Nome: João Batista.
Só poderia ser este.
Promessa para o Santo.
Sobrenome: Brito Cardoso de Pádua.
Altura: mediana, 1,75 cm.
Largura: cada vez maior
Sapato:41. Esconde o que há
de mais bonito em mim.
Sou da pequena Birigüi.
Embora tenha estado lá
uma única vez, gostaria de nela
ter vivido e...Continuar leitura
Nome: João Batista.
Só poderia ser este.
Promessa para o Santo.
Sobrenome: Brito Cardoso de Pádua.
Altura: mediana, 1,75 cm.
Largura: cada vez maior
Sapato:41. Esconde o que há
de mais bonito em mim.
Sou da pequena Birigüi.
Embora tenha estado lá
uma única vez, gostaria de nela
ter vivido e de lá jamais ter saído.
Nasci em 1959 no dia internacional
da ressaca, 2 de janeiro, e é por isto,
que ao primeiro gole, costumo ficar de porre.
Minha infância pobre, teve início
em Araçatuba e se findou no Paraíso,
a cidade dos Ipês das Minas Gerais,
de onde guardo boas lembranças...
Dos tempos de juventude,
das namoradinhas e das serestas
nas longas e frias madrugadas.
O destino pra longe dali
logo me levou, fazendo-me,
da noite para o dia,
meio órfão de pai e mãe.
Na vida precoce de adulto,
muita dificuldade enfrentei,
Desistir algumas vezes pensei,
mas nunca naufraguei.
Sou espiritualista convicto.
Jamais deixarei de ser,
pois se assim eu não o fosse,
neste mundo já não estaria.
Tudo pra mim sempre
aconteceu muito cedo.
Levantar cedo é coisa
que não me apetece,
dormir também não.
Para a escrita despertei-me
um pouco tarde. Do tempo
que ainda me resta,
tentarei fazer o melhor.
Casei-me cedo. Também cedo
fui pai por duas vezes e logo pensei,
que não mais o seria novamente.
Mas, as pedras rolaram...
Da terceira achei também
que foi cedo e, confesso,
foi uma grande surpresa
ser pai outra vez.
De repente estou aqui
perplexo a caminho
da quarta vez e tudo
parece que aconteceu ontem.
Acho sempre que não vou ter tempo.
O tempo que preciso e talvez por isto,
vivo sempre com pressa... de olho no tempo,
como determina meu planeta regente Saturno.
Amei muitas mulheres,
mas nem todas sabem disto.
Duas delas em especial:
Bianca e Karina.
Esta última ainda não
conheço, está por nascer.
Em breve, eu a terei nos braços
quando ao mundo vier.
Dizem que sou poeta,
mas só faço versinhos de amor,
quando baixa a inspiração.
Sou intimista e sentimental demais.
Detesto mulheres mal arrumadas,
fome, homens presunçosos, dor,
criança chorando, escândalos...
Críticas? Bastam-me as minhas.
Sempre me achei mediano.
Mediano em quase tudo.
Sempre estive buscando o fiel
da balança. Ah Que utopia.
Sou um idealista.
Humanista por convicção.
Simples por natureza.
Perseverante por vocação.
Nunca fui muito ousado
muito menos abusado,
As mulheres muito admiro,
respeito e idolatro.
Gosto de viagens, peixes, mar,
liberdade, muita liberdade.
Amigos? Poucos, muito poucos,
meus filhos em particular.
Me acho um mau marido.
Já como amigo nem tanto.
Na cozinha só lavo pratos.
Na sala me queixo do jantar.
Sou diplomata por vocação,
teria sido um bom advogado.
Administro muito bem,
mas só o que é dos outros.
Meu lema é a confiança.
Viver é meu maior desejo.
Minha força é a esperança.
Amar sempre... é tudo que almejo.
Esta é a minha história:
Vitrine da Paulista
Desde quando o banco para o qual trabalho mudou-se para o seu prédio próprio na Avenida Paulista, a minha mesa ficou postada ao lado da fachada do prédio, construída em vidro fumê transparente. Deste local privilegiado, há mais de um mês venho observando o movimento da mais paulista das avenidas da grande metrópole chamada São Paulo.
