Sou Claudio (sem acento agudo mesmo, como no registro de nascimento). Nasci em São Paulo- SP e tenho 45 anos. Minha mãe, do lar, nascida em Piraju-SP, e meu pai, ferroviário, natural de Ipauçu-SP. Passei a minha primeira infância numa vilazinha familiar que existe até hoje, em Vila Leopoldina,...Continuar leitura
Sou Claudio (sem acento agudo mesmo, como no registro de nascimento). Nasci em São Paulo- SP e tenho 45 anos. Minha mãe, do lar, nascida em Piraju-SP, e meu pai, ferroviário, natural de Ipauçu-SP. Passei a minha primeira infância numa vilazinha familiar que existe até hoje, em Vila Leopoldina, subdistrito da Lapa. Lembro do meu cachorro Bobby, cujos pelos abundantes eram de um branco amarelado e formavam grumos nas extremidades, mormente próximo à sua barriga. Meu tio Juvenal, certa vez fez um carrinho de rolimã, que era maravilhoso, enorme, tinha até freio "de varão"- um cabo de aço bifurcado acionado por uma alavanca que agia sobre as rodas traseiras. Era encantador andar naquilo. Somos em quatro irmãos, dos quais sou o mais velho. Relaciono-me bem com todos, Lúcia, João Carlos e Márcia.
Estudei numa das escolas estaduais mais conceituadas naquela época, década de 60, cujo ingresso se dava mediante vestibulinho. Chamava-se (e chama-se até hoje) Anhangüera. Foi a partir daí que ocorreu uma explosão na minha fome por conhecimento. Os professores eram excelentes; vinham trabalhar de terno, à exceção do professor Piccolo, de Artes Industriais, que era pândego e representava a nossa descontração em meio à sisudez do diretor do estabelecimento, o Professor César Lourenço dos Santos. Meu Deus, como havia respeito naquela época Aprendi muito. Inglês, francês, latim. Fiz o segundo grau lá também, na modalidade "científico", e depois, época de alistamento militar, resolvi ingressar numa Academia Militar, para me tornar independente, tendo feito um curso de cinco anos. Depois, prestei vestibular para Odontologia, na Universidade de São Paulo - foi o primeiro ano implantação da Fuvest (1997). Passei e sou cirurgião-dentista hoje. Formei-me também em Educação Física, fiz curso de paraquedismo.
Sempre fui um idealista e um perfeccionista. Encanto-me com a Ciência. Minha tendência ao isolamento foi muito benéfica para desenvolver um quadro de valores onde a concepção do social tem presença marcante, por aparentemente contraditório que isso possa parecer.
Em rigor, tive duas mulheres ma minha vida. Marina, a primeira namorada. Eu estava com 18 anos; ela, 16. Quatro anos juntos; desentendimento, não sei por que, separação. Soube, anos depois que ela morreu em acidente automobilístico, justamente sobre o viaduto onde eu conheci a minha esposa, com a qual vivo há 21 anos.
Joana é minha esposa e a mulher que Deus colocou no meu caminho - uma fada madrinha- para me colocar na linha, pois estava vivendo um período de desregramento onde se exacerbava em mim uma doença que chegou ao seu ápice e hoje estou (há 12 anos) livre dela: o alcoolismo.
Tenho um casal de filhos, com 19 e 18 anos. Prestei alguns concursos públicos e em dois deles obtive o primeiro lugar. Trabalho num desses hoje. Meu dia-a-dia é simples: trabalho, estudo e horas em frente ao computador. Sou um homem realizado e feliz. Escrevi um livro. Plantei várias árvores. Só me causam certa tristeza e apreensão as condições de vida e educação do nosso povo e a péssima qualidade da programação televisiva, que tem concorrido para a degradação do relacionamento humano.
Para concluir, vão aí alguns trechos das minhas idéias, das minhas loucuras, meus devaneios.
Cada ser humano é único e original. Tudo é cíclico, tudo vai e volta. O que hoje se apresenta como novo, nada mais é que uma recombinação do que já existia. Há um eterno reciclar que corre em busca das combinações perfeitas através do tempo. Na vida (ou nas vidas) de cada ser humano há um momento no qual, lentamente, dissipa-se a névoa característica do cenário de devaneios, conduzindo a um processo de conclusão de um estágio de crisálida. Há uma simultaneidade profusa de idéias, envoltas num sentimento de gratidão. Surgem processos introspectivos, exercícios de meditação relacionados à mundividência, à cosmovisão.
