras subsidiárias da Eletrobras que também deve ter esse mesmo perfil, mas por aí.

1:32:12

P/1 - Você poderia me contar um pouquinho da história de alguns dos seus companheiros e companheiras, que estão mais próximos de você, que mais te marcaram?

R - Como eu te disse, na minha rotina, na minha história na empresa, eu acabei mudando muito, conhecendo muita gente na empresa. A pessoa que eu tive mais contato, é a pessoa que também, vamos dizer assim, foi a pessoa que mais me ajudou também, dentro da empresa, vocês já conversaram com ele, que é o meu gerente imediato, o Rodrigo. Que a gente tem uma história aí juntos na empresa, desde o dia que eu fui apresentado para iniciar nos trabalhos, ele já estava ali no bloco, então a gente viveu ali juntos, direto. E hoje é o meu gerente imediato, meu superintendente, vamos dizer assim. Eu não sei, se a gente precisa destrinchar, porque ele contou a história dele na empresa, para vocês também. Eu comentei com ele que eu estaria hoje com vocês, ele falou: ah, eu também já estive com eles.

1:34:47

P/1 - Mas teria alguma outra pessoa que você gostaria de destacar, que você conheceu ao longo desse tempo todo?

R -

Uma pessoa que eu sempre admirei muito na empresa, é o nosso ex-diretor de Engenharia, que aposentou, e agora recente, ele foi desligado da empresa. Então provavelmente, vocês... por certas indicações aí, acredito que não só eu, mas outras pessoas, devo falar dele também. É um cara que é filho de funcionário de Furnas, começou a trabalhar também na empresa, como primeiro emprego, e o cara sair dali, de recém-formado, ingressar na empresa e concluir a carreira como diretor, é um feito que tem que tirar o chapéu. Eu tive oportunidade de ter bastante interação com ele, sempre tivemos um canal aberto aí, de conversa, de diálogo, de aprendizado. Um cara que eu aprendi muito, tanto profissionalmente, como postura, como tratar as pessoas, como me posicionar, meu registro fica aí para o Dr. Cláudio Mota.

1:36:45

P/1 – Pedro, você voltou para empreendimento a partir de 2017. Você está em Goiânia de novo? Essa área que você está, ela trabalha agora em que tipo de empreendimento?

R - Em 2017 Lucas, a empresa passou por uma reestruturação, o que eu te falei lá que ela tinha juntado a geração de transmissão, acho que foi em 2013, mais ou menos. Em 2017 resolveu separar novamente, a parte de geração, da parte de transmissão. Então quando separou, eu estava no Rio de Janeiro, iam abrir aí, vamos dizer assim, um departamento dedicado para construção de novos empreendimentos de geração. O pessoal me convidou, perguntou se eu gostaria de assumir esse desafio aqui, eu topei. E hoje, para te dar um panorama aí do que a gente está trabalhando agora. Hoje o mercado de hidrelétricas, o pessoal tem visto aí, nos noticiários, isso reduziu bastante, por conta das questões ambientais. E hoje que nós temos de empreendimentos mais importantes, são os eólicos, a parte de energia eólica e fotovoltaica, solar. Isso para novos empreendimentos. Então recentemente, nos entregamos ai junto com a SPE, com a Brasil Ventos, um empreendimento, um empreendimento de energia eólica, lá de Fortim, no Ceará. Nós entregamos em 2019, e estamos no processo aí, vamos dizer assim, ainda não temos nenhum grande projeto de fotovoltaica, mas nós já construímos 4 plantas, vamos dizer assim, no mercado de geração distribuída, que são usinas menores, que você faz aquelas compensações de energia. Não é um empreendimento que você gera energia e vendi para um sistema, são aquelas usinas igual você faz na sua casa para você compensar energia da sua conta na distribuidora. Então nós estamos trabalhando para colocar em prática algum projeto de grande porte no ramo aí de fotovoltaica, e hoje o que está nos consumindo mais, é aparte de modernização de usinas. As nossas usinas, como são usinas velhas, da década de 60. Então muitos equipamentos já precisam ser substituídos. Então nós estamos com projetos aí, já para sair, a modernização da Usina de Porto Colômbia, que já está mais engatilhada para sair agora, a gente deve contratar esse ano, para começar o serviço ano que vem. Então é a parte de modernização, do parque hoje nosso, do sistema de hidrelétricas. E também tem o viés das térmicas, com a nova lei do gás aí, do pré-sal, hoje nós estamos fazendo uma ampliação da nossa Usina térmica de Santa Cruz, e com dois projetos aí no forno, para construir novas usinas térmicas, caso elas viabilizem aí em termos de negócio.