É curioso notar o movimento constante de carros e pessoas durante todo o dia. Os carros, pela manhã, seguem rapidamente num sentido, de modo que nem consigo vê-los direito, mas logo mais à tarde estão de volta no sentido contrário e desta feita lentamente, devido ao excesso de veículos em toda a extensão da avenida. Assim, sucessiva e alternadamente lá vão eles, de todas as cores e de diferentes tipos, máquinas barulhentas do século XX...
Neste exato momento, acaba de passar em velocidade uma viatura da Polícia Militar, em seguida outra da Polícia Civil - daquelas peruas antigas Veraneio, preta e branca, escrito na porta Roubo a Banco. Na sua velocidade máxima de talvez 60km/h, lá vai ela balançando avenida afora. Engraçadamente, surge uma terceira viatura, esta do tipo Tático Móvel, correndo em disparada com a sirene ligada e os seus tripulantes, soldados corajosos, gesticulando como se estivessem perseguindo a viatura que vai à frente. Coisas que acontecem numa cidade grande como esta, todo dia, toda hora, e nós já nos acostumamos a elas e não mais nos importamos...
Quando é chegada a hora do almoço, passa no sentido Rua Augusta um curioso cidadão freqüentador desta avenida. Ele vem pelo centro da calçada, vestindo seu terno azul-marinho, de óculos escuros, um pouco inseguro no caminhar. À sua frente vai o melhor dos amigos do homem - é o que dizem. O cão, que ontem era preto, hoje é marrom e amanhã poderá ser de outra cor, mas sempre será o cão que estará guiando este ilustre personagem que, apesar da cegueira, segue vida normal no seu papel de cidadão produtivo para a sociedade. Algum tempo depois, ele e o seu cão estarão de volta...
Hoje é início da primavera, está demasiadamente quente para um dia da estação das flores. O ar está seco. Não me lembro da última chuva que, aliás, como todo mundo sabe, é comum nesta cidade, que um dia foi a terra da garoa cantada na voz rouca de Adoniran Barbosa. As pessoas passam pra lá, passam pra cá, entre elas os boys apressados vão se esquivando dos executivos de gravata, das escriturárias e secretárias bem vestidas que trabalham nos bancos dos arredores, dos balconistas de lojas; enfim, vão diretamente cumprir suas tarefas, que demandam pontualidade, confiança...
Os tipos mais exóticos ficam por conta das mulheres, estas sim propiciam um verdadeiro show. Passam aquelas que quase não conseguem andar por causa da saia muito justa e outras, ao contrário das primeiras, com saias da moda, com aberturas insinuantes. Ainda tem as de shortinhos que me lembram as meninas dos tempos de colégio, e aquelas que aderiram ao jeans na década de 70 e ainda não abriram mão desta vestimenta, inadequada para o clima dos trópicos, mas tão popular ainda nos dias de hoje, que parece um verdadeiro uniforme coletivo.
Ah Já ia me esquecendo das produzidas. Estas, então, fazem com que os homens vão para suas casas com torcicolos e fantasias na cabeça. Não se importam com os olhares - fazem de conta que não são dirigidos a elas. Empinam a cabeça, não olham para os lados, usam como disfarce óculos escuros para que ninguém perceba se em algum momento, diante de um gracejo feito por um rapaz mais atrevido, tenham sequer movido os olhos na direção do engraçadinho. É, lá vão elas, muitas, altas, loiras, ruivas, morenas, baixinhas, perfumadas, bem maquiadas, algumas com exagero, outras...
O dia está terminando, a noite já vem chegando, os carros já acendem seus faróis, a avenida ilumina-se e torna-se mais bela ainda. Já não vejo mais os boys apressados, nem mesmo as mulheres produzidas. O ilustre personagem já deve estar indo em direção à sua casa. O trânsito se intensifica, os ônibus fretados já começam a parar para apanhar funcionários - o show já está terminando. A loira, a morena, cansadas do dia, não mais se importam com a maquiagem. E eu já vou me preparando para ir embora e não noto mais quem está indo e quem está vindo. Amanhã terá um novo show na vitrine da Paulista...Recolher