O fenômeno humano não é algo divorciado do holismo, onde a interdependência é a regra ; ao contrário, tudo depende de tudo, numa reciclagem infinita. Porém a prestação de contas, ao findar-se o trânsito terreno, é individualizada. Ao recolher-se a mônada à sua origem, realiza-se o balanço de todas as suas obras executadas na face da Terra, e o julgamento é proferido. Isto é o que algumas religiões chamam de juízo final. Provavelmente, influenciado por sua essência eterna, o homem não se dá conta da fugaz existência terrena e de que tem tempo predeterminado para executar tarefas em prol de sua evolução. E isso é compulsório, visto que integra o plano de Deus para o herdeiro do Cosmos que é o homem, pois seu destino não está apenas na Terra, nessa vida física, nem só no mundo espiritual após a morte, mas está também nas muitas moradas da Casa do Pai, as quais estão prontas para recebê-lo no Infinito. Em cada uma delas a mônada humana veste o uniforme exigido por aquela morada e segue sua evolução; um caminho soberano, no qual o espaço e o tempo não vigoram.
A vida transcorre tal qual uma partida de xadrez; um jogo cujo ensino e prática deveriam ser parte integrante e essencial do currículo escolar. Arte e Ciência juntas, o xadrez encerra um mundo singular e complexo a um só tempo; cativa, enleia e promove o desenvolvimento do raciocínio, da capacidade de resolver problemas, atributo fundamental da condição humana. O eterno confronto estabelecido pela polaridade inerente ao jogo, a existência de caminhos consagrados, facilitam o progresso neste mundo manifestado. As diversas situações vividas durante uma partida de xadrez evocam fatos da vida real, do quotidiano de todas as pessoas. Condições há na vida e no xadrez onde um objetivo não pode ser prontamente alcançado, sendo necessárias muitas etapas preliminares para vê-lo esboçado. Casos nos quais qualquer movimento implica em perda maior ou menor; posições onde o êxito já está traçado e o xeque mate é virtual, bastando-lhe esperar mais alguns lances para vê-lo concretizado, frente ao semblante de satisfação e tranqüilidade do vencedor e à contratura muscular, respiração contida e boca seca daquele que está prestes a tombar o rei no tabuleiro, tudo isso ocorre permeado pela emoção expressa em várias de suas facetas, várias de suas plácidas nuanças. É a vida. Vida que não se resume a dicotomias simplistas de sim/não, bem/mal. Há padrões ocultos, essências profundas nas altas abstrações e tênues processos de analogia que transcendem, em muito, essas insignificâncias maniqueístas. Ilusão, engodo, irresponsabilidade, inconseqüência, má educação, violência, sexualidade compulsiva. Aqui estão alguns dos atuais e eficazes ingredientes da fórmula da programação televisiva, principalmente no Brasil. Pessoas de renome constatam a veracidade deste quadro, afirmando que conhecem dezenas de países, os mais heterogêneos, e nunca viram uma televisão tão destrutiva quanto a brasileira. Num contexto internacional, o ministro da Cultura da Itália, Alberto Ronchey, afirmou em entrevista ao jornal "Il Messagero", em outubro de 1992, que "nenhuma invenção humana causou tanto mal às pessoas como a TV". Cumplicidade é outro fator que faz aparição na milionária fórmula, na medida em que nenhuma providência é tomada contra as deletérias ações sobre o desenvolvimento ético, moral e cultural do indivíduo. Destarte, torpe e cruelmente vão sendo a infância e a juventude fustigadas pelo palavreado chulo, pela mórbida exacerbação da sexualidade, cinicamente envolta no artifício da dubiedade de sentido, nas insinuações degradantes, nas segundas-intenções das frases adrede preparadas. O resultado aí está, condensado em insanas personagens que muito bem refletem seus vis idealizadores tentando varrer consciências lúcidas e insatisfeitas com esse bacante espetáculo, aparentemente oferecido de forma graciosa. Divide et impera; ou seja, divide para reinares. Expressão que teve berço romano, adquiriu com o tempo uma roupagem maquiavélica. O processo de lise social que, consciente ou inconscientemente, vem sendo fomentado, representa a maturação de um processo que começou com a destruição da célula da sociedade, que é a família.
Supondo que, como conseqüência da ascensão social que experimentou, alguém tenha granjeado vários oponentes. Se este alguém permitir que os rivais o mantenham como inimigo comum, seria como assinar a própria capitulação. Logo, ele usará todos os meios (e neste caso, para ele, os fins justificariam os meios) para torná-los inimigos entre si, ou para constantemente distraí-los, desviando-lhes a atenção para coisas de fundo atávico, forte, inerente ao ser humano essencial, tais como sexo, esporte (guerra sutil), lazer eletrônico audiovisual, e assim por diante. Fornecendo televisão aos desafortunados, a elite tem oportunidade de locupletar-se, extasiar-se, empanturrar-se.