1:41:12

P/1 -

Agora nesse novo posto, você trata diretamente dos estudos de Geologia, ou é mais uma função gerencial, é um trabalho de uma equipe maior?

R - Agora eu estou, vamos dizer assim, com o martelo do geólogo na gaveta. Hoje o posto é mais gerencial, mas sempre fica o cagueti, né Lucas. Por exemplo, nós vamos agora esse mês la usina de Itaguaçu, que é o próximo eólica. que eu acabei não citando aí, quando eu falei dos novos projetos. Tem uma eólica grande, para a gente fazer no interior da Bahia, nós vamos agora esse mês fazer uma primeira visita lá no local. E acaba que eu vou dar uns palpites lá, uma coisa de estudo, de fazer uma coleta dos materiais, porque é do meu conhecimento. Mas estou indo mais para fazer a parte social, a parte de contato mesmo, contato com proprietários, conversar com prefeito. Então acaba que o meu posto hoje é mais gerencial. Mas o cagueti fica eternamente.

1:42:29

P/1 -

Como é que foi a passagem dessa sua trajetória em Furnas, são 20 anos, como é que foram as mudanças de função, então?

R -

Aqui o início, geólogo de campo, quando eu estive aqui nos laboratórios. Quando eu fui para o Rio, fiquei de 2007 até 2012, como geólogo de projeto. Aí 2012 fui trabalhar na área de segurança de barragens, como geólogo também, para a parte de segurança de barragens. E nesse período que eu assumi o primeiro posto gerencial, que foi para gerenciar as obras de segurança de barragem. Então, nesse período aí Lucas, eu acabei sentindo, que eu precisava de ter um pouco mais de conhecimento, porque eu não estava tratando só da parte de Geologia. Então eu fiz alguns treinamentos, até para entender melhor como funciona uma hidrelétrica, eu fiz um curso de qualificação profissional em Itajubá, de sistemas elétricos. Aí já como gerente de divisão, quando eu fui para o Rio, já num posto de gerente de departamento, assistente de superintendente, eu fiz um MBA de Gestão de negócios, com ênfase no setor elétrico. Aí já também, aprimorando minha visão, a minha formação em termos de gestão. E hoje estou nesse posto, por conta dessa linha aí. Então hoje muito mais na carreira de gestão, do que na de geólogo de fato. Hoje o Martelo está na gaveta.

1:44:36

P/1 - Como é que foi para você entrar nessas novas áreas nessas novas competências?

R -

Agora acaba que, é exigência, não tem como você fazer a gestão de um departamento, você ter uma equipe trabalhando com você e você não falar de gestão de pessoas. Confesso para você que no início, realmente a gente tem um pouco de dificuldade, eu por exemplo, não me preparei para isso, eu sempre trabalhei na área técnica. Mas acaba que como a gente vai tendo uma boa relação com as pessoas, a gente vai conhecendo, isso acaba que vai se aprimorando normalmente, vai fluindo, confesso que eu sempre tive um pouco de dificuldade de conversar nas reuniões, sempre fui mais de ouvir, do que de falar, tenho um pouco de dificuldade de ficar com discurso em público. Eu nunca imaginei que eu fosse precisar disso, e essas oportunidades, de posto gerencial, acabou que me tirou meio a fórceps, eu precisei dar uma melhorada nessas questões, ainda tenho bastante dificuldade, mas melhorei muito, em termos do que eu era. Mas a gestão de pessoas, cara é isso, você ouvir, eu sempre trabalho de portas abertas, as pessoas têm liberdade de entrar na minha sala para conversar, para expor qualquer tipo de dificuldade, qualquer tipo de problema que eles tenham, para a gente resolver. Às vezes até situações particulares, não só de serviço, que acaba que os problemas particulares, acabam que interferem também no profissional, apesar da pessoa tentar separar isso, às vezes dificulta, e a gente ajudando, a gente ajuda desenrolar os nossos serviços também, a dedicação e o desenvolvimento das pessoas que estão trabalhando com a gente, que o nosso resultado é da equipe, a gente não trabalha sozinho. Mas é isso cara, eu sempre tive um pouco de dificuldade, confesso. Mas tenho melhorado cada dia e a minha política é essa, portas abertas para inserir as pessoas e tentar resolver os problemas aí, dentro das possibilidades.

