Museu da Pessoa

O despertar para leitura

autoria: Museu da Pessoa personagem: Rosangela Melo Cabral

Projeto Camargo Corrêa
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Rosangela de Melo Cabral
Entrevistado por Fernanda Prado
Mogeiro, 19 de maio de 2011
Código CC_HV041
Transcrito por Tânia Lima
Revisado por Eloisa Galvão

P/1 — Rosangela, boa tarde!

R — Boa tarde!

P/1 — Eu queria começar pedindo pra você falar pra gente o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R — Rosangela de Melo Cabral, nasci em Santo André, São Paulo, no dia 4 de março de 1973.

P/1 — Qual o nome dos seus pais?

R — Meu pai chama-se João Virgínio Cabral de Moraes e minha mãe Terezinha de Melo Cabral.

P/1 — E qual a atividade deles?

R — O meu pai é zelador e minha mãe é do lar.

P/1 — Você tem irmãos?

R — Tenho. Tenho um irmão legítimo e tenho dois irmãos por parte de pai e duas irmãs por parte de mãe.

P/1 — Então eles se separaram quando você era novinha?

R — Separaram. Eu era novinha, tinha sete anos de idade.

P/1 — Conta pra gente: você nasceu lá em Santo André, como era a sua casa em Santo André, como era o bairro?

O que você se lembra de lá?

R — Pouca coisa eu me lembro. O que eu mais me lembro, assim, são as brigas entre os meus pais. Acho que isso marcou mais na infância e que ficou realmente registrado na memória.

P/1 — Não lembra nem como era a casa?

R — Lembro da casa, era uma casa pequena, porque casa de zelador geralmente é pequenininha, né? Poucos cômodos...

P/1 — E vocês moravam em casa ou em prédio?

R — Num prédio.

P/1 — E, aí, eles se separaram e você veio pra cá, foi isso?

R — Não. Os meus pais ao se separarem eu fiquei com a minha mãe e o meu irmão ficou com o meu pai.

P/1 — E como foi? Você lembra como foi depois, viver com a sua mãe, onde vocês foram morar...

R — Lembro, lembro! Eu fui morar no Brás com a minha mãe que se casou novamente e o meu pai também. Mas a gente não se dava muito bem. Eu não me dava bem com o meu padrasto, como também o meu irmão não se dava muito bem com a minha madrasta e aí, a gente vivia essa... brigava com a minha madrasta, ia pra casa do meu pai, brigava com o meu padrasto, voltava pra casa da minha mãe. Foi assim... uma infância meio conturbada.

P/1 — E nesse meio tempo vocês tinham alguma atividade que vocês gostavam de fazer?

R — Sim. A gente sempre fantasia alguma coisa, né, pra esquecer um pouquinho dos problemas. Eu tinha até um amiguinho, o Marcelo, era o meu único amigo mesmo, do prédio, quando eu estava com o meu pai. Eu sempre o procurava...

P/1 — E do que você gostava de brincar?

R — Por incrível que pareça eu gostava mais de brincadeiras de menino, brincar de carrinho, de bola, bolinha de gude...

P/1 — O como foi o seu período de escola?

R — Eu comecei estudar em São Paulo e terminei até o oitavo ano, na época, era oitava série. E também não foi muito fácil, né, justamente por essa troca de lar, de residência... época com meu pai, época com a minha mãe, então, atrapalhou muito o desenvolvimento escolar.

P/1 — Qual a sua primeira lembrança da escola?

R — Eu achava a escola um ambiente bom, prazeroso. Ali, eu tinha amigos, pouca coisa, mas, eu gostava de estudar.



P/1 — O que te animava pra ir pra escola? O que tinha lá que fazia você querer ir?

R — Tinha o fato de sair de casa. Era um refúgio.

P/1 — E você estudava onde?

R — Ai, eu não lembro o nome da escola.

P/1 — Tinha uma matéria que você gostava mais?

R — Ah, tinha! Português, Ciências... sempre gostei.

P/1 — Aí, você terminou lá a oitava série e como foi a sua trajetória? O que você foi fazer depois que você terminou a oitava série, você foi trabalhar ou...?

R — Pode repetir, por favor?

