Museu da Pessoa

O BNDES foi minha vida

autoria: Museu da Pessoa personagem: Dora Sigaud Vianna Costa

BNDES: 50 Anos de história
Depoimento de Dora Sigaud Vianna Costa
Entrevistado por Bárbara Tavernard Thompson
Rio de Janeiro, 11/04/2002
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número: BND_CB009
Transcrito por Palena D. Alves de Lima
Revisado por Luiza Gallo Favareto


P/1 – Bom dia, por favor diga o seu nome, o local

e a data do seu nascimento.

R – Meu nome é Dora, eu nasci em um do dez de 49.

P/1 – Onde?

R – Em Belo Horizonte, Minas Gerais.

P/1 – Quando e como se deu o seu ingresso no BNDES?

R – Quando eu [me] formei em Administração, lá em Minas, em 74, eu quis vir para o Rio de Janeiro, trabalhar no Rio, e surgiu de uma pessoa conhecida que trabalhava nas subsidiárias, na IBRASA, que era uma subsidiária do BNDES, e me convidou para trabalhar na área de pessoal, fazendo folha de pagamento. Então eu entrei em fevereiro de 76 no banco. Tenho 26 anos de banco.

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Quais são as atribuições da sua área hoje, o que você faz hoje?

R – Hoje nós estamos numa área que está sendo implementada agora, depois do Planejamento Estratégico de 2001. Chama área de Gestão de Competências, trabalhar levando em conta os talentos do banco, levantando talentos, desenvolvendo os talentos do banco.

P/1 – Talentos do banco?

R – Os talentos do banco.

P/1 – Que talentos são esses?

R – Em termos de recursos humanos cada um tem seus talentos, cada pessoa tem suas competências, não é? Essa é a nova linha de Desenvolvimento, através de Gestão de Competências. Então você identifica os talentos das pessoas e desenvolve mais aquela parte que a pessoa é mais talentosa.

P/1 – Fale dos projetos que a senhora participou e considera importantes, descreva um. Nesses seus 26 anos de vida teve muitos projetos, certo? Quais deles são os mais _______?

R – Eu acho que muito importante foi a época que eu trabalhei com Treinamento, mas das empresas que o banco participava acionáriamente. Daí ele chegou à conclusão que não deveria participar só com a área Financeira, teria que desenvolver essa empresa. Então a empresa fazia um diagnóstico e a gente levava professores, consultores, para ajudar no desenvolvimento daquela empresa. Foi um dos projetos mais _________ muitas empresas no Brasil, muito setor...

P/1 – Dessas empresas, qual foi a que mais você se aproximou?

R – Olha, uma empresa muito importante, o projeto foi o maior, foi a Belprato. Uma empresa de presuntos, macarrão, aquela marca Belprato que tinha uma

bonequinha.

P/1 – E onde ela se localizava?

R – Em Barra do Piraí. Hoje faliu, acabou a empresa. O dono morreu e a empresa não foi para a frente, mas foi uma empresa muito interessante. Uma empresa familiar, mas que vendia para o Brasil inteiro. Era macarrão e apresuntados, que eles chamam.

P/1 – Conte uma história ou algumas histórias do seu dia-a-dia no BNDES, algum fato marcante que a senhora viveu.

R – Eu tive um que eu acho interessante, foi quando esse prédio, hoje CED, o CEDSERJ ficou pronto e começaram a mudar todo mundo. O banco antes era espalhado pelo Rio de Janeiro inteiro. Em 82 para 83 o pessoal veio mudando para cá e ninguém conhecia ninguém quase, e aí a AFBNDE resolveu fazer uma Olimpíada para integrar as áreas. Então a Olimpíada correu por quarenta modalidades de esporte, e as áreas montavam seus times, era uma competição entre áreas dos times. Aí tinham treinamentos, você ia para treinos de noite, depois tomava um choppinho e conhecia muita gente. E, às vezes, as provas eram no final de semana, sábado e domingo, aí todo mundo encontrava no clube... Então acho que foi muito importante. Daí surgiram vários talentos esportivos nessa época, era o pessoal todo de escritório, mas tinha muita gente que... Eu mesma ganhei uma medalha de ouro em natação e nunca tinha nadado na vida, fui aprender nessa Olimpíada e minha área ganhou primeiro lugar. Acho que foi importante, foi tão sucesso que nós participamos da primeira Olimpíada da CPRM, que era para empresas do governo e o BNDE ficou em primeiro lugar nessa Olimpíada.

P/1 – Teve também os momentos marcantes através dos governos, não é?

R – Foi muito triste, eu acho, a entrada do Governo Collor, em que se definiu que tinha que demitir um percentual. Era assim, numa semana demite 10% do pessoal do banco, aí eles faziam aquele corte, avaliaram. Na primeira vez saiu quem deveria sair, depois “não, precisa mais 10%”. O que ele queria era número de pessoas sendo cortadas do governo. E marcante foi, na época eu trabalhava no pessoal na BNDESPAR que é uma subsidiária, e tivemos que demitir as dez copeiras porque o serviço foi terceirizado, o de copa. E a gente teve que entregar carta de demissão para dez copeiras, senhoras, mães de família que trabalhavam com a gente há muitos anos e teve que demitir. Teve gente que ficou doente, internada depois e tratamento psiquiátrico delas... Então foi muito triste, essa foi uma... Porque era sem critério, era questão de número nas decisões.

P/1 – E o que é o BNDES para você?

R – Olha, eu acho que o BNDES para mim foi minha vida, faz parte da minha vida. 26 anos aqui, eu acho que aprendi muita coisa, conheci o mundo, foi uma abertura para conhecer muita coisa. Minha vida profissional foi toda aqui, né?

P/1 – O que você achou de ter participado dessa entrevista e contribuído para o projeto de cinquentas anos do BNDES?

R – Eu acho legal ter registrado a história. É importante, se eu tenho alguma coisa acho que deve ficar registrado.

P/1 – Muito obrigada, Dora.

R – Obrigada.