1:48:13

P/1 - O que você pensa, o que você deseja para o futuro da empresa?

R -

A gente vai acompanhando o mercado, não adianta a gente ficar chorando, “a que eu sei trabalhar com hidrelétrica, que eu aprendi a trabalhar com hidrelétrica, então agora eu não vou fazer não, porque eu só sei mexer com isso”. Eu acho que não é por aí. Nós temos que estar alinhado aí com as diretrizes, com o rumo que a diretoria nos passa, se não a gente morre, ou então vai fechar aqui a área que eu trabalho. Então a gente tem dedicado aí, apesar que ultimamente reduzir bastante, a empresa tem passado por restruturações muito grandes, muita redução de equipe. Hoje a gente passa bastante dificuldade, com relação a isso. O serviço continuou o mesmo, se não aumentou, e a equipe reduziu, a gente tem falado isso bastante aqui na empresa. Mas são novos desafios, é uma coisa que me entusiasma muito, não sei se você percebeu aí, eu sempre gostei de abraçar oportunidades, nunca fui de ficar muito confortável onde eu estou, sempre me mexendo, buscar novos desafios. E aí estamos agora passando por um momento desse, as hidrelétricas estão minguando, os projetos de eólicos, fotovoltaicas, térmicas, projetos que não tinha trabalhado ainda, são os que estão no momento, então vamos entrar nessa. O desafio está aí para a gente aprender, não estagnar, não parar, e eu acho que o importante é isso. Os desafios estão aí para a gente crescer, melhorar e eu fico bastante entusiasmado com isso. Tenho remado aqui, junto com a equipe, para que eles aconteçam e vão acontecer, se Deus quiser.

1:50:54

P/1 -

Pedro, como que está a sua família hoje, como é que tem sido a pandemia para você?

R - Aqui o seguinte, a pandemia afetou todo mundo, não tem o que discutir. Agora a nossa rotina aqui em casa, por conta da característica que eu te expliquei, do nosso escritório lá, são separados, tudo mais. Apesar de muita gente está trabalhando em teletrabalho, acaba que algumas pessoas, eu e os outros gerentes que trabalham comigo, a gente tem ido ao escritório, não com a rotina assim muito carregada, em temos de tempo lá dedicado no escritório, mas a gente tem ido. Então isso tem quebrado um pouco a minha rotina em termos de, “a vou ficar só no escritório, a vou ficar só em teletrabalho em casa”. Então eu tenho conseguido conciliar isso aí, para resolver o que a gente entende que resolver presencialmente a gente consegue, claro, tomando todos os cuidados, de afastamento, pessoal de máscara, usando álcool em gel lá no escritório. E em casa acaba que a gente tem um pouco mais de tempo para dar aqueles desafogo, de e-mails, coisa que a gente não está ali na sala, para qualquer pessoa entrar que a gente acaba que tem que dedicar ali, para o que está fazendo para conversar com as pessoas que entram. Então na rotina minha de trabalho, tem sido essa aí. Aqui em casa, no primeiro semestre os meus filhos ficaram todos com aula online, entendi que o rendimento foi bem baixo. Então agora, anteontem, eles retornaram para escola, eu e minha esposa, a gente foi na escola e acertou lá com diretor, para que eles se retornassem no presencial. Eu e a minha esposa já estamos vacinados, a gente acha que agora os riscos já começaram a diminuir, apesar que não acabaram. Mas que botando na balança, a perda que eles estão tendo aqui com esse online, que acaba que criança não tem responsabilidade que a gente gostaria que eles tivessem, então, logo alguma coisa que acontece tira a atenção deles, uma mensagem de um amigo, é internet, o jogo, é um negócio. Então a gente resolveu voltar com eles para escola. E no mais, mais quieto, como a minha família tá em Brasília, a família da minha esposa em Itumbiara, é tudo aqui por perto, de vez em quando a gente vai visitar a família, mas só a família, tomando os cuidados e tentando evitar aí de ficar viajando e procurar seguir aí os protocolos da pandemia.

1:54:14

P/1 -

Pedro, como que você conheceu sua esposa e qual é o nome inteiro dela?

R - O nome da minha esposa é Juliana Moraes Soares, conheci ela aqui no laboratório .

1:54:37

P/1 - E demorou um tempo para vocês casarem?