P/1 — Quando você se formou na oitava série em São Paulo, o que você foi fazer? Você fez o colegial direto?

R — Não, aí, eu parei e vim fazer o colegial direto aqui, já.

P/1 — E como que você veio pra cá? Quem te trouxe pra cá?

R — Ah, foi assim, um trajetória meio extensa e triste também, né? Nesse período de final de Ensino Fundamental e Colegial, eu me envolvi com más companhias e acabei me envolvendo com drogas. Eu fui usuária de drogas. Aí, foi onde deu, assim, aquela parada na vida escolar, na vida familiar, né? Eu me envolvi com drogas, fui viciada mesmo em drogas, de vários tipos.

P/1 — Isso lá em São Paulo?

R — Em São Paulo.

P/1 — E como você fez pra superar tudo isso? O que aconteceu com você nesse período?

R — Bom, eu engravidei. Não recordo a idade. Eu fiquei grávida do meu filho, que hoje tem 15 anos, aí resolvi vir pra cá. Resolvi não, o meu pai resolveu me mandar pra cá pro Nordeste, achando que aqui...achando não, com certeza, ele acertou, né? Aqui, o acesso às drogas é mais difícil até num lugar como o nosso. Então, eu saí de lá, vim pra cá e graças à Deus, consegui me recuperar. Mas, foi graças a essa vinda de lá, essa mudança, entre outros fatores também.

P/1 — Você tinha família aqui? Você já conhecia?

R — Sim, os meus avós maternos moravam aqui.

P/1 — E, aí, então, você veio morar com eles?

R — Foi.

P/1 — E como foi toda essa mudança, o período de adaptação, chegar aqui num lugar diferente, de você superar esse desafio com as drogas?

R — No início foi muito difícil. Muito difícil! Mas, aí, eu me apeguei muito às coisas boas, no período de um ano eu me casei, o que me ajudou também e voltei a estudar. Eu acho que a educação foi um passo, assim, muito importante pra que eu pudesse ter mais perspectiva. Pra que eu pudesse ter uma perspectiva de vida, porque, até então, eu não tinha. Aí, voltei a estudar, conclui o ensino superior, consegui um emprego e, aí, consegui superar toda essa dificuldade.

P/1 — E desde o momento que você veio pra cá, você relutou, você... como foi?

R — Ah não... relutei. Relutei! O novo, né? O novo a gente sente um pouco de medo. Eu não queria vir, no início, eu não queria. Mas, foi bom.

P/1 — Você já conhecia aqui a cidade dos seus avós?

R — Já, eu já tinha vindo. Muito pequena, mas, já tinha.

P/1 — Você lembra se você sentiu diferença na __________? Como foi essa adaptação?

R — Ah, com certeza. Teve toda uma mudança, foi difícil. Não foi fácil. Até porque eu estava tentando também me livrar de um vício, nada fácil, mas foi bom ter vindo pra cá.

P/1 — E como foi sua intenção de voltar a estudar, como foi esse momento com os colegas, com uma escola nova, um lugar novo...

R — Assim que eu me casei, eu fui morar num sítio e lá, surgiu uma oportunidade de lecionar o Ensino Infantil. Era uma escolinha que tinha numa igreja. Então, me convidaram pra ensinar nessa escola, e eu vi a necessidade de voltar a estudar.

P/1 — E como foi voltar a estudar?

R — Foi muito bom! Porém, difícil também, né, depois de muitos anos... mas, foi muito bom!

P/1 — E o que você sentiu, porque você estava com as crianças novinhas pra ajudar, né, pra lecionar e depois você era estudante também, ao mesmo tempo. Como você se sentia com essas atividades?

R — Assim, no início, foi também muito difícil, porque eu não tinha experiência nenhuma com sala de aula, né, e também nunca pensei, assim, em ser professora, mas, me apaixonei pela profissão.



P/1 — E o colegial você fez científico, ___ _______?

R — Eu fiz o Magistério.

P/1 — E tinha alguma matéria do Magistério que você gostou mais, que você se identificou?

R — Didática.

P/1 — O que tinha nessa aula que te encantava?

R — A maneira como se trabalhar em sala de aula, realmente, a Didática ensina isso, né? Como você lidar com o aluno. Eu gostei muito dessa disciplina.

P/1 — E quando veio o período de estágio, você já estava trabalhando com Educação Infantil, mas, você foi buscar outras turmas?

R — Não.

P/1 — Você já fazia _____?

R — Hum-hum. Já.

P/1 — E quando você terminou o Magistério, como que foi pra você escolher a profissão, você já tinha __________________?

R — Já fiz em seguida. Prestei o vestibular pra Pedagogia.

P/1 — E como foi o período de faculdade? Tinha novos desafios...

R — Desafiante, né? Já com um menino novinho, eu tinha que lidar com trabalho, com criança, com estudo... foi difícil.

P/1 — E como você fazia pra conciliar?

R — Eu deixava o meu filho com a vizinha e estudava nos finais de semana.

P/1 — E teve algum momento que te marcou da faculdade? Algum momento que você se lembra?

R — Ah, a formatura, com certeza! [risos]

P/1 — E como foi a formatura? Teve uma festa?

R — Teve uma festa.

P/1 — E como foi essa festa? Você foi de vestido? Como você se sentiu?

R — Me senti realizada! Houve uma festa com todos os formandos e foi emocionante ouvir o meu nome. Me deu até um estresse... na hora, eu comecei a rir, não conseguia parar de rir, quando eu ouvia os meus colegas sendo chamados e o meu nome se aproximando, me deu uma crise de riso, um nervoso, né, a ansiedade. Um sonho realizado!

P/1 — E depois de formada, __________ influenciou na sua carreira? O que trouxe pra você?

R — Muitos benefícios! E, realmente, eu me descobri, né? Até então, eu não tinha muita certeza do que eu queria, resolvi entrar na faculdade, eu já lecionava, mas, aí, eu me identifiquei com a profissão.

P/1 — E como foi seguindo a sua carreira? Professora de Educação Infantil, depois você continuou mais um tempo assim, ____________

R — Aí, eu fui chamada pra lecionar aqui na cidade, trabalhar com alfabetização solidária. Eu trabalhei dois anos com alfabetização solidária, passei para o EJA [Educação de Jovens e Adultos] e, agora, Educação Fundamental.

P/1 — E como é trabalhar com Educação Solidária, educação de jovens e adultos? Quais são os desafios?

R — É assim, diferente, né, do Fundamental. Você aprende mais trabalhando com o jovem, com o adulto, com o idoso. Foi assim, uma experiência fantástica!



P/1 — O que essa experiência te trouxe de fantástico?

R — Conhecimento. Muito conhecimento, muita experiência!

P/1 — Como que era dar aula para pessoas mais velhas e tentar alfabetizar e passar todo esse processo de ________ para essas pessoas?

R — Desafiante. Mas, eu gostava.

P/1 — E como foi então, depois de dar aulas para essas pessoas mais velhas, passar para o Ensino Fundamental?

R — Como?

P/1 — Porque você ficou com a Educação Solidária, depois com o EJA e depois passou a dar aula no Ensino Fundamental regular. Como foi essa mudança? Como você encarou os pequenininhos de novo?



R — Não eram tão pequenininhos, né, mas me identifiquei também com os jovens. É muito bom trabalhar com os jovens. Eu acho que dentre as três fases que eu lecionei, eu ainda prefiro os jovens. Os adolescentes.

P/1 — O que tem esse grupo que faz você fazer essa escolha?

R — Eu não sei definir o que tem esse grupinho que me faz ter mais afinidade com eles, mas eu gosto! Eu me identifiquei com o Ensino Fundamental II.

P/1 — Então, você dá aula pra sétima e oitava série?

R — Do sexto ao nono ano.

P/1 — E quais são os desafios de entrar na sala de aula dessas séries? O que você tem de metas na sala de aula?

R — Desafios... assim, você tem estar sempre falando a mesma linguagem deles. Você tem que falar a linguagem do jovem. Você tem que conquistar o jovem, o adolescente, se você realmente quer um ensino de qualidade. Esse é o desafio. É falar a mesma linguagem que ele.



P/1 — Você dá aula de português?

R — Português.

P/1 — Pra todas essas séries?