É certo que um fim de ciclo se aproxima. Todas as teogonias e religiões, por mais conflitantes que possam parecer seus princípios, admitem de forma unânime um fundo de poço, uma sinuca de bico para a humanidade. E para completar, há quem colabore para acelerar a marcha da fragmentação social. A má imprensa é um deles. Agindo como uma espécie de quarto tentáculo do Estado, cuja polaridade costuma vibrar no diapasão do imoral, do fescenino, aprimora-se em fazendo apologia da desagregação familiar, usando expedientes atentatórios a esta instituição. Empenha-se principalmente em explorar a natural vulnerabilidade da adolescência através de sórdida propaganda, deixando os jovens cativos das infames novidades, projetando-os num vórtice de idéias que passam a percorrer um corpo em ebulição, numa fase transitória, marcada por um aspecto duplamente caótico, endógeno e exógeno, tornando-os presas fáceis dos alvitres da vida licenciosa e de toda sorte de desregramentos.
O futuro é o presente que virá. Santo Agostinho assim se expressou num trecho de sua obra Confissões: Se nada sobreviesse não haveria o tempo futuro; e se agora nada houvesse, não existiria o tempo presente. É impróprio afirmar: os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer: os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das coisas presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança das coisas futuras.
Quem, porventura desejar pensar e agir seriamente neste país, deverá estar preparado para enfrentar severa resistência, oriunda principalmente das elites governamentais, agrárias, industriais e aquelas de cunho parasitário, ligadas a privilégios cartoriais e fisiológicos. Terá de possuir muita paciência, perspicácia e boa vontade, inclusive para entrar em choque com seus pares, com seus colegas de serviço que já foram levados de roldão pelas imorais imposições do sistema, e se põem a defendê-lo, como autômatos, ou a ignorar comodamente toda a insólita e crônica moléstia do organismo social. É, sem sombra de dúvida, um país surrealista e um povo não menos bizarro.
Como vai a Carta Magna brasileira? A Constituição cidadã de 1988? Essa que possui 315 artigos, generosos em seus textos pontilhados de minudências, e que já possui 16 emendas? Lá se vão seis anos de sua promulgação e várias dezenas de artigos não podem ser convenientemente aplicados porque dependem de regulamentação. Muitos dos artigos deram origem a uma legislação infraconstitucional que só tem servido para entulhar o Poder Judiciário de ações de inconstitucionalidade. Tome procrastinação.
Então, neste caso particular, calcanharzinho de Aquiles, surge a pergunta: A quem interessa regulamentar coisas que, se levadas a sério levarão o país à ingovernabilidade? Esta Constituição parece um grande circuito elétrico, onde diversos fios estão conectados em curto- circuito. Se essas etapas forem ligadas, a explosão será inevitável.
Muitos são os indícios de que a constituinte encarregada de elaborar a lei maior do país, o fez como se num intercurso orgiástico estivessem, regado a álcool; num encontro daqueles nos quais se consignam as mais lunáticas e impraticáveis promessas e no dia seguinte, não se lembram de uma só palavra que disseram. Se assim não foi; se aplicaram com todo seu esforço pelo bem do povo brasileiro, não foi isso o que deixaram transparecer. Alguém já disse que não basta ser sério, tem que parecer sério. E esta seriedade passa pela diligência voltada à resolução dos problemas sociais, de forma ética, moral e exeqüível. O grande mal do parlamento é que a vaidade dos seus membros, via de regra, assume proporções incompatíveis com decisões coerentes. O brilho das luzes, os microfones, o foco das câmeras de TV, criam uma vertigem, na qual a tentativa frustrada de mascaramento da soberba e da defesa dos próprios interesses entra em choque com a demagogia estampada no desesperado entabular de planos mirabolantes, projetos irrealizáveis e determinação de utópicas condutas. Grande parte dos parlamentares são incapazes de dissimular seus reais objetivos oligárquicos, suas reais pretensões particulares. Quem tem coragem de confessar que vai para a política para ficar rico ou, pelo menos, muito bem de vida? Dizem eles que vão para dar sua cota de contribuição para o país, melhorar as condições de vida do povo. Não é o que se tem assistido nestas últimas décadas, salvo raras e honrosas exceções.
É necessário que o povo adquira um pouco da prudência do dono do boteco que, mui sabiamente, estampa a advertência na parede do balcão: Se bebes para esquecer, pague antes de beber.