R -

É assim, eu trabalhava no tal do bloco 10, o bloco da Geologia. E aqui uma das edificações, era um escritório, eu não lembro a sigla direitinho, na época, era uma divisão do DP I,

o departamento de patrimônio Imobiliário. Minha esposa é advogada e ela trabalhava na parte de desapropriação, que a parte das compras e vendas dos imóveis, que a gente utilizava para construir as hidrelétricas. Então você tinha que fazer aquela desapropriação, comprar a propriedade das pessoas, então ela mexia com essa parte das ações, coisas que tinham que ser ajuizadas, porque um determinado proprietário não estava aceitando, e a gente tinha dupin, que era essas questões de prioridade. Então ela trabalhava nessa área aqui. Eu entrei em 2000, em 2002 ela começou a trabalhar aqui, em 2003 a gente se encontrou num carnaval fora de época, carnaval mesmo, de fato, mas numa cidade do interior aqui, Gurupi. E como encontrou fora aqui do local, a gente já tinha se conhecido no escritório, a gente começou a namorar e em 2006 casamos.

1:56:18

P/1 -

Quantos filhos você tem? Quem eles são, conta para mim?

R -

Tenho três filhos, a mais velha tem 13, vai fazer 14 agora, dia 21 de agosto, a Carolina. E depois vieram os gêmeos, João Pedro e a Natália, que tem 12 anos, vão fazer 13 em dezembro.

1:56:47

P/1 -

Como é que é ser pai Pedro? Como que foi o nascimento dos seus filhos?

R -

Lucas, eu sempre fui bastante participativo, desde o nascimento. Então sempre tive lá presente, na sala do parto, o cordão umbilical dos gêmeos, eu consegui até cortar o cordão, querendo participar. Nasceram todos no Rio de Janeiro, no período que eu trabalhei aí de 2007 a 2012, no deck, no projeto, nasceram todos no Rio, todos carioca, inclusive o apelido do meu filho aqui no condomínio, é carioca. E assim, o ser pai, que eu costumo dizer, tem que participar, eu sou bem presente com eles, ajudo eles em tudo aqui, escola, os momentos de lazer, tento estar com eles, brincar. Apesar que a rotina nossa aí, o dia a dia, nesses postos gerenciais aí, a gente acaba sendo bastante acionado. Mas eu tento conciliar isso tudo, para não deixar desfalque aí, de lado nenhum.

1:58:33

P/1 -

Você tem algum sonho, algum desejo pessoal que você quer alcançar ainda?

R -

Em que ambiente aí você está perguntando Lucas? Profissional ou não?

1:58:55

P/1 -

Em ambos, profissional, pessoal, nesse sentido em geral mesmo?

R -

Vamos dizer assim, pode até me considerar, um cara não ambicioso, mas eu entendo que hoje o posto, em termos de carreira para mim, eu estou muito satisfeito, hoje o maior posto, nas regionais é o posto que eu estou ocupando hoje, para assumir um posto maior eu teria que voltar para o Rio de Janeiro, hoje é uma coisa que eu não penso, vamos dizer assim, eu não vou falar que não vou, porque a gente não sabe quais são as condições. Mas hoje se fosse para eu optar, hoje eu prefiro estar aqui onde eu estou, estou mais perto da minha família, dos meus pais, dos pais da minha esposa. E em termos pessoal cara, hoje o que eu tenho mais me preocupado é com a formação dos meus filhos, hoje o que eu mais sonho e o que mais me preocupo, que eu mais penso, não sei se tá cedo demais ainda, pela idade deles, está com essa preocupação toda. Mas é de botar aí, três pessoas formadas no mundo aí, na sociedade.

2:00:46

P/1 -

Como é que foi contar um pouco da sua história hoje para a gente? Como é que foi contar um pouco da história da empresa também, Pedro?

R -

Lucas, eu achei muito bom, eu sou um cara muito emotivo, eu acho que alguns momentos aí eu me emocionei para falar, mas eu agradeço muito por esse momento, é bom a gente revisitar o passado, lembrar aí do nosso percurso, tanto na vida como na carreira profissional. Eu acho que é uma história, bem legal, gosto de contar e agradecer pela oportunidade de ter registrado e ficar guardado isso aqui com vocês, muito bom. Destacar aqui, um momento que eu acabei confessando uma fragilidade que eu sempre tive, da fala e agradecer o seu comentário, que você falou que não parece, ter problema para falar, mas tem sim.