R — Pra todas as séries.

P/1 — E como que você ficou sabendo pela primeira vez do Projeto Ler, Prazer e Saber?

R — Aqui na escola mesmo.

P/1 — Mas, foi assim, numa conversa com os professores?

R — Foi, com os diretores.

P/1 — E como foi essa conversa? O que você sentiu quando ficou sabendo desse projeto? O que você achou dele?

R — Assim, de início, não tem muito o que a gente pensar, né? [risos]. Não pensei muita coisa. Sabia que era mais uma oportunidade que eu teria. Mas, quando eu realmente comecei a ver o projeto, a participar dos encontros, realmente, foi muito bom!

P/1 — O que tinha nesses encontros que fazia deles produtivos, bons? Como eles eram?

R — Eram bons. Trabalhava muito a questão da leitura da sala de aula, né, como se trabalhar a leitura, como despertar o gosto, como incentivar o aluno a gostar da leitura, como despertar nele a curiosidade, pra que ele tome gosto de ler, sinta prazer em ler.

P/1 — E o que pode ser feito pra isso?

R — Uma das coisas que eu aprendi lá e eu já citei aqui é realmente despertar, antes de tudo, a curiosidade dele. Despertando a curiosidade de um aluno, você consegue atraí-lo.

P/1 — E como que o professor _______ ______ de uma sala de aula, o que ele pode fazer pra despertar essa atenção do aluno? Que recursos ele pode utilizar?

R — Os recursos mais diversos e até os mais simples. Por exemplo, se eu faço uma roda de leitura, eu vou contar a história do Aladin, eu levo uma lâmpada desenhada, faço questionamentos, despertando mesmo a curiosidade e trabalhando também o conhecimento prévio que ele tem sobre aquele determinado assunto.

P/1 — Como foi pra você participar dessas oficinas de capacitação?

R — Bom! Prazeroso!

P/1 — O que você sentiu por ter sido escolhida pra participar desses cursos?

R — Me senti privilegiada!

P/1 — O que mudou na sua prática em sala de aula ao participar desses cursos?

R — Muita coisa. Realmente, o que eu aprendi, eu aplico em sala de aula e vi resultados.

P/1 — Que tipo de resultados?

R — De conseguir, não vou dizer cem por cento, mas estou conseguindo despertar o gosto pela leitura dos meus alunos.

P/1 — E como você percebe isso neles?

R — Pela busca deles pelos livros, pelas leituras...

P/1 — A escola quando desenvolve esses projetos, essas capacitações dos professores _____________, ela recebeu, né, a Biblioteca nova. Como foi essa chegada da Biblioteca aqui, vocês já estavam esperando? Conta um pouquinho pra gente.

R — Já estávamos esperando e ela chegou justamente numa semana de leitura na praça. Na culminância desse projeto, foi o dia em que recebemos a biblioteca.

P/1 — E como eram as leituras na praça, quem participava?

R — Foi dividido em grupos. Alguns grupos apresentaram dramatizações, filmes, montaram barracas de cordéis.

P/1 — E o que a sua sala preparou?

R — A minha turma preparou... deixa ver se eu me lembro. Foi uma dramatização, mas eu não recordo o título.

P/1 — E como foi a chegada dessa Biblioteca, o que aconteceu na escola? Você sentiu alguma diferença no cotidiano da escola, dos alunos?

R — Ah sim! Depois da capacitação, né? Porque, até então, não sabíamos ainda como trabalhar com os livros. Mas, depois da capacitação, tivemos orientação de como trabalhar com os livros, como trabalhar com a Biblioteca.

P/1 — E o que mudou? O que vocês podem fazer de trabalho nesta Biblioteca?

R — Bom, com as minhas turmas, eu faço empréstimos de livros. Eles levam os livros para casa, passam um determinado tempo e quem determina esse tempo, são eles, né, dependendo do tamanho do livro também. E eles trazem os livros num dia determinado também, num dia de roda de leitura, que ocorre semanalmente, então, ele traz o livro e faz a propaganda daquele livro. “Eu gostei do livro, conta essa história!”, ou também, se não gostou, ele tem o direito de dizer.



P/1 — E conta pra gente: como funcionam essas rodas de leitura? Conta tim por tim, pra gente que não sabe como funciona.



R — Eu vou começar então por um projeto que eu comecei o ano passado, mas esse ano ele já tem um a outra turma, um outro nome, né? Os alunos começaram a levar os livros pra casa. Só que, antes, eu fiz aquela preparação de despertar a curiosidade, eu contava a história, deixava sempre aquele finalzinho, né, pra que ele despertasse e lesse o livro e começava a apresentar, sempre um texto ou uma história contada. Aí, pedi pra que eles também fizessem isso. Quem quisesse, escolhesse um texto pra contar, ou um ______ ______ de algum livro e que trouxesse pra sala de aula e, assim, eles faziam. Aí, surgiu a ideia de levar isso pra fora, aproveitar uma dessas turmas, e eu fiz uma sondagem com essa turma de 23 alunos e, desses 23, 20 gostavam de ler, porém, 16, liam, assim, por necessidade, né, e o restante por prazer. Então, eu queria aproveitar essa turma que já gostava de ler e apliquei o projeto. O projeto é Cultivando Sementinhas. Eles escolhem o livro, uma história e dessa história, eles ensaiam, criam uma dramatização, fantoches de vareta, a forma, eles quem dizem.

P/1 — Só um minutinho.

PAUSA

R — Então, eles criam fantoches de vareta, dedoches, eles criam teatrinhos com caixa de papelão, a forma, eles dizem, né, e contam essas histórias para as crianças da creche. Nós fizemos uma parceria, então, uma vez por mês, nós vamos até a creche do município, onde eles contam essas histórias. Eles se tornaram multiplicadores. Até, anteontem, uma aluna disse: “Professora, eu não gostava de ler, mas, a senhora me incentivou a gostar de ler!” e falou espontaneamente! Não perguntei, ela chegou e me deu esse depoimento.



P/1 — Olha, que legal!

R — É!

P/1 — E como você foi percebendo o envolvimento deles nessas ações que, de fato, esse Cultivando Sementinhas, eles iam mesmo cultivando o gosto, começando a espalhar... Como você foi percebendo esse movimento deles?

R — Nós começamos com um grupinho de seis. Depois eu sorteio os outros grupos e percebi que os outros, não gostavam. Ficavam ou querendo atrapalhar ou meio entristecidos, né, então, eu fui percebendo que eles também queriam participar juntos, né, não assim, separados. Então, criei formas de envolvê-los, todos, neste projeto. Não consegui ainda cem por cento, tem dois que ainda estão de fora. Só que um desses dois disse que na próxima apresentação estará apresentando junto com os demais.



P/1 — E o que mudou na escola depois da capacitação dos professores, depois da chegada da Biblioteca e também com esse seu projeto. Você acha que mudou?



R — Mudou muita coisa!

P/1 — O quê?

R — Eles mesmos fazem a multiplicação dentro da escola também. Eles indicam os livros nas outras turmas, já me pediram pra fazer cartazes e colocar nas paredes, incentivando também o gosto da leitura. Mudou muita coisa! Outros professores, também, querem aplicar o projeto, né, ficar responsável por uma turma. A professora de Português, a outra da manhã também, já estão envolvidas no projeto, já começaram a fazer empréstimo... está engatinhando.



P/1 — E você participou dessa capacitação, mas nem todos os professores participaram?

R — Não.

P/1 — Então, você também acaba sendo uma multiplicadora.

R — Hum-hum.

P/1 — Qual a importância e a responsabilidade do multiplicador?

R — A importância do multiplicador é realmente repassar e fazer com que o projeto cresça. E a importância é realmente ver esse projeto fluindo, crescendo, dando certo...

P/1 — Por que é importante alimentar esse projeto? Por que vale a pena fazer isso?

R — Ah, vale a pena sim! Porque se tivermos alunos leitores, com certeza, teremos um mundo bem melhor.

P/1 — A gente ficou sabendo que aqui na escola vai começar também um outro programa dos projetos do Instituto Camargo Corrêa, que é o do Jornal Escolar. Você falou que participou do primeiro encontro. Como foi esse encontro?

R — Eu achei o encontro bom, realmente, o que vimos, na prática, com certeza, vai funcionar. Foi assim, um pouco corrido, muita informação ao mesmo tempo, mas, eu acredito no projeto.

P/1 — Por que você acha que ele vai ser importante?

R — Ah, tem tudo pra dar certo! Vai incentivar os alunos a escreverem, a ler, a pesquisar. Vai interagir a escola toda num mesmo projeto.

P/1 — E quais são as suas expectativas em relação a esse projeto?

R — Do jornal?

P/1 — É.

R — Minha expectativa é realmente ver os meus alunos participando ativamente do projeto.

P/1 — Quais os desafios que você imagina encontrar?

R — Os desafios... sabe que eu nem pensei neles? O desafio acho que vai ser interagir todos.

P/1 — E como você acha que pode ser vinculado o projeto do jornal com esse que você já vem desenvolvendo de leitura? Você acha que eles podem caminhar juntos?

R — Claro! Com certeza!

P/1 - E como?

R — Com certeza, divulgando os eventos que acontecem.

P/1 — Com relação ainda ao projeto da leitura, você identificou alguma diferença no processo de aprendizagem dos seus alunos, por conta desse estímulo à leitura?

R — Sim, com certeza!

P/1 — O que você pode perceber neles?

R — A mudança no hábito de ler, a entonação, alguns eram tímidos e já estão perdendo um pouquinho mais a timidez...

P/1 — E quais são os seus objetivos, no todo, com esses projetos, na sala de aula?

R — Ah, criar novos projetos, outros projetos...

P/1 — Alguma ideia de que tipo?

R — Já estou começando um projeto de menores, onde os alunos estão resgatando as memórias da comunidade. Está em andamento ainda. É um dos!

P/1 — E qual a sua expectativa em relação a essa parceria da escola com a Secretaria da Educação, com o Instituto Camargo Corrêa?

R — Que continue. Que continue as capacitações, que é muito bom, muito útil, proveitosas...

P/1 — E por que essas capacitações são importantes? Por que é importante manter o professor com novos desafios, novos cursos?



R — Porque a escola muda, a educação muda, tudo muda e a gente precisa estar se reciclando, participando realmente dessas capacitações.



P/1 — Quais são suas metas profissionais? Você tem algum objetivo maior?

R — Tenho! Concluir a pós-graduação, concluir também Letras ____, que estou cursando também e quem sabe, pensar num mestrado futuramente!

P/1 — Você falou pra gente que você é casada.

R — Hum-hum.

P/1 — Em que situação você conheceu o seu esposo? Você conheceu ele aqui?

R — Conheci ele aqui.

P/1 — Qual o nome dele?

R — José.

P/1 — Como que vocês se conheceram?

R — Numa festa de formatura num sítio.

P/1 — E você falou que tem um filho. Você tem mais filhos?

R — Tenho três filhos.

P/1 — Qual o nome deles?

R — Bruno, Renan e (Raniel?).

P/1 — E eles estão na escola estudando?

R — Estão. O Bruno mora em São Paulo, e o Renan e o (Raniel?) moram aqui.

P/1 — Como foi pra você ser mãe novinha? Você falou que tinha um monte de atividades, como você lidou com isso?



R — Difícil, né? Muito difícil. Mãe adolescente de primeira viagem... foi difícil.

P/1 — Quais são suas atividades hoje e como você as distribui no dia a dia?

R — Difícil também, viu? [risos] Trabalho de manhã, trabalho à tarde, a noite é pra estudo, arrumação da casa, estudar, fazer planejamento...

P/1 — Sempre um monte de tarefas?

R — É.

P/1 — Qual é o seu maior sonho?

R — Meu maior sonho... é rever minha mãe. Há muitos anos que não a vejo, ela viajou, mora na Itália hoje. Rever minha mãe.



P/1 — E como foi pra você contar um pouquinho dessa sua trajetória? O que você achou?

R — Eu não gosto muito de falar do meu passado. Foi um passado, assim, triste. Eu prefiro falar de um passado, de uns anos só pra cá. Da infância mesmo, eu não gosto muito.

P/1 — Certo. Então tá bom. Obrigada!

R — De nada.


---- Fim da entrevista ----