O silêncio é ouro. Vale também a comparação pela dificuldade que se tem em obtê-lo atualmente, principalmente nos grandes centros urbanos.
O silêncio é fonte de inspiração e base de um claro e correto raciocínio. Há uma clara relação, inversamente proporcional, entre o nível sócio-econômico-social de um povo e o nível de ruído que ele produz..
A Ciência Oculta prova que o ruído excessivo causa injúrias, às vezes sérias, aos corpos sutis do ser e, por conseqüência, ao corpo físico. Buzinas, latidos de cães, furadeiras, martelações, música em alto volume, alarmes de carros disparados - um genuíno inferno dantesco torna a vida cada vez mais difícil nas grandes cidades.
A letra da lei registra que o domicílio é o asilo inviolável do indivíduo, ensejando presumir que essa inviolabilidade se estenda ao domínio do barulho feito por vizinhos.
É vital que o ser humano adquira visceralmente a consciência do grande prejuízo que causa a si e aos circunstantes, quando produz ou permite que se produzam ruídos de intensidade, freqüência e duração incompatíveis com a saúde auditiva, não só do homem, mas de todos os seres que se vêem afetados com vibrações sonoras desagradáveis. Impressiona saber que até o latido de cães causa alterações estruturais transitórias que se refletem no corpo físico, alterando sua fisiologia, pois no plano astral essas vibrações assemelham-se a projéteis de arma de fogo.
O conhecimento eubiótico demonstra claramente a necessidade vital de se evitarem todos os ruídos intensos, agudos e violentos, no intuito de preservar sadios os veículos astral e mental. Somente atuando no sentido de evitar essas ocorrências é que, aos poucos, conseguiremos aprimorar a condição de vida da sociedade.
Muitas são as evidências de que o homem moderno tem pouco apreço pelo intelecto. Sua admiração se fixa nos aglomerados humanos, nas diversões que têm por base a velocidade e a estridência dos ruídos.
Disse o filósofo Sartre que o inferno é o outro, ensejando ser o conviver uma das provas mais difíceis para o espírito encarnado. Cada qual tem um setup, uma configuração, uma disposição peculiar para um determinado instante da vida, sendo pouco provável encontrarem-se duas ou mais pessoas sintonizadas no mesmo estado dalma, dentro de um mesmo intervalo de tempo. Nem no seio de uma família, nem com apenas um casal se consegue isto, a não ser em raros e efêmeros momentos.
Nessa conformidade cresce ainda mais a importância de se respeitar o semelhante. Respeitar o seu silêncio, sua tristeza, sua alegria. Tu que estás triste, não podes obrigar a todos a ficarem tristes. Tu que estás alegre, não tens o direito de impingir a todos a audição de música em alto volume, seja ela clássica, popular, sóbria ou escatológica, na hora que tu queres, na intensidade de volume que tu queres, na quantidade de tempo que manda teu desejo, e o repertório do teu pretenso refinado gosto. Tu que estás contente com o teu time de futebol, vibre prescindindo do som emitido por aquela infernal corneta que causa sobressaltos em toda vizinhança, a qual não é obrigada a torcer pela tua agremiação. A isso chama-se egoísmo, ignorância, oligofrenia. Pense nisso. Pense que tudo passa e, algum dia, quando passares a ver a vida por outro ângulo, queira Deus que a lei do bumerangue te seja branda, e que de ti não seja exigida tanta paciência e tolerância.
A grandeza de algo começa na pequenez e aparente insignificância de detalhes, como já se pôde ver nos pressupostos da Teoria do Caos.
Não é simples viver em sociedade. É grande o número de pessoas que vivem pensando unicamente no seu próprio prazer, sem atinar que estão invadindo o direito dos demais. Ouvem música em elevado som, fumam no interior de elevadores, exercem toda sorte de pequenas transgressões que, somadas, criam um clima muito desagradável. É de se admitir que agem inconscientemente no que tange ao conhecimento da dimensão do dano que estão causando.
A deterioração do processo educacional e a crescente marginalização da população tem criado um quadro assustador. Põe-se em evidência aqui apenas a classe média, a agonizante categoria social cindida pela ação deletéria dos governos; atitude essa que levou um incremento ao número de garotos miseráveis que perambulam pelas ruas, acompanhados por adultos desprovidos de consciência humanitária, cívica e social. Está sendo gestada uma sub-raça. Muitos deles invadem as praças públicas, ficam cheirando cola de sapateiro e depois sentam-se ou deitam-se no chão, exibindo olhos esgazeados, com pálpebras semicerradas. Qual sua perspectiva de vida? Negligenciar educação, saúde e infra-estrutura social ao povo é cavar a própria sepultura.